Tuesday, July 03, 2007

O Gol

Estádio cheio. Não há espaço para mais nenhum só torcedor. Estão apertados na galera. Nas numeradas, nem pipoqueiro e nem sorveteiro conseguem passar. Nas cativas, os de sempre. Bandeiras agitadas dão cor ao espetáculo.
Nervosismo. Rádios de pilhas narram o que não se pode ver ali na sua frente. É tenso.
E futebol sempre será assim. A ansiedade pelo resultado final. A certeza da vitória, por mais incerta que seja. E o pavor da derrota.
A paixão pela cor da camisa nunca chegará a ser amor. É muito intenso. Futebol é paixão. Sangue. Suor. E lágrimas.
Lágrimas pelo gol perdido ou pelo gol marcado. Não há como escapar.
E todos esperam pelo gol. O clímax. O orgasmo. O ápice.
Jogo zero a zero, compare-se com uma sessão masturbatória sem fim. É chato, sacal e solitário. E no final, pare ter sido aquilo que ainda não foi. Há vazio.
Com o gol é tudo diferente.
O abraço alucinado no sujeito do lado que você nunca viu mais gordo! Ou então a suruba homossexual na comemoração do gol, na almôndega humana festiva dos jogadores. Ou então nos beijos distribuídos a torto e a direita. Ou na lágrima solitária do mais machão dos torcedores.
Gol é assim. É o alivio. É relaxar. É ouvir pelo radiozinho, o grito mais longo de um orgasmo. E pela tevê tem replay.
Gol é a alegria do atacante e o pesadelo do arqueiro. Gol é o silêncio mortal do goleado e a alegria ensurdecedora e louca do goleador. É o que todos querem.
Quem nunca viu aquele maravilhoso gol. A bola tocada com maestria. Com o toque mágico. A levantada da bola. O “lençol”, o “chapéu”. A bola que sobe encobrindo o zagueiro e deixando o arqueiro desprovido de proteção. Pronto pra se fuzilado, com o chute sem pulo.
É antológico.
Antes que a bola toque o solo, o chute certeiro depois do chapéu desmoralizante dado no zagueiro e sacrifica o goleiro, em seu canto solitário.
É uma pintura. Coisa de cinema. Agora com os efeitos da indústria cinematográfica, pode-se ver até com os efeitos “matrix”.
Jorge Ben já cantou, verdadeiro gol de placa.
Esse gol poderia ser o gol do Pelé em ’58, quando ele ainda só tinha 17 anos, e menino, brincava de jogar bola.
Mas não foi.
Foi o gol do atacante mexicano Castillo, contra o Brasil. E foi um verdadeiro gol de placa.

Notas: Brasil perdeu do México na Copa América,1x0. Gol de Castillo
Música: Fio Maravilha, Jorge Ben
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 1 July 2007

1 comment:

Anonymous said...

Pois é, e o Bugrão também que decepção, estréia com derrota na série C...
E o pior que foi aqui no ES.
Abraço!
André Kohn