Sunday, December 25, 2005

Pré-visões

Esta aberta a temporada! Durante os próximos quinze ou vinte dias vamos ficar ouvindo as balelas visionárias que tentam nos empurrar.

Inúmeros visionários vão definir o futuro. Búzios, tarôs, cartas, mão, energias cósmicas. Todos os artifícios para a dedução mágica!

O Pai Oxalá, Urubu-do-Bico-Curvo, grande mentor do Terreiro Olho, vestido todo de branco, parecido com baiana da lavagem do Bonfim, já que as baianas, que não são as de lá, usam roupas tão curtinhas que não tapam nem a mais singela celulite, diz: “Um grande homem irá morrer nesse ano. Um homem importante. Não posso precisar a data, mas será entre março e novembro, no máximo em outubro”.

Em um lugar não muito distante, Mãe Jurupoca, com o seu característico olhar torto, joga os búzios, com cara de espanto: “É... as coisas não parecem melhorar ainda... haverá muito briga em uma casa grande aqui no Brasil... alguns grandes se esfacelarão, enquanto outros, aguardam a carniça”.

Em uma tenda, cartas de tarô. Uma senhora gorda, de vestido vermelho, puxa as cartas. De cara, olha atravessado. “hummm, moeda quebrada... é... não haverá muito dinheiro no bolso...”
E por ai vai... Até o nosso presidente já fez as sua previsão, prevendo o cenário político do ano que vem. E o Palocci também fez a dele [preferia ele sem falar nada, mas não se conteve], disse que iremos crescer 5%. Mas ele já falou isso outro dia... Uma hora a de acertar.
Eu farei aqui então as minhas:

A economia, vai ficar nessa merda. Não vai pra frente. Via ficar esperando as eleições. As briguinhas partidárias, vaidosismos, jogo de influências, manterão tudo na mesma.

O Brasil continuará acéfalo. Sem governo. Sem políticas de crescimento. Sem estratégias definidas. Sem norte algum. Esperará o ano começar, em março, depois do carnaval. Enquanto isso, nada acontece. E quando acontecer, terá acabado o ano mais uma vez.

Passarão as eleições e serão idênticas as outras. Uma merda de um lado e outra merda do outro. Somando as duas, nesse caso, 1+1= talvez dê 1! De semelhança entre as duas: falar e nos tratar como merda.

Bem, também terá uma novela na TV, onde terá pelo menos um casamento, um assassinato, um atropelamento, um casal polêmico e logicamente, o vilão vai se fuder!

E o ano terminará com a musiquinha hit da Globo: “hoje a festa é nossa, hoje a festa é tua, e de quem quiser, quem vier...” Mas não nos deixam entrar e não dividem o bolo.

E isso tudo, a gente já viu!

Por Fernando Katayama 25 dec. 05

Tuesday, December 20, 2005

Jingle Bells

Lá vem vindo. Roupas vermelhas. Cintas pretas. Botas pretas. Gorros. Alguns adereços brancos. Invariavelmente a barba, mesmo que postiça. É um exército vermelho visto de longe. Uma legião vermelha. Vem em fúria e o barulho é ensurdecedor. Chega a dar medo. Marchando vão dominando a cidade e impondo a vida.

Não querem saber. Será assim e pronto. Impositivo. Verdadeira tirania. Invadem todos os cantos da cidade, até os mais sombrios. Entram nas nossas casas sem permissão. Fazem o que querem. Dizem que é para o bem, e praticam então, a lobotomia. Pratica muito usual nesse tipo de sistema.

Não pensem vocês que eu estou falando de um exército vermelho comunista ou algum tipo de guerrilha separatista. Não! De modo algum.

To falando mesmo do exército de papais Noel que invadem a nossa vida todo maldito ano. Na rua, no out-door, no rádio, na Tv, porra... Em todo lugar! Todos vestindo a mais chula das roupinhas de papai Noel, escorrendo suor da cabeça, com aquele gorrinho. Nada mais oportuno do que ficar de gorro no verão!

Somos bombardeados pela indústria do consumo. Celulares e eletrônicos estão no topo da lista de desejos. Todo mundo quer comprar, comprar e comprar. Querem mais ainda, ganhar, ganhar e ganhar.

Todos têm a obrigação e, até em alguns casos, tem que dar o tal presentinho de Natal, para não ser mal educado. Uma verdadeira Ditadura. Quem não ganha se sente desprezado, desamado, desvalorizado. Quem não dá se sente culpado, sem amor, egoísta. Não tem jeito. Compre uma qualquer coisa e pronto, ta resolvido.

Bom mesmo é o comercial da Vivo, que escracha: “Ganhou um peso de papel...” e se fudeu mesmo! Vai lá na “oportunidade única do ano” de reunir a família, e ganha uma meia! Puta cara de bunda!

Tudo besteira. Todo resultado da indústria. Todo mundo diz isso, não é novidade. Todo mundo fala: “ah... não tem mais sentido o Natal... tudo coisa da indústria...”, mas esse ai, já comprou a lembrancinha. “Fica chato não dar nada, né?!”... e por ai vai. Podem até pensar que eu quero presentes, que sou um revoltado com o mundo, que sou ateu, que mesmo com o meu discurso, eu ganho meus presentes e dou, podem pensar o caralho à quatro.

Pois, enganam-se. Não ganho e não dou. Aos 10 anos, disse ao meu pai que não queria nada no tal Natal e não me venha com Ovos de Páscoa. Desde então não ganho mais nada no Natal ou chocolate na Páscoa.

Disse isso ao meu pai, porque nunca me fez sentido isso ai. Acho totalmente sem graça e sem propósito.

Hoje, para piorar, somos abordados a toda hora pela “exploração da miséria Natalina”. Todo mundo quer fazer caridade. Nossa... Tudo bonzinho no mundo. Deve ser pela extrema unção. Assim, todo mundo se sente menos pesado pela sua dor do mundo, se perdoa e pronto, só tem que esperar mais um ano.

Reportagem na Tv, mostrou os “sem nada”, ficarem 5 horas em pé, com o sol a pino, para ganhar sua boneca de plástico - “ah, mas pelo menos, em um dia do ano, ele fica feliz!”. Os outros 364 passa fome, falta de amor, e fica cheio de vontade de ter. Vive no eterno vazio e cheio de desejos.

Dizer que isso é para a felicidade do outro é pura hipocrisia. Fazem essa “caridade” para aliviar a própria alma da culpa, e só. Porque se quisessem mesmo melhorar o outro, começariam olhando para si próprio, depois para a sua família, depois para as pessoas ao seu redor, depois para os colegas de trabalho e assim vai. Fariam todos os dias, a caridade, e vejam, caridade não é ficar levando brinquedo e saco de feijão, é muito mais que isso. Seriam educados. Tratariam todos com a mesma igualdade. O ano todo.

Ser bonzinho uma vez só no ano, me habilita de não fazer mais nada e continuar sendo bonzinho. Balela.

A Globo com aquela musiqueta de final de ano... Glória Maria, a preta que nunca envelhece, entra no Fantástico - O show a vida- mas só passa tragédia, diz “e o espírito natalino toma conta de tudo...”. E aparece um caminhão lotado de tralhas, e um monte de gente no desespero de pegar qualquer coisa, mesmo sem saber o que é, tanta a necessidade de afeto. Ou então mostra aquela reportagem da empregada que não tem muito que comer, mora em um barraco, tem doze filhos, dos quais um é bebe de colo, e o mais velho morreu assassinado em briga do tráfico, marido desempregado e alcoólatra, e mas sai por ai, dando presentes a desconhecidos. Oh, bacana!

O sentido do Natal é outro, mas esse se foi com o tempo. Fico pensando aqui como os não-católicos-cristão, ficam se sentindo. São obrigados a aceitar de cabeça baixa, afinal não tem muito que fazer. Seria quase uma heresia fazer alguma coisa diferente.

Natal representa, para o mundo cristão, o nascimento de Cristo. Nascimento, bom frisar. Deveria ser para coisas novas. Para nascer coisas novas. Assim como o Ano Novo. Ano Novo e Natal deveriam ser comemorados no mesmo dia. Além de um feriado a menos, teria mais sentido.

E entra ano, sai ano, sempre a mesma coisa...

Talvez por isso a choradeira no Natal, pela culpa. E no Ano Novo, todo mundo se veste de branco, para entrar limpo, como se preto fosse sujo. Calcinha de cor fúsia, para trazer sei lá o que; Cidra Cereser, afinal tem que ter “champange”; uns pulam ondinhas, outros sei lá o que; todos se abraçam e gritam “bom ano novo”... E ai choram na esperança de que o ano novo seja realmente novo .

Mas sabem que nada vai mudar.
... Porque não querem.

[tô de saco cheio, mas não sou papai Noel. Quer começar a mudar. Comece a fazer coisas diferentes, pensar diferente, agir diferente.

“se nada mudar em 10 anos, alguma coisa ta errada” - Dalai Lama”]

Por Fernando Katayama 20 dec. 05

Saturday, December 17, 2005

Onanismo Presidencial

Estava lá na TV mais uma vez o senhor Luis Inácio. Suando, com sua jaqueta bege de brasão da República. Talvez ele se sinta mais poderoso ou queira transmitir força. Nessa semana, almoçou com militares, no final disse que se segurou para não passar a limpo algumas histórias do passado. Bobagem.

Impressionante o que aconteceu em Recife que nessa semana, foi o centro de acontecimentos bizarros da política nacional. Não é de se estranhar que coisas bizarras aconteçam aqui, afinal é Brasil, mas tem cada coisa estúpida!

Lá em Recife, Hugo Chávez, presidente maluco cara-achatada venezuelano, tão anti-americano quanto Osama Bin Laden e talvez tão louco quanto, recebeu lá, a Medalha de Cidadão Honorário da Cidade do Recife, em cerimônia pomposa. Coisa mais estranha.

O que é que esse cara fez por nós ou por Recife? Porque dar esse presente a esse maluco? No mínimo uma estupidez.

Mas lá não aconteceu só isso. Lula fez mais um dos seus discursos, recheado de hipocrisia, silogismos, redundâncias e cretinices. Em tom disfarçado disse: “se eu decidir disputar a eleição, é para ser presidente de novo!”, entre outras baboseiras e seu discursinho eleitoreiro.

Lula tem que parar de ser hipócrita. Para com essa masturbação de reeleição. Ele fica nessa sessão masturbatória, sem assumir suas vontades ou ações. Fez isso o governo todo, ficou lá se masturbando e não botou para foder, o que todo mundo esperava. Tanto os que votaram nele quanto os da Oposição. Não, ele comprou um monte de dvd pornô pirateado no camelô, e foi por quarto escuro. E acabou ai.

Lula inventou o onanismo presidencial. Ou seja, falou um monte, disse que era “o homem, macho” que mandaria “tudo para dentro”, mas só ficou na mão!

Durante todo o seu governo foi moleque e não assumiu como homem suas responsabilidades de sair com a República. Como um adolescente que paquera, paquera e paquera, quando consegue a moça, não sabe o que faz e não assume o que faz. Foi traído e virou corno. Não assumiu nada. E agora não assume que quer a reeleição.

O que dá tesão no Lula, não é a presidência, mas é a disputa, é a eleição. E só. Esse é o onanismo presidencial de Lula.

Por Fernando Katayama 12 dec. 05

Thursday, December 15, 2005

Marshall Brazuca

Hong Kong – Lá na terra dos chineses, que detestam serem chamados de chineses, porque eles são de Hong Kong, e se orgulham de ter o passaporte inglês, apesar de não falar porra nenhuma de Inglês! Mas foi lá na terra dos tigres asiáticos, que aconteceu mais uma dessas conferências dos paises podres. Nós estávamos lá obviamente.


Nosso representante, Celso Amorim, ministro das relações exteriores, que assim como Lula, acha que inglês não é essencial aos diplomatas brasileiros, talvez para poder usar da mais nova prática nacional, o “nãoseisismo”, com maior liberdade. Assim dá para justificar que eles não sabem, não porque não viram ou que não estavam lá, mas porque não entendiam nada! Acho até que não entendem mesmo.


