Saturday, December 30, 2006

O Velho Ano Novo

Pronto! É fim de ano. Começam agora as famosas mensagens para que o ano que nasce seja melhor, que tudo de certo e outros blá blá blás. Também é hora das retrospectivas, e ver tudo aquilo que você já viu e não esta nem um pouco interessado. E com elas vêem junto as previsões, tem sempre um pai de santo, um oxalá qualquer que vai adivinhar o futuro.
Eu não faço idéia de quem foi que definiu que o ano começa no dia primeiro de janeiro. Não sei se foi por fé religiosa ou coisa que o valha. Não sei também se foi pelo solstício ou outra coisa cósmica. Certo mesmo é que não tenho a mínima idéia. E já faz tempo, tem 2000 anos, aliás, indo para dois mil e sete.
Mas a sociedade acatou como verdade e todos nós seguimos. Até o mais anarquista de todos os anarquistas já foi para a praia de branco pular as sete ondinhas. É para dar sorte no novo ano.
As retrospectivas começam exatamente no dia primeiro do ano, que não sei se do ano passado ou do corrente, mas começam falando de quem venceu a última São Silvestre. Eu não me lembro mais, e você?
Depois certamente vão falar dos escândalos, das falcatruas, dos Sanguessugas, dos Dossiês. Eleição. Do Lula. Do Papa. E do Bush. Do Saddan. Do Tarso Genro. Enfim das figuras políticas do mundo, por mais idiotas que sejam.
Do Lula vão maneirar, não vão mostrar que é um nó cego e que o povo é tão nó cego quanto ele, afinal o reelegeram. Depois de tantos escândalos, corrupção comprovada, e tudo mais que o cerca, ainda continua na presidência. Por uma chupeta o Clinton quase caiu. Imagine se ele tivesse fodido com a gordinha da Mônica? Lula fudeu com um montão de gente e tá lá no Planalto ainda.
Por falar em coisas americanas... O Bush, que nada mais é do que um macaco com dislexia, vai entrar na minha retrospectiva, como o idiota do ano. Mandou construir um muro separando o México dos E.U.A, para tentar evitar a entrada clandestina. Parece que não aprendeu nada com a história e não viu o Muro de Berlin nem a Muralha da China. Pior que isso, só fez merda na Campanha do Iraque. Assim como fico admirado com o Lula no Planalto, mesmo fudendo tanto, admira-me mais ainda com o Bush na Casa Branca, já que ele fodeu com o mundo tudo. E o Clinton, foi só um boquetinho.
Se minha retrospectiva fosse Oscar, Saddan levaria duas estutas. De preso, com prisão espetacular e de morto. Morreu hoje, enforcado. Como foi esse ano, não entra na retrospectiva do ano que vem passado. Foi o que deu para falar dele!
Dos mortos, o James Brown foi nessa semana também, mas de ataque cardíaco. A lista fúnebre é grande, como em todos os anos.
Mas a retrospectiva não pára por ai não, vai às novelas e passa pelos famosos. Na última novela o mocinho casou com a mocinha e o bandido morreu. Um famoso casou e separou, enquanto outro casou de novo. Não poderia de deixar de falar da foda da Cicarelli. Não que ela é foda, no sentido de super, extraordinária, não! No sentido de sexo mesmo. Afinal, foi a famosa que fodeu na praia e se fudeu no Youtube.
Depois passará pelo esporte e vai mostrar o Inter de Porto Alegre, campeão do Mundo. Não vai ter tan-tan-tan, afinal formula 1 é do Alemão, que se aposentou e ainda chamou o Rubinho de tartaruga, mas esse, continua negando de pé junto, e diz que é rápido, mas é tão rápido, que a gente vê como se fosse filme, em câmera lenta. (em filme, tudo que é rápido é em câmera lenta, vai entender...)
Mas o que me interessa mesmo são as previsões. Ahhhh quem não quer saber do futuro?
No ano que vem acontecerão coisas incríveis como mais um caso (no mínimo) de corrupção no governo Lula, e ele não saberá de nada e não verá nada e muito menos ouvirá. O PCC fará ameaças à sociedade, assim como o Comando Vermelho. A queima de fogos no Rio será a mais longa da história, mas não dará para ver nada, de tanta fumaça. Bush enviará mais homens ao Iraque, mas não diminuirá a merda que vem fazendo. Aliás, enviará umas tropas de Marines para a Somália e Etiópia, uma vez que, a Democracia deve sempre prevalecer, mesmo que na força. A novela terá um casamento, um nascimento e uma morte. Um novo ícone pop surgirá como um raio, e desaparecerá no mesmo instante. Uma gostosa posará para a Playboy, antes que tudo caia. O Faustão continuará chato e se achando engraçado. Os Campeonatos de Futebol terão sempre as mesmas discussões nas mesas redondas na TV como nas rodas de amigos. Ano que vem, escreverei sobre o ano que passou.
O Ano Novo sempre nasce velho e o futuro parece se repetir. As mesmas histórias com nuances diferentes. Deve ser porque a Terra é redonda e da voltas. Mas uma coisa eu tenho certeza, e não mudará no ano que vem, nem muito menos no próximo: o futuro nos fazemos mesmo hoje.
Para hoje um feliz ano novo.


