Todos sabem do meu posicionamento sobre as divindades e o mundo espiritual. Sabem também o que acho da fé. E é claríssimo o que acho das religiões, todas elas. Para aqueles que não sabem digo: sou incrédulo, de qualquer religião existente no mundo ou fora dele [se é que isso pode acontecer], para mim são somente filosofias de vida e/ou doutrinas. Tão pouco acredito em Deus, Santos, Alas, Orixás ou Divindades, sejam elas quais forem. E sobre a fé divina, acredito que é essencial para se crer em deus. Não tenho, logo não creio.
Mesmo assim, respeito todas igualmente, diferente de alguns, que não respeitam meu posicionamento. Para mim, todas são boas, não existe melhor ou pior, mas sim aquela que melhor adapta ao indivíduo que a segue e acredita. Não me importa se é católica, budista ou xiita, são iguais entre si, com todas suas diferenças. Não venha com o papo que os Evangélicos são pilantras, e pintam 100% Jesus na camiseta e que bonzinhos são os padres católicos que transam com nenininhos nos cantos escuros da capela. Talvez loucos mesmo, sejam os muçulmanos que se explodem, porque um sujeito qualquer, disse que é assim que tem que ser. Mas mesmo assim, todas têm coisas boas e ruins. Contudo não estou aqui para discutir sobre a fé, nem filosofar sobre religiões ou então pregar meu ateísmo. Mas certeza que sou mais cristão que muita beata que tem por ai. Quero outra coisa.
Vendo a tevê, CPI’s, o nosso “espertismo*¹” (que combato tanto em meus textos como nas minhas atitudes), algumas atitudes que são feitas por todos, sem consciência do ato e finalmente o nosso sistema Judiciário.
Fiquei me perguntando porque é que o brasileiro tem o hábito de achar que todo mundo vai passar a perna nele, e então, faz antes? Porque é que aqui acusamos mesmo sem ter certeza? Porque sempre desconfiamos do outro antes mesmo de desconfiar de nos mesmo? Veja o sistema judiciário, cabe ao acusado o ônus da prova e não ao acusador! Veja a indústria frenética da Justiça Trabalhista, por exemplo. O empregado entra com a acusação, mesmo que sem provas, e cabe ao empregador, provar que não fez nada. À priori todos pecadores.
Pecado. Essa é a essência. Olhei para trás para ver nossa história. Somos colonizados por dois paises predominantemente católicos. Nossa população é predominantemente católica e há tempos atrás foi, quase em sua totalidade.
Se entendermos que a Religião Católica é baseada no pecado, afinal a Igreja é instituição única para a salvação, passa ser essencial o pecado. Contudo a Igreja católica subentende e prejulga nossos atos. Fomos condenados antes mesmo do crime, mesmo porque já nascemos condenados pelo crime dos nossos pais. Somos todos então filhos do pecado. Sendo assim, olhando os Dez Mandamentos, entendo que já se imagina e crê, que o homem vai roubar. Vai matar. Vai cornear. Então já o proíbo antes mesmo que faça, afinal esta em sua índole fazer isso.
Filhos do pecado, pecam sempre.
Não podemos negar a forte influência da Igreja Católica em nosso país. E sendo assim, influencia e influenciou todas as camadas da sociedade. Entendo que o nosso poder judiciário, usa da mesma base. Se eu te acuso, prove você que não é culpado, afinal, você é um pecador. Mesmo que você não seja.
E as pessoas também fazem isso, já que pensam, “bem se ele vai passar a perna em mim, que eu faça antes...”.
Aqui somos culpados até que se prove a inocência.
*¹ a palavra “espertismo” foi criada por mim, não existe no dicionário e se refere à cultura brasileira de querer levar vantagem em tudo.
Por Fernando Katayama 24 nov. 05
2 comments:
Fernando, se há uma coisa que gosto em seus textos é a objetividade. Além dela, você consegue ser autêntico, sem se preocupar com o que pensarão ou não a reu respeito. Isto é uma característica dos líderes. Quem lidera, seja por meio de exemplos ou de palavras, carrega uma grande responsabilidade: a de conduzir outros para o mesmo local que se dirige.
Acredito, sinceramente, que a discussão a respeito da existência de Deus é bobagem. Isto porque, se Ele existe, não compete a nenhum de nós questionar Seus atos, pois ele é o Criador. Ao mesmo tempo, se não existe, nós nos tornamos deuses já que somos responsáveis por nossos destinos.
Assim, um frei que tenta o suicídio através do jejum tem o mesmo valor cristão que o padre pedófilo, o pastor materialista e egocêntrico e o muçulmano suicida.
Cada qual carrega consigo uma característica que não pode ser generalizada ou estendida a todos os demais. A grande diferença está naquilo que chamamos de caráter.
Somente um bom líder, centrado, equilibrado e consciente de suas responsabilidades consegue impor suas convicções pessoais e conduz outros para orizontes que não são capazes de vislumbrar. O poder, o prazer e o possuir não são um mal em si mesmos. Sua utilização é que pode se tornar boa ou prejudicial, e isto em relação aos outros.
Portanto, quem conduz, inspira, exemplifica, deve estar consciente de que após sua partida desta terra deixará outros seguindo suas idéias e elas tornarão o mundo mais fácil ou difícil de ser habitado, de sobreviver nele.
A Justiça do Trabalho é paternalista e muitas vezes obsoleta. As religiões, não raro, são subjetivas e expressam apenas as idéias de poucos. Porém, não temos um modelo, uma referência melhor para tornar a convivência humana mais amena e tolerante.
Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. E o exemplo de uma pessoa carismática, segura e equilibrada, o que pode fazer?
Assim, meu amigo, não censuro suas idéias, mas confesso que até agora não consegui encontrar outras melhores e por isto estudo religiões: para compreender o modo de pensar e chegar à essência daquilo que você parece ter encontrado, de que ser justo, correto, verdadeiro e líder é simplesmente conseguir aceitar as diferenças, conviver com elas e transformar o medo e a intolerância em equilíbrio, paciência e compaixão.
Entendi seu texto: você usou s idéia de Deus para questionar o caráter e o comportamento daqueles que se escondem em sua pequenez. Alertou que há um caminho e deixou muita gente com as mãos na própria conduta.
Percebe agora porque seus textos são polêmicos? Porque você questiona e busca a Verdade! Isso é liderança! Parabéns!
Fernando, gostei bastante de seu texto. Vc expressa seu ponto de vista com fatos e argumentos reais, que geram tanto credibilidade como polêmica. Louco, né?!? Lembre-se que a massa gosta de ser "mandada", de receber a solução prontinha, não o caminho à ela. Aliás, nem questionam-se sobre todos os possíveis caminhos existentes. É bem mais cômodo ser doutrinado, guiado... e aí entra um pouco da sua reflexão... pois sem ter que optar ou escolher, somos menos "culpados"!
Bom final de semana!
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