Monday, October 03, 2005

Falta de Mira

Hoje assisti pela primeira vez o horário de propaganda gratuita. Ou seja, publicidade, para quem não sabe, publicidade e propaganda são coisas diferentes, assim como marketing é também diferente dessas outras duas. Mas, não estou aqui para falar disso.

Estamos a poucos dias do referendo. Esse ato democrático quer que a população decida se pode-se ou não comercializar armas de fogo e munições. Seria estranho poder vender a arma e não poder municiá-la ou então não vender o revólver, mas poder comprar a “bala”, mas enfim, vamos ter que ir lá, dizer sim ou não. E como disse, assisti ao programa hoje. Já havia escutado no rádio em algumas vinhetas.

De um lado da guerra o pessoal do Sim, do outro o pessoal do Não.

O pessoal do Sim, usa todas as suas armas: artistas famosos, caras de dó e um grande apóio da mídia. No discurso, apontam as desvantagens de se ter uma arma de fogo em casa. Hoje o sujeito do programa perguntou quem era que lucrava com isso. Dizem que é perigoso e que pode voltar-se contra você. E que é a causa da violência. E outros blá, blá, blás.

Já o pessoal do Não, usa também todas suas armas: cenas, depoimentos e um certo apóio da mídia. Apontam as desvantagens de não poder ter a tal arma de fogo em casa. Dizem que é direito nosso, e que não podemos abrir mão dele. Dizem que bandido não compra arma na loja e que não usam armas dos calibres permitidos por lei, lógico, eles são contra lei, afinal são marginais. E que nós, devemos nos proteger. Usam outros blá, blá, blás.

Concordo com os dois. Armas, de qualquer tipo, são perigosas. E bandido não compra na loja. Mas acredito que estão usando a emoção para tentar convencer o eleitor. Todas as campanhas estão voltadas para o lado emocional. E se apóiam na base errada.

Vejamos sobre o que é o referendo: “proibição do comércio legal de armas e munições”, e é nisso que eu vou me basear, para discutir aqui com vocês.

Proibir o comércio é simplesmente não permitir que se comercialize qualquer coisa, então é importante sublinhar a palavra legal. Legal, legalizado, dentro da lei. Conceito fundamental.

Porque digo isso? Oras, não estamos discutindo se a violência aumentou ou diminuiu, não estamos discutindo quais são as causas, muito menos, sobre soluções. Estamos discutindo sobre o comércio legal.

Fico me perguntando porque proibir o comércio legal de qualquer coisa. Justificar que as armas matam, não me parece uma justificativa forte para impedir o seu comércio, afinal o cigarro também mata. Carros também matam. E então deveremos proibir o comércio legal deles?

O Brasil não esta maduro o suficiente para proibir o comércio. Nossa economia esta agora querendo dar sinal de que vai crescer. E proibir de comercializar qualquer coisa legalmente não me parece ser a melhor das soluções. Tenho inúmeros exemplos de coisas que são ilegais e que geram muito, mais muito lucro mesmo, para os donos das bancas e traficantes, mas nada para nós, já que não pagam impostos.

Pergunto como é que vamos proibir, por exemplo, a pirataria de cd’s? Ou então o jogo do bicho? Quem sabe o tráfico de drogas? Ou então o de armas mesmo? E aqui no Brasil onde, tráfico de influência é crime, estouram as CPI’s, agravada pelo Escândalo do Apito, como vamos proibir o que é legal?

Para fazer a análise, não podemos usar o coração, ser passionais ou simplesmente engolir o que estão tentando nos colocar goela a baixo.

Sem essa de dizer, como o carinha lá da tv, e dizer que quem lucra é o fabricante. Lógico que é ele, afinal negócios são para ser lucrativos e gerar divisas e empregos. Também não adianta nada falar que o bandido usa arma, ele usa sim, mas não as consegue em lojas. Justificar também que é nosso direito, me parece igualmente fraco, direito temos um monte, e pouco são respeitados, inclusive, caso você não tenha se tocado, votar é um direito, mas aqui não, votar é uma obrigação.
Nós temos direito a tantas outras coisas, e não cobramos por eles.
É também fraco o argumento que possuir a arma é que vai nos dar a segurança, que é um direito nosso, que o Estado não dá. Muito pior então comparar o Brasil ao Japão, como no programa, onde alguém falou que no Japão a própria polícia não usa armas. E é verdade. Mas japonês não sabe o que é ser “esperto”, “não entende de malandragem” e por incrível que pareça, não passa na cabeça deles, roubar. Não sabem o que é tráfico de drogas. E querem saber mais? Políticos corruptos se suicidam, de vergonha e desonra. Definitivamente não cabe comparação.

Portanto ao ir lá na urninha votar, pense sobre o que é que esta proibindo e quais são as conseqüências do seu ato.

Fernando Katayama 3 out. 05

1 comment:

Anonymous said...

OI querido, estou aqui novamente para opinar sobre o assunto: Eu sou completamente a favor de acabar completamente com as armas de fogo... mas claro que isso nao existe! Esse é um ideal, e ideias nao existem. Na teoria TUDO funciona, mas na prática..........
Tudo o que é proibido é mais gostoso.. entao, a arma será um objeto gostoso de se conquistar (adrenalinas). Alem do que, aquecerá a economia... poucas armas, valores maiores.
E de que adianta cidadão estar desarmado e bandido armado? Como vc disse, bandido nao compra armas em lojas. Se for proibido, policial ganhará beem mais ao vender as suas arminhas... mais money no bolso.. infelzimente é assim que funciona.
O dificil sao as estatisticas que mostram que a maioria das pessoas cometem crimes quando estao com a cabeça quente, como brigas de transito etc... poucos relamente sao assaltos. Talvez o resultado desse referendo apareca alongo prazo... para nossos netos, quem sabe.
É um assunto bem discutivel... se tudo funcionasse como na teoria, otimo, desarmariamos a população e deixariamos a policia armada.. mas nao é assim!
bjinhossssss