[música do texto: I Feel Good - James Brown]
Por Fernando Katayama New York, NY 30 dez 06

Thursday, December 21, 2006

Ipod e Tu, Podes?

Outro dia me dei conta que estamos à poucos dias do Natal. Foi quando um amigo meu, lá do Brasil, me perguntou como estava o “clima natalino” por aqui. Eu com a minha exclusiva e característica “cara de ué”, respondi: “Natal?”. Foi aí que o Jingle Bell bateu! É faltam pouquíssimos dias. Disse a ele que, como moro em New York, e que essa cidade é predominantemente Judaica, aqui não tem clima natalino. Lógico que os judeus daqui se preocupam em incrementos nas vendas, já que a maioria das grandes lojas é deles, mas eles não ligam muito para essa festa tradicionalmente Católica. Talvez o Thanksgiving seja mais importante.
Mas é Natal. Natal hoje é mais para evidenciar as grandes diferenças entre camadas sociais do que uma grande festa de aniversário. Esquecem que Natal é a festa do nascimento de Jesus, logo, é uma festa de aniversário.
Como ia dizendo, deixa explicito as grandes diferenças. Começam a falar de ajudar ao próximo, dividir com quem não tem, mas no fundo mesmo, mostra quem pode e quem não pode.
Talvez por isso, os nossos Palamentares tenham se dado o aumento de 91% do seu salário e elevado o salário mínimo em 4.5%. Tudo em uma questão de benevolência do ar natalino.
E como disse em algum parágrafo anterior, explicita as diferenças, tanto que um cara são, fez a maluquice de acorrentar-se no Planalto e uma dona pra lá de maluca, teve a lucidez (ou não) de esfaquear o ACM Neto, tudo por conta do aumentozinho para uns e aumentão para outros. Aumentozinho foi para os Parlamentares, e o aumentão para o Mínimo, que causa um tremendo impacto nas contas do governo.
Mas Natal é assim, evidencia os extremos. Em um país, como o Brasil, onde os extremos são extremados a máxima potência, a tensão social aumenta. O desejo despertado pelo consumo e a falta de oportunidade para uma grande parcela da população aumenta a tensão entre o ter e o não ter.
Enquanto uns fazem festa e se preparam para o Ano Novo, outros lavam a alma com algumas benevolências vãs. E outros, bem, esses outros assistem Tv e sonham.
E assim é o Natal. Como disse não estou no Brasil. Aqui não sinto essa tensão. A distância abissal entre pobres e ricos não é tão grande, ou melhor, a classe média que não é tão achatada e reduzida, o que diminui e muito, o atrito entre os extremos. Sem contar que aqui, com qualquer trabalho chulo, dá para comprar a última geração do Ipod.
Enquanto no Brasil uns dizem “Ipod[e]”, eu pergunto: e você Ipod[e]?


[música do texto: Crazy – Norah Jones]
[Ipod é um aparelinho para ouvir música da Apple]
Por Fernando Katayama New York, NY, 21 dec 06

Thursday, December 14, 2006

O Maneta

Comecei a escutar alguma coisa de política lá nos tempos de colégio. Acabávamos de sair da Ditadura, eleições indiretas e a morte de Tancredo Neves, que resultou em não ter aula naquela segunda-feira. Desde desse tempo ouço as histórias do pluripartidarismo, da esquerda e da direita. Assisti aulas de história e filosofia que falavam sobre isso. No começo parecia uma sopa de letrinhas como Arena, UDN e PC do B. Depois Ficou mais claro e vieram PMDB, PTB e PT. Tivemos a eleição direta após de anos de ditadura. E agora até a reeleição do Lula. Faz tempo que venho acompanhando a política nacional.
No começo, quando ainda garoto, acreditava no tal pluripartidarismo. Talvez por influência da escola ou por simplesmente ver o número extraordinário de legendas que existem.
Passou um tempo comecei a achar que não tínhamos tantos partidos assim. Vi a mistura de todos com tudo, e a suruba legendária. Pouco importava a sua convicção política desde que seus interesses fossem protegidos, fazer o troca-troca não era um grande problema.
Restava o PT. O PT com a cara de esquerda, barda de comunista, bandeira vermelha e o incrível hábito de falar com a língua presa parecia ser o único partido com direcionamento e ideologia.
Veio o Mensalão e provou que eu estava errado. O PT é a puta dos partidos. Vendeu-se por pouco e foi morar na Casa da Geane, onde os maiores troca-trocas da Nação aconteceram.
Nunca acreditei no Lula. Mas agora pergunto aos que acreditaram se ainda acreditam.
Lula é o homem da palavra iô-iô e que não sabe de nada. Vai ai volta em suas declarações mostrando que nunca sabe o que quer. Já admite que os 5% de crescimento por ano, promessa de campanha, era um sonho esquerdista ou simplesmente uma questão de marketing, é meramente impossível. Ou simplesmente não sabia.
Mas não só isso, admitiu não ser mais de esquerda. Justificando que com o envelhecimento e maturidade não é possível continuar na esquerda. Diga isso a Fidel e a Chávez. Tolos os que envelhecem e continuam esquerda.
Agora namora o PMDB, o Delfin Neto e logo mais beijará a mão de Fernando Henrique, chamando-o de painho.
Como dizia no começo, não existe o tal pluripartidarismo. Não existe esquerda e não existe direita. Existe o beneficio próprio.
O Brasil é maneta. E talvez por isso, a cultura do João sem Braço sempre prevalece.
[música do texto: Moro No Brasil – Farofa Carioca - 1998]
Por Fernando Katayama New York, NY 14 dec 06

Monday, December 04, 2006

Cariocas e Paulistas

Estava ouvindo músicas por aqui. Ouvia músicas brasileiras como MPB, Rock Nacional e Bossa Nova. Reparei nos inúmeros tributos às mulheres. Não poderia deixar de ser diferente, já que com tantas curvas e nuances é sempre uma boa fonte de inspiração. São as “mulheres de Atenas” em seu “vestidinho preto imperceptível”, sendo a “coisa mais linda, cheia de graça que eu já vi passar”... Chico, Skank e Tom. Poderia citar muito mais, como Maria Rita, diz que “meu peito não é de silicone”. Ou Rita Lee, cantando a verdade, afinal, “mulher é um bicho esquisito”. Sempre teve e sempre terá uma canção para alguma mulher. Luizas, Lygias, Marianas, Carolinas, Marinas, Anas, Vanessas, Lucianas, Paulas, Marias... Estarão sempre no top ten da Billboard. E nós homens, sempre ficaremos na condição de coadjuvantes, subalternos, segundo escalão e submissos às donas do mundo.
Não adianta gritar e dizer que não é, porque é! É assim desde antes dos tempos bíblicos, quando os homens já faziam guerra por Helena. Cleópatra e seu domínio da África Branca. Sansão e Dalila. Até nos tempos bíblicos os homens sempre estiveram aquém das mulheres, tanto que, Jesus nasceu da Virgem Maria, e tirou por completo a função masculina do mundo. Não adianta negar, somos submissos as vontades femininas. A última palavra sempre é nossa: “sim, senhora”!
Como dizia, notei um número grande de músicas dedicadas às mulheres, mas uma grande porcentagem delas dedicadas à mulher carioca. Fiquei pensando no por que.
Um dos motivos mais óbvios é que no Rio, onde há praia, o corpo esta sempre em evidência. A praia, o lugar mais democrático do mundo e mais cruel também, não perdoa nada. Esta lá tudo à mostra.
Mas a mulher carioca, que encheu já a boca e os olhos de nossos poetas esta lá na praia com os seus biquininhos, tampando quase nada, e deixando que nossa imaginação as desnude por completo. Aqueles poucos centímetros quadrados de pano, escondem o suficiente para aguçar a imaginação de qualquer celibatário.
A carioca é diurna, acorda vai correr no Calçadão à beira da praia. Cuida do corpo, que será exposto logo mais, ou à tarde, pegando onda ou batendo um fut-volei nas areias finas exibindo as pernas torneadas. Domingo de sol, na Barraca do Pepê, é o paraíso das bundas douradas. Todas ali, lado a lado, metros e metros tomados, por maravilhosas bundas arrebitadas, douradas com marquinhas de sol e a sedosa penugem que as cobrem. À céu aberto para apreciação de todos. Carioca já nasce com a bunda dura.
Mulher carioca é inspiração para o poeta, não só pelos corpos maravilhosos e criadores dos maiores pecados, muitas vezes, somente imaginários e resolvidos solitariamente, mas também pela incrível simpatia e divertimento. Um copo de chopp ou uma água de coco à beira mar, é o suficiente para um excelente começo.
Mulheres de corpos esculturais dourados do sol, praia, mar, paisagem do entardecer... Todos os ingredientes para aguçar a imaginação. Mas...
Mas e as paulistas?
As paulistas têm outro charme. Acordam e vão trabalhar. Vestem seus taiers ou suas saias. Cabelos sedosos. Perfumes. Óculos como acessório. Mulheres paulistas são mais noturnas. Escondem os segredos do corpo. Não tem o corpo dourado de sol, usam fator 50 fps no mínimo, para não estragar a pele.
Usam suas roupas sensuais que cobrem tudo, escondem tudo, mostram quase nada, mas já é o suficiente. Despertam a imaginação através da camisa de cetim branca, com os três primeiros botões desabotoados e sutien meia taça, insinuando o seio. De salto alto, ressaltam as panturrilhas e enaltecem as curvas glúteas. Isso, só de dia. Já a noite...
A noite se transformam em semi-deusas. Lindas, bem vestidas e perfumadas, desfilam como éguas de raça puro sangue. Cabelo sedoso é a verdadeira crina. Suas roupas fazem com que dispamo-las com os olhos, imaginando o que não é mais novidade. Causam congestionamentos quilométricos, todos querem ao menos, ver.
E isso tudo comprava que nos homens vivemos sempre olhando para as mulheres e que viemos ao mundo como meros servidores.
Se me perguntarem qual é que eu prefiro, terei que responder que prefiro as mulheres de Florianópolis, porque no verão são cariocas e no inverno são paulistas.

[música do texto: Ela é Carioca – Quarteto Jobim-Morelenbaum - 2000]
Por Fernando Katayama New York, NY, 03 Dec 06

Friday, December 01, 2006

Um Mais Um Igual a Dois?

Estava assistindo uma discussão em um grupo da internet. Motivados por um objetivo comum, debatiam quanto tempo era necessário para se aprender um novo idioma. Uns diziam: “curso intensivo, de 300 horas é suficiente”, outro, “um ano e meio, com muita dedicação”, um outro, “será que 100 aulas particulares de uma hora e meia são suficientes?” e mais um, “eu fiz 250 horas, é falo fluentemente”.
Fiquei pensando então, sobre a inteligência das pessoas. Serão uns mais inteligentes que outros ou será que tem uns que são mais burros que outros? Quem será que é mais inteligente?
Ninguém. Todos somos inteligentes.
Como disse um psicólogo americano, Howard Gardner, temos são múltiplas inteligências. Sim, múltiplas. Não uma, mas diversas.
Uns tem facilidade em aprender idiomas, assim como eu, que falo alguns. Hoje mesmo, um amigo mexicano me perguntou se eu havia ido a escola aprender espanhol. Disse que não. E não fui mesmo. Sou um tipo, como aqueles macacos que sorriem quando alguém sorri para ele. Aprendi espanhol assim, imitando. Outros têm dificuldade. Tenho um amigo japonês, japonês mesmo, made in Japan, que não fala plá, plé, plí, plo e plu de jeito nenhum. Ele é burro? Nem de longe.
Tenho outro amigo, que pelos padrões normais de que a sociedade moderna considera inteligência, é uma besta. Não sabe escrever direito, não sabe fazer conta direito, mas é penta-campeão mundial. Tem extrema facilidade em aprender todo que envolve o movimento do corpo, faz coisas que você até duvida, mas ele faz. Tem inteligência muscular.
Quer mais a inteligência diabólica de Osama. Osama é um gênio! Um fora de série. Elaborou um plano dos mais mirabolantes, e mudou o mundo. Já o burro do Bush, acreditou na pegadinha do Osama, e fudeu com o mundo. Um tem a inteligência diabólica e o outro... Será que tem inteligência?
Temos também a inteligência do carisma. Veja o Lula, já que estamos falando de presidentes burros. E o Zé Dirceu, com aquela inteligência de surrupiar, manipular, enganar... E o Bob Jeff, com sua inteligência de argumentação, deu show na CPI.
Mas deixa essas inteligências burras pra lá.
Sei que todos nós temos algum tipo de inteligência. Não aquela dos padrões que a sociedade nos faz pensar que é inteligência.
Lembro-me quando prestei vestibular. Tentei engenharia mecânica na Unicamp. Acho que tinha tomado alguma coisa que me fez viajar, mas enfim, fui lá fazer a prova. O ser que vos escreve, era o único aluno colégio que iria, naquele ano, prestar o vestibular da Unicamp, mesmo ainda estando de recuperação de matemática. Aliás, recuperação sempre foi uma constante na minha vida. Nunca estive muito ai com as tais notinhas no canto direito da prova. Mamãe que o diga! Como não era o “gênio” da turma, fiquei surpreso que só eu, tinha passado para a segunda fase, e os outros, que eram os gênios da turma, não. Talvez, minha redação tenha me salvado. Não passei da segunda fase. Fiquei tonto com a prova de matemática. Felizmente, fui fazer arquitetura.
E vendo aquele caboclo, de chapéu de palha, queimado de sol, com poucos dentes na boca, olha para o céu e diz: “ói, vai chover”. E em meia hora cai o mundo. Inteligência intuitiva?
E o virtuoso da música? Será que seus ouvidos escutam mais que os nossos?
Tem os que pintam e desenham. Tem os que têm inteligência de líder, de comunicar, envolver e convencer.
Certamente, todos temos algum tipo de inteligência, por mais burros que parecemos ser. Temos inteligências que somamos até umas nas outras, potencializando-nos. Talvez por isso, não adianta tentar criar o padrão para saber quanto tempo levamos para aprender tal coisa. Ou fazer o teste de QI, para descobrir se somos extraordinários, medíocres ou se nos falta inteligência.
E eu sou o melhor exemplo disso porque, para mim, muitas vezes, um mais um não são dois, é sessenta e nove.

[música do texto: Intuition – Jewel]

Por Fernando Katayama New York, NY 1 dec 06

Thursday, November 23, 2006

Ditadura da Democracia

Estava pensando cá com meus botões sobre a democracia. Descobri que sou um idiota sonhador. Um “utopista”, se é que essa palavra existe, ou acabei de inventá-la. Descobri que Democracia é um sonho abstrato. Nada mais que pura filosofia de final de noite, bêbado em botequim, sendo varrido com as cadeiras já para cima. Nada nos fóruns gregos. Democracia é um pensamento abstrato, uma filosofia de livro velho e amarelado e como disse, uma utopia.
A realidade dura e crua é que vivemos mesmo sobre o guarda-chuva das ditaduras, impostas as duras penas à nós.
E tudo começou com um sujeito que repartiu a Terra em 24 pedaços. Todos de 15 graus. Inventou o relógio, não o tempo. Vivemos a servidão ao Tic e a escravidão do Tac. Depois que inventaram os ponteiros e depois os digitais, estamos sempre amarrados nas horas. Hora para isso, para aquilo, para tudo. Comemos, dormimos, acordamos em função desse tal relógio.
Estamos também sob a Ditadura do PC. Não o Paulo César, conhecido por nós, como o cabeça do Collor que morreu pelado no motel, mas o Personal Computer. Tudo é o computador. Máquinas que fazem computadores são controladas por computadores. Nós, vivemos com os nossos PC’s, e eu mesmo, me sinto pelado sem o meu. Dependemos dessas malditas maquininhas. Para trabalhar, para divertir, para comunicar e até para escrever esse texto.
Tem uma pior. O celular.
Maldito o cara que inventou esse troço. Agora, quando alguém te liga, você é obrigado a atender a porra do telefone, se não o cara, acha mil coisas, menos que você não quer falar com ele, que você ta no banheiro, ou que ta dando uma bela de uma trepada e ele esta sendo o maior empata foda! Não... Você pára tudo, porque o celular tocou, e olha desesperado para ver quem é que esta chamando.
Mas não só isso. No mundo ocidental contemporâneo, temos ainda a ditadura da felicidade. É... Para ser feliz é preciso ter: um emprego, de preferência, não num trabalho que goste, mas um de status social com valor agregado; um carro na garagem, se for rico, um carrão, se for podre, pode ser um carrão velho. Uma casa. Uma mulher em casa, e outra fora. Filhos. E um cachorro ou um gato. Pronto, assim você é feliz. Simples assim. E nem falei do medonho “american way of life”, que é horrível!
Para nós homens contemporâneos, é pior ainda. Temos que ser amáveis e amantes. Ótimos nos dois casos. Amáveis com nossas amantes, compreensivos e sensíveis. E ainda temos que ser os melhores amantes! E para os machões latinos, têm que ter duas amantes, comer todas e ainda dar três sem tirar. É a ditadura do sexo.
E as mulheres então, estão presas sob os padrões de beleza estabelecidos por um gay, que não gosta de mulher. Acha que mulher tem que ser um fio, magrela. Sem ter carne para darmos “a pegada”. Tem que não ter nada. Mas ai, um outro que diz: tem que ter peito de tal tamanho, quadril com tantos centímetros, bunda assim, bunda assada. E as mulheres correm atrás, se não serão as feias para sempre.
Não importa como façam. Plásticas, lipos, silicones e nem que morram bulêmicas e anorexias. Tudo para agradar um bofe-gay. Porque homem mesmo, não ta nem aí para a celulite.
Fiz um review em minha coleção, já amarelada, de revistas de mulher pelada. Algumas com páginas coladas, vi uma a uma, e reparei na mudança. Naquela época, acho que era mais natural. Cada mulher tinha seu próprio peito, mesmo que esse fosse meio muxibinha, ou a bunda meio grande. Pareciam ser mais gordinhas, por mais magrinhas que fossem. Todas peladinhas, mas com suas individualidades intactas. E o computador não arrumava tudo, para nos matar de tesão ao abrir a revista. Já morríamos antes. E era o padrão da época e fora diferente em outros tempos. Hoje parecem que comparam os peitos na liquidação. Ditadura da beleza.
E eu insisto em falar em democracia.

[música do texto: Você é Linda – Caetano Veloso]

Por Fernando Katayama New York, NY, 23 nov. 06

Tuesday, November 14, 2006

Houston, We Have a Problem

Esta a maior zona. Não tem cadeira, não tem espaço. O saguão esta lotado. Tem gente ocupando três cadeiras, fazendo uma cama improvisada. A fila é enorme e não faltam os estressados, apressados e desesperados. Tem neném que chora alto e acorda o outro neném que estava dormindo. Agora são dois. Outros dois moleques não ligam para nada e apostam corrida nos carrinhos de mala. E tem mala para todo lado. Tem um louco batucando sozinho com o foninho na orelha. Todo mundo impaciente.
O alto falante anuncia o vôo das oito da manhã. É meio-dia e todo mundo já tá com fome. No balcão, não agüentam mais dar explicações vãs. Faltam justificativas.
Dizem que é tudo coisa dos controladores de vôo. Estão fazendo a operação padrão e atrasam tudo. O ministro diz que não é. Mas no chão do aeroporto, dizem que é. Eles estão fazendo isso para chamar a atenção. E certo estão. O alerta é vermelho.
Quando o Gol caiu, levantou um problema que assola o país: a falta de preparo. Chamou a atenção aos controladores de vôo tanto militares como os civis. Esses caras têm a profissão mais estressante do mundo, e sabem com o que estão lidando com muitas vidas. Podre deles, agora serão meus bodes expiatórios.
Em uma pesquisa feita outro dia, por um jornal de bastante credibilidade, apurou que somente 3% desses sujeitos falam inglês.
É de dar medo. Memorizam algumas frases prontas, e pronto! Se mudar o script, fudeu!
Na cabine, o piloto grita “mayday”, o controlador brasileiro endente “peidei”. Da risada e mais uma cagada aérea é eminente.
Porque que será?
Acontece que o Brasil é analfabeto de português, imagine em inglês. Celso Amorim, um tempo atrás, buscou a solução mais fácil para o problema que atingia a embaixada brasileira e o ministério das relações exteriores, e propôs o fim do inglês obrigatório.
No vestibular inglês é eliminatório, mas se formos às universidades, notaremos que poucos são os que sabem.
A crise dos controladores de vôo só exemplifica o desesperado, grau de ignorância que vive o Brasil. Lula orgulha-se de ser “analfabeto” (esqueceu que teve mais de trinta anos para se educar e aprender a falar, pelo menos. Eu em metade do tempo, aprendi 5 idiomas, e conto o português, já que ele não conta), de não falar o português como se deve, e deixa a nação com esse exemplo tosco, de que não é preciso educação.
Deixa evidente o colapso educacional que o país vive. Muitos me criticam porque ataco severamente os “programas sociais” do governo Lula, dizem que não ligo para os pobres, e que a pouca ajuda, dos poucos reais que as bolsas dão, ajudam os miseráveis a não morrem de fome.
Critico e continuarei criticando. Não concordo em gastar milhões de reais em ações beneficiárias-eleitoreias, ao invés de gastar em educação, na infra-estrutura humana.
Os milhões de miseráveis que existem têm que ser somados as perdas. Não há mais nada o que fazer por eles. Temos que pensar nos que estão por vir. É uma pena constatar isso, mas temos mais de uma geração morta, que sobrevive da forma que dá, zumbis-acéfalos.
Se o Governo ficar nessa de bolsa-disso, bolsa-daquilo, Fome Zero, e os investimentos continuarem indo pelos ares, o Brasil continuará na lama que esta. Crie o Fome-De-Letras, e ensine esse povo a ler, escrever e falar. Preferencialmente mais de um idioma.
Mas enquanto o presidente achar bonito não usar o plural e se orgulhar de não ter estudo e de ser filho de “mãe nascida analfabeta”, muitos outros aviões vão cair.
Definitivamente: “Houston, we have a problem”.


[música do texto: Assaltaram a Gramática II – Gabriel o Pensador]
[Houston, we have a problem – é a famosa frase de desespero do astronauta da Apolo 11, quando notou que estava fudido de vez!]
Por Fernando Katayama New York, NY, 14 nov. 06

Wednesday, November 08, 2006

Telefonema Celestial

Vou contar para vocês uma história um tanto estranha, aconteceu comigo à pouco.
Meu telefone celular tocou. O reconhecedor de chamada não reconheceu o número e o tom da música mudou, essas maravilhas tecnológicas de hoje nos dispões milhões de variedades de músicas para o chamado telefônico e ainda nos mostram quem é que esta nos chamando, dando-nos a opção de não atender, com plena consciência e convicção do ato [existe a tirania do celular, mas conto em outra hora]. Mas meu telefone tem o toque característico dos telefones antigos, o famoso trim-trim. Eu sou do tempo em que telefone era só o de casa ou do serviço. Televisão já era a cores, mas o controle remoto era o irmão mais novo ou quem estivesse passando por perto do botão da tevê. Os canais eram UHF ou direto, de cabo, só o fio da antena. Telejogo era o fenômeno com os dois pauzinhos na tela, quem tinha “Atari” era prafrentex!
Mas enfim, meu telefone tocou interrompendo meu café. A música era tipo harpa celestial, com ar angélico. Coisa estranha, pois meu toque como disse é trim-trim. Atendi.
- Alô!
Fui interrompido bruscamente.
- Escuta aqui o rapaz, você precisa ver o que você anda escrevendo! Você só fica metendo a boca no Presidente.
- É... Verdade. Eu...
- Pois então, você tem que ver o outro lado da coisa! Você está muito restrito a um só ponto de vista!!! Amplia rapaz!
- Como assim?! Porque eu não concordo com os posicionamentos do governo, com as milhões de bolsas-misérias, com a falta de investimento em educação, com o destrato à infra-estrutura, sem uma política de inventivo a indústria e aos setores produtivos ou nos serviços. Porque acho o cumulo pagar o que pagamos de impostos, e ainda ter que pagar tudo de novo, como educação, saúde e segurança? Porque o governo é totalmente corrompido e assaltou o país? Porque o Lula como primeiro homem do país não sabe de nada? E a primeira-dama é papagaio de pirata e não faz nada, e nem abre a boca? Não entendo você!
- Viu só! Tá preso! A-M-P-L-I-A!
- Como?
- Bem, vou te dizer então!
- Legal! Mas antes disso, quem é você!?
- Ahhh sim! Não me apresentei! Desculpe, fui consumido pela ansiedade e me esqueci desse detalhe. Chamo-me Gabriel, represento uma classe trabalhadora...
[interrompo o cara]
- Não vai me dizer que você é da CUT, do MST, do Sindicato, primo do Vicentinho...?
- Não... Não...
- Então... Vai ou não me dizer como ampliar meu ponto de vista!?
-Ah! Sim! Simples. Como ia te dizendo, me chamo Gabriel, o anjo. Represento a classe dos trabalhadores celