Outro dia ouvi uma discussão sobre mulheres. O objeto da discussão era a nacionalidade da mulher. Um dizia que mulher brasileira é melhor que qualquer uma outra. Uma feminista já queria saber saber se o cara estava falando de sexo e tratando a mulher como “pedaço de carne” ou um acessório para a xoxota. E assim foi rolando a conversa. Um disse da mulher negra, que parece ter um grau a mais lá dentro, então era melhor. Outro falou das loucuras suecas. Um disse da falta de ginga da greenga. E lógico passou pela bunda brasileira.
De uma forma ou outra todos temos pelo menos duas mulheres na vida. A mulher que é a sua própria mãe e a outra mulher é a mãe que só existe em campos de futebol, marteladas no dedo, em brigas e coisas similares. E para Freud, a mãe, existente ou não, é responsável pelas loucuras dos filhos. Quem diria a mãe dele.
Enfim a discussão aqui não é da mãe, mas sim, das filhas. Aquela discussão para saber qual é a melhor mulher, é uma puta idiotice. Conheço um monte de mulher, de um monte de lugar, e todas, todas, são ótimas. É lógico que esse assunto passa por várias áreas, mas os mais evidentes obviamente é a beleza do corpo e o gingado sexy. Concordo que brasileira tem um negócio diferente, que nem sei bem explicar, mas que a sueca, a italiana, a espanhola, tem também, e também não sei explicar.
Tenho amigos que acham as mulheres do outdoor as coisas mais espetaculares do mundo. Assim como as capas de revistas e das páginas do meio das revistas masculinas, e até, as de filmes pornô. E não se importam com a nacionalidade. Mas na verdade mesmo, a melhor mulher é aquela que esta com você. Que te faz bem, te leva para um lugar melhor daquele que esta. Aquela que faz a diferença para sua vida. Aquela que te escora quando você parece cair ou aquela que te empurra quando você empaca. Mulher boa mesmo são essas que durante a vida toda, sua e dela, esta ali, para o que der e vier. Mulher que te complementa e te aumenta.
E ai meu amigo, pouco importa o tamanho da bunda ou de onde ela vem.
Música: American Woman - Jimi Hendrix
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 18 December 2007
Tuesday, December 18, 2007
Tuesday, December 11, 2007
Meios E Fins
Aguçado pelas notícias que recebi do Brasil, em uma ação pirata ou de coleguismo cibernético assisti o Tropa de Elite. É de prender a atenção. Excursões às favelas. Troca de tiros. Torturas. E muito pó. Acabaria aqui em uma só cheirada.
Mostra a polícia corrupta, o chefe do tráfico e o consumidor playboy. Até ai nada de novo. E o filme não tem nada de novo, porque policia corrupta, tráfico e consumidor de pó é tema batido. Assim como troca de tiro e corpo esticado. Muito menos mocinho e bandido.
Mas o filme vai além do pó entupindo as narinas. No Brasil 2000, carente de heróis, em total desgoverno, repleto de corrupção em todos os níveis e totalmente a mercê da malandragem o filme trouxe de volta o anti-herói. Tivemos o Macunaíma, talvez o mais famoso. O Golias. O Didi. E agora o Nascimento. Talvez o nome propositadamente colocado como mensagem para o nascimento de um herói. Enfim é o super-homem sem capa, que vai trazer ao caos a salvação.
Além de não exonerar a culpa da sociedade a margem da favela, os mocinhos classe média-alta consumidores de coca e maconha, o filme mostra a juventude desinformada, alienada a realidade que a cerca. Mesma juventude ONG-Verde, que quer tudo para todos, quer lutar pelos mais fracos, se intitula intelectual mas é inconsciente e cega. Coloca a culpa na terceira pessoa e pensa que suas ações não refletem para a sociedade. Como é de costume no Brasil, a culpa sempre é do vizinho, assim como a mulher dele é mais gostosa.
No contexto que o Brasil esta, onde a corrupção assola todos os níveis e setores, e incluem eu e você. Onde a polícia é bandido e bandido é bandido mas tem mais poder que a polícia. Onde a sociedade esta mesmo é mais preocupada com o próprio rabo, e reflete isso na falta de vontade política, não só da corja do Planalto mas como da sociedade como um todo. Onde é preciso limpar a lama que corre nas favelas e nos condomínios.
Em meio desse contexto o herói faz do fim a justificativa do meio. Será essa a solução?
Música: Dirty Harry - Gorillaz - Demon Days
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada Dez 12 2007
Mostra a polícia corrupta, o chefe do tráfico e o consumidor playboy. Até ai nada de novo. E o filme não tem nada de novo, porque policia corrupta, tráfico e consumidor de pó é tema batido. Assim como troca de tiro e corpo esticado. Muito menos mocinho e bandido.
Mas o filme vai além do pó entupindo as narinas. No Brasil 2000, carente de heróis, em total desgoverno, repleto de corrupção em todos os níveis e totalmente a mercê da malandragem o filme trouxe de volta o anti-herói. Tivemos o Macunaíma, talvez o mais famoso. O Golias. O Didi. E agora o Nascimento. Talvez o nome propositadamente colocado como mensagem para o nascimento de um herói. Enfim é o super-homem sem capa, que vai trazer ao caos a salvação.
Além de não exonerar a culpa da sociedade a margem da favela, os mocinhos classe média-alta consumidores de coca e maconha, o filme mostra a juventude desinformada, alienada a realidade que a cerca. Mesma juventude ONG-Verde, que quer tudo para todos, quer lutar pelos mais fracos, se intitula intelectual mas é inconsciente e cega. Coloca a culpa na terceira pessoa e pensa que suas ações não refletem para a sociedade. Como é de costume no Brasil, a culpa sempre é do vizinho, assim como a mulher dele é mais gostosa.
No contexto que o Brasil esta, onde a corrupção assola todos os níveis e setores, e incluem eu e você. Onde a polícia é bandido e bandido é bandido mas tem mais poder que a polícia. Onde a sociedade esta mesmo é mais preocupada com o próprio rabo, e reflete isso na falta de vontade política, não só da corja do Planalto mas como da sociedade como um todo. Onde é preciso limpar a lama que corre nas favelas e nos condomínios.
Em meio desse contexto o herói faz do fim a justificativa do meio. Será essa a solução?
Música: Dirty Harry - Gorillaz - Demon Days
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada Dez 12 2007
Wednesday, September 26, 2007
Quem é o Marginal?

Outro dia li uma nota, em um desses portais web sobre um conjunto de Rap. Não sou nem um pouco familiarizado com esse tipo de música, ou há quem diga, movimento. Conheço alguns que daqui, e muito, muito pouco daqueles do Brasil. Resolvi então, escutar algumas coisas.
O que ouvi, foram histórias do povo favelado, miserável, bandidos, cheiradores de pó, do preto desdentado, gírias e mais gírias, enfim histórias do submundo suburbano. Tudo com o ritmo tum-tá, do Rap e um português mal falado.
Reclamam do que querem e não têm. A cada verso, o ódio impregnado. Ódio que talvez, seja legitimo mas soa muitas vezes como gratuito. Se contradizem ao pedirem paz e justiça, palavras vãs nesse mundo, e cantando a glória de tombar um “gambé”. Reconhecem o poder do traficante, mas cantam os benefícios da maconha e que pouco ligam para serem fora da lei, mas querem justiça. E assim, faixa após faixa, vão se repetindo. Tudo com o tum-tá.
Dizem que cantam a sociedade marginalizada pela própria sociedade.
Brasil de valores inversos, é difícil saber o que é o que por lá. Político que rouba, esculacha e sai de cara limpa. Polícia corrupta. Traficante que mantêm o centro comunitário. O gueto, são os condomínios verticais ou horizontais. O garoto com escola, intelecto, família estruturada e alguma oportunidade é uma exceção.
E nesse Brasil tomado pela inversão, quem é o marginal?
Notas: gambé é como são conhecidos os PM’s na periferia. Tombar um gambé é matar um policial.
Música: Capítulo 4 Versículo 3 - Raciaonais MC’s
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 26 Setembro 2007
Friday, September 07, 2007
Só Homem Bebe Leite
Fiquei intrigado com a evolução humana e fui ler Darwin. Não me resolveu muito. Darwin com sua teoria da evolução. Do bichinho ao homenzinho. Muito bem explicado, ainda mais agora com a coisa do DNA e tudo mais. Nem tentei as miraculosas especulações religiosas.
Ainda continuo a me perguntar sobre evoluir. Parece ser uma coisa muito abstrata, talvez, surreal. Dalí, Picasso, Gothe tenham sido mais precisos em retratar o ser humano.
Freud, Jung e tantos outros do campo da psicanálise tentam também entender esse bicho do mato, que cria cidades e civilizações, para poder depois, destruí-las. O homem ainda faz o que o macaco dizia*1. Para Freud é culpa da foda mal feita no dia anterior. Para Jung, já é coisa que vem incorporada nos arquétipos. Para outros é simplesmente loucura.
Mas assim mesmo eu, na minha mísera condição de ser humano, fico pensando sobre a evolução tecnológica e nas maravilhas que inventamos. Penso também na revolução causada pela pílula, e dar a bimbada de consciência tranqüila. Inventaram a capa de pingulim que a Igreja não gosta, afinal comer bala com papel não é a melhor das coisas, mas ajuda a evitar bichinhos. São tantas as evoluções que fica difícil de contar. Mas e o homenzinho como fica nessa?
O homem é um ser estranho. Do reino animal, é o único que faz fuck-fuck por prazer e o único que bebe leite depois que cresce. Também é o único que sente prazer em matar e mata para levar vantagem. Assim inventou um monte de coisa pra poder detonar o outro, só por uma questão de vaidade, egoísmo ou puro prazer. E vem assim já faz tempo, e o que faz é aprimorar. Do osso ao míssil teleguiado.
Mas parece até que estou falando só das grandes guerras, Constantinopla, Cruzadas, I, II, Vietnam, Corea, Golfo, Irã/Iraque, Iraque...
Não só estou falando dessas ai, das criações Nazitas, Facistas ou Bushistas ou Xiitas, porque essas são mais que evidentes, mas falo também das pequenas coisas do nosso cotidiano. Da mesquinhez Do egoísmo. Da pobreza de espírito e do espírito de porco. Da inveja. Das pequenas coisas que nem notamos... Ou não queremos notar. Dos sentimentos que negamos. Da raiva destruidora. Enfim, ser humano. Este que talvez para evoluir, seja preciso rever as pequeninas coisas do cotidiano.
E se não agüenta, bebe leite.*2
Notas*: 1 - parte da letra Capitalismo Selvagem, Titãs. / 2 - Frase anônima de bar.
Música: One - U2
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 7 September 2007
Ainda continuo a me perguntar sobre evoluir. Parece ser uma coisa muito abstrata, talvez, surreal. Dalí, Picasso, Gothe tenham sido mais precisos em retratar o ser humano.
Freud, Jung e tantos outros do campo da psicanálise tentam também entender esse bicho do mato, que cria cidades e civilizações, para poder depois, destruí-las. O homem ainda faz o que o macaco dizia*1. Para Freud é culpa da foda mal feita no dia anterior. Para Jung, já é coisa que vem incorporada nos arquétipos. Para outros é simplesmente loucura.
Mas assim mesmo eu, na minha mísera condição de ser humano, fico pensando sobre a evolução tecnológica e nas maravilhas que inventamos. Penso também na revolução causada pela pílula, e dar a bimbada de consciência tranqüila. Inventaram a capa de pingulim que a Igreja não gosta, afinal comer bala com papel não é a melhor das coisas, mas ajuda a evitar bichinhos. São tantas as evoluções que fica difícil de contar. Mas e o homenzinho como fica nessa?
O homem é um ser estranho. Do reino animal, é o único que faz fuck-fuck por prazer e o único que bebe leite depois que cresce. Também é o único que sente prazer em matar e mata para levar vantagem. Assim inventou um monte de coisa pra poder detonar o outro, só por uma questão de vaidade, egoísmo ou puro prazer. E vem assim já faz tempo, e o que faz é aprimorar. Do osso ao míssil teleguiado.
Mas parece até que estou falando só das grandes guerras, Constantinopla, Cruzadas, I, II, Vietnam, Corea, Golfo, Irã/Iraque, Iraque...
Não só estou falando dessas ai, das criações Nazitas, Facistas ou Bushistas ou Xiitas, porque essas são mais que evidentes, mas falo também das pequenas coisas do nosso cotidiano. Da mesquinhez Do egoísmo. Da pobreza de espírito e do espírito de porco. Da inveja. Das pequenas coisas que nem notamos... Ou não queremos notar. Dos sentimentos que negamos. Da raiva destruidora. Enfim, ser humano. Este que talvez para evoluir, seja preciso rever as pequeninas coisas do cotidiano.
E se não agüenta, bebe leite.*2
Notas*: 1 - parte da letra Capitalismo Selvagem, Titãs. / 2 - Frase anônima de bar.
Música: One - U2
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 7 September 2007
Monday, August 27, 2007
Normal Anormalidade
Já viajei por aí muitas vezes. Fui pra lá, pra cá e pro lado de lá. Em toda excursão sempre vi coisas interessantes. Muito interessantes. Foi assim quando fui para os EUA pela primeira vez, com meus 16 anos. Manhattan parecia agressiva e cinza. E olhe só, não era nem perto paranóica como é hoje, com atentados e suspeitos. Vi um mundo diferente do que eu vivia, e sinceramente eu pouco entendia. E hoje voltei de um espetacular espetáculo da Broadway.
Foi assim também com meu pai na Europa. Coisas eram mais diferentes ainda, afinal, alem de estar com o meu pai, que era um sujeito para lá de não convencional, eu estava com 19 anos no auge da minha rebeldia contida e inicio de universidade. E adivinhe, vi o mundo com outros olhos. Visitei países com cultura totalmente diferente a nossa conhecida brasileira. Aconteceu de novo, quando fui com a minha irmã de mochila pela Europa mais uma vez. Lá no Piccadilly Circus, em Pisa ou Champs-Élysées sempre um novo mundo. Em Tokyo, tive a sensação de ser surdo, mudo e analfabeto quando lá cheguei, afinal, não lia, não falava, não entendia absolutamente nada. 36 horas de viagem foram suficiente para colocar um neurônio longe do outro e acabar com a minha sinapse. Não preciso dizer que era tudo diferente. Estive até na casa dos hermanos ali do lado e via a Casa Rosada e até hoje não entendo porque é que eles se sentem europeus.
Mas também foi diferente em Manaus, onde as àguas do Negro e do Amazonas não se misturam. Ou em Belém, onde a calçada tem 40 cm de altura e a manga pode cair a qualquer momento na sua cabeça. E logicamente, a fantástica viagem de Jeep ao interior de Minas, no meio do Brasilzão. Cuspia um tijolo no final do dia, de tanto pó, mas saboreava a comida mineira do jantar.
E em todas minhas andanças vi diferente coisas e mundo. Coisa boas e ruins. As boas são guardadas na memória e nas fotografias. As ruins só servem para comparar. E eu não gosto muito de comparações. Mas é impossível não faze-la.
Hoje vivo no Canadá. Um país misturado entre a cultura americana, soberana em quase todo mundo ocidental e a européia. A Rainha ainda manda. E tem gente com o sotaque britânico. E aqui, logicamente vejo coisas bem diferentes. Calor é qualquer coisa acima de 24 graus e frio só abaixo de 10. Muro não vejo. Aqui eles estão a sociedade é intolerante a violência crescente. Estão preocupados. Um assassinato é muito, um drogado é muito, meia morte é demais. No Japão, o ministro da defesa, renunciou ou renunciaram com ele, porque falou abodrinha sobre a história da II Guerra e das Bombas “H”.
Ai fico vendo o Brasil. Um pandemônio. Li outro dia, que policiais estão fazendo milícias nos morros cariocas, expulsando os traficantes e tomando os lugares deles, e estão faturando horrores. Vejo sempre a manchete de um ou mais corpos. Ouço, inclusive por aqui, frases como “se pudesse roubaria um pouco também” desferida por algum compatriota esperto. Ministro que rouba. Senado que faz falcatruas. Avião que cai, e o único que cai com ele, é o dono do bordel. Mas o bordel de Geane, em Brasília continua funcionando a todo vapor, com a rapaziada fazendo trenzinho e troca-troca, enquanto o resto vai se fudendo, relaxando e gozando. É engraçado porque eu daqui, vejo e escuto, mas o Presidente não, e nada faz, mas continua ali, intacto.
Parece que no Brasil, o que é para o resto do mundo anormal, no Brasil é normal.
Aqui quando alguém diz que a cidade esta violenta, mesmo com o índice baixo, se tiver um Brasileiro na roda, ele vai rir dizer que não é, afinal, no Brasil, só o transito mata 75 mil. Assaltos, seqüestros, homicídios, corrupção é parte do cotidiano nacional. É como se um corpo morto estivesse estirado na avenida mais importante da cidade, e todo mundo só pula, afinal é só mais um.
O que aprendi andando pelo mundo, vendo diferentes sociedades, umas mais avançadas (sei lá o que é que quer dizer isso, se é em termos de tecnologia ou avanço do ser humano), outras menos, é reconhecer as diferenças entre elas. Tanto o norte europeu ou o sertão mineiro, são maravilhosamente diferentes. E jogar papel no chão não é normal, nem pular o morto, mas ai, depende de onde você estiver.
Música: Home - Michael Buble - It’s time
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 27 August 2007
Foi assim também com meu pai na Europa. Coisas eram mais diferentes ainda, afinal, alem de estar com o meu pai, que era um sujeito para lá de não convencional, eu estava com 19 anos no auge da minha rebeldia contida e inicio de universidade. E adivinhe, vi o mundo com outros olhos. Visitei países com cultura totalmente diferente a nossa conhecida brasileira. Aconteceu de novo, quando fui com a minha irmã de mochila pela Europa mais uma vez. Lá no Piccadilly Circus, em Pisa ou Champs-Élysées sempre um novo mundo. Em Tokyo, tive a sensação de ser surdo, mudo e analfabeto quando lá cheguei, afinal, não lia, não falava, não entendia absolutamente nada. 36 horas de viagem foram suficiente para colocar um neurônio longe do outro e acabar com a minha sinapse. Não preciso dizer que era tudo diferente. Estive até na casa dos hermanos ali do lado e via a Casa Rosada e até hoje não entendo porque é que eles se sentem europeus.
Mas também foi diferente em Manaus, onde as àguas do Negro e do Amazonas não se misturam. Ou em Belém, onde a calçada tem 40 cm de altura e a manga pode cair a qualquer momento na sua cabeça. E logicamente, a fantástica viagem de Jeep ao interior de Minas, no meio do Brasilzão. Cuspia um tijolo no final do dia, de tanto pó, mas saboreava a comida mineira do jantar.
E em todas minhas andanças vi diferente coisas e mundo. Coisa boas e ruins. As boas são guardadas na memória e nas fotografias. As ruins só servem para comparar. E eu não gosto muito de comparações. Mas é impossível não faze-la.
Hoje vivo no Canadá. Um país misturado entre a cultura americana, soberana em quase todo mundo ocidental e a européia. A Rainha ainda manda. E tem gente com o sotaque britânico. E aqui, logicamente vejo coisas bem diferentes. Calor é qualquer coisa acima de 24 graus e frio só abaixo de 10. Muro não vejo. Aqui eles estão a sociedade é intolerante a violência crescente. Estão preocupados. Um assassinato é muito, um drogado é muito, meia morte é demais. No Japão, o ministro da defesa, renunciou ou renunciaram com ele, porque falou abodrinha sobre a história da II Guerra e das Bombas “H”.
Ai fico vendo o Brasil. Um pandemônio. Li outro dia, que policiais estão fazendo milícias nos morros cariocas, expulsando os traficantes e tomando os lugares deles, e estão faturando horrores. Vejo sempre a manchete de um ou mais corpos. Ouço, inclusive por aqui, frases como “se pudesse roubaria um pouco também” desferida por algum compatriota esperto. Ministro que rouba. Senado que faz falcatruas. Avião que cai, e o único que cai com ele, é o dono do bordel. Mas o bordel de Geane, em Brasília continua funcionando a todo vapor, com a rapaziada fazendo trenzinho e troca-troca, enquanto o resto vai se fudendo, relaxando e gozando. É engraçado porque eu daqui, vejo e escuto, mas o Presidente não, e nada faz, mas continua ali, intacto.
Parece que no Brasil, o que é para o resto do mundo anormal, no Brasil é normal.
Aqui quando alguém diz que a cidade esta violenta, mesmo com o índice baixo, se tiver um Brasileiro na roda, ele vai rir dizer que não é, afinal, no Brasil, só o transito mata 75 mil. Assaltos, seqüestros, homicídios, corrupção é parte do cotidiano nacional. É como se um corpo morto estivesse estirado na avenida mais importante da cidade, e todo mundo só pula, afinal é só mais um.
O que aprendi andando pelo mundo, vendo diferentes sociedades, umas mais avançadas (sei lá o que é que quer dizer isso, se é em termos de tecnologia ou avanço do ser humano), outras menos, é reconhecer as diferenças entre elas. Tanto o norte europeu ou o sertão mineiro, são maravilhosamente diferentes. E jogar papel no chão não é normal, nem pular o morto, mas ai, depende de onde você estiver.
Música: Home - Michael Buble - It’s time
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 27 August 2007
Wednesday, August 08, 2007
Grau
Vivo em minha realidade híbrida. Mescla entre uma nova cultura e costumes com aqueles que trouxe comigo. Agora leio dois jornais brasileiros e dois canadenses e de vez em quando, um americano.
Aqui é diferente. Aqui é verão, lá é inverno. Vejo as fotos de Sampa, todos com seus capotes de inverno, cachecol, luvas, e a temperatura é de 13. Aqui no verão, as sainhas aparecem e as celulites também, mas elas parecem não ligar. A gordinha peituda, mas sem bunda e com rosto de princesa, faz sucesso nas paradas de verão. Tem gente vermelho-camarão do último final de semana no lago. Mas mais engraçado mesmo, é que é verão e tem dia que faz 13 graus, e todo mundo de camiseta, afinal, é verão. E convenhamos, 13 nem é tão frio assim...
Como disse, é diferente. Não arrisco contar piada, nem mesmo traduzir ou adequar, não terá a mínima graça. E eles riem de coisas que não tem a mínima graça. Não ouso usar de sarcasmo ou ironia, seria um mal entendido para declarar guerra.
Em meu mundo híbrido, tem coisas de cá e lá que são muito semelhantes. Como disse leio jornais, e parece que as preocupações e cobranças são as mesmas. A insatisfação também.
Aqui reclamam da segurança, vejam só. Têm alguns crimes aqui, mas esses alguns já são muitos. A sociedade não tolera e quer resultados da política de segurança pública e da polícia. Polícia que esta com alta pressão, já que em toda sua história, semana passada, morreu o primeiro homem em serviço.
Cobram também um melhor sistema de saúde. Aqui tudo é do governo. Tem suas falhas e a sociedade esta descontente. Aqui é um pouco diferente dos EUA, já que lá, o plano de saúde controla a saúde pública.
Reclamam também dos políticos. Dizem que não fazem nada. E só aumentam os impostos. Aliás, imposto é um dos maiores causadores de insatisfação. Todo mundo reclama que é alto, mas todo mundo vê o retorno. Pode se ver nas melhorias das ruas, nos serviços, nas escolas. Mas sempre tem o que melhorar, não tenha dúvida disso.
E eu disse que eram semelhantes. Não iguais. Assim como no verão e no inverno, a diferença é no grau em que acontece, cá e lá. No Brasil o inverno é mais quente.
Música: Closing Time - Feeling Strangely Fine - Semisonic
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 8 August 07
Aqui é diferente. Aqui é verão, lá é inverno. Vejo as fotos de Sampa, todos com seus capotes de inverno, cachecol, luvas, e a temperatura é de 13. Aqui no verão, as sainhas aparecem e as celulites também, mas elas parecem não ligar. A gordinha peituda, mas sem bunda e com rosto de princesa, faz sucesso nas paradas de verão. Tem gente vermelho-camarão do último final de semana no lago. Mas mais engraçado mesmo, é que é verão e tem dia que faz 13 graus, e todo mundo de camiseta, afinal, é verão. E convenhamos, 13 nem é tão frio assim...
Como disse, é diferente. Não arrisco contar piada, nem mesmo traduzir ou adequar, não terá a mínima graça. E eles riem de coisas que não tem a mínima graça. Não ouso usar de sarcasmo ou ironia, seria um mal entendido para declarar guerra.
Em meu mundo híbrido, tem coisas de cá e lá que são muito semelhantes. Como disse leio jornais, e parece que as preocupações e cobranças são as mesmas. A insatisfação também.
Aqui reclamam da segurança, vejam só. Têm alguns crimes aqui, mas esses alguns já são muitos. A sociedade não tolera e quer resultados da política de segurança pública e da polícia. Polícia que esta com alta pressão, já que em toda sua história, semana passada, morreu o primeiro homem em serviço.
Cobram também um melhor sistema de saúde. Aqui tudo é do governo. Tem suas falhas e a sociedade esta descontente. Aqui é um pouco diferente dos EUA, já que lá, o plano de saúde controla a saúde pública.
Reclamam também dos políticos. Dizem que não fazem nada. E só aumentam os impostos. Aliás, imposto é um dos maiores causadores de insatisfação. Todo mundo reclama que é alto, mas todo mundo vê o retorno. Pode se ver nas melhorias das ruas, nos serviços, nas escolas. Mas sempre tem o que melhorar, não tenha dúvida disso.
E eu disse que eram semelhantes. Não iguais. Assim como no verão e no inverno, a diferença é no grau em que acontece, cá e lá. No Brasil o inverno é mais quente.
Música: Closing Time - Feeling Strangely Fine - Semisonic
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 8 August 07
Tuesday, July 03, 2007
O Gol
Estádio cheio. Não há espaço para mais nenhum só torcedor. Estão apertados na galera. Nas numeradas, nem pipoqueiro e nem sorveteiro conseguem passar. Nas cativas, os de sempre. Bandeiras agitadas dão cor ao espetáculo.
Nervosismo. Rádios de pilhas narram o que não se pode ver ali na sua frente. É tenso.
E futebol sempre será assim. A ansiedade pelo resultado final. A certeza da vitória, por mais incerta que seja. E o pavor da derrota.
A paixão pela cor da camisa nunca chegará a ser amor. É muito intenso. Futebol é paixão. Sangue. Suor. E lágrimas.