Mas como de costume, fomos nós à frente do mundo falar. Besteira obviamente. Celso Amorim, empunhando a sua surrada e ultrapassada bandeira bolchevique, tenta a todo custo, fazer o levante dos pobres contra os ricos. Uma imbecilidade.


Ele e Lula ficam brigando com americanos e europeus pelos subsídios que dão aos seus produtores agrícolas. Eu pergunto o que é que nós temos com isso!? Lógico que vocês pensarão, “ô seu burro, é porque se não os nossos produtos perdem competitividade”. Eu concordo que é a tal competitividade, mas eu não sou burro.


Mesmo assim, discordo desse argumento. Olhe só.


O Brasil tem que crescer por suas próprias pernas. Tem que parar com essas coisas paternalistas e visão de que somos os coitadinhos do mundo. Quanta besteira. Pára de ficar olhando a bunda dos outros! Ver se colocam ou não barreiras comerciais. Tem que lutar pelo seu espaço e não ficar implorando a Comunidade Européia e muito menos aos americanos. Temos que crescer com as nossas pernas, volto a repetir.


Primeiro que se você acha que os países ricos têm que nos ajudar, você é automaticamente à favor da ocupação americana no Iraque. Porque? Oras, a justificativa, nem sempre verdadeira, não é: “garantir ao povo iraquiano a democracia”. Então significa que os iraquianos precisam de ajuda externa para conseguir isso. Portanto, se você acha que os países ricos tem que nos ajudar, posso seguir o mesmo raciocínio lógico e linear. Não me fale que é diferente. Não é.


E tem outra coisa: rico não ajuda, se não, não seria rico. Rico quando doa, troca por alguma coisa, você é que não sabe pelo o que é.


O que o Lula fala, sobre os subsídios, é a maior balela. Fodam-se os subsídios deles, parem de olhar para a bunda americana, e olhem para a nossa! Já falei um montão de vezes sobre o nosso superávit, sobre as commodities, PIB e as exportações. Não vou repetir.
Acredito que o Brasil não precise exportar os produtos agrícolas “in natura”. O Brasil precisa é distribuir melhor as riquezas, e garanto que, exportando soja do Sul e laranja de Araraquara é que não vai ser.


O Lulinha vê isso e fica eufórico, toma um golinho e diz: “não fssalei galega*, tá entrando dinheiro! Pega o Dvssd do Zezé e do Lussciano e vssamosss ver no nossssso dvssd chssinês, para comemorar a balanssça possitiva!”


É a balança pode ser positiva, mas a renda fica concentrada. O Brasil precisa agregar valor aos seus produtos. Precisa gerar emprego. E assim, a distribuição de renda começa.
Sem essa de brigar por subsídios dos produtos agrícolas, temos que é desenvolver políticas que incentivem a produção. Faça a ALCA! Façam o plano Marshall Tupiniquim.


Traga a Tropicana Juice para produzir aqui seus suquinhos, exportaremos suco em caixinha. Traga a Italiana Illy, que compra o nosso café a 0.50 centavos a saca, manufatura lá, exporta de volta e nós pagamos 25 reais o quilo. Exportaremos café Illy. Diga aos Cromos Alemães, que venham. Compre o nosso couro e façam aqui o sapato de 400 dólares. Exportaremos sapatos e não couro. Sadia, exporta o frango em caixinha “todo sabor”. Alô Tetra-pak, faça mais embalagens para nós, vamos envasar tudo aqui. Podemos trazer as indústrias de tecnologia, afinal já estão aqui.


Veja o impacto em toda a cadeia produtiva. Vendo mais à produzo mais à compro mais à desenvolvo mais à pago mais à vendo mais, e isso serve para toda a cadeia, afinal é uma cadeia.
Não me venha com essa de que as multinacionais vão alugar o Brasil e usar da sua mão de obra barata. Nós temos mesmo a mão de obra barata, e precisamos empregar mais, então qual é o problema? Os maiores empregadores são multinacionais. Aliás alguns gurus profetizam que em um futuro próximo, só haverá grandes multinacionais. As multinacionais logicamente lucrarão, mas parte ficará aqui, através dos impostos e mais importante, através dos empregados.


E você pode me perguntar: e os médios e pequenos?


Esses ficarão felizes da vida, porque o mercado interno poderá absorver os produtos deles, além de poder produzir para os grandes.


Um outro me pergunta: mas a tecnologia e o know-how não serão nossas!


Não, não serão mesmo! Mas hoje nos temos tecnologias que são só nossas? Sem condição de poder investir em pesquisa e desenvolvimento, o Brasil esta em um dos últimos países no ranking de patentes. É melhor ser japonês e chinês em uma hora dessa, e aprender a copiar. A China, esta passando o Brasil, e de longa vantagem.


Disseram-me que esse meu raciocínio era simplista. Não ele não é simplista, é simples! Aí, me disseram: “mas não é fácil de fazer, temos os políticos...”. Por isso “nóis” é Barrichello! E eles “é” Alemão.


*Galega é como o nosso presidente se referiu a sua esposa em um pronunciamento

Por Fernando Katayama 15 dez. 05

Sunday, December 11, 2005

350

Em meu último texto o campeonato não havia acabado. Agora já sabemos que o “corintia” foi campeão. Sabemos quem caiu e quem não caiu. Sabemos também que o Dirceu caiu, mas a novela não acabou.

Parece coisa de mundo-árabe mas não é. Ônibus é incendiado e pessoas morrem. Um ataque terrorista. No contra ataque, matam quem ateou fogo. Justiça-Bandida. Choca o país. Choca o país? Choca nada! Nem Zé, nem Mané, nem Pelé. Nada mais choca. Só a galinha e de sítio.

Temas horripilantes não chocam mais. O cotidiano perverso já nos dominou e convenceu-nos da banalidade. Seja da vida miserável de uns quanto a “belíssima” vida milionárias de outros. Nos convenceu do tráfico, da sonegação e do estupro. Já nos convenceu do mundo cão.

Antes assustados, víamos os telejornais com cenas muçulmanas-xiitas, explodindo ao vivo, carros-bombas e queimando retratos do macaco branco-disléxico-norte-americano envolto a sua bandeira. Achávamos dois loucos. Um de turbante e outro de gravata vermelha. Que loucos! Agora nos perguntamos, quem são os loucos. Loucos devem ser os sãos.

Depois do Ônibus 174, segue a continuação do filme, Ônibus 350. Será que conseguiríamos contar a história da raiz dessa barbárie? Talvez precisássemos fazer em série de tão longa.

O Ônibus 350, é o retrato do Rio. Rio que já foi capa de revista. Rio que já foi das mais belas bundas dos cartões postais do mundo. Rio que serviu de inspiração ao Mestre Jobim. Agora o Rio é a amostra visceral do cotidiano brasileiro.

Políticos que discutem coisas de muito valor, como se o cartão postal pode ou não ter bunda! A polícia mata mais que bandido e ninguém sabe onde começa um e acaba o outro. Lá não é possível separar a favela da cidade. Ou será que a cidade é a favela? Cristo esta de braços abertos achando que esta sendo assaltado.

Ônibus 350 mostrou que nos vivemos o estado do terror. Nosso terrorismo aqui é dos mais diversificados meios e tipos. Temos terroristas no Planalto Central até o Palácio do Catete. Usam todos paletós e gravatas, e se tratam por “ilustríssimo. Temos terroristas de fardas. Temos terroristas sem fardas mas com sirene em carro civil. Temos terroristas de chinelo de dedo e bermudão, que se tratam por: “fala ae, Mano!”. E temos o terrorismo branco. Terrorismo branco é como arma branca, não faz barulho, não dá para ver direito, não sabemos quem são os terroristas e nem se a uma célula formada. Mas há. Chamo de terrorismo empregatício. Ser refém do seu emprego, porque sabe que não pode sair dele, por mais mal que te faça. É constante a ameaça.

350, mostrou que a lei, dos fora-da-lei, é lei.

Por Fernando Katayama 11 dez. 05

Sunday, December 04, 2005

Futebol e Tevez

Apita o Juiz. É o final do campeonato. A massa corintiana pula enlouquecia na arquibancada. O preto e branco. Pretos e brancos, machões ou não, se abraçam, se beijam, choram com a conquista desse título.

Pouco importa. Esse Campeonato Brasileiro estará manchado para sempre pela corrupção dentro e fora de campo. Certamente espelha a real situação calamitosa que se encontra o Brasil. O futebol a paixão nacional, movimenta milhões de dólares em transações internacionais, exportando nosso melhor produto bruto, homens. Como todo entretenimento, há sempre quem lucra muito.

Contudo, esse Campeonato estará marcado para sempre. Em um ano onde a crise política arrasou o governo e pior que isso, traiu milhões de pessoas, enganados pelas promessas históricas do PT.

A indústria da corrupção tomou tal corpo que envolveu até toda a alta cúpula do governo. Isso, já estamos cansados de ver. O que marcou mesmo o futebol foi a corrupção que toma o país de cabo a rabo. Estamos envolvidos de tal forma, onde emanharado corruptivo nos embola e não sabemos como sair disso. E o futebol, não poderia ficar de fora.

Com o caso de compra e venda de resultados mostrou que nada esta imune. A paixão nacional fora estuprada por trás. E com ela, milhões de pessoas amantes da arte da bola. Na verdade só trouxe à tona, a sujeira que já corria solta.

Diante de tudo isso, vejo um argentino, que veio jogar aqui. E veja vocês, o maior seleiro exportador de jogadores craques, onde, só neste ano, sete dos dez melhores do mundo, segundo a Fifa, são daqui, importou do nosso maior rival, um craque.

Cabelo esquisito, boca mole, cicatriz, dente feio e fala enrolada. O que mais me chamou a atenção nesse cara ai, não foi o futebol mordedor, característico, a habilidade com a bola ou os gols que vez. Não, não foi isso não.

Tevez nos mostrou que podemos e devemos falar aquilo que acreditamos. Talvez por ser estrangeiro, talvez por ganhar milhões, não sei. Mas também não me importo com isso. Mostrou isso dizendo ao Lula, que fique no seu lugar. Que não venha bajular agora que o time esta no topo, porque quando chegou, Lula o menosprezou. Disse também que ele faz o que quer, e dirigente não apita. Importa a mensagem enviada.

Acredito que esse tipo de conduta, talvez áspera em demasia, seja o que falta ao Brasil. Dizer a verdade, não abaixar a cabeça por intimidação e fazer-se respeitar.

[enquanto escrevo, o campeonato ainda não acabou, faltam ainda 45 min.]

Por Fernando Katayama 4 dez. 05

Wednesday, November 30, 2005

Super Ávit, o frágil herói

Enquanto escrevo aqui, o Deputado Zé Dirceu esta sendo julgado pelo Supremo. Ainda que exista a corrente pró-Dirceu, o Zé esta realmente politicamente abalado. Mas isso tanto faz agora, porque as conseqüências sofridas por nós, são bastante fortes.

Diziam que a economia estava “blindada” da crise política, sempre achei que não. Pena que não escrevi e deixei isso claro e registrado. Como quase todas as ciências humanas, a economia, leva um tempo para sentir. Seria impossível não sofrer com a crise. Como disse um escritor sueco de teorias sobre negócios, “o mundo gira em torno de compras e transa”. E parece que ele esta certo. Jeane é a mulher da hora e a crise finalmente atingiu o mercado.

Lula e seus pares, com a língua presa falando com o assobiozinho característico dos petistas, embasavam a economia no superávit. Como a crise atingiu o ministro Palocci [lá no partido, Palófi] foi-se então, o embasamento da teoria do “superávit”.

Lógico que todo mundo quer gastar menos do que ganha. Todo mundo, eu, você, eles. E o Lula justificava todo com isso. Quem engoliu, esta com gastrite. Eu não engoli.

Sempre disse que o superávit da balança comercial nacional, era devido às exportações de commodities, que não aumenta o tamanho do mercado interno e ainda por cima, concentra mais a renda e das taxas exorbitantes dos nossos impostos.

Percebe-se isso olhando o nosso PIB. Pibizinho. Coitado.

Simplesmente justificar tudo com uma balança comercial positiva, é só mostrar um lado da bunda! Não houve crescimento significativo das riquezas produzidas no país.

Se entender que esse balanço é feito assim: o que se arrecada menos o que se gasta. Ou seja, conta de mais e de menos, lá do primário. Pergunte-se de onde vem a arrecadação do governo? Dos impostos, certo?! O que aconteceu com a nossa carga tributária? Aumentou!

E os gastos? São pagamentos e investimentos. Aumentou o número de empregados no setor público e diminuíram os investimentos.

Com isso sobra até dinheiro para pagar a nossa dívida externa. Para quem não sabe, o patamar do superávit foi estipulado em torno de 4,25! Mas na verdade ele é de 6 e alguma coisa. Com o que sobra, dizem que pagam a dívida externa.

Mas eu me pergunto:

Em um país tão precário quanto o nosso, como pode sobrar dinheiro para aumentar o tamanho da máquina estatal e pagar os juros de nossa divida? Será que sobra grana ou falta?

Não dá pra entender porque temos escolas cada vez pior, hospitais em condições sub-humanas, polícia totalmente despreparada, infra-estrutura capenga e tudo mais, se há superávit na balança!

Acho que não falta dinheiro, falta é investir certo. E certo não é com as garotas da Jeane e nem colocar no saco, aquele da cueca!

Fernando Katayama 30 nov. 05

Saturday, November 26, 2005

C P M I

Acabo de tomar meu banho. Ia indo dormir. São duas da matina. Respondi e-mails, alias preciso agradecer minha amiga Patrícia pelo comentário ao meu ultimo texto e ao Bill, este terei que responder a altura, devido ao comentário que fez, extremamente pertinente, mas farei em outro momento.

Mas o que me motivou a vir escrever a essa hora, foi uma idéia que tive. Um simples flash fantasioso enquanto tomava banho. Outra coisa que eu adoro é banho. Não sei se é coisa de índio ou da minha parte nipônica, já que são povos que adoram banho, mas enfim, eu gosto. Não se preocupem com o sabonete no chão, isso não acontece, uso sabonete liquido.

Voltando, tive o tal lampejo. Claro que foi político, estou atado, colado a esse maldito tema.

Pensei sobre a CPMI. É CPMI. Incrível, não é!? E o que pode ser novidade nessa coisa? Nada, a não ser, o significado.

Para vocês, pode ser Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, mas eu acho que é outra coisa.

Vejamos.

Disseram que o Zé Dirceu tinha culpa no cartório, e que deveria se cassado. Ate agora nada. Zé disse que como ministro da casa civil, não sabia de nada e que como deputado menos ainda. O Presidente, já falou tanta bobagem que quando abre a boca, os seus assessores, gelam os pés. Não sabem se ele vai falar besteira ou tomar um gole do 12 anos. Nada acontece.

Dinheiro vai, dinheiro vem. Offshores. Paraísos. E mais uma vez, nada. Quem nada é peixe. E peixe morre pela boca. Mas lá tem outro tipo de peixe. E vejam bem, é uma comissão de inquérito. Mas parece muito mais um poleiro.

Além da total falta de organização, a baderna é tanta que da nos nervos ver aquela passasão de gente, para um lado para o outro. Careca de garçom. Nariz de deputado. Teta das garotas da Jeane. Um mundaréu de gente atrás, na frente do lado, que nem da para ver qual é o fulano que esta falando.

Se bem que isso pouco importa, tanto para quem esta lá sendo ouvido como para os outros. Bochichos, celulares, berros, risadas. Um clima muito sério para uma coisa tão besta. O enquistado, também não esta nem aí para a pergunta, porque a resposta ele já sabe, e não importa a pergunta.

Olha só como começa uma pergunta: “Senhor excelentíssimo presidente, senador, que preside esta casa, ilustríssimo senhor senador Ribanildo Alves da Cunha do Caralho a Quatro Terceiro Neto. Caro senhor excelentíssimo Ex-presidente desta casa, atual e futuro presidente da outra casa. Membro Presidente do PSDVYX, honrado titular da cadeira especial da tribuna da Maracanã, excelentíssimo deputado estadual José Pinto Galo Costas Quentes. Caro senador, honrado assistente titular da seção quinta, desta casa, e da quadragésima nova vara das juntas especiais do Estado, excelentíssimo doutor nobre senador Amarildo Dos Anjos Asas Curtas dos Quintos. E com o muito respeito ao ilustríssimo senhor Ministro da Fazenda, excelentíssimo deputado Pocotofi, sério e estimado membro, importantíssimo para a democracia brasileira, antes de qualquer coisa, quero com todo respeito que o senhor provem, agradecer sua presença nesta casa, mostrando a coragem única que nos ilumina. Para continuar meu exemplar raciocínio, preciso lembrar-lhes do acontecido no ano hum mil quinhentos e vinte e cinto, quando aquela data...” [horas depois] ... “preciso invocar então o artigo quinto, do parágrafo quarto, escrita no livro mil duzentos de setenta e cinco, do volume treze, da coleção quinze, da data de trinta e um de setembro de hum mil setecentos e setenta e um....”, [a mesma baderna continua] “e para concluir então, faço a minha pergunta: qual é a cor do cavalo branco de Dom Pedro I? E não só, de extrema relevância, onde é que Dom Pedro conseguiu o dinheiro para a compra do feno do animal? Quem foi que foi buscar o dinheiro no Banco Central da República*? Qual o valor cobrado pelo baixo clero? Era um valor mensal?... assim encerro minha questão”.

Tudo sem a quebra do decoro e de importância singular. Só levou três horas para isso tudo.

A resposta: “nobre colega, começarei pelo inverso do pretérito oposto. Mas a verdade é única: Não vi. Não sei. Não estava presente. Não é da minha responsabilidade. Mas garanto, se houver qualquer irregularidade, iremos apurar”.

É obvio que ninguém quer nada com nada. Só aparecer na bancada eleitoreira com mídia grátis para o Brasil todo. Então porque não brigar com o outro nobre colega de casa, sem logicamente quebrar o decoro parlamentar. Ou então gritar ou espernear, soltar as penas e deixar a pomba gira aparecer diante às câmeras? A eleições aproximam!

Agora eu pergunto, sem firulas ou decoro, será que não era mais importante discutirmos assuntos relevantes como orçamento, superávit, políticas de incentivo, educação, saúde e claro fazer perguntar objetivas, claras e esclarecedoras aos enquistados?

CPMI, para mim é: Como Perder Momentos Importantes. Porque até agora isso parece uma grande perda de tempo e poderia ter servido para começarmos a mudar nosso país.

* D. Pedro I não tem nada haver com a Proclamação da República.

Por Fernando Katayama 25 nov. 05

Thursday, November 24, 2005

Injustiça Divina

Todos sabem do meu posicionamento sobre as divindades e o mundo espiritual. Sabem também o que acho da fé. E é claríssimo o que acho das religiões, todas elas. Para aqueles que não sabem digo: sou incrédulo, de qualquer religião existente no mundo ou fora dele [se é que isso pode acontecer], para mim são somente filosofias de vida e/ou doutrinas. Tão pouco acredito em Deus, Santos, Alas, Orixás ou Divindades, sejam elas quais forem. E sobre a fé divina, acredito que é essencial para se crer em deus. Não tenho, logo não creio.

Mesmo assim, respeito todas igualmente, diferente de alguns, que não respeitam meu posicionamento. Para mim, todas são boas, não existe melhor ou pior, mas sim aquela que melhor adapta ao indivíduo que a segue e acredita. Não me importa se é católica, budista ou xiita, são iguais entre si, com todas suas diferenças. Não venha com o papo que os Evangélicos são pilantras, e pintam 100% Jesus na camiseta e que bonzinhos são os padres católicos que transam com nenininhos nos cantos escuros da capela. Talvez loucos mesmo, sejam os muçulmanos que se explodem, porque um sujeito qualquer, disse que é assim que tem que ser. Mas mesmo assim, todas têm coisas boas e ruins. Contudo não estou aqui para discutir sobre a fé, nem filosofar sobre religiões ou então pregar meu ateísmo. Mas certeza que sou mais cristão que muita beata que tem por ai. Quero outra coisa.

Vendo a tevê, CPI’s, o nosso “espertismo*¹” (que combato tanto em meus textos como nas minhas atitudes), algumas atitudes que são feitas por todos, sem consciência do ato e finalmente o nosso sistema Judiciário.

Fiquei me perguntando porque é que o brasileiro tem o hábito de achar que todo mundo vai passar a perna nele, e então, faz antes? Porque é que aqui acusamos mesmo sem ter certeza? Porque sempre desconfiamos do outro antes mesmo de desconfiar de nos mesmo? Veja o sistema judiciário, cabe ao acusado o ônus da prova e não ao acusador! Veja a indústria frenética da Justiça Trabalhista, por exemplo. O empregado entra com a acusação, mesmo que sem provas, e cabe ao empregador, provar que não fez nada. À priori todos pecadores.

Pecado. Essa é a essência. Olhei para trás para ver nossa história. Somos colonizados por dois paises predominantemente católicos. Nossa população é predominantemente católica e há tempos atrás foi, quase em sua totalidade.

Se entendermos que a Religião Católica é baseada no pecado, afinal a Igreja é instituição única para a salvação, passa ser essencial o pecado. Contudo a Igreja católica subentende e prejulga nossos atos. Fomos condenados antes mesmo do crime, mesmo porque já nascemos condenados pelo crime dos nossos pais. Somos todos então filhos do pecado. Sendo assim, olhando os Dez Mandamentos, entendo que já se imagina e crê, que o homem vai roubar. Vai matar. Vai cornear. Então já o proíbo antes mesmo que faça, afinal esta em sua índole fazer isso.

Filhos do pecado, pecam sempre.

Não podemos negar a forte influência da Igreja Católica em nosso país. E sendo assim, influencia e influenciou todas as camadas da sociedade. Entendo que o nosso poder judiciário, usa da mesma base. Se eu te acuso, prove você que não é culpado, afinal, você é um pecador. Mesmo que você não seja.

E as pessoas também fazem isso, já que pensam, “bem se ele vai passar a perna em mim, que eu faça antes...”.

Aqui somos culpados até que se prove a inocência.

*¹ a palavra “espertismo” foi criada por mim, não existe no dicionário e se refere à cultura brasileira de querer levar vantagem em tudo.

Por Fernando Katayama 24 nov. 05

Thursday, November 17, 2005

Um por Sete

Ando perguntando para as pessoas que conheço, o que acham do comércio informal, dos camelôs, ainda mais agora que o Presidente da República, foi pego usando um dvd pirata e dos conflitos entre comerciantes, policiais e camelôs, que acontecem sempre nas proximidades da festa natalina, inclusive um, na semana passada em São Paulo.

Minha pergunta é bem simples, mas a resposta talvez não seja.

Pergunto simplesmente assim: “você prefere um camelô vendendo ou roubando?”

A primeira resposta, quase instantânea, e logicamente inclui a sua, é: vendendo! E a maior justificativa é: melhor vendendo que roubando.

Atingiu a incrível marca de 100%.

Contrariando à todos digo: roubando.

Explico.

Obviamente o comércio informal é uma conseqüência e não a causa, mas quero mostrar um ponto de vista menos conformado e patriarcal. Para analisar isso, é preciso olhar para o grande todo e não só para a pequena parte.

Como todos sabemos o comércio informal não paga os devidos impostos, o que já apresenta um roubo, uma vez que, o comércio legal, tem que pagar impostos, assim como eu e você. Mas não é só isso! Esse tipo de comércio faz a cadeia toda por trás dele se torne ilícita, aumentando assim, os delitos, crime e violência.

Olhando para o pequeno ponto ali na rua, é difícil de se imaginar que, custa em torno de R$ 80 mil reais, afinal, a rua, que é de todos, tem um só dono e para tê-la é preciso pagar.

O dono do ponto, por sua vez, paga a proteção. Subornam a polícia e órgãos fiscalizadores, já que os camelôs não pagam os impostos, compram e vendem sem nota e seus produtos são pirateados ou contrabandeados.

Vejam, os camelôs compram de contrabandistas, sejam eles paraguaios, chineses ou coreanos e colocam o país na lista negra das indústrias, que não querem mais comércio com o Brasil, porque não há controle sobre as marcas e produtos. O Brasil perdeu R$ 180 milhões para o mercado ilegal, só nos primeiros meses do ano. Mas isso não acaba ai.

Também compram de fornecedores que vendem seus produtos subfaturados, para que possam esquentar o dinheiro em offshores, é uma prática antiga de lavar a grana.

Porque só os paises subdesenvolvidos tem o comercio informal tão acentuado? Porque o melhor lugar para escoar as mercadorias, lavar dinheiro com produtos subfaturados são paises, onde a corrupção rola solta e o mercado ilegal é uma prática corrente.

Sendo assim, o comércio informal favorece transações ilícitas e fortalece o crime organizado.
Por outro lado tem o comerciante legal. Aquele que tem um comércio e sofre a concorrência desleal do comércio informal.

Imagine que você é um comerciante. Tem sua loja, vende produtos com pequena margem de lucro e emprega dois funcionários, os quais você, paga os devidos direitos. Mas como disse a pouco, tem o camelô bem ali na sua frente, vendendo os mesmos produtos, adquiridos de formas escusas e sem pagar os impostos. É impossível concorrer com ele.

Então você não consegue vender, e manda embora um dos seus funcionários. Mas já que você vende menos, você compra menos, e então o seu fornecedor, faz a mesma coisa que você, e manda embora dois funcionários, afinal ele vendia pra você e para seu vizinho, que também mandou um funcionário embora. Mas o fornecedor também vende menos e compra menos do fornecedor dele, que este por sua vez, manda embora três funcionários.

Só ate aqui, sete pessoas perderam o emprego e os impostos recolhidos foram menores, enquanto isso, um só camelô na banca, aumentando o crime organizado e sonegando imposto.
Mas se fosse ao contrário? Não tivesse o camelô, você venderia mais e teria que contratar mais um funcionário. O ciclo se inverteria.

Será que ainda você prefere o camelô vendendo?

Por Fernando Katayama 17 nov. 05

Saturday, November 05, 2005

Excelentíssimo Doutor

Escrevi meu último texto, seguindo a sugestão de uma amiga. Queria um texto brincalhão, sem a mínima seriedade. Descompromissado. Não era para fazer pensar. Não tinha intenção de polemizar. Não queria abordar temas de maior profundidade. Não queria falar de política, muito menos de crise. Nem pensar em economia. Escrevi sobre as coisas triviais que permeiam nosso mundo. Um texto totalmente despretensioso. Escrevi então “Trivialiadades”, fugindo da minha última tendência: a crítica à nossa sociedade, ao modelo político e ao que chamo de, “espertismo”.

Tive poucos comentários a respeito, e não esperava coisa diferente. Eu jamais imaginei, que esse tipo de texto, trouxesse algum tipo de incomodo, inconformação ou protesto. Já escrevi cada coisa pesada sobre nossa sociedade, sobre o espírito humano ou coisa que o valha, e nunca tive repercussão.

Meu amigo Bill ou Willy, que publica alguns de meus textos, me enviou um e-mail, me contando o que ocorrera com o texto “Trivialidades” em seu site. Brincalhão e espantado disse:

“Hoje pela manhã publiquei suas trivialidades no site.

Após a terceira visita recebi um telefonema de um amigo, juiz, inconformado com as expressões "bunda", etc. em um site jurídico. Fui obrigado a tirar. Um recorde! O artigo ficou no ar por apenas 17 minutos!”.

Espantoso.

Respondi à ele, que infelizmente, estava sendo covarde. Que não deveria ter cedido à pressão do tal magistrado. Porém é uma decisão dele, e a respeito e muito. Mas discordo inteiramente do tal juiz.

Fiquei espantado com a atitude do Excelentíssimo Juiz, que gastou tempo, para comentar um texto tão despretensioso.

Pergunto-me qual é a diferença entre os sites jurídicos e outros. O que será que os advogados, juizes e promotores têm de tão diferente do resto da população. Semi-deuses, talvez?

Para mim, essencialmente, os humanos são iguais.

Variam em 1 gene da minhoca e somos todos parentes dos macacos.

Como os macacos, alguns são mais fortes, outros mais fracos, outros maiores, outros menores. Uns com pêlo na “bunda*” e outros de “bunda*” pelada, mas todos macacos.

E nós todos humanos e diferentes com suas peculiaridades como cor de cabelo e da pele, o idioma e origem. Uns são analfabetos e outros não. Uns fedidos e pobres outros podres de ricos. Uns honestos outros desonestos. E todos humanos.

O que será que se passa na cabeça de um Doutor Magistrado ao se sentir inconformado com a expressão “bunda*”, só porque é um site jurídico? Esquece de ver que, onde o texto é colocado, faz parte de um espaço destinado aos debates e ainda por cima, privado.

Deu-me a certeza da censura, disfarçada, camuflada, encoberta pelo “manto sagrado da justiça brasileira”.

Sugiro ao referido Juiz, que reveja suas premissas.

Acredito que já escrevi coisas que valiam mais à pena serem discutidas por um magistrado, do que se a “bunda*” esta ou não no texto, e se esse texto esta ou não em um espaço destinado a assuntos jurídicos.

Talvez a atitude desse tal juiz, espelhe a atual situação do poder judiciário brasileiro. Instituição que deveria servir para a justiça esta em total descompasso com o mundo contemporâneo, firmada em valores não mais sólidos. Parada no tempo ou talvez pior, andando para trás.

Nossa Justiça esta desacreditada. A senhora Justiça, aquela que tem a venda nos olhos e balança na mão, esta enferma.

Deve ser o castigo.

Ficar a vida toda com os olhos vendados, segurando uma balança que de um lado tem merda e do outro também, sendo estuprada dia após dias por juizes, promotores, advogados sem a menor piedade. E não ter esperança de que venham salvá-la, mas se vierem um dia, quem será que fará a justiça por ela?

O sistema judiciário nacional é uma calamidade. Um antro promíscuo de seres vesgos, cegos, surdos, mancos e débeis, porém cheios de si, sentindo-se todos poderosos, deuses onipresentes e indestrutíveis.

Será que o tal juiz telefonou ao senhor Presidente da República quando este, disse que caixa dois era usual e corriqueiro, e que todo mundo fazia? Será que este mesmo juiz disse à Prefeitura que ao institucionalizar o “camelôdromo” estava institucionalizando o mercado paralelo e contra-bando? Será que ele não ficou tão inconformado ao ver o então presidente da Câmara se pegando com uma garota na capa dos jornais mostrando as partes íntimas (eu preferiria xoxota ou calcinha, mas para não ofender...)? Será que não ficou escandalizado, ao ver a notícia do Juiz, em Fortaleza, aquele que deu um tiro à queima roupa no segurança, recebeu aposentadoria integral e só? Ou será que quando é com a classe, fechamos os olhos? E nem entrarei no mérito da desigualdade social que nos assola.

Será que não fica inconformado do sistema judiciário no país ser um dos piores do mundo? Será que como juiz e inconformado, não poderia somar à sociedade de forma concreta, ao invés de ficar censurando espaços democráticos?

Pergunto também se ele nunca viu uma bunda*? Se nunca comprou uma revista de mulher pelada? E não me venha dizer que são pelos artigos! Pergunto se ele nunca foi à praia, e viu a gostosona jogando frescobol, de biquininho, balançando os peitos e chacoalhando os “glúteos”, com a pele lisa e dourada de sol? Um puro convite à perdição carnal, de tão gostosa que seria aquela refeição! Não, ele fechou os olhos e ainda gritou “que absurdo!”. Deve ser inveja.

E vou mais longe, nunca tomou vacina!? “No braço ou no Glúteo Máximo”, teria dito o doutor. Quando jovem ou mesmo velho, nunca levou “aquele pé na ‘bunda*’”! Não... Bunda* não faz parte do vernáculo do tal doutor. É uma pena.

Sugiro mais uma vez, que o Excelentíssimo Doutor, olhe mais para a própria bunda e limpe-a, ao em vez de ficar olhando para o rabo dos outros. Mas certamente sem quebrar o decoro.
[como toda a regra tem suas exceções, existem sim, no país pessoas que lutam, mesmo que como Quixotes, para a melhoria do sistema. À esses, nossos sinceros e admirados aplausos.]


*
Dicionário Houaiss

Bunda

Datação 1836 cf. SC
Acepções
■ substantivo feminino 1 região glútea; as nádegas 2 Derivação: por extensão de sentido. Uso: informal. Conjunto das nádegas e do ânus Ex.: limpar a b. 2.1 Derivação: por extensão de sentido. Regionalismo: Brasil. Uso: tabuísmo. O ânus Ex.: aplicou-lhe um clister na b. 3 Regionalismo: Angola. Cintura, anca ou nádega
■ adjetivo de dois gêneros Regionalismo: Brasil. Uso: informal, pejorativo. 4 ordinário, de baixa qualidade; sem importância ou valor Ex.: um livro b.

Uso
a pal. está registrada no Novo Dicionário da Língua Portuguesa (1836), de Constâncio, como um angolismo, e no Grande Dicionário Português, de frei Domingos Vieira (1871), na acp. de 'nádegas de gente alcatreira', vale dizer, 'nadeguda'; em Portugal, entre os usuários atuais da língua, tal voc. não é desconhecido, mas não é empregado.

Por Fernando Katayama 05 nov.05

Wednesday, November 02, 2005

Trivialidades

Hoje, fui ao Clube. Trabalhei pela manhã, mas é feriado, então fui ao Clube, nadar e ver os amigos. O feriado é de Finados, mas ficar em casa, nem morto!


Encontrei lá uma grande amiga, e conversávamos sobre os meus textos. Ela me dizia que gostava muito, mas estava intrigada com uma coisa. Ela gostaria de ler textos meus com outro enfoque.


Admito que, ultimamente, estou muito político, e ela gostaria que eu escrevesse, sei lá, sobre coisas mais do nosso cotidiano. Realmente é um desafio. Ando muito envolvido na política nacional e esta difícil me livrar dela, como já comentei em outros textos. Como diria meu pai: “fui pego de calças curtas!”.


Então, e agora?!


Pensei em falar de novela. Eu detesto novela. Não assinto. Não acompanho. Mas obviamente, sei o que acontece. Alienado, nunca!


Imagine só, se seu não soubesse que essa última novelinha do Plin Plin, esta para acabar!? Logo vocês saberiam que eu, apesar de dizer à todos, que é preciso conhecer de tudo, não faço isso. Mas não é o caso. Então, eu sei sim, que esta acabando. E ainda bem! Porque é uma merda! Mas a próxima também será!


Essa última abordou a imigração ilegal, na busca do sonho dourado, deu um show de horror!


- On-line - Acabo de receber uma mensagem instantânea de uma outra amiga, me dizendo que o personagem pagou 15.000 para entrar de forma ilegal. Burra, compra um curso de 2.000 e entra de forma legal, ainda paga passagem de estudante!


Mas olha, tenho que concordar, às vezes, é a única solução mesmo! Aí eu grito: “quem sair por último apaga a luz!”.


Novela... Tá é louco!


Outro tema que pensei foi moda!


Posso falar frangas loucas dos estilistas que, falam cheios de trejeitos e voz mole. Posso falar das modelos anorexias, que de tanta falta de comida, ficam burras! O que tem de modelo que quando abre a boca é analfabeta e não sabe o que fala e só mexe e remexe os cabelos, é uma coisa impressionante. Pior que tem que ter 1.80m, 40 kg, 300 ml de silicone, no mínimo e 10 kg de make-up, isso para desfilar. Ah! Tem que saber andar com cara de bunda e nojo e dar pisada de girafa manca!


Se for para fotografar, esquece tudo, que o photoshop arruma! Cada jaburu na Playboy que até eu comeria! Se bem que, de sacanagem, se for famoso, até vale o esforço para contar para os amigos na roda de bar, “ohhh pezinho gelado...”. Mas esse mundinho é muito fútil. E para a saúde zero.


Posso falar da paixão nacional, me deu dúvida: Futebol ou Bunda!?


Deixa ver: homem gosta de futebol. Homem gosta de bunda. Mulher gosta de bunda de homem e tá sempre preocupada com a bunda dela e da amiga também! Afinal é importante que ela também tenha celulites.


É... Esta decidido, por 3 votos a 1. Falaremos de bundas. Mas falar o quê, se uma bela bunda, já fala tudo?


Talvez devesse falar do futebol. Acho que dá mais assunto que a bunda! Dá mais assunto, porque a bunda dá mais e leva mais que qualquer coisa.


Nos levamos chute na bunda. Ficamos com cara de bunda. Tem gente que dá a bunda. Tem gente que leva a bunda. A tevê, nos mostra a bunda. A música canta bunda. Mas mesmo assim o futebol da mais assunto.


Pode ser do novo quinteto fantástico, que sem maiores explicações, vai virar quarteto. Pode ser do árbitro, que todos teimam em chamar de juiz, que meteu a mão, na troca por alguns resultados. Pode ser dos mortos imbecilizados das Organizadas e de seus mortos em confrontos. Pode ser dos campeonatos organizados pelos traficantes, com a presença dos astros da bola.


Ou pode ser mesmo da pelada entre os amigos, que é melhor desculpa para se reunir, comer um bom churrasco e tomar umas geladas, poder falar da novela, da modelo gostosa, da bunda na tevê e logicamente, futebol.


Por Fernando Katayama 02 nov.05

Monday, October 24, 2005

Referido Medo

Sempre tenho um dilema, toda semana fico pensando o que escrever. Parece ser meio óbvio e parece que vou falar da crise política ou do referendo. Mas só parece. Para falar a verdade não vejo muito como fugir desses assuntos, já que estão na crista da onda nacional.

Acredito que estão intrinsecamente ligados. Não sei se como siameses, ou se emaranhados como linha em carretel mal feito. Mas estão no mesmo bolo. E o bolo é maior que bolo de noiva, com mais cobertura e recheio.

Esse referendo é a mesma coisa que 6 e meia dúzia. Uma grande balela. Só gasto de tempo e dinheiro, porque questões relevantes não foram debatidas e o resultado concreto desse bafafá, será quase nulo. A única conclusão certa e relevante que temos, é que o brasileiro tá mesmo é se borrando de medo. Nem sim, nem não. Medo 100%.

Posso usar da minha vã criatividade para fazer conjunturas terroristas, golpistas, maquiavélicas, coisa e tal.

Umas das teorias, é o golpe que o Zé queria dar no país. Uma vez que ele é a cabeça pensante do PT e do Lula, que como já disse uma vez, a diferença entre o Lula e um polvo, é um dedo.

O Zé deu o brinquedinho para o Lula, um aviãozinho novo, para que esse, ficasse fazendo turismo pelo mundo. Por que se fosse para fazer negócios, não iria para a Venezuela e Zâmbia. A China, parecia uma boa pedida, mas os acordos feitos foram bons só para os amarelinhos. Assim enquanto o Presidente voa, o Zé pilota o país. Aparelhou o governo, queria tirar as armas e pronto, estava armado o pré-golpe. Faltava só o bote. Não deu certo.

Depois, tem a teoria conspiratória bushista. É, os Estado Unidos, com o poderio econômico-bélico, estava tramando uma invasão na América Latina, portanto queria que o povo brasileiro não tivesse arma para se defender e mandou o Lulinha, paz e amor, a propor o Estatuto do Desarmamento. Isso sem contar com a Base Norte-Americana no Paraguai. E tem outra, nossa indústria bélica, monstruosa, estava atrapalhando a indústria bélica americana. É de rir.

Não sei bem qual das duas parece ser mais plausível, mas acho melhor a versão inteiramente tupiniquim, sem o sotaque arrastado “greengo”.

Mas de uma coisa, tenho plena convicção: o referendo fazia parte do Mensalão. Afinal, custou, 270 milhões de reais, isso de custo direto. O esquema do Mensalão passava diretamente nas mãos dos publicitários, logo faço essa ligação.

Mas o que aprendemos mesmo com esse referendo, foi que o governo, e o seu maior representante, não me deixam mentir, não sabe falar, muito menos perguntar. O Lula quando abre a boca, fala merda. O governo ao fazer uma pergunta ao povo, a faz tão mal formulada que dificulta a resposta. Mas pior pergunta só para tumultuar, porque a pergunta é irrelevante. Afinal, para que simplificar?

Outra coisa que podemos ver, é que nossos parlamentares são covardes. Jogaram a responsabilidade de decidir para o povo ignorante. Brincadeira! E é para isso é que elegemos deputados e senadores.

Fica claro que os caras lá do planalto central, não estão nem ai para solucionar nada, ou ao menos atacar assuntos relevantes e começar a esquentar a democracia.

Se querem atacar a violência, é preciso atacá-la lá na raiz. E todos nós sabemos qual é. A desigualdade social. Vá ao site do IBGE. Leia os relatórios deles, sente e chore. Tira o ar do pulmão e enche de desespero.

A violência do nosso país não é causa é conseqüência.

Talvez fosse mais útil para nós perguntar para o povo o que ele acha da política de distribuição dos recursos nacionais. Será o nos queremos que somente 5% vá para a saúde e outros 5 para a educação, ou se queremos que 60% seja destinado a isso? Será que nos queremos que nossos deputados, senadores, presidentes, prefeitos, vereadores, sejam beneficiados pela imunidade parlamentar? Será que queremos que os privilégios acabem? Será que nos queremos que mais educação?

Será que os aproximadamente 30 mil mortos por armas de fogo, são tão assustadores quanto aos que morrem pela falta de atendimento médico, ou pelas mães ignorantes que ao invés de ingerir o anticoncepcional, enviam na xoxota uma cartela inteira antes de dar uma, e aí parem mais um coitado, que vai ficar no semáforo exibindo sua enorme barriga de verme, escorrendo ramela pelo nariz, analfabeto e estuprado pela sociedade, mas a mãe diz que tomou o remedinho? Ou tão assustador quanto a mortalidade infantil (34%)? Ou a prostituição infantil e exploração do trabalho escravo? Ou que somente 52% dos lares nacionais têm rede de esgoto? Ou será tão assustador quando o incrível número do IBGE sobre os 22%, aproximadamente 40 milhões, que sobrevivem com menos de meio, é, meio, salário mínimo? Será que isso tudo é violento? Isso tudo mata? Isso tudo destrói?

Não, é melhor discutir sobre o que 1% da população pode ou não, comprar a espoletazinha na loja do seo Joaquim, afinal, isso é muito violento. O resto não é.

Parece que não sabemos é fazer a pergunta certa. Ou talvez, saibamos qual é a pergunta, o que falta é a coragem para fazê-la.

[www.ibge.gov.br]

Fernando Katayama 24 out. 05

Tuesday, October 18, 2005

Armem-se


Estamos entrando em uma guerra. Haverão vencedores, haverão derrotados. Morrerão milhões. Sobreviverão outros milhões. Tardamos para começá-la. Quanto mais esperamos maiores serão nossas baixas.

Esta guerra sem código de ética não diferencia crianças, homens, mulheres ou cor da pele. Se é solteiro, casado, separado ou amontoado. Se é gay ou machão. E muito menos, é Santa. Não.

Salvam-se aqueles que podem, quem não pode, nela fica. Mesmo aqueles, que com dinheiro conseguiram se safar acabam, de uma forma ou de outra, recebendo as heranças dessa guerra sem precedentes. Percebe-se em todos os níveis da nossa sociedade.

Por isso apelo aqui: armem-se.

Preparem-se para a guerra.

Aliem-se aos seus amigos, vizinhos e parentes.

Municiem-se.

Distribuam munição a quem precisa, e de graça.

Armem-se. Municiem-se. Até os dentes.

É uma guerra sem data de início e muito menos sem data de final. Mas certamente, será longa.

Municiem-se de sabedoria. Inteligência. Conhecimento. De educação, da formal ou não.

Usem do mais alto calibre para o respeito. Granadas de humanidade.

Armem-se.

Pistolas de grosso calibre, rifles de longo alcance, morteiros, fuzis, metralhadoras e sub-metralhadoras. Bazucas. Canhões e tanques.

Alistem-se e recrutem.

Quanto maior a arsenal e mais soldados, maiores serão a chance de vencer esta guerra.

Lutem comigo contra a hipocrisia e demagogia. Guerreiam comigo contra a falta de respeito e a educação. Contra a malandragem e a esperteza. Contra a safadeza. Contra a ignorância.

Distribuam rajadas de educação. Dêem tiros diretos de democracia. Bombardeiem com esclarecimentos e tolerância.

Talvez assim, melhoremos o nosso mundo. Mas não se iludam que nessa guerra não haverão mortos. Pois a praga já mata. Em qualquer lugar existem milhares de mortos como esses. Olhe o ônibus lotado das 6, e enlatados como sardinhas, verá a grande quantidade de mortos transportados de um lado para outro.

Esses não me preocupam tanto, quanto os vivos que não ligam para esses mortos. E alguns piores, fomentam essa carnificina. Esses me metem medo.

Mas esses já estão mortos, de nada adianta nada. Rezem aqueles que têm fé. Me preocupa os que estão por vir. Lutemos por eles então.

Municiem-se.

Armem-se

E Amem-se.

Por Fernando Katayama 18 out. 05

Saturday, October 08, 2005

Rock Escola

Em um dia desses, zappeando minha tv, defrontei-me com um vídeo clipe dos anos 80, aliás parece haver um certo movimento retrô para essa época. Talvez seja até normal, que 20 anos mais tarde, aconteça a busca do que se perdeu naquele tempo. Foi assim nos anos 80, buscando os 60.

O vídeo que vi, parecia ser de baixa qualidade, para os padrões de hoje, mas na época, era de ponta. Imagens coladas, sobreposições quase amadoras e marcado claramente pelas roupas e o corte de cabelo. Mas letra e música, de primeira linha.

Para minha geração, hoje com seus trinta e poucos anos, crescemos no meio da explosão do rock nacional. Os Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, Legião Urbana, Blitz, Rita Lee. Já ouvíamos Elis, Jobim, Vinicius, João, Gal, Caetano, Gil, Milton e Chico. A lista não pára por ai, mas ficaria imensa e também não estou aqui para listar os grandes nomes da música brasileira, e isso porque, nem cheguei a citar nomes mais antigos como Pixinguinha, Dorival Caime, Ari Barroso e alguns outros instrumentistas.

Acontece que eu notei que os grandes nomes da música brasileira continuam os mesmos. A moçada hoje canta Gil, Caetano, Barão, Milton, Elis, Tom, João, Paralamas, Legião e por ai vai! E olha só, até o Rei Robertão, e o tremendão Erasmo. E tem algum problema nisso? Nenhum.

Acho bom, já que a música é da mais alta qualidade. Porém, me pergunto: porque é que não aparecem nomes de qualidade na música brasileira? Posso ir além e me estender para as artes, arquitetura, poesia e literatura. O cinema sai fora, afinal estamos crescendo, um certo Walter, mostrou que para ter recurso é preciso fazer filme com qualidade, que por conseqüência atrai investimentos. Mas fora o cinema, não há um movimento grande no cenário cultural nacional.

Já ouvi que isso aconteceu porque a Ditadura Militar sufocou o povo e então, os cabeças, usavam a música para mostrar a indignação atrvés das mensagens disfarçadas e encobertas pelas letras e poesias, então, surgiram nomes como Elis Regina, Tom Jobim e Chico Buarque, isso durante os anos 60 e 70. Já nos anos 80, as bandas de garagem, vieram com o movimento das Diretas Já, e com a abertura puderam cantar o que estava preso.

Para mim, isso é uma análise muito simplista e podre para falta novos nomes. Não é possível justificar a carência cultural pela falta de um regime totalitário, se não, Cuba teria os maiores representantes das artes e ciências uma vez que, a Ditadura de Fidel, perdura a mais de 40 anos. A China teria sido o templo, um milhão de habitantes e a Ditadura de Mao Tse Tung, sem contar o Chile de Pinochet, Portugal de Salazar, a Espanha de Franco, Itália de Mussoline e por fim, toda a Europa tomada por Hitler. Deveríamos então aplaudir em pé os ditadores, pela sua enorme colaboração com a cultura.

Mas o que seria de nações que não tem em sua história períodos totalitários? Rolling Stones e Beatles não estariam até hoje nas rádios. Elvis não teria rebolado. Janis Joplin e Jimmy Hendrix não teriam fumado, cheirado e tomado os tubos em Woodstock.

Então não cola justificar assim.

Concordo que o mundo hoje é outro. Que a velocidade do mundo é outra. Que o comércio também imprime uma força destrutiva atrás do lucro sem piedade. Mas mesmo assim, não justifica.

Cantorezinhos e grupinhos feitos para o verão, acabam no verão. Bunda de fora, peito de silicone, música de dois tons e um semi-tom e letra estúpida com um pouco de sacanagem e só. Sabemos que são produtos de pouquíssima durabilidade. Então não me preocupo.

Preocupa-me, não ver coisas sólidas surgindo.

Não é por falta do que lutar e nem de lutar contra alguma coisa, como se costuma justificar. Afinal, a vida é uma luta, sempre. Lutar para conseguir um trabalho e lutar para se manter lá. Lutar para ser honesto no meio de tanta corrupção. Lutar para construir um mundo melhor. A vida moderna é cheia de lutas diárias. Talvez, a luta contra nossos maiores medos, contra nossos anseios, contra nossas insatisfações e frustrações. Não me diga que não há luta e, portanto, não justifica a falta de cultura pela falta de “inimigo”.

Então, o que é que acontece?

Acredito que o grande buraco de nossa história esta na falta de educação. Educação no seu contexto geral.

A escola cada vez pior. O declínio já era sentido por mim, no início dos anos 90, e de lá para cá a coisa só piorou. E piorou rápido. Isso sem contar com os pais que jogam a responsabilidade da educação para a escola, que por sua vez, é horrível.

Como teremos cultura em um país inculto?

A escola preocupada em passar no vestibular como um adolescente de 17 anos, não forma seus alunos, apenas informa-os. Não há como dissertar com as novas gerações, e cabe ai, alguns dos meus.

Provavelmente é por isso, que não há valores novos no cenário cultural. Todos que estão ai, até os mais novos, já estão ficando velhos, de idade, é preciso frisar, porque, coisas de qualidade, são atemporais. O que mostra o não surgimento de novos valores. Não estou falando daquele pessoalzinho produzido para o verão. Estou falando de gente de qualidade alta. Hoje, não há como criar crítica. Como disse Jesus, meu ex-professor: “esses jovens de hoje, parecem todos cabeças de vento”.

E mais uma vez, Elis cantará certamente: “e nossos heróis são os mesmos dos nossos país”.
Fernando Katayama 08 out. 2005

Monday, October 03, 2005

Falta de Mira

Hoje assisti pela primeira vez o horário de propaganda gratuita. Ou seja, publicidade, para quem não sabe, publicidade e propaganda são coisas diferentes, assim como marketing é também diferente dessas outras duas. Mas, não estou aqui para falar disso.

Estamos a poucos dias do referendo. Esse ato democrático quer que a população decida se pode-se ou não comercializar armas de fogo e munições. Seria estranho poder vender a arma e não poder municiá-la ou então não vender o revólver, mas poder comprar a “bala”, mas enfim, vamos ter que ir lá, dizer sim ou não. E como disse, assisti ao programa hoje. Já havia escutado no rádio em algumas vinhetas.

De um lado da guerra o pessoal do Sim, do outro o pessoal do Não.

O pessoal do Sim, usa todas as suas armas: artistas famosos, caras de dó e um grande apóio da mídia. No discurso, apontam as desvantagens de se ter uma arma de fogo em casa. Hoje o sujeito do programa perguntou quem era que lucrava com isso. Dizem que é perigoso e que pode voltar-se contra você. E que é a causa da violência. E outros blá, blá, blás.

Já o pessoal do Não, usa também todas suas armas: cenas, depoimentos e um certo apóio da mídia. Apontam as desvantagens de não poder ter a tal arma de fogo em casa. Dizem que é direito nosso, e que não podemos abrir mão dele. Dizem que bandido não compra arma na loja e que não usam armas dos calibres permitidos por lei, lógico, eles são contra lei, afinal são marginais. E que nós, devemos nos proteger. Usam outros blá, blá, blás.

Concordo com os dois. Armas, de qualquer tipo, são perigosas. E bandido não compra na loja. Mas acredito que estão usando a emoção para tentar convencer o eleitor. Todas as campanhas estão voltadas para o lado emocional. E se apóiam na base errada.

Vejamos sobre o que é o referendo: “proibição do comércio legal de armas e munições”, e é nisso que eu vou me basear, para discutir aqui com vocês.

Proibir o comércio é simplesmente não permitir que se comercialize qualquer coisa, então é importante sublinhar a palavra legal. Legal, legalizado, dentro da lei. Conceito fundamental.

Porque digo isso? Oras, não estamos discutindo se a violência aumentou ou diminuiu, não estamos discutindo quais são as causas, muito menos, sobre soluções. Estamos discutindo sobre o comércio legal.

Fico me perguntando porque proibir o comércio legal de qualquer coisa. Justificar que as armas matam, não me parece uma justificativa forte para impedir o seu comércio, afinal o cigarro também mata. Carros também matam. E então deveremos proibir o comércio legal deles?

O Brasil não esta maduro o suficiente para proibir o comércio. Nossa economia esta agora querendo dar sinal de que vai crescer. E proibir de comercializar qualquer coisa legalmente não me parece ser a melhor das soluções. Tenho inúmeros exemplos de coisas que são ilegais e que geram muito, mais muito lucro mesmo, para os donos das bancas e traficantes, mas nada para nós, já que não pagam impostos.

Pergunto como é que vamos proibir, por exemplo, a pirataria de cd’s? Ou então o jogo do bicho? Quem sabe o tráfico de drogas? Ou então o de armas mesmo? E aqui no Brasil onde, tráfico de influência é crime, estouram as CPI’s, agravada pelo Escândalo do Apito, como vamos proibir o que é legal?

Para fazer a análise, não podemos usar o coração, ser passionais ou simplesmente engolir o que estão tentando nos colocar goela a baixo.

Sem essa de dizer, como o carinha lá da tv, e dizer que quem lucra é o fabricante. Lógico que é ele, afinal negócios são para ser lucrativos e gerar divisas e empregos. Também não adianta nada falar que o bandido usa arma, ele usa sim, mas não as consegue em lojas. Justificar também que é nosso direito, me parece igualmente fraco, direito temos um monte, e pouco são respeitados, inclusive, caso você não tenha se tocado, votar é um direito, mas aqui não, votar é uma obrigação.
Nós temos direito a tantas outras coisas, e não cobramos por eles.
É também fraco o argumento que possuir a arma é que vai nos dar a segurança, que é um direito nosso, que o Estado não dá. Muito pior então comparar o Brasil ao Japão, como no programa, onde alguém falou que no Japão a própria polícia não usa armas. E é verdade. Mas japonês não sabe o que é ser “esperto”, “não entende de malandragem” e por incrível que pareça, não passa na cabeça deles, roubar. Não sabem o que é tráfico de drogas. E querem saber mais? Políticos corruptos se suicidam, de vergonha e desonra. Definitivamente não cabe comparação.

Portanto ao ir lá na urninha votar, pense sobre o que é que esta proibindo e quais são as conseqüências do seu ato.

Fernando Katayama 3 out. 05

Friday, September 30, 2005

Falta aquilo que sobra

Como sempre faço leio os jornais pela manhã. Hoje não seria diferente. Logo na primeira página, havia uma pequena chamada, uma foto, pequena de uma biblioteca em São Paulo, toda pichada. Logo à baixo a legenda dizia, que faltavam funcionários e os poucos que tinham vaziam um revezamento para mantê-la funcionando.


Olhei aquilo e pensei: “como pode?”.


Não pensem vocês que eu me indaguei sobre a pichação, lógico que atos de vandalismo eu reprovo, mas não foi sobre isso. O que eu indago é: como que no Brasil, pode faltar mão de obra?


O Brasil vive com altas taxas de desemprego. É difícil conseguir um emprego. Não estou nem falando de trabalho. Trabalho e emprego são coisas diferentes, mas não vou entrar no mérito aqui. Como que em um país que tem uma taxa de desemprego altíssima, faltam funcionários?


Se qualquer um de nós quiser fazer a experiência, coloque no jornal, um anúncio qualquer: “Preciso de...”, a fila será enorme. Não é por acaso que existem inúmeras empresas de emprego e as mais moderiinhas chamam-se de Consultorias de RH. Outro dia estive em uma dessas ai, entrava tanta gente que parecia até um ventilador humano. Algumas distribuem senha.


Com esse cenário tenebroso, como que faltam pessoas para o trabalho? Certeza, que estão pensando que o que falta é mão de obra qualificada. Primeiro me pergunto o que é ser qualificado e segundo, como que se explica que tem engenheiro na fila do concurso? Falta qualificação ou oportunidade?


Você pode dizer também, que porque nesse caso, a biblioteca é pública, então precisa de um concurso. E então reforça minha idéia que esse tal concurso público é um grande erro.


Em minhas pesquisas, verifiquei como é que são feitos os processos para a contratação de pessoas para os cargos do governo, em diversos países desenvolvidos, como EUA e Canadá. E acreditem, não tem concurso. Existem sim, algumas provas e testes, e as análises são muito mais profundas. Porque o que querem saber é se o candidato tem o perfil para determinada função, se pode crescer, se tem vontade e vocação e não se é bom de prova, como acontece aqui.


Por isso o Brasil tem essa grande corrupção, falta de estrutura, falta de vontade. O sujeito não esta lá porque acredita, esta lá, porque é uma boa e tem muitas regalias. Vejam só: para ser da polícia, tem que ser bom de prova. Para ser juiz também. Para ser escrivão, tem que ser bom de prova. Para ser professor? Bom de prova.


Aprende a fazer prova que você esta dentro. Mas como fica o trabalho da função?


Como sabemos: Um lixo.


Mas tem outro agravante para o grande desemprego no Brasil. A lei trabalhista. Protege tanto que acaba por criar muitos problemas. Hoje não é possível contratar uma pessoa por hora para que trabalhe, por exemplo, todo dia durante 4 horas. A justiça entende que ela trabalha o mês todo durante oito horas. Certamente ela, vai “entrar na justiça”, para reclamar “dos seus direitos”. E você vai ter que pagar.


Imaginem vocês, um estabelecimento qualquer, contrata hoje, duas pessoas. Uma trabalha oito horas, e a outra também. Não tem tempo de ir a escola, afinal tem que trabalhar. E custam os olhos da cara. Não só do salário, mas tem imposto, comida, transporte e tudo mais... E ainda vai te aporrinhar para você mandar embora, assim ela recebe um dinheiro. Se não você já sabe...


Mas se pudéssemos contratar por hora, sem tanta burocracia, ao invés de contratar duas, contrataria quatro em turnos de quarto horas. Dobrou! Mais dinheiro circulando, menos desempregados.


Mas isso é pura utopia hoje no Brasil. A promiscuidade do sistema não quer saber. Os próprios empregados não querem saber disso, acreditam que iriam perder os direitos. Empresas querem cada vez mais contratar menos, e de preferência como autônomo, para se ver livre, de impostos e futuros aborrecimentos com a justiça cega e promiscua brasileira. Os concursados não querem que mude a estabilidade que têm logicamente.


Parece-me, é que tem muita gente que não quer que mude nada. Tanto do lado do governo e dos empregados. Penso que os empresários gostariam que mudasse alguma coisa.


Enquanto isso, o desemprego aumenta e suas conseqüências também.


Por Fernando Katayama 30 set. 05

Thursday, September 22, 2005

Brasil é estranho

Estou contente com os comentários que tenho tido pelos textos que escrevo. Gostaria que houvesse mais. Sempre é bom receber criticas, opiniões, idéias e novos pontos de vista. Agradeço ao meu amigo Tutu, que me enviou um comentário do meu último texto. Agradeço a minha nova amiga Júlia. A Dani, que lá de longe lê meus textos e me envia comentários. Até ao frangote do Gus, que não quer saber se eu tomo café ou não, mas gosta do que escrevo. Enfim, agradeço à todos.

É importante poder agradecer. Ser livre para poder dizer, que meu sucesso é impulsionado por essas atitudes. Sucesso, esclareço, é me satisfazer e compartilhar as minhas idéias com meus leitores.

Mas enfim, voltamos ao Brasil. País estranho o nosso. Explico.

Cheio de maravilhas naturais. Montanhas, matas, mar, rio... As mulheres mais lindas do mundo. As melhores bundas do planeta. Um cardápio repleto de guloseimas deliciosas, e para todos os gostos. Não tem tufão nem terremoto.

Mas o Brasil é estranho.

Aqui, como disse meu professor do colégio Ruy Campos, “é o país onde a banana nanica é a maior. É o país onde, houve tempo, que a arroba do boi gordo era mais barata que a do boi magro”. Era Sarney, 1985, e inflação galopante.

Hoje, tanta CPI e bandidagem que quase não da mais para acompanhar sem fazer um organograma. E ainda assim é complicado.

Todo mundo mente. Mentira hoje é verdade, e como disse Hitler, “a melhor mentira é a maior, assim acaba virando verdade”, ou então, “a verdade é uma mentira bem contata”, não sei quem falou.

Já não sei. Já não sei o que é que vai ser.

O PT mentiu para todos que acreditavam nele. O Lula mentiu, para ele mesmo pensando que estava preparado para administrar o país, mas quem fazia isso era o Zé Dirceu, que por sua vez, mentiu pro Lula, dizendo que era seu amigo. E na tevê, todo dia tem um que mente. E não acontece nada. E mamãe que me dizia que mentir é feio.

Como dizia, o Brasil é estranho.

Hoje mesmo, fecharam algumas casas noturnas em São Paulo. Casa Noturna para Cacete. Literalmente. Na verdade são casas de encontros, para ser polido. Lá garotas, jovens, gostosas, potrancas, mignon, louras de verdade, de mentira, mulatas, ruivas, morenas, com cada bunda, que benzadeus! [pausa... suspiro...] Bem, foram fechadas hoje, porque a uma semana do GP Brasil, fizeram propaganda, insinuando o que chamam de “turismo sexual”.

Mas como disse, o Brasil é um país estranho.

Lá em Brasília, não tinha GP. Não teve propaganda no out-door. Mas as garotas de peitão, bunda gostosa e pele macia prestavam serviços para deputados, senadores e sei lá mais quem. Todas parecem que eram da Jeane. A cefetina que já cogitou, se candidatar na próxima eleição. Acho até bom, assim meu filho ou meu neto vão poder chamar o filho dela que vai ser, certamente político, de “aquele filho da puta”, e com toda razão.

Mas como disse, o Brasil é um país estranho.

O Congresso não foi fechado. Os deputados e senadores e sei lá mais quem, não sofreram nenhuma punição, talvez uma chamada na chincha da Dona Maria, mesmo incentivando a “política sexual”. Continua tudo funcionando. No país da bunda, os caras lá, passam a mão na bunda das gostosas e nos aqui, ficamos com cara de bunda.

E ainda fazemos graça.

Mas como disse o Tutu no seu comentário: ”... grupo de rock é o exemplo de que tudo na vida pode mudar, pode até demorar, mas não podemos desistir...”

Por Fernando Katayama 22 set. 05

Tuesday, September 20, 2005

Polícia para quem precisa de Polícia

Dizem que ela existe para ajudar.

Dizem que ela existe para proteger.

Eu sei que ela pode te parar.

Eu sei que ela pode te prender.

Polícia para que precisa.

Polícia para quem precisa de polícia.

Acordei com essa música dos Titãs na cabeça.

É do tempo em que eram uma banda de rock’n’roll. Faziam sonzeira. Rockão. O melhor do rock brazuca. Nada de baladinhas melosas. Som pesado e letra escrota! “Polícia” é uma faixa do Cabeça Dinossauro. LP clássico e muito diferente dos Cd’s de hoje. Talvez, hoje, os Titãs tenham se rendido ao terrorismo da indústria fonográfica, talvez, tenham se cansado de ser punk ou simplesmente pensaram que já era hora de ganhar algum e mudaram o som que faziam. Saiu Arnaldo, morreu o Fromer, saiu o Nando... Os Titãs mudaram.

Mas a música que era sucesso nos anos 80, parece estar cada vez mais viva. Mais contemporânea. Lembro de ter ido à um show deles, lotado e todo mundo cantando o refrão “Policia”, com as mãos para o alto, juntas como se tivessem sido algemadas.

Policia para quem precisa de policia.

Quem é que precisa de policia? Essa pergunta, dá até medo.

Nós brasileiros não sabemos se podemos ou não chamar a policia. Estamos já acostumados com a bandidagem e não sabemos mais quem é quem.

A própria policia já não sabe se corre atrás de malaco do morro ou do malaco fardado. Já tivemos a “banda podre”, como são conhecidos, a parte das corporações que são bandidos de farda.

Tive esperança com a prisão do Maluf. Até elogiei a Policia Federal, que para mim, era a mais correta. Mas depois dos últimos acontecimentos, foi tudo pro esgoto.

Aqui em Campinas, uma das cidades mais violentas do país, uma certa vez, sumiu alguns quilos de cocaína da delegacia. Não sei bem o que aconteceu com os responsáveis da droga, só sei que sumiu!

E ontem, sumiu da delegacia da Policia federal, o equivalente à R$2 milhões, em dólares e euros. Mas uma tantada de Coca, não a cola, mas a ína. Então também não é de se estranhar que, outro dia mesmo, algumas armas entregues a PF também apareceram nas mãos de bandidos do morro. Muito menos do Brasil ser a rota dos passaportes falsos, já que o esquema envolvia quase 60 pessoas da Policia Federal.

Policia para quem precisa de policia.

Fazem-me ver que a corrupção e desonestidade assolam cada vez mais nosso país. Já não fazemos mais a distinção entre bandidos e mocinhos. Tememos todos. De lavador de vidro de carro no semáforo, políticos e policiais.

Enquanto escrevo aqui, certamente tem algum político articulando uma manobra para beneficio próprio. O Presidente que o diga, reafirmando apadrinhamento do Presidente “insustentável e totalmente despreparado” da Câmera. Dos presidentes de Partidos e ate mesmo o Presidente da República, essa besta que esta lá, que afirmou que PT “tinha mais a obrigação” de pagar as contas dele, para viagens particulares, usando o fundo partidário. Esqueceu-se que esse dinheiro não é dele e nem do partido. É nosso, e eu não quero pagar nada para ninguém ir se divertir com as Filhas da Jeane.

Certamente, alguns outros policiais estão tramando mais um golpe. E os bandidos do morro, usando de toda a logística que possuem, executam mais um roubo, assalto, importação de mercadorias contrabandeadas ou coisa que o valha.

Policia para quem precisa de policia.

Pergunto se ser desonesto, ser malandro, ser corruptor ou ser corrompido é genoma ou meio.

Mas certamente, policia para quem precisa de policia.

Por Fernando Katayama 20 Setembro 2005

Sunday, September 11, 2005

Latrina, o tornado brasileiro

Surpreendente a ação do Judiciário e da Policia Federal de ontem à noite.


Acho que ninguém esperava assim como eu, todos ficaram boquiabertos. Ver o Paulo Maluf e seu filho indo para o xilindró foi uma cena bizarra e um tanto estranha. O senhor “Roubo, mas Faço” finalmente tomou um pé d’ouvido! Acho que nem ele esperava isso!


Nós brasileiros já estamos tão acostumados a vermos crimes do colarinho branco e impunidade em todos os níveis, que só o fato o Maluf ser indiciado já era um bom sinal! Mas ele ir preso, confesso, foi espetacular!


Não sei se ele vai ficar preso, mas isso é outra questão. Desde que eu sou criança ouço que o Maluf, rouba, mas faz! E isso já foi até slogan de campanha. Espantava-me ninguém ter ainda tomado a devida providência!


Parece que a atual crise do governo, com todas as maracutaias aparecendo, com a sujeirada vindo à tona está surtindo efeito positivo para o país. Essa é minha esperança e meu voto de confiança.


Temo, logicamente que não dê em nada. Já, assim como você, estou acostumado a ver o festival acontecer. É como em inauguração de bar novo, onde tem o maior morundum, ba-fá-fá, flashes, gente pra todo lado querendo aparecer e em uma, no máximo, duas semanas todo mundo esquece. Quer ver só:


Alguém se lembra do Manoel Moreira? Cadê ele? Aquele outro que era o Zangado sortudo dos Sete Anões? Nem eu mesmo me lembro o nome, mas li outro dia que morreu! E do Lalau? Juiz marginal! Tá na mansãozinha dele com pena de reclusão domiciliar, brincadeira!


Por isso e outras, temo que essa crise não dê em nada. Porém a prisão, mesmo que temporária do Maluf, me deu esperança!


Essa nossa luta vai demorar mais que a II Grande Guerra, vai fazer mais mortos que no Vietnan. É tão estapafúrdia quando a Guerra Fria. Lutamos contra o inimigo invisível e disfarçado de cidadão.


Talvez esse nosso tornado, tenha trazido à tona, a lama histórica do nosso país. Assim como o Katrina, que encheu de lama as cidades norte-americanas e mostrou, aos próprios americanos, algumas podridões que estavam embaixo do tapete, o nosso, o Latrina, trouxe à Nação brasileira, a desilusão com a esquerda, encheu de água fétida os olhos de corruptos, mostrou que o sistema político nacional é incompetente e encheu de lama o Congresso. Resta agora acreditar na força dos garis, e começar fazer a limpeza.


Mesmo assim ainda temo. Afinal como no slogan do Lulinha paz e amor: “eu sou brasileiro e não desisto nunca!”.


Só que vale tanto pra mim como para o Maluf e seus pares.


Por Fernando Katayama 11 set. 05

Thursday, September 08, 2005

Independência ou Morte

Hoje acordei com a maior dúvida do que eu escreveria.

Coloquei para mim mesmo, o desafio de escrever pelo menos uma vez por semana. Mas está difícil escolher o tema.

É quase impossível não falar da atual crise do governo, já que esta, afeta quase todo o resto. Pensei em escrever sobre os problemas ambientais e não consegui fugir da política. Pensei nos americanos que estão lá, passando o maior perrenge. Ai, lembrei do povo lá da África, que passam o perrenge também e já faz tempo! Não me esqueci do nosso povo aqui...

Pensei em deixar tudo isso de lado e escrever sobre alguma coisa introspectiva, como sentimento e amor, faz tempo que não escrevo sobre isso, mas não tive o impulso necessário.

E como hoje, é dia oito de setembro, um dia depois do dia da Independência, não consegui fugir e estou de volta, à política!

Os jornais nem deram muita atenção a essa data. Talvez porque já tenha perdido o sentido. Porque talvez, nós não nos sentimos livres. Porque talvez, a Independência tenha sido somente pró-forme. Deram mais atenção aos jogos do campeonato de futebol ou as fofocas dos bastidores do que ao fato em si. Nem os desfiles, que são marcos desta data, tiveram cobertura.

A atual descrença e crise brasileira tomaram conta do pedaço. E foi isso que me chamou a atenção para perguntar-lhes, qual a nossa Independência?

Nós, desde os tempos da Colônia somos massacrados pela corrupção, apadrinhamento, troca de favores. Mentiras. Falcatruas.

Somos um povo dependente teste tipo de prática. Gerson, volto à citar, fumou cigarro, para levar vantagem em tudo. As Capitanias Hereditárias, eram para amigos do Rei ou para quem fosse mais interessante. Não se esqueçam das histórias do “santo do pau-oco”. Carioca é o malandro. Política do “café com leite”. Levar vantagem em tudo. Parece que somos dependentes disso.

Não sei se é DNA, porque falar DNA hoje, não é cadeia de aminoácido, é agência de publicidade e não dá cadeia! Mas enfim, não sei se isso já esta inserido no código genético ou é um tipo de vírus ou bactéria infectante para a qual não há cura.

Por isso não é de se estranhar tudo isso que passamos hoje. Começou com os Correios, passou por Agências de Publicidade, por Mesadas, não as dos adolescentes, e imaginem que já esta agora, no Restaurante. Quero ver a hora que chegar na fossa. Vai voar merda para todo lado.

O pior de tudo, é que o país já esta acostumado, e quando coisas que não são normais acabam virando corriqueiras, ai o buraco é muito, mais muito mais embaixo. Está cheirando que essa podridão toda, não vai dar em nada.

Então, nos estamos tão dependentes deste tipo de política, conchavos, artimanhas que eu me pergunto, Independência ou Morte?

Talvez, tivesse sido melhor que o dia fosse, Primeiro de Abril. Assim, seria mentira e ninguém iria acreditar mesmo.

Por Fernando Katayama 8 Set 2005

Tuesday, August 30, 2005

Desaprendendo com O Aprendiz

Hoje, saiu em um caderno especial, uma matéria que falava sobre o “game-show” do Roberto Justus, “O Aprendiz”. Reforçou minha opinião sobre esse assunto. Desde o primeiro episódio do primeiro show, venho dizendo que isso é um equívoco.

Temo porque o mundo anda desprovido de senso crítico. Mais essa baboseira da televisão é empurrada goela à baixo das pessoas. Se bem que merecem afinal, assina o cabo, que você pode ter mais de cem canais à escolher.

Mas o que me faz temer é que todo mundo acabe acreditando que é assim que mede se o sujeito é um bom profissional ou não. Se esta apto à enfrentar o mundo dos negócios ou não. Mas não só isso! É a pura depreciação do homem de negócio. Do estrategista.

Estratégia, a palavra mais estuprada do vocabulário corporativo, confundia e erroneamente dita para ações. Você viu lá, no showzinho, o cara dizer assim: “nossa estratégia foi de abordar as pessoas na rua...”, abordar as pessoas na rua é ação, determinada pela estratégia, previamente definida!

Dá nervoso ver isso, principalmente com o atual estado do Estado brasileiro, sem estratégia, sem administração, sem governo e sem ação.

Os próprios participantes, na reportagem do jornal, assumem que aquilo é só um show, e o que manda é o índice de audiência. Não medem a capacidade intelectual, o potencial nele inserido ou o melhor para determinada função.

Outro dia fui a uma dinâmica de grupo. É eu participo desse tipo de coisa. Reles mortal tem que ser submetido a essa invenção, que nem o RH sabe explicar com clareza como isso funciona. Se alguém, que ler esse texto souber, me explique pelo amor de deus! Nem vou entra no mérito da coisa em si, vocês já podem imaginar o que é que eu vou escrever daquela merda.

Mas o que eu ia dizer é que lá havia pessoas de nível sócio-cultural alto, pós-graduadas, até com 2, com 2 idiomas e tudo mais, mas achavam as “dicas” do Justus boas. Dá arrepio de escrever isso.

As dicas eram boas?! Quem da dica é rotulo de leite Moça!

Meu deus! As pessoas lá, sofrendo um processo seletivo, da pior qualidade, semelhante ao que o cara faz na televisão, acham que podem usar as “dicas” que o sujeito fala na TV?

É preciso ter critica e não engolir tudo!

O Justus sabe muito bem mesmo é se vender. Ficar em evidência e comer as gostosas do momento, se bem que ai, parabéns para ele. E mais nada.

Ele não ta nem ai se o cara que vai lá pro grupo dele é bom ou não. Faz parte do contrato. E se o cara for pedante, põe ele para tirar Xerox, no cantinho da sala, afinal quem paga o “salário” não é o Justus, é o patrocinador.

O Brasil precisa entender o momento que esta passando. Precisa inovar seus métodos de recrutamento, tanto no setor privado como público. Precisa investir em talentos. E tentar, a todo custo, segurá-los aqui. As universidades e indústrias americanas e européias estão parecendo o Real Madri, que só tem talento brazuca.

Nada adianta ficar copiando os modelos já existentes, afinal o Brasil é um país peculiar. Aqui a banana nanica é a maior. Precisamos criar os nossos modelos.

Mas talvez o velho Chacrinha esteja realmente certo: “Alô, Terezinha, na televisão nada se cria, tudo se copia”. E todo mundo imita a televisão.

Pena que talento é nato e a reprodução é impossível.

Por Fernando Katayama 30 Agosto 2005

Thursday, August 25, 2005

A Atemóya

Fui à feira no último sábado. Essas feiras de rua, tradicionais em cidades do interior, aqui na minha cidade, ainda existem algumas. Lógico que estão perdendo espaço para os hipermercados e tudo mais, mas ainda resistem bravamente à mudança. Logo pela manhã, bem cedinho, começam a chegar os caminhões Mercedes Azul, 78, abarrotado de coisas. As barracas surgem com o sol. Fui à uma dessas. Tradicional aqui da cidade.


Tem pastel do japonês, o doce de leite de panela, o tomate do seu Zé... O cheiro, a rua, os feirantes, me fazem lembrar da minha infância, quando eu acordava cedinho para ir passear na feira, e ajudar minha mãe, nas compras de casa. Morava à apenas uma rua.


Certa vez, fui comer pastel lá. Era bem cedinho e estava saindo de uma noitada com um amigo e um ex-caso meu. Acabei experimentando uma fruta. Aspecto estranho. Cor verde. Meio feia. Polpa branca e substanciosa. Gosto azedo-doce e delicado. Muito saborosa.


Estou falando da fruta, sem malícias, caros amigos.


Mas eu disse que tinha ido à feira no último sábado, não é?! Pois é... Fui à barraca do simpático feirante, que havia me dado o prazer de conhecer aquela fruta. Voltei lá pra comprar umas duas... Mas infelizmente ele não tinha mais. Como tinha ido lá especialmente para comprar a deliciosa atemóya, voltei para minha casa, um tanto decepcionado, afinal, queria a atemóya, e não banana, abacaxi, laranja... Essas frutas tinham lá.


Voltando da feira, comprei um jornal. Desses de circulação nacional e grande prestígio. Afinal eu não iria comer mais a atemóya e não queria voltar de mão abanando. Chegando em casa, logicamente, passei um café, meu fiel companheiro das leituras dos meus jornais. Entre uma página virada e um gole, li uma notícia sobre a nossa crise política atual.


A reportagem era sobre o benefício que essa crise pode trazer ao país. Sim, benefício. Era sobre a reforma do sistema político nacional, falido e corrupto.


Tenho que concordar com a reportagem. Pode ser que essa crise traga ao país mudanças no sistema. Algumas propostas já estão sendo formuladas. Redução do tempo de campanha. Algumas novas normativas. E uns outros blá blá blás.


Parece que agora a culpa é da campanha e do tal marketing político. Mas não é. O buraco é bem mais embaixo. As falcatruas usam os orçamentos milionários para desvios de verbas e tudo mais. Isso nem é lá uma grande novidade. Afinal como disse nosso Presidente: “caixa dois é pratica”.


Vou falar um pouco de marketing para que vocês vejam como é que funciona o nosso sistema! Nós, estrategistas de marketing, trabalhamos com dados e números que surgem através de pesquisas. Precisamos saber onde é que tem o que, e se queremos ou não isso ou aquilo. Então traçamos planos e ações para chegar nos nossos objetivos. É muito bonito. Usamos tudo que esta disponível, e logicamente, com ética, seriedade e honestidade.


Mercado também é estabelecido por nós e denominamos de: mercado total, potencial, disponível, qualificado, alvo e penetrado. Para facilitar, faça um circulo dentro do outro e vá colocando os nomes, comece do mercado total, o maior e na seqüência, faça sucessivos círculos circunscritos, até que acabem todos os níveis.


Vocês devem estar pensando, com uma certa cara de ué, onde é que eu quero chegar com isso e o que e o que tem haver marketing com a nossa crise e a reforma do sistema eleitoral.


Simples.


Quando é que o IBEGE faz o senso? Alguns anos antes das eleições? Pronto, determinamos com pesquisa, o nosso mercado. E à partir daí é muito fácil segmentar o mercado. Olhe para os círculos que fez. Será que com o senso, nós não sabemos exatamente se você tem 1 ou 2 carros na garagem? Se tem televisão? Número de pessoas? Escolaridade? E tudo mais?


Semelhança ao mercado total? Potencial? Disponível? Qualificado? Alvo e penetrado? Podemos ir mais fundo e saber das suas necessidades! Incrível! Clap clap clap, palmas para nós, pessoas de marketing.


Agora em um sistema eleitoreiro como o nosso isso é extremamente importante para definir as estratégias à serem usadas. Mas isso tudo tem como ser diferente.


Hoje nós somos obrigados a votar. É impressionante em um país democrático, ou que pelo menos se diz, que o direito seja um imposto. É direito seu, e use-o quando quiser, se quiser.


Algumas pessoas dizem que é nosso meio de dizer o que pensamos. Concordo. Mas tem pessoa que não pensa ou que não quer se manifestar, mas em nosso sistema atual, são obrigadas. E não pensem vocês que não há punição a esse ato de rebeldia. Como na ditadura, há punições. E o Brasil é um país democrático, vejam só.


Como somos obrigados a votar, facultativo só para adolescentes, que têm a responsabilidade de escolher o caminho da Nação, mas não podem ser julgados por seus atos como adultos responsáveis. Os jovens representam uma fatia grande da população. Aumentaram o mercado. Como somos obrigados, fica mais fácil fazer a campanha, já que sabemos exatamente quem é que vota.


E o que era direito do cidadão passa a ser obrigação.


E se votar não fosse obrigatório? Ai as coisas, meu amigo, iriam mudar de figura. Votariam somente as pessoas que querem votar e têm convicção dos seus atos. Porque estão decididas. Porque conhecem as propostas, não só para aquela campanha, mas a proposta do partido. Não votariam somente na figura representa de um ou outro candidato, porque só ele, não governa. É preciso ter a base e tudo mais, votariam na conscientemente nas propostas e ideologias do partido.


As campanhas teriam que mudar radicalmente o discurso, porque agora teriam que convencer pessoas que estão interessadas na política, não adiantaria ficar fazendo palanque, chamar Xoraõnzinho & Cornudão para fazer showzinho em praça pública. Não adiantaria contratar os boca de urnas. Não... Teria que ser muito mais convincente.


Eles não conseguiriam determinar exatamente o mercado votante, como fazem hoje.


E você não teria que optar pelo menos ruim. Menos ladrão. Ou com menos dedo, afinal com menos dedo a impressão que dá é que cabe menos na mão. Grande erro.


Como eu que lá na feira, que não quis levar nem o abacaxi, nem a banana, nem a laranja. Eu queria a atemóya e pronto! Não comprei nada e fui embora.


Hoje, tem gente que, mesmo não querendo, comprou Lula e está agora, engolindo o sapo.


Por Fernando Katayama 25 Agosto 2005