Lágrimas pelo gol perdido ou pelo gol marcado. Não há como escapar.
E todos esperam pelo gol. O clímax. O orgasmo. O ápice.
Jogo zero a zero, compare-se com uma sessão masturbatória sem fim. É chato, sacal e solitário. E no final, pare ter sido aquilo que ainda não foi. Há vazio.
Com o gol é tudo diferente.
O abraço alucinado no sujeito do lado que você nunca viu mais gordo! Ou então a suruba homossexual na comemoração do gol, na almôndega humana festiva dos jogadores. Ou então nos beijos distribuídos a torto e a direita. Ou na lágrima solitária do mais machão dos torcedores.
Gol é assim. É o alivio. É relaxar. É ouvir pelo radiozinho, o grito mais longo de um orgasmo. E pela tevê tem replay.
Gol é a alegria do atacante e o pesadelo do arqueiro. Gol é o silêncio mortal do goleado e a alegria ensurdecedora e louca do goleador. É o que todos querem.
Quem nunca viu aquele maravilhoso gol. A bola tocada com maestria. Com o toque mágico. A levantada da bola. O “lençol”, o “chapéu”. A bola que sobe encobrindo o zagueiro e deixando o arqueiro desprovido de proteção. Pronto pra se fuzilado, com o chute sem pulo.
É antológico.
Antes que a bola toque o solo, o chute certeiro depois do chapéu desmoralizante dado no zagueiro e sacrifica o goleiro, em seu canto solitário.
É uma pintura. Coisa de cinema. Agora com os efeitos da indústria cinematográfica, pode-se ver até com os efeitos “matrix”.
Jorge Ben já cantou, verdadeiro gol de placa.
Esse gol poderia ser o gol do Pelé em ’58, quando ele ainda só tinha 17 anos, e menino, brincava de jogar bola.
Mas não foi.
Foi o gol do atacante mexicano Castillo, contra o Brasil. E foi um verdadeiro gol de placa.
Notas: Brasil perdeu do México na Copa América,1x0. Gol de Castillo
Música: Fio Maravilha, Jorge Ben
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 1 July 2007
Nervosismo. Rádios de pilhas narram o que não se pode ver ali na sua frente. É tenso.
E futebol sempre será assim. A ansiedade pelo resultado final. A certeza da vitória, por mais incerta que seja. E o pavor da derrota.
A paixão pela cor da camisa nunca chegará a ser amor. É muito intenso. Futebol é paixão. Sangue. Suor. E lágrimas.
Lágrimas pelo gol perdido ou pelo gol marcado. Não há como escapar.
E todos esperam pelo gol. O clímax. O orgasmo. O ápice.
Jogo zero a zero, compare-se com uma sessão masturbatória sem fim. É chato, sacal e solitário. E no final, pare ter sido aquilo que ainda não foi. Há vazio.
Com o gol é tudo diferente.
O abraço alucinado no sujeito do lado que você nunca viu mais gordo! Ou então a suruba homossexual na comemoração do gol, na almôndega humana festiva dos jogadores. Ou então nos beijos distribuídos a torto e a direita. Ou na lágrima solitária do mais machão dos torcedores.
Gol é assim. É o alivio. É relaxar. É ouvir pelo radiozinho, o grito mais longo de um orgasmo. E pela tevê tem replay.
Gol é a alegria do atacante e o pesadelo do arqueiro. Gol é o silêncio mortal do goleado e a alegria ensurdecedora e louca do goleador. É o que todos querem.
Quem nunca viu aquele maravilhoso gol. A bola tocada com maestria. Com o toque mágico. A levantada da bola. O “lençol”, o “chapéu”. A bola que sobe encobrindo o zagueiro e deixando o arqueiro desprovido de proteção. Pronto pra se fuzilado, com o chute sem pulo.
É antológico.
Antes que a bola toque o solo, o chute certeiro depois do chapéu desmoralizante dado no zagueiro e sacrifica o goleiro, em seu canto solitário.
É uma pintura. Coisa de cinema. Agora com os efeitos da indústria cinematográfica, pode-se ver até com os efeitos “matrix”.
Jorge Ben já cantou, verdadeiro gol de placa.
Esse gol poderia ser o gol do Pelé em ’58, quando ele ainda só tinha 17 anos, e menino, brincava de jogar bola.
Mas não foi.
Foi o gol do atacante mexicano Castillo, contra o Brasil. E foi um verdadeiro gol de placa.
Notas: Brasil perdeu do México na Copa América,1x0. Gol de Castillo
Música: Fio Maravilha, Jorge Ben
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 1 July 2007
Wednesday, June 27, 2007
Vai meu Irmão
É 64. O canhões estão na rua. Tanques circulam como taxis. Homens de capacete e farda tomam os principais locais do país. No Rio, patrulhas caçam. Em São Paulo, já estão nos calabouços. Estudantes correm sem direção. O Congresso e o Senado estão fechados. Entre “twist and shout”, do reis do ye-ye-ye, ouve-se tiros de fuzil. Esta instaurado o período ditatorial mais longo da história nacional.
Durante esse vinte e poucos anos, muita coisa aconteceu. Uma das grandes coisas, foi perder a chance de transformar o que era a esperança e o sonho, ou então a “bola da vez” chamada Brasil, para ser a “bola do jogo”. Sair do jargão “país do futuro” e fazê-lo presente. Os militares jogaram a melhor chance que tivemos. Nesse período de perseguições, torturas e mortes, tiveram também fugas. Quem pode correu, quem não pode... Formaram-se os grupos dos exilados políticos espalhados pelo mundo. Por todo canto encontrava-se um brasileiro, por ai, despatriado. Expulsos de seu país para poder viver.
Mas passaram-se já vinte anos da abertura política. 40 do início da Ditadura. O país vive ainda em um caos. No Rio, estão quase implorando para os tanques voltarem às ruas. Em São Paulo, há muitos em calabouços, não mais do DoiCod, mas do PCC. O Congresso e o Senado estão abertos mas vivem vazios, e mesmo quando cheios, não servem para nada, só aumentam as crises e escândalos. Os estudantes já não correm e nem tem porquê, já que não tem inimigo declarado e comum, e muitos inimigos são amigos do ponto. Estudantes não sabem para onde ir, já que caminho e perspectiva não se tem. Não temos mais os Garotos de Liverpool. Tivemos as bundas de Carla Perez, e algo pior virá. Faz vinte anos que a mais porca democracia esta instaurada, talvez menos mal.
Mas tem também os exilados. Exilados como eu, por opção. É um fenômeno latino-americano-brasileiro. Quem pode, sai. E não pensem vocês que são pessoas com a corda no pescoço não. Vejam que entram nessa lista até os boleiros milionários, como Ronaldo e Ronaldinho. Tem um êxodo agora para a NBA. Os astros se mandam antes. Tem também aquele grupo da média e alta gerência que pedem transferencia. E tem os como eu.
4 milhões partem todo ano para a romaria de viver sobe outra bandeira1. O caminho inverso dos colonizadores de 500 anos atrás, ou dos italianos, alemães, japoneses, turcos, árabes que foram ao Brasil em busca de alguma coisa muito parecida com esses 4 milhões.
Cada um tem o seu motivo, a sua justificativa, a sua história. Mas o objetivo é sempre muito parecido: tentar o que parece ser impossível na terra natal. É claro que isso mostra que existe alguma coisa não muito certa, mesmo porque, esse número são de pessoas que saíram oficialmente. E nem entramos no mérito dos que querem, mas não podem ou não vão.
Outro dia disse a um famoso jornalista: “... Talvez seja melhor morrer como herói, aquele que morre pelo que acredita, do que viver sem esperança alguma... Faço parte desse contingente, que saiu do país, talvez expulso ou em exílio espontâneo, na busca de um sonho. E eu prefiro morrer tentando, ao viver conformado”
E ele me respondeu: “... Lamento ter que te dizer, que acho que fez a coisa certa...”
Notas”1 - Folha de São Paulo, Editoriais, Clóvis Rossi, 26 Junho 2007
Música: Samba de Orly - Chico Buarque
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 27 jun 2007
Durante esse vinte e poucos anos, muita coisa aconteceu. Uma das grandes coisas, foi perder a chance de transformar o que era a esperança e o sonho, ou então a “bola da vez” chamada Brasil, para ser a “bola do jogo”. Sair do jargão “país do futuro” e fazê-lo presente. Os militares jogaram a melhor chance que tivemos. Nesse período de perseguições, torturas e mortes, tiveram também fugas. Quem pode correu, quem não pode... Formaram-se os grupos dos exilados políticos espalhados pelo mundo. Por todo canto encontrava-se um brasileiro, por ai, despatriado. Expulsos de seu país para poder viver.
Mas passaram-se já vinte anos da abertura política. 40 do início da Ditadura. O país vive ainda em um caos. No Rio, estão quase implorando para os tanques voltarem às ruas. Em São Paulo, há muitos em calabouços, não mais do DoiCod, mas do PCC. O Congresso e o Senado estão abertos mas vivem vazios, e mesmo quando cheios, não servem para nada, só aumentam as crises e escândalos. Os estudantes já não correm e nem tem porquê, já que não tem inimigo declarado e comum, e muitos inimigos são amigos do ponto. Estudantes não sabem para onde ir, já que caminho e perspectiva não se tem. Não temos mais os Garotos de Liverpool. Tivemos as bundas de Carla Perez, e algo pior virá. Faz vinte anos que a mais porca democracia esta instaurada, talvez menos mal.
Mas tem também os exilados. Exilados como eu, por opção. É um fenômeno latino-americano-brasileiro. Quem pode, sai. E não pensem vocês que são pessoas com a corda no pescoço não. Vejam que entram nessa lista até os boleiros milionários, como Ronaldo e Ronaldinho. Tem um êxodo agora para a NBA. Os astros se mandam antes. Tem também aquele grupo da média e alta gerência que pedem transferencia. E tem os como eu.
4 milhões partem todo ano para a romaria de viver sobe outra bandeira1. O caminho inverso dos colonizadores de 500 anos atrás, ou dos italianos, alemães, japoneses, turcos, árabes que foram ao Brasil em busca de alguma coisa muito parecida com esses 4 milhões.
Cada um tem o seu motivo, a sua justificativa, a sua história. Mas o objetivo é sempre muito parecido: tentar o que parece ser impossível na terra natal. É claro que isso mostra que existe alguma coisa não muito certa, mesmo porque, esse número são de pessoas que saíram oficialmente. E nem entramos no mérito dos que querem, mas não podem ou não vão.
Outro dia disse a um famoso jornalista: “... Talvez seja melhor morrer como herói, aquele que morre pelo que acredita, do que viver sem esperança alguma... Faço parte desse contingente, que saiu do país, talvez expulso ou em exílio espontâneo, na busca de um sonho. E eu prefiro morrer tentando, ao viver conformado”
E ele me respondeu: “... Lamento ter que te dizer, que acho que fez a coisa certa...”
Notas”1 - Folha de São Paulo, Editoriais, Clóvis Rossi, 26 Junho 2007
Música: Samba de Orly - Chico Buarque
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 27 jun 2007
Friday, June 08, 2007
Eu não gosto de Cachaça
Certa vez, há muito tempo atrás, no auge da minha adolescência nem tão rebelde assim, fui acampar. Eu e meus comparsas tínhamos esse hábito de nos metermos em lugares longínquos e ermos. Longínquos e ermos para nós, afinal tudo era feito no melhor estilo, pé-ônibus. Quanto mais longe, ermo, sem estrutura, melhor.
Numa dessas excursões da rapaziada classe A da cidade, nos deparamos em um camping. Resolvemos ficar. Fizemos amigos naquele verão, e amigas, que passaram a ser mais importante que os amigos novos, uma vez que a testosterona estava no pico. Enfim, tempos de diversão em meio a natureza. Tínhamos também as fogueiras e rodas de violão, cantando as músicas do Legião e Paralamas, os novos rebeldes desse tempo. Em uma dessas rodas, apareceu um garrafa de cachaça. Não era da boa certamente, mas era cachaça. Foi o pior fogo que tomei na minha vida. Vi o mundo de uma perspectiva imiaginável aos olhos sóbrios de hoje. Chamei Jesus de Genésio. O dia seguinte, foi pior que a noite anterior. A ressaca secara minha boca e minha cabeça parecia um festival de marteladas. Inesquecível, tanto que conto há agora, depois de uns quase 20 anos. Desde então, não gosto de cachaça.
Mas parece que esse meu anti-gosto não é compartilhado com o Lula. Talvez agora ele só tenha mudado o rótulo da garrafa. Lula vem enfatizando o desenvolvimento do bio-combustíveis, o que, de um ponto de vista é louvável. Afinal incentiva a pesquisa e desenvolvimento, coisa meio lenta no país. A política do bio-combustíveis de Lula é reconhecida em todo o mundo.
Lobistas do óleo divulgaram recentemente uma pesquisa da ONU, mostrando que o bio-combustível já afeta o mercado antes mesmo de se tornar uma realidade, menos virtual. Nesse relatório, afirma-se a alta nos preços dos alimentos.
É de extrema importância o desenvolvimento de novas tecnologias para os combustíveis uma vez que o petróleo esta com seus dias contados. Precisa-se desenvolver combustíveis que não só impulsione os veículos e a indústria, mas que também não piore o aquecimento global, e ainda por cima gere empregos.
Esse é meu medo com o álcool de Lula. Não só o que ele bebe, mas o projeto Pró-álcool. Todo mundo vê a curto prazo, uma coisa boa. E eu vejo a longo, uma coisa ruim. Álcool precisa de cana. Yes! Nós temos cana. Para o plantio da cana-de açúcar, é preciso terra, muita terra e de novo, Yes! Nós temos terra. Além de que a tecnologia do etanol como combustível é nossa. Então porque não?
Porque o grande problema do Brasil é e sempre foi, e parece que sempre será, a péssima distribuição da renda. Foi assim nos tempos da Coroa. Do café. Do primeiro ciclo da cana-de-açúcar. Da borracha. Dos grandes latifúndios. E hoje dos poucos aglomerados de ricos.
O Pró-álcool traz de volta o risco do latifúndio. Terras e mais terras cheias de cana, produzindo milhões de litros de álcool outros milhões de litros de vinhoto, alguns empregos para bóias-frias, e pouquíssima distribuição de renda.
O comunista Lula, a favor da reforma agraria, da distribuição de terra, padrinho do MST, a favor de tomar a fazenda do FHC, sumiu! Esqueceu-se das teorias comunistas, que talvez tenha aprendido, ou só tenha ouvido falar no disse-que-me-disse. Parece não ver que o Brasil esta parado no tempo. Ficou na lembrança para a lembrança o slogan, “país do futuro”, para voltar a ser o grande latifúndio do mundo. Tudo porque falta dar fermento a classe média que hoje é inexistente, faze-la crescer e educa-la. É a única chance do Brasil começar a se movimentar.
Essa história do etanol me deixa preocupado. O relatório da ONU parece fazer sentido uma vez que, não comemos cana, a não ser rapadura e açúcar, mas bebemos, como cachaça ou garapa com pastel na feira.
Eu não bebo e não gosto de cachaça. Mas o Lula continua tomando a dele.
Música: Sera - Legião Urbana - para meus amigos que cantávamos juntos envolta das fogueiras.
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 8 June 2007
Numa dessas excursões da rapaziada classe A da cidade, nos deparamos em um camping. Resolvemos ficar. Fizemos amigos naquele verão, e amigas, que passaram a ser mais importante que os amigos novos, uma vez que a testosterona estava no pico. Enfim, tempos de diversão em meio a natureza. Tínhamos também as fogueiras e rodas de violão, cantando as músicas do Legião e Paralamas, os novos rebeldes desse tempo. Em uma dessas rodas, apareceu um garrafa de cachaça. Não era da boa certamente, mas era cachaça. Foi o pior fogo que tomei na minha vida. Vi o mundo de uma perspectiva imiaginável aos olhos sóbrios de hoje. Chamei Jesus de Genésio. O dia seguinte, foi pior que a noite anterior. A ressaca secara minha boca e minha cabeça parecia um festival de marteladas. Inesquecível, tanto que conto há agora, depois de uns quase 20 anos. Desde então, não gosto de cachaça.
Mas parece que esse meu anti-gosto não é compartilhado com o Lula. Talvez agora ele só tenha mudado o rótulo da garrafa. Lula vem enfatizando o desenvolvimento do bio-combustíveis, o que, de um ponto de vista é louvável. Afinal incentiva a pesquisa e desenvolvimento, coisa meio lenta no país. A política do bio-combustíveis de Lula é reconhecida em todo o mundo.
Lobistas do óleo divulgaram recentemente uma pesquisa da ONU, mostrando que o bio-combustível já afeta o mercado antes mesmo de se tornar uma realidade, menos virtual. Nesse relatório, afirma-se a alta nos preços dos alimentos.
É de extrema importância o desenvolvimento de novas tecnologias para os combustíveis uma vez que o petróleo esta com seus dias contados. Precisa-se desenvolver combustíveis que não só impulsione os veículos e a indústria, mas que também não piore o aquecimento global, e ainda por cima gere empregos.
Esse é meu medo com o álcool de Lula. Não só o que ele bebe, mas o projeto Pró-álcool. Todo mundo vê a curto prazo, uma coisa boa. E eu vejo a longo, uma coisa ruim. Álcool precisa de cana. Yes! Nós temos cana. Para o plantio da cana-de açúcar, é preciso terra, muita terra e de novo, Yes! Nós temos terra. Além de que a tecnologia do etanol como combustível é nossa. Então porque não?
Porque o grande problema do Brasil é e sempre foi, e parece que sempre será, a péssima distribuição da renda. Foi assim nos tempos da Coroa. Do café. Do primeiro ciclo da cana-de-açúcar. Da borracha. Dos grandes latifúndios. E hoje dos poucos aglomerados de ricos.
O Pró-álcool traz de volta o risco do latifúndio. Terras e mais terras cheias de cana, produzindo milhões de litros de álcool outros milhões de litros de vinhoto, alguns empregos para bóias-frias, e pouquíssima distribuição de renda.
O comunista Lula, a favor da reforma agraria, da distribuição de terra, padrinho do MST, a favor de tomar a fazenda do FHC, sumiu! Esqueceu-se das teorias comunistas, que talvez tenha aprendido, ou só tenha ouvido falar no disse-que-me-disse. Parece não ver que o Brasil esta parado no tempo. Ficou na lembrança para a lembrança o slogan, “país do futuro”, para voltar a ser o grande latifúndio do mundo. Tudo porque falta dar fermento a classe média que hoje é inexistente, faze-la crescer e educa-la. É a única chance do Brasil começar a se movimentar.
Essa história do etanol me deixa preocupado. O relatório da ONU parece fazer sentido uma vez que, não comemos cana, a não ser rapadura e açúcar, mas bebemos, como cachaça ou garapa com pastel na feira.
Eu não bebo e não gosto de cachaça. Mas o Lula continua tomando a dele.
Música: Sera - Legião Urbana - para meus amigos que cantávamos juntos envolta das fogueiras.
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 8 June 2007
Saturday, June 02, 2007
Diferenca das Bananas
Moro fora. Sai do Brasil em meu exílio espontâneo. Resolvi deixar as terras brasileiras como Cabral e ir ao desconhecido. Diferentemente de Cabral, que chegou coberto de roupa em um calor invernal, eu cheguei de calças curtas e chinelos de dedo em uma tempestade de neve.
Não é a minha primeira vez fora do Brasil. Dele, já sai muitas vezes, mas nenhuma teve o mesmo objetivo desta vez. Aqui, não é o mundo perfeito. Aliás é muito imperfeito como qualquer lugar. Mas o que é que difere tanto do Brasil que deixei lá atrás?
Não falo dos amigos e família que ficaram, porque esses são realmente insubstituíveis, seres singulares em suas qualidades e defeitos. Não falo também da rica cultura culinária que temos, e eu particularmente, gosto muito. Não há comparação com as nossas bananas e as bananas daqui; yes! Nós temos bananas! Não ouso tocar no assunto das mulheres, as mais belas delícias do planeta estão lá. Ainda mais se tiver na praia. Aquele biquininho, aquela marquinha de sol a praia em si, é o que há!
São coisas que nem o mais louco ou bobo contesta. E não dá nem pra sola do sapato comprar isso com o resto to mundo.
Posso falar de outras coisas do Brasil. Como o famoso “swing” brasileiro, e pelo amor de Deus, não confundam esse “swing” que estou falando com aquele outro “swing”1. Do jeitinho de fazer as coisas e para dar jeito nas coisas. Posso falar também de muitas outras coisas que são particularmente peculiares ao país. Posso descascar o abacaxi Brasil e dizer tudo o que todo mundo já sabe. Cairiam as cascas de corrupção, de malandragem, falta de educação e certamente de falta de vergonha na cara. Cairiam também cascas podres dos três poderes. Entupiriam o esgoto com de dejetos parlamentares. E assim eu iria, me repetindo em cada letra.
Então não o farei.
Contarei, à vocês, coisas que talvez já sabiam ou que talvez não.
Aqui, as taxas que pago são altíssimas. Está lá estampada no recibo, e as vezes, a maioria delas doí ao ver. Pago também, já descontado na fonte, um outro tanto. E doí mais ainda. Mas quando doí, ligo 911. E acreditem os caras chegam em 5 minutos. Ou vou ao hospital e lá sou atendido. Espero, é verdade, mas sou dignamente atendido.
Tem sempre um cara de uniforme azul por perto. Ele é chato, não deixa beber e dirigir, dá multas e faz a lei funcionar. Mas ele não faz muito não, não tem crime.
Toda criança vai a escola. Não sei se são as melhores do mundo, mas certamente eles aprendem alguma coisa. Mas todos vão. E papai e mamãe que é preocupado com a educação dos filhos não precisa pagar a mais para tê-la.
Pequenas coisas do cotidiano também são diferentes. Coisas que parecem estúpidas, insignificantes, ridículas mas fazem a diferença na sociedade como um todo. Os carros param para os pedestres. Os pedestres, na maioria das vezes esperam o sinal abrir para atravessar na faixa. Não ultrapassam na faixa dupla. Não jogam papel no chão, tem lixo, e separado para a reciclagem. Esperam a vez na fila. Param no sinal vermelho, mesmo a noite, quando não tem ninguém, afinal não tem malandro pra assustar.
Parece pouco né? Aqui cada um faz a sua parte e não reclama da parte do outro. Tudo parece funcionar bem. Essa é a grande diferença. Cada um faz a sua parte . Para que funcione é preciso que cada um faça a sua e não empurre a responsabilidade para o outro. E no Brasil sempre a responsabilidade é do outro e nunca nossa.
Notas* : 1 Swing também é conhecido como troca de casais no submundo do sexo.
Música: Get It Together - Seal
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 2 June 2007
Não é a minha primeira vez fora do Brasil. Dele, já sai muitas vezes, mas nenhuma teve o mesmo objetivo desta vez. Aqui, não é o mundo perfeito. Aliás é muito imperfeito como qualquer lugar. Mas o que é que difere tanto do Brasil que deixei lá atrás?
Não falo dos amigos e família que ficaram, porque esses são realmente insubstituíveis, seres singulares em suas qualidades e defeitos. Não falo também da rica cultura culinária que temos, e eu particularmente, gosto muito. Não há comparação com as nossas bananas e as bananas daqui; yes! Nós temos bananas! Não ouso tocar no assunto das mulheres, as mais belas delícias do planeta estão lá. Ainda mais se tiver na praia. Aquele biquininho, aquela marquinha de sol a praia em si, é o que há!
São coisas que nem o mais louco ou bobo contesta. E não dá nem pra sola do sapato comprar isso com o resto to mundo.
Posso falar de outras coisas do Brasil. Como o famoso “swing” brasileiro, e pelo amor de Deus, não confundam esse “swing” que estou falando com aquele outro “swing”1. Do jeitinho de fazer as coisas e para dar jeito nas coisas. Posso falar também de muitas outras coisas que são particularmente peculiares ao país. Posso descascar o abacaxi Brasil e dizer tudo o que todo mundo já sabe. Cairiam as cascas de corrupção, de malandragem, falta de educação e certamente de falta de vergonha na cara. Cairiam também cascas podres dos três poderes. Entupiriam o esgoto com de dejetos parlamentares. E assim eu iria, me repetindo em cada letra.
Então não o farei.
Contarei, à vocês, coisas que talvez já sabiam ou que talvez não.
Aqui, as taxas que pago são altíssimas. Está lá estampada no recibo, e as vezes, a maioria delas doí ao ver. Pago também, já descontado na fonte, um outro tanto. E doí mais ainda. Mas quando doí, ligo 911. E acreditem os caras chegam em 5 minutos. Ou vou ao hospital e lá sou atendido. Espero, é verdade, mas sou dignamente atendido.
Tem sempre um cara de uniforme azul por perto. Ele é chato, não deixa beber e dirigir, dá multas e faz a lei funcionar. Mas ele não faz muito não, não tem crime.
Toda criança vai a escola. Não sei se são as melhores do mundo, mas certamente eles aprendem alguma coisa. Mas todos vão. E papai e mamãe que é preocupado com a educação dos filhos não precisa pagar a mais para tê-la.
Pequenas coisas do cotidiano também são diferentes. Coisas que parecem estúpidas, insignificantes, ridículas mas fazem a diferença na sociedade como um todo. Os carros param para os pedestres. Os pedestres, na maioria das vezes esperam o sinal abrir para atravessar na faixa. Não ultrapassam na faixa dupla. Não jogam papel no chão, tem lixo, e separado para a reciclagem. Esperam a vez na fila. Param no sinal vermelho, mesmo a noite, quando não tem ninguém, afinal não tem malandro pra assustar.
Parece pouco né? Aqui cada um faz a sua parte e não reclama da parte do outro. Tudo parece funcionar bem. Essa é a grande diferença. Cada um faz a sua parte . Para que funcione é preciso que cada um faça a sua e não empurre a responsabilidade para o outro. E no Brasil sempre a responsabilidade é do outro e nunca nossa.
Notas* : 1 Swing também é conhecido como troca de casais no submundo do sexo.
Música: Get It Together - Seal
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 2 June 2007
Monday, April 30, 2007
A Média Inexistente
Nunca fui lá muito bom com números. Matemática era um encalço nos tempos de colégio. Essa tal de matemática sempre me deu dor de cabeça. E piorava a cada dia. Fazia minha vida no colégio um inferno. Mesmo que em algumas vezes, eu tenha tido criativas soluções para aquelas equações estrambólicas. Logaritmos, números primos, terceiro grau, frações e inteiros. Sinceramente, não faziam muito sentido. As duras penas aprendi.
Apesar de detestar essa tal de matemática, aprendi e tem sido útil. Como já disse anteriormente, muitas vezes para mim, dois mais dois não são quarto mas dá um bom sessenta e nove. Na matemática aprendi sobre a média. Ponderada. Absoluta. A média. A média soma-se tudo e divide por dois, tem a média absoluta. Ou soma-se tudo e divide-se pelo número de itens, tem a média ponderada. Foi nesse tempo de colégio que eu aprendi também o que era a classe média, nas aulas de geografia. Era o que ficava entre a Classe A e a Classe C. E engraçado, não tinha nada da matemática que eu estava aprendendo.
Mas venho dizendo, faz um tempo já, que a classe média do Brasil esta sumindo, e um estudo da Unicamp prova o que estou falando, mas quero saber quais os parâmetros para a criação desse tal índice, sendo que eu não concordo. O Brasil é um país de duas classes apenas. Os ricos e os podres. Você esta em uma dessas duas, mas podre você não é. Certamente sua resposta a minha afirmação será me dizer: eu não sou rico.
É ai que começam as classificações para os sub-tipos de classificação econômica. AA+, AA, AA-, A+, A, A-, BB+, BB, BB-, B+,... C, C-, CC-, D-, DD-..., e note, à partir da C não tem sinal de +. Começa C e decresce. Mas isso tudo é balela. Podemos ter A, B e C, e só. As derivações são conseqüência do fracionamento do mercado, criado pelos gurus do marketing, para poder trabalhar melhor o comportamento do consumidor. E todo mundo engoliu. Mas o que vemos na realidade não é assim. É A, B e C.
“A” são os ricos, todos os ricos, “C” são os podres, todos os podres. E “B” seria a soma de A e C dividido por dois. Mas não é bem assim que acontece. B não é a media ponderada ou absoluta entre a riqueza e a pobreza.
Acontece que a chamada classe média sumiu! Simplesmente não existe mais. Se você paga escola para filhos, ou estudou em escolas particulares, vai ao shopping fazer compras, vai ao cinema, churrasco com amigos, um jantarzinho a luz de velas com a patroa, viagem à praia nos feriados e talvez para fora do país, você é rico. Se não, é podre. Mas você me diz que é classe média pelo seu faturamento mensal, mas no final do mês, acaba no zero ou devendo. Você não é classe média, é pobre, mas pensa que é classe média, afinal quer viver como rico, mas paga as contas como pobre. E lógico, tem os muito mais pobres que ricos.
O resultado disso é a tensão social que vive o Brasil. O atrito gerado pelo BMW que passa na porta da favela ou do morro, que os miseráveis assistem aos desfiles de luxo da Zona Sul. A malandragem que desfila pelos Jardins, em suas motocas envenenadas, em busca de uma vítima em traje de gala. O proveito da bandidagem no desespero paterno diante de seus 5 filhos e da esperteza juvenil. O terror tocado pelos grupos criminosos, recheados de seres desprovidos de perspectiva. Do carro blindado no semáforo assistindo ao show de malabares, das ramelentas pulgas das sociedade marginal ou ver da janela do seu luxuoso apartamento, o maravilhoso-miserável cômodo 3x3, para cinco, feito de placas, madeira e um pedaço do outdoor estampado a cara do último deputado da cidade.
A tensão social ainda consegue ser sustentada pela sociedade como um todo, podres e ricos, mas a guerra não declarada já é oficial. E a solução dessa equação crônica, parece não existir. Mas a solução é simples: vontade política, não só dos péssimos governantes e políticos, mas de toda sociedade, na qual eu e você estamos inclusos.
Música: Rio 40 Graus - Fernanda Abreu & Chico Science
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 30 April 2007
Apesar de detestar essa tal de matemática, aprendi e tem sido útil. Como já disse anteriormente, muitas vezes para mim, dois mais dois não são quarto mas dá um bom sessenta e nove. Na matemática aprendi sobre a média. Ponderada. Absoluta. A média. A média soma-se tudo e divide por dois, tem a média absoluta. Ou soma-se tudo e divide-se pelo número de itens, tem a média ponderada. Foi nesse tempo de colégio que eu aprendi também o que era a classe média, nas aulas de geografia. Era o que ficava entre a Classe A e a Classe C. E engraçado, não tinha nada da matemática que eu estava aprendendo.
Mas venho dizendo, faz um tempo já, que a classe média do Brasil esta sumindo, e um estudo da Unicamp prova o que estou falando, mas quero saber quais os parâmetros para a criação desse tal índice, sendo que eu não concordo. O Brasil é um país de duas classes apenas. Os ricos e os podres. Você esta em uma dessas duas, mas podre você não é. Certamente sua resposta a minha afirmação será me dizer: eu não sou rico.
É ai que começam as classificações para os sub-tipos de classificação econômica. AA+, AA, AA-, A+, A, A-, BB+, BB, BB-, B+,... C, C-, CC-, D-, DD-..., e note, à partir da C não tem sinal de +. Começa C e decresce. Mas isso tudo é balela. Podemos ter A, B e C, e só. As derivações são conseqüência do fracionamento do mercado, criado pelos gurus do marketing, para poder trabalhar melhor o comportamento do consumidor. E todo mundo engoliu. Mas o que vemos na realidade não é assim. É A, B e C.
“A” são os ricos, todos os ricos, “C” são os podres, todos os podres. E “B” seria a soma de A e C dividido por dois. Mas não é bem assim que acontece. B não é a media ponderada ou absoluta entre a riqueza e a pobreza.
Acontece que a chamada classe média sumiu! Simplesmente não existe mais. Se você paga escola para filhos, ou estudou em escolas particulares, vai ao shopping fazer compras, vai ao cinema, churrasco com amigos, um jantarzinho a luz de velas com a patroa, viagem à praia nos feriados e talvez para fora do país, você é rico. Se não, é podre. Mas você me diz que é classe média pelo seu faturamento mensal, mas no final do mês, acaba no zero ou devendo. Você não é classe média, é pobre, mas pensa que é classe média, afinal quer viver como rico, mas paga as contas como pobre. E lógico, tem os muito mais pobres que ricos.
O resultado disso é a tensão social que vive o Brasil. O atrito gerado pelo BMW que passa na porta da favela ou do morro, que os miseráveis assistem aos desfiles de luxo da Zona Sul. A malandragem que desfila pelos Jardins, em suas motocas envenenadas, em busca de uma vítima em traje de gala. O proveito da bandidagem no desespero paterno diante de seus 5 filhos e da esperteza juvenil. O terror tocado pelos grupos criminosos, recheados de seres desprovidos de perspectiva. Do carro blindado no semáforo assistindo ao show de malabares, das ramelentas pulgas das sociedade marginal ou ver da janela do seu luxuoso apartamento, o maravilhoso-miserável cômodo 3x3, para cinco, feito de placas, madeira e um pedaço do outdoor estampado a cara do último deputado da cidade.
A tensão social ainda consegue ser sustentada pela sociedade como um todo, podres e ricos, mas a guerra não declarada já é oficial. E a solução dessa equação crônica, parece não existir. Mas a solução é simples: vontade política, não só dos péssimos governantes e políticos, mas de toda sociedade, na qual eu e você estamos inclusos.
Música: Rio 40 Graus - Fernanda Abreu & Chico Science
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 30 April 2007
Sunday, April 22, 2007
Brasília e o Fiat 147
Tem uma fotografia lá na casa de minha mãe, guardada no álbum, a mais de sete chaves. Pouquíssimas pessoas já viram essa pequena foto. Foto do tempo da máquina fotográfica manual e processo químico de revelação. É lá dos anos 70. A foto é de um formato não muito usual nos tempos de hoje, como 13X15 cm. Coisas de setenta. É uma foto minha. Sou eu lá no pequeno pedaço de papel, colorido por reações químicas. Sorrindo, com meu cabelão ondulado, e acreditem eu usava cabelo comprido e era ondulado, estava eu lá dirigindo a Brasília Amarela de minha mãe. Na verdade eu estava mesmo é brincado de dirigir, tinha, se muito, uns 3 anos de idade. Mas também tenho outras lembranças dos carros de minha infância. Um deles, foi um Fiat 147, vermelho, que meu pai comprou e até hoje eu não sei o porquê. Esse carro foi responsável por engolir meu carrinho de ferro. Nunca mais revi o carrinho. Foi com esse carro, que não passava dos 80km/h, o que para a época era bem razoável, minha mãe e meu pai, inventaram de ir ao interior de Minas, Furnas. Com o espírito aventureiro fomos nós para lá. Levou um tempo mas chegamos, e melhor voltamos.
Meu pai resolveu vender depois dessa viagem. E hoje em dia nem a Brasília e nem o 147 são fabricados.
Brasília, foi o nome dado ao carro, para celebrar Brasília. A Capital do país no meio do nada. Brasília faz hoje 47 anos. Não se sei para orgulho ou desespero. A cidade construída com os projetos de Oscar e Lúcio. Encheu o sertão de Candangos e Porcos. Os Candangos povoam as cidades satélites e os Porcos deveriam ficar mais por lá, mas só vão as terças, quartas e quintas, até o meio-dia.
O que deveria ser o um exemplo para o país e para o mundo, de que devemos arriscar, enfrentar as dificuldades e construir algo bom, esta mais para um exemplo à não ser seguido. Brasília, talvez nunca tenha tido a vocação de motivar pessoas a fazer algo construtivo. Talvez, seja mesmo a filha de proveta de JK, cercada de conchavos e troca mesquinhas, encalacrada em seu DNA. Talvez seja o marco de concreto da corrupção secular brasileira.
Agora com o governo Lula, a máquina parece ser mais corrupta. Talvez seja mesmo. Mas não elimina a podridão desde os tempos da terraplanagem, quando lá nem existia. Lula só piorou. Em seu sonho da conquista do Planalto e a tomada do Brasil, ele só não contava com o seu egocentrismo, mas talvez já imaginava nos benéficos próprios.
Brasília era para ser a cabeça no coração do Brasil. Era para ter o respaldo de estar centrado, no meio do Planalto Central. Geograficamente equidistante. Longe dos grandes centros e longe das pressões sociais. Livre para poder governar em favor da sociedade. O centro político no centro do Brasil. É nobre o propósito.
Mas política se faz com políticos. E os políticos brasileiros não governam para o Brasil. Fazem em prol de alguns grupos seletos. E são eles que dirigem Brasília.
E eles pilotam Brasília com a mesma seriedade e precisão quando eu dirigia brincando a Brasília de minha mãe parada na rua. E conduzem o Brasil a velocidade máxima de crescimento, como o espetacular Fiat 147 vermelho de papai. Mas eles ainda têm uma grande diferença com os dois carros: eles não foram descontinuados da linha de produção e substituídos por modelos melhores.
Música: Pelados em Santos - Mamonas Assassinas - Mamonas Assassinas - 1995
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada April 22 2007
Meu pai resolveu vender depois dessa viagem. E hoje em dia nem a Brasília e nem o 147 são fabricados.
Brasília, foi o nome dado ao carro, para celebrar Brasília. A Capital do país no meio do nada. Brasília faz hoje 47 anos. Não se sei para orgulho ou desespero. A cidade construída com os projetos de Oscar e Lúcio. Encheu o sertão de Candangos e Porcos. Os Candangos povoam as cidades satélites e os Porcos deveriam ficar mais por lá, mas só vão as terças, quartas e quintas, até o meio-dia.
O que deveria ser o um exemplo para o país e para o mundo, de que devemos arriscar, enfrentar as dificuldades e construir algo bom, esta mais para um exemplo à não ser seguido. Brasília, talvez nunca tenha tido a vocação de motivar pessoas a fazer algo construtivo. Talvez, seja mesmo a filha de proveta de JK, cercada de conchavos e troca mesquinhas, encalacrada em seu DNA. Talvez seja o marco de concreto da corrupção secular brasileira.
Agora com o governo Lula, a máquina parece ser mais corrupta. Talvez seja mesmo. Mas não elimina a podridão desde os tempos da terraplanagem, quando lá nem existia. Lula só piorou. Em seu sonho da conquista do Planalto e a tomada do Brasil, ele só não contava com o seu egocentrismo, mas talvez já imaginava nos benéficos próprios.
Brasília era para ser a cabeça no coração do Brasil. Era para ter o respaldo de estar centrado, no meio do Planalto Central. Geograficamente equidistante. Longe dos grandes centros e longe das pressões sociais. Livre para poder governar em favor da sociedade. O centro político no centro do Brasil. É nobre o propósito.
Mas política se faz com políticos. E os políticos brasileiros não governam para o Brasil. Fazem em prol de alguns grupos seletos. E são eles que dirigem Brasília.
E eles pilotam Brasília com a mesma seriedade e precisão quando eu dirigia brincando a Brasília de minha mãe parada na rua. E conduzem o Brasil a velocidade máxima de crescimento, como o espetacular Fiat 147 vermelho de papai. Mas eles ainda têm uma grande diferença com os dois carros: eles não foram descontinuados da linha de produção e substituídos por modelos melhores.
Música: Pelados em Santos - Mamonas Assassinas - Mamonas Assassinas - 1995
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada April 22 2007
Friday, April 06, 2007
O Rabino, a Gravata e o Nó Cego
Neva. É primavera. Dizem que é normal. Para mim parece anormal, sendo que é primavera. Deveriam ser flores e não flocos. Mas é primavera e as flores logo virão. Tudo ficará verde e florido, chegará o calor e tudo parecerá normal.
Anormal mesmo é o que eu ando vendo nos jornais brasileiros. Abismado com as coisas da América do Sul e com as direções que o governo Luluista vem tomando.
Começou com o parimento de ministérios, para agradar os gregos, os troianos, os astecas, os maias, o PCC, o PMDB, PSD, PFL... Dando mais que puta desesperada, Lula gerou mais e mais ministérios, aumentando o já altíssimo custo da máquina estatal enferrujada. Ai, veio o Bush. Lula nada conseguiu do macaco gago. Depois Lula foi. Achou bacana andar no carrinho de golf e nada conseguiu do macaco gago, que ludibriou o inocente Presidente brazuca.
Pior não foi isso. Lendo notícias, vi que o Planalto esta andando em cascas de ovos para ir discutir com Chavéz sobre os bio-combustíveis. Lógico que isso é pressão gringa, que já sabe que esse recurso negro, já tem os dias contatos.
Chavéz, verborragico, falou pelos cotovelos sobre a fome e os problemas do uso de cana para fazer combustíveis. Segue a filosofia de Castro, como a cartilha da galinha Corococó lá do jardim da infância. O anti-americanismo chaveztiano soa-me idiota em um mundo globalizado. E Lula não sabe se cai para o lado do Chavéz, a quem se refere como aliado ou se cai fora e dá loco o lombo para os Greengos. Chavéz justifica que trará fome ao mundo o programa de uso de combustíveis alternativos, uma vez que as áreas destinadas ao plantio serão tomadas pelo feroz capitalismo.
Lógico que Chavéz não esta olhando para a fome do mundo, porque o problema da fome não é terra, nem recurso, é político. Chavéz como todo bom ditador, assim como Fidel, olha para o próprio umbigo. Esta puxando sardinha pra o seu lado. Venezuela é um grande produtor de petróleo e uma fonte alternativa, minaria não só a sua economia mas o grande poder de barganha com os americanos.
É claro que um programa de incentivo ao plantio da cana-de-açúcar tem que ser muito bem feito com regras e restrições, principalmente em um país-lambança como o Brasil, enraizado no extrativismo colonial. O capitalismo desvairado poderá levar a monocultura aos extremos dela.
Lula parece um nó cego. Vai defender o pró-álcool e nada desatará. Deve ser porque assim dará pra fazer mais cachaça. Vai dizer que colocará mais homens no campo e que gerará mais empregos. Pode ser verdade, contudo um campo maquinado e bem equipado é mais produtivo que com um bando de bóias-frias, e como bom capitalista, prefiro máquinas produtivas à um bando de bóias-frias.
É preciso ter mais cuidado ainda, o falarmos da distribuição da renda, através de mais homens trabalhando no campo. Com o plantio da cana, o risco dos Barões voltarem a cena e grande, e a renda ficaria mais concentrada, uma vez que é preciso terra. Muita terra. Lembre-se que: a tal reforma agrária já faz 20 anos e até agora mesmo velha, ela nem sabe engatinhar. Para piorar, nasceram serem malignos como o Maluco do MST com idéias pra lá de perigosas a humanidade.
Seria melhor o Brasil investir em pesquisas e desenvolver novos recursos. Aliás falta ao Brasil posicionamento estratégico. Como quando perguntamos a um garoto o que ele quer ser quando crescer, e ele diz: bombeiro. Se perguntar ao Brasil, ele, com 500 anos ainda não sabe a resposta. Enfim, Lula e Chavéz são dois nós cegos.
Pior ainda é a crise dos aeroportos, controladores de vôos, porque até para sair do país a coisa ficou difícil. Lula, na maciota, anuncia o fim da crise sem ter uma solução. Só no Brasil para alguém anunciar o fim de uma crise, sem ter uma solução. E como sempre, ele brinca que governa.
Mas o melhor exemplo mesmo é o Rabino Surtado. Já o achava louco e hipócrita, com aquele sotaque arrastado e idéias de devaneios. Mas o surto de luxo do Rabino, o ladrão de gravatas Louis Vuitton e Armani comprovou tudo.
No Brasil roubar é legal. O rabino só se desculpou e nem se quer pagou fiança.
E de fato, o Brasil enlouquece qualquer um.
Música: 1.100.00 - Ana Carolina - Dois Quartos - 2006
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada April 5 2007
Anormal mesmo é o que eu ando vendo nos jornais brasileiros. Abismado com as coisas da América do Sul e com as direções que o governo Luluista vem tomando.
Começou com o parimento de ministérios, para agradar os gregos, os troianos, os astecas, os maias, o PCC, o PMDB, PSD, PFL... Dando mais que puta desesperada, Lula gerou mais e mais ministérios, aumentando o já altíssimo custo da máquina estatal enferrujada. Ai, veio o Bush. Lula nada conseguiu do macaco gago. Depois Lula foi. Achou bacana andar no carrinho de golf e nada conseguiu do macaco gago, que ludibriou o inocente Presidente brazuca.
Pior não foi isso. Lendo notícias, vi que o Planalto esta andando em cascas de ovos para ir discutir com Chavéz sobre os bio-combustíveis. Lógico que isso é pressão gringa, que já sabe que esse recurso negro, já tem os dias contatos.
Chavéz, verborragico, falou pelos cotovelos sobre a fome e os problemas do uso de cana para fazer combustíveis. Segue a filosofia de Castro, como a cartilha da galinha Corococó lá do jardim da infância. O anti-americanismo chaveztiano soa-me idiota em um mundo globalizado. E Lula não sabe se cai para o lado do Chavéz, a quem se refere como aliado ou se cai fora e dá loco o lombo para os Greengos. Chavéz justifica que trará fome ao mundo o programa de uso de combustíveis alternativos, uma vez que as áreas destinadas ao plantio serão tomadas pelo feroz capitalismo.
Lógico que Chavéz não esta olhando para a fome do mundo, porque o problema da fome não é terra, nem recurso, é político. Chavéz como todo bom ditador, assim como Fidel, olha para o próprio umbigo. Esta puxando sardinha pra o seu lado. Venezuela é um grande produtor de petróleo e uma fonte alternativa, minaria não só a sua economia mas o grande poder de barganha com os americanos.
É claro que um programa de incentivo ao plantio da cana-de-açúcar tem que ser muito bem feito com regras e restrições, principalmente em um país-lambança como o Brasil, enraizado no extrativismo colonial. O capitalismo desvairado poderá levar a monocultura aos extremos dela.
Lula parece um nó cego. Vai defender o pró-álcool e nada desatará. Deve ser porque assim dará pra fazer mais cachaça. Vai dizer que colocará mais homens no campo e que gerará mais empregos. Pode ser verdade, contudo um campo maquinado e bem equipado é mais produtivo que com um bando de bóias-frias, e como bom capitalista, prefiro máquinas produtivas à um bando de bóias-frias.
É preciso ter mais cuidado ainda, o falarmos da distribuição da renda, através de mais homens trabalhando no campo. Com o plantio da cana, o risco dos Barões voltarem a cena e grande, e a renda ficaria mais concentrada, uma vez que é preciso terra. Muita terra. Lembre-se que: a tal reforma agrária já faz 20 anos e até agora mesmo velha, ela nem sabe engatinhar. Para piorar, nasceram serem malignos como o Maluco do MST com idéias pra lá de perigosas a humanidade.
Seria melhor o Brasil investir em pesquisas e desenvolver novos recursos. Aliás falta ao Brasil posicionamento estratégico. Como quando perguntamos a um garoto o que ele quer ser quando crescer, e ele diz: bombeiro. Se perguntar ao Brasil, ele, com 500 anos ainda não sabe a resposta. Enfim, Lula e Chavéz são dois nós cegos.
Pior ainda é a crise dos aeroportos, controladores de vôos, porque até para sair do país a coisa ficou difícil. Lula, na maciota, anuncia o fim da crise sem ter uma solução. Só no Brasil para alguém anunciar o fim de uma crise, sem ter uma solução. E como sempre, ele brinca que governa.
Mas o melhor exemplo mesmo é o Rabino Surtado. Já o achava louco e hipócrita, com aquele sotaque arrastado e idéias de devaneios. Mas o surto de luxo do Rabino, o ladrão de gravatas Louis Vuitton e Armani comprovou tudo.
No Brasil roubar é legal. O rabino só se desculpou e nem se quer pagou fiança.
E de fato, o Brasil enlouquece qualquer um.
Música: 1.100.00 - Ana Carolina - Dois Quartos - 2006
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada April 5 2007
Saturday, March 24, 2007
Pescoço Torcido
Li outro dia um texto do Sarney. Sarney para mim, em um certo período da minha vida era somente um bigode na televisão. Falava com o sotaque do norte e começava sempre com brasileiros e brasileiras. Sarney presidente-vice-presidente da transição da ditadura-democracia e da galopante hiper-inflação. Ele tem uma coluna num jornal de grande circulação nacional. Escreve as quintas. Foi numa dessas quintas que li, não me recordo qual. Não tenho o costume de ler a coluna dele ou qualquer outro político. É por pura birra, descontentamento e desilusão. Não gosto muito de dar IBOPE para eles, mas às vezes, me rendo, caio à tentação e cometo o crime. Já fiz isso com FHC, Delfin, Mailson, Bresser...
Sarney não começou seu texto invocando homens e mulheres do Brasil, nem me lembro como ele começou para ser sincero, mas o conteúdo era um tanto interessante, e não falava de marimbondos. Disse lá que o grande vilão do desgraçado e ridículo desenvolvimento nacional, até mesmo comparado-se ao próprio umbigo, é da Constituição de 88. Disse lá, que de pescoços torcidos, os políticos escreveram a constituição olhando para o passado. Citou nomes americanos para demonstrar a solidez da constituição americana feita por 55 pessoas e comparou com a celebre nota de Ulisses Guimarães, que dizia que a nossa foi feita por 10 mil. A gringa tem 200 anos e é solida, já a nossa tem 20 e tá toda remendada. E ainda reforçou a seu ponto com dados e números de fontes fidedignas. E eu concordo com ele. Eles não só olhavam para o passado, olhavam só para o passado deles, dane-se a Nação.
Seo Zé Sarney só esqueceu de incluir-se a corja. Tentou esgueirar-se da culpa. Não cola. Sarney, vice de Neves, esta no cenário político brasileiro há muito. Fez parte do Arena em plena ditadura. Não é atoa, que na eleição indireta de 85 estava lá como vice. Culpou os senadores e deputados constituintes pelo corporativismo instalado no país hoje, um dos responsáveis por esse crescimento gabirú, mas não chamou para si a responsabilidade como Presidente. Coisa que esta em voga hoje, ou talvez nunca tenha saído de moda na passarela política nacional. Não ter responsabilidade, não assumi-la ou não saber é característica.
Não vou ficar aqui falando mal do Sarney, nem do Neves, que foi morrer antes de sua posse, apesar que cotado como o “salvador”, estava na política há mais tempo que seu vice na época, e era íntimo do Arena, pai do PMDB e irmão da UDN. Muito menos vou falar do Collor e do topete do Itamar. Nem pensar em falar do FHC, SBP•1 ou BHC•1. Nem do Lula. Figueiredo, Médice, JK, GV ou o grande Cabral, não o ministro, mas o Álvares. Estaria fazendo o que eles todos fizeram: olhando pra trás.
Os pescoços torcidos ainda estão impregnados no Palácio do Planalto. Talvez por estarem sempre olhando pra trás e apoiados em verdades ultrapassadas e nem tão verdades assim ou até em grandes engodos, os passos do desenvolvimento andem tão lentos e amedrontados, com muitos tropeços e pouca visão de futuro.
Notq *1: SBP e BHC são inseticidas, e não tem nada haver com política, a não ser se voce usar para eliminar esse tipo de inseto.
Música: Attitude - Guns and Roses - Spaghetti Incident - 1993
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada March 24 2007
Sarney não começou seu texto invocando homens e mulheres do Brasil, nem me lembro como ele começou para ser sincero, mas o conteúdo era um tanto interessante, e não falava de marimbondos. Disse lá que o grande vilão do desgraçado e ridículo desenvolvimento nacional, até mesmo comparado-se ao próprio umbigo, é da Constituição de 88. Disse lá, que de pescoços torcidos, os políticos escreveram a constituição olhando para o passado. Citou nomes americanos para demonstrar a solidez da constituição americana feita por 55 pessoas e comparou com a celebre nota de Ulisses Guimarães, que dizia que a nossa foi feita por 10 mil. A gringa tem 200 anos e é solida, já a nossa tem 20 e tá toda remendada. E ainda reforçou a seu ponto com dados e números de fontes fidedignas. E eu concordo com ele. Eles não só olhavam para o passado, olhavam só para o passado deles, dane-se a Nação.
Seo Zé Sarney só esqueceu de incluir-se a corja. Tentou esgueirar-se da culpa. Não cola. Sarney, vice de Neves, esta no cenário político brasileiro há muito. Fez parte do Arena em plena ditadura. Não é atoa, que na eleição indireta de 85 estava lá como vice. Culpou os senadores e deputados constituintes pelo corporativismo instalado no país hoje, um dos responsáveis por esse crescimento gabirú, mas não chamou para si a responsabilidade como Presidente. Coisa que esta em voga hoje, ou talvez nunca tenha saído de moda na passarela política nacional. Não ter responsabilidade, não assumi-la ou não saber é característica.
Não vou ficar aqui falando mal do Sarney, nem do Neves, que foi morrer antes de sua posse, apesar que cotado como o “salvador”, estava na política há mais tempo que seu vice na época, e era íntimo do Arena, pai do PMDB e irmão da UDN. Muito menos vou falar do Collor e do topete do Itamar. Nem pensar em falar do FHC, SBP•1 ou BHC•1. Nem do Lula. Figueiredo, Médice, JK, GV ou o grande Cabral, não o ministro, mas o Álvares. Estaria fazendo o que eles todos fizeram: olhando pra trás.
Os pescoços torcidos ainda estão impregnados no Palácio do Planalto. Talvez por estarem sempre olhando pra trás e apoiados em verdades ultrapassadas e nem tão verdades assim ou até em grandes engodos, os passos do desenvolvimento andem tão lentos e amedrontados, com muitos tropeços e pouca visão de futuro.
Notq *1: SBP e BHC são inseticidas, e não tem nada haver com política, a não ser se voce usar para eliminar esse tipo de inseto.
Música: Attitude - Guns and Roses - Spaghetti Incident - 1993
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada March 24 2007
Saturday, March 10, 2007
Homens e Ratos
Não sei de foi conhecidência ou foi de fato proposital que o editor de um grande jornal brasileiro lançou uma matéria científica que falava de ratos. Camundongos de laborátorio. Miséras cobias da curiosidade humana. Os tubos de ensaio vivos. Uns ratos.
Achei interessante e li. Falava sobre a cognição camundonginiana. O tal estudo, do tal cientista, investigava se o rato teriam como fazer a melhor escolha. Isso não tem nada de condicionamento, antes que vocês já saiam falando pelos cotovelos, dizendo: “mas claro, eles foram condicionados!”
Enfim, ele estudou os ratos e descobriu que são capazes de escolher o que é melhor. Incrível. Mostram que tem conhecimento. O camundongo sabe que se fizer isso ou aquilo, vai ser melhor ou pior para ele. Humanos cientistas, achavam que só os primatas tinham essa cognição. Agora os ratos também tem. Esse mundo da ciência é surpreendente...
Como disse que não sabia se era ou não coincidência e vocês devem logicamente se perguntando sobre o que é. É que no mesmo jornal, eu vi as barbáries que aconteceram em São Paulo, na manifestação anti-Bush.
Aquela multidão toda na Paulista com faixas, megafones, bandeiras... Protestando contra o cara. Uma multidão de impressionar, dizem que eram mais de 10 mil. O Bush nem viu, e muito nemos, ligou.
O Presidente Americano tava mais interessado em sair logo do solo subdesenvolvido com acordos favoráveis à América, mas antes queria dar uma espiadinha, na tal morena-bunda-de-fora sambando. Foi para o Brasil discutir o uso do biodisel e dos combustíveis alternativos, já que eles aqui, estão se preparando para o colapso que vai acontecer em breve. Lula achou que ele tava falando de álcool e tomou unas doses de cachaça antes do encontro. Tentou levar o Bush para o boteco ao lado, para dar um trago, no verdadeiro estilo brazuca, barrigão no balcão e copinho de vidro sujo, mas o cara que experimenta tudo antes do ban-ban-ban americano, fez uma cara tão feia no trago que deu, que o Presidente desencanou, e pediu uma Perrier, que a comitiva trouxe. Lula no entanto, em um ato de amizade diplomática, serviu do seu alambique particular, localizado em seu gabinete, um shot da sua melhor cachaça. Partir daí, só beberam água. Um Perrier, outro Ardente.
O Bush saiu sem arredar o pé nas políticas que já estavam vijentes sobre os combustíveis alternativos, inclusive o biodisel, e ainda consgiu impor mais umas coisas e o Lula saiu trançando as pernas.
Logo em seguida, o disléxio ameircano decolou.
Enquanto tudo isso acontecia, o bicho pegava na Paulista. Cenas que me remeteram diretamente ao Oriente Médio. Bombas de gás, pedras voando, cacetada para um lado, porrada no outro e neguinho com a cabeça rachada. Se olhar de relance para as fotos, nunca pensará que foram feitas na Paulista, mas sim, em Gaza.
Acredito que o movimento democrático deva existir. Mas não acredito em arruaça. Manifestar-se contra um político, governo, lei é uma coisa... Vandalismo é outra.
Me impressiona, que as mesmas pessoas metidas no quebra-quebra, criticam os palestinos e muçulmanos que guerreiam dessa forma a séculos, e talvez até, com muito mais legitimidade de assim o fazer. Para mim, soa como um bando de cabeças ocas, condicionados a não pensar e não relfetir sobre seus atos. Pergunto se essa manifestação teve algum resultado positivo, se demostrou a insatisfação da sociedade e se pressionou as lideranças ou se perdeu todo o sentido e se tornou um ato tão banal como uma briga na arquibancada do jogo do Pirapora e Matoense.
Mas de volta a vida de comundongo, se eles tem cognição de escolher o que é melhor porque certos homens não?
[música: Bicho Escrotos, Titãs - Cabeça Dinossauro - 1986]
Por Fernando Katayama, Toronto On Ca 10 March 2007
Achei interessante e li. Falava sobre a cognição camundonginiana. O tal estudo, do tal cientista, investigava se o rato teriam como fazer a melhor escolha. Isso não tem nada de condicionamento, antes que vocês já saiam falando pelos cotovelos, dizendo: “mas claro, eles foram condicionados!”
Enfim, ele estudou os ratos e descobriu que são capazes de escolher o que é melhor. Incrível. Mostram que tem conhecimento. O camundongo sabe que se fizer isso ou aquilo, vai ser melhor ou pior para ele. Humanos cientistas, achavam que só os primatas tinham essa cognição. Agora os ratos também tem. Esse mundo da ciência é surpreendente...
Como disse que não sabia se era ou não coincidência e vocês devem logicamente se perguntando sobre o que é. É que no mesmo jornal, eu vi as barbáries que aconteceram em São Paulo, na manifestação anti-Bush.
Aquela multidão toda na Paulista com faixas, megafones, bandeiras... Protestando contra o cara. Uma multidão de impressionar, dizem que eram mais de 10 mil. O Bush nem viu, e muito nemos, ligou.
O Presidente Americano tava mais interessado em sair logo do solo subdesenvolvido com acordos favoráveis à América, mas antes queria dar uma espiadinha, na tal morena-bunda-de-fora sambando. Foi para o Brasil discutir o uso do biodisel e dos combustíveis alternativos, já que eles aqui, estão se preparando para o colapso que vai acontecer em breve. Lula achou que ele tava falando de álcool e tomou unas doses de cachaça antes do encontro. Tentou levar o Bush para o boteco ao lado, para dar um trago, no verdadeiro estilo brazuca, barrigão no balcão e copinho de vidro sujo, mas o cara que experimenta tudo antes do ban-ban-ban americano, fez uma cara tão feia no trago que deu, que o Presidente desencanou, e pediu uma Perrier, que a comitiva trouxe. Lula no entanto, em um ato de amizade diplomática, serviu do seu alambique particular, localizado em seu gabinete, um shot da sua melhor cachaça. Partir daí, só beberam água. Um Perrier, outro Ardente.
O Bush saiu sem arredar o pé nas políticas que já estavam vijentes sobre os combustíveis alternativos, inclusive o biodisel, e ainda consgiu impor mais umas coisas e o Lula saiu trançando as pernas.
Logo em seguida, o disléxio ameircano decolou.
Enquanto tudo isso acontecia, o bicho pegava na Paulista. Cenas que me remeteram diretamente ao Oriente Médio. Bombas de gás, pedras voando, cacetada para um lado, porrada no outro e neguinho com a cabeça rachada. Se olhar de relance para as fotos, nunca pensará que foram feitas na Paulista, mas sim, em Gaza.
Acredito que o movimento democrático deva existir. Mas não acredito em arruaça. Manifestar-se contra um político, governo, lei é uma coisa... Vandalismo é outra.
Me impressiona, que as mesmas pessoas metidas no quebra-quebra, criticam os palestinos e muçulmanos que guerreiam dessa forma a séculos, e talvez até, com muito mais legitimidade de assim o fazer. Para mim, soa como um bando de cabeças ocas, condicionados a não pensar e não relfetir sobre seus atos. Pergunto se essa manifestação teve algum resultado positivo, se demostrou a insatisfação da sociedade e se pressionou as lideranças ou se perdeu todo o sentido e se tornou um ato tão banal como uma briga na arquibancada do jogo do Pirapora e Matoense.
Mas de volta a vida de comundongo, se eles tem cognição de escolher o que é melhor porque certos homens não?
[música: Bicho Escrotos, Titãs - Cabeça Dinossauro - 1986]
Por Fernando Katayama, Toronto On Ca 10 March 2007
Thursday, January 25, 2007
Bill, Hillary e Billary
Era sábado. Parecia que o inverno iria dar as caras e esfriaria. Enfim nevaria e pareceria um inverno normal. Mas não foi o que aconteceu. Continuou esse inverno esquisito. Janeiro quente e sem neve. Nesse estranho dia de inverno aconteceria o que muitos já esperavam. Não é uma surpresa, mas é um fato marcante.
Foi nesse sábado que a Senadora Democrata Hillary Clinton oficializou sua corrida à Casa Branca. Como disse, nenhuma surpresa. Mas é um fato marcante na história americana. Hillary foi primeira-dama, e é a primeira primeira-dama a se candidatar ao maior cargo político dos Estados Unidos.
Foi providencial o lançamento de sua candidatura. Terça-feira, uns dias depois, o presidente Bush, faria seu discurso para o endossamento do Congresso, que é majoritariamente Democrata.
Os críticos políticos dizem que uma das grandes coisas que ela tem, é ter Bill Clinton a seu lado. Penso que foi diferente. A grande coisa que Bill Clinton teve, foi ter Hillary a seu lado. Foi ela quem segurou a onda, quando pediram o impeachement, no caso da Mônica Chupeteira. Hillary não só segurou a barra do maridão, como lavou o vestido guardado por um ano, sujo de porra.
Hillary é hoje uma das mulheres mais fortes dos EUA. Tem a seu lado, a maioria do Congresso. E tem como maior aliado, o presidente Bush, que de tão incompetente, continua fazendo as asneiras costumeiras, destruindo a popularidade Republicana. Em seu discurso no Congresso na última terça-feira, reforçou sua falida investida no Iraque e ainda ameaçou o Irã, indo contra o Congresso, contra os próprios republicanos e sem dúvida alguma, contra a opinião pública.
A corrida para a Casa Branca ’08 parece ter já nome certo. Se não houver mutretagem, como nas eleições passadas, os críticos acreditam na vitória de Hillary.
E me parece uma boa escolha. Hillary terá o trabalho de refazer tudo que Bill havia feito e o débil do Bush desfez, e mudou a geopolítica mundial. Coisa nada fácil, ainda mais com o barril de TNT que é o Oriente Médio e o fanatismo religioso-político que rege a região.
Se de fato o fizer, Hillary entrará para o Hall dos Presidentes, não só como político mas também como a primeira mulher na Casa Branca e a ex-primeira-dama presidente. E Bill será o primeiro ex-presidente com a mulher presidente.
Resta à nós esperar, agüentar o Bush e ver se Hillary leva essa.
[música do texto: Homem Primata – Titãs
Por Fernando Katayama New York, NY, 25 jan 07
Foi nesse sábado que a Senadora Democrata Hillary Clinton oficializou sua corrida à Casa Branca. Como disse, nenhuma surpresa. Mas é um fato marcante na história americana. Hillary foi primeira-dama, e é a primeira primeira-dama a se candidatar ao maior cargo político dos Estados Unidos.
Foi providencial o lançamento de sua candidatura. Terça-feira, uns dias depois, o presidente Bush, faria seu discurso para o endossamento do Congresso, que é majoritariamente Democrata.
Os críticos políticos dizem que uma das grandes coisas que ela tem, é ter Bill Clinton a seu lado. Penso que foi diferente. A grande coisa que Bill Clinton teve, foi ter Hillary a seu lado. Foi ela quem segurou a onda, quando pediram o impeachement, no caso da Mônica Chupeteira. Hillary não só segurou a barra do maridão, como lavou o vestido guardado por um ano, sujo de porra.
Hillary é hoje uma das mulheres mais fortes dos EUA. Tem a seu lado, a maioria do Congresso. E tem como maior aliado, o presidente Bush, que de tão incompetente, continua fazendo as asneiras costumeiras, destruindo a popularidade Republicana. Em seu discurso no Congresso na última terça-feira, reforçou sua falida investida no Iraque e ainda ameaçou o Irã, indo contra o Congresso, contra os próprios republicanos e sem dúvida alguma, contra a opinião pública.
A corrida para a Casa Branca ’08 parece ter já nome certo. Se não houver mutretagem, como nas eleições passadas, os críticos acreditam na vitória de Hillary.
E me parece uma boa escolha. Hillary terá o trabalho de refazer tudo que Bill havia feito e o débil do Bush desfez, e mudou a geopolítica mundial. Coisa nada fácil, ainda mais com o barril de TNT que é o Oriente Médio e o fanatismo religioso-político que rege a região.
Se de fato o fizer, Hillary entrará para o Hall dos Presidentes, não só como político mas também como a primeira mulher na Casa Branca e a ex-primeira-dama presidente. E Bill será o primeiro ex-presidente com a mulher presidente.
Resta à nós esperar, agüentar o Bush e ver se Hillary leva essa.
[música do texto: Homem Primata – Titãs
Por Fernando Katayama New York, NY, 25 jan 07
Wednesday, January 17, 2007
Sonho que Não Tem
Aqui em um inverno atípico, não neva. O frio não esta nada amedrontador. Dizem que é influência do El Ninõ e da El Ninã. E de longe acompanho o Brasil, onde as influências do El Ninõ e da El Ninã são maiores. Não porque lá eles são mais fortes ou porque o tempo não gosta do Brasil, mas é mesmo porque o descaso potencializa a desgraça. Daqui vejo, a terra querer engolir o Brasil, comendo São Paulo em uma cratera e Minas Gerais em outra. Parecem querer fazer o Brasil sumir do mapa. Deve ser de vergonha das barbáries que por lá acontecem. Enquanto isso, o povo espera a salvação, e que venha pelas antenas de tv.
Falta ao Brasil muita coisa, temas que já discutimos bastante por aqui. Temas como educação, saúde, segurança. Mas falta-lhe algo mais profundo e muito mais abstrato. Falta-lhe sonho. Falta a busca de uma utopia.
Não é permitido sonhar. Tem que se viver a vida, no dia-a-dia da sobrevivência, sem poder sonhar com o amanhã. Não existem mais os sonhadores loucos, que buscam alguma coisa que talvez nem exista.
Querer buscar uma utopia é coisa a ser totalmente desencorajada, é preciso pagar as contas. Utopia, por principio, nunca é alcançada, mas o esforço de alcançá-la é essencial. É esse esforço que trás as inovações, os sonhos, as novas realidades, sem isso é a pura estagnação.
Não é permitido sonhar. É preciso fazer o prato de comida. O leite das crianças. A roupa. Encarar a morte como vontade de Deus, mesmo que tenha sido na porta do hospital. É preciso tijolo ao invés de madeira, para vedar o barraco, tijolo é a prova de bala. Não dá tempo para sonhar.
Ao moleque de ranho escorrendo pelo nariz e barrigudo que empina a pipa, resta viver a infância curta, sem sonho. Ele já sabe do seu futuro, se é que esse existirá.
Não há a busca da utopia. Parece que todos estão cansados. O desânimo é geral assim como a descrença. A falta de sonhadores, idealizadores e líderes estagnou o país em sua miséria. Parado, o Brasil se vê ser engolido pela terra.
Esquece-se que o sonho é fundamental à busca. Como me disse meu pai, certa vez: é preciso sonhar para poder ter.
Falta ao Brasil muita coisa, temas que já discutimos bastante por aqui. Temas como educação, saúde, segurança. Mas falta-lhe algo mais profundo e muito mais abstrato. Falta-lhe sonho. Falta a busca de uma utopia.
Não é permitido sonhar. Tem que se viver a vida, no dia-a-dia da sobrevivência, sem poder sonhar com o amanhã. Não existem mais os sonhadores loucos, que buscam alguma coisa que talvez nem exista.
Querer buscar uma utopia é coisa a ser totalmente desencorajada, é preciso pagar as contas. Utopia, por principio, nunca é alcançada, mas o esforço de alcançá-la é essencial. É esse esforço que trás as inovações, os sonhos, as novas realidades, sem isso é a pura estagnação.
Não é permitido sonhar. É preciso fazer o prato de comida. O leite das crianças. A roupa. Encarar a morte como vontade de Deus, mesmo que tenha sido na porta do hospital. É preciso tijolo ao invés de madeira, para vedar o barraco, tijolo é a prova de bala. Não dá tempo para sonhar.
Ao moleque de ranho escorrendo pelo nariz e barrigudo que empina a pipa, resta viver a infância curta, sem sonho. Ele já sabe do seu futuro, se é que esse existirá.
Não há a busca da utopia. Parece que todos estão cansados. O desânimo é geral assim como a descrença. A falta de sonhadores, idealizadores e líderes estagnou o país em sua miséria. Parado, o Brasil se vê ser engolido pela terra.
Esquece-se que o sonho é fundamental à busca. Como me disse meu pai, certa vez: é preciso sonhar para poder ter.
[música do texto: Dreamer - Supertramp]
Por Fernando Katayama New York, NY 17 jan 06
Sunday, January 07, 2007
A Menina-moça não é mais virgem
Ela tem doze anos. Menina-moça. Franzinha. Magrela. Pequena. Frágil. Faminta. Sem a mínima educação. Já tão novinha e toda esfarrapada e cheia de curativos. Algumas das feridas purgam. Nasceu apanhando do pai. E acreditem, nem virgem é mais. Foi estuprada por anos à fio, mesmo quando era mais nova. Faziam fila ao coito. Ainda hoje, sofre alguns abusos. E hoje, com doze anos, esta perdida em meio a tiroteios e balas perdidas.
A Democracia Brasileira esta amedrontada, encolhida em um canto da sala. Jogada à deus dará, vê sem entender nada desse pandemônio que passa o país.
Para ela, seu país é gigante pela própria natureza, belo, forte e impávido colosso, o que contraria com tudo que vem assistindo ate agora.
Sua vida é marcada por dor. Sua concepção foi assim. Palanques, que reuniam amigos, com a mesma vontade. Depois se tornaram inimigos vorazes de posicionamentos e vontades opostas, e hoje continuam inimigos-amigos com posicionamentos e vontades nem tão divergentes.
Em parto estava rodeada por parlamentares, que aos berros, diziam “sim” ou “não”, depois de longos discursos chatos e evasivos. Seu nascimento foi marcado pela morte do Presidente. E isso foi há doze anos. Antes disso, era viva a prima-má, Ditadura.
Hoje, o país vive o total desgoverno de suas entranhas. Talvez, seja a colheita da plantação da prima-má, talvez, resultado da descontinuidade do processo iniciado com o Vice*1, depois, pela fase Collorida*2, seguida muito de perto pela Topetuda sem Calcinha*3, pelo Tucanato e agora pelo Lulupetismo. Todos que só olharam e olham para o próprio umbigo. Parlamentares que não respeitam Mãe Constituição e adoram se divertir com as filhas da Geane.
Senadores e Deputados são tão responsáveis pela desordem quanto os presidentes de todos esses poucos anos, pois nada fizeram e fazem para fortalecer a frágil Democracia que estava crescendo. Lula veio agravar a situação, com sua falta de política para o crescimento econômico e o deslumbramento do seu sonho egoísta. E para piorar, agora parece que quer ficar deitado em berço esplêndido.
Esse é um momento delicado para a Democracia. O caos esta crescendo de forma alucinante. Lula promete crescimentos imaginários, sonhadores e irreais, para tentar amenizar a desgraça em que se encontra. Solta noticias de aumento do miserável salário mínimo e o incremento do pilar eleitoreiro, o bolsa-familia.
A sua reeleição mostrou a total impunidade dos crimes em todas as esferas da sociedade, retificada pelo ignorante povo. E as fraquezas do velho e caquético sistema judiciário deram abertura para o desbunde das facções criminosas que hoje, comandam o país. Mostraram seu poder em São Paulo e agora, detonam o Rio de Janeiro, esperando o Carnaval, mas já armando o maior salseiro.
Não é uma guerra civil propriamente dita, já que não é uma disputa com intenções políticas claramente declaradas, mas vive-se com tiros por todos os lados. Não é uma revolução sanguinária, mas morrem muitos em vão. Não é uma guerra santa, ficaria difícil definir o Diabo nesse caso. São ações terroristas contra a sociedade civil. Analistas não assumem, e dizem que ataques terroristas são sempre com fundos políticos, religiosos ou ideológicos, mas é difícil não pensar que existe fundo político.
E esse momento coloca a Democracia em xeque.
Colocar ou não o Exercito na rua? Votaria a assombrar a alma penada da prima-má? Ratifica que o Governo em sua totalidade é incompetente? Que a polícia não da conta do recado? Que o poder marginal é realmente muito mais poderoso?
E ainda existe a grande chance do Exercito não dar conta também. Mal preparado, mal equipado, mal formado, sem logística, pesado como o Ronaldo na Copa (lento por demais) e sem dinheiro. Conseguirá conter a esperteza, a leveza e o poder da marginalidade, que tem como fonte de renda drogas e armas (ou seja, muito dinheiro)?
Se o Brasil não conseguir em curto prazo modificar radicalmente o modo-operantis do Estado, fazer o país crescer de forma significativa, gerar divisas e ainda por cima, conseguir melhorar a distribuição de renda (de forma concreta) e refazer o poder judiciário e acabar com a corrupção de maneira eficaz, a podre menina-moça da nossa Democracia, corre um serio risco de morrer.
[música do texto: Rabisca Robson – Farofa Carioca]
[Notas: *1 –José Sarney e a Hyperinflação / *2 – Collor, eleito direito / *3-Itamar na capa com a gostosa sem calcinha no baile de carnaval]
Por Fernando Katayama New York, NY 07 jan 07
A Democracia Brasileira esta amedrontada, encolhida em um canto da sala. Jogada à deus dará, vê sem entender nada desse pandemônio que passa o país.
Para ela, seu país é gigante pela própria natureza, belo, forte e impávido colosso, o que contraria com tudo que vem assistindo ate agora.
Sua vida é marcada por dor. Sua concepção foi assim. Palanques, que reuniam amigos, com a mesma vontade. Depois se tornaram inimigos vorazes de posicionamentos e vontades opostas, e hoje continuam inimigos-amigos com posicionamentos e vontades nem tão divergentes.
Em parto estava rodeada por parlamentares, que aos berros, diziam “sim” ou “não”, depois de longos discursos chatos e evasivos. Seu nascimento foi marcado pela morte do Presidente. E isso foi há doze anos. Antes disso, era viva a prima-má, Ditadura.
Hoje, o país vive o total desgoverno de suas entranhas. Talvez, seja a colheita da plantação da prima-má, talvez, resultado da descontinuidade do processo iniciado com o Vice*1, depois, pela fase Collorida*2, seguida muito de perto pela Topetuda sem Calcinha*3, pelo Tucanato e agora pelo Lulupetismo. Todos que só olharam e olham para o próprio umbigo. Parlamentares que não respeitam Mãe Constituição e adoram se divertir com as filhas da Geane.
Senadores e Deputados são tão responsáveis pela desordem quanto os presidentes de todos esses poucos anos, pois nada fizeram e fazem para fortalecer a frágil Democracia que estava crescendo. Lula veio agravar a situação, com sua falta de política para o crescimento econômico e o deslumbramento do seu sonho egoísta. E para piorar, agora parece que quer ficar deitado em berço esplêndido.
Esse é um momento delicado para a Democracia. O caos esta crescendo de forma alucinante. Lula promete crescimentos imaginários, sonhadores e irreais, para tentar amenizar a desgraça em que se encontra. Solta noticias de aumento do miserável salário mínimo e o incremento do pilar eleitoreiro, o bolsa-familia.
A sua reeleição mostrou a total impunidade dos crimes em todas as esferas da sociedade, retificada pelo ignorante povo. E as fraquezas do velho e caquético sistema judiciário deram abertura para o desbunde das facções criminosas que hoje, comandam o país. Mostraram seu poder em São Paulo e agora, detonam o Rio de Janeiro, esperando o Carnaval, mas já armando o maior salseiro.
Não é uma guerra civil propriamente dita, já que não é uma disputa com intenções políticas claramente declaradas, mas vive-se com tiros por todos os lados. Não é uma revolução sanguinária, mas morrem muitos em vão. Não é uma guerra santa, ficaria difícil definir o Diabo nesse caso. São ações terroristas contra a sociedade civil. Analistas não assumem, e dizem que ataques terroristas são sempre com fundos políticos, religiosos ou ideológicos, mas é difícil não pensar que existe fundo político.
E esse momento coloca a Democracia em xeque.
Colocar ou não o Exercito na rua? Votaria a assombrar a alma penada da prima-má? Ratifica que o Governo em sua totalidade é incompetente? Que a polícia não da conta do recado? Que o poder marginal é realmente muito mais poderoso?
E ainda existe a grande chance do Exercito não dar conta também. Mal preparado, mal equipado, mal formado, sem logística, pesado como o Ronaldo na Copa (lento por demais) e sem dinheiro. Conseguirá conter a esperteza, a leveza e o poder da marginalidade, que tem como fonte de renda drogas e armas (ou seja, muito dinheiro)?
Se o Brasil não conseguir em curto prazo modificar radicalmente o modo-operantis do Estado, fazer o país crescer de forma significativa, gerar divisas e ainda por cima, conseguir melhorar a distribuição de renda (de forma concreta) e refazer o poder judiciário e acabar com a corrupção de maneira eficaz, a podre menina-moça da nossa Democracia, corre um serio risco de morrer.
[música do texto: Rabisca Robson – Farofa Carioca]
[Notas: *1 –José Sarney e a Hyperinflação / *2 – Collor, eleito direito / *3-Itamar na capa com a gostosa sem calcinha no baile de carnaval]
Por Fernando Katayama New York, NY 07 jan 07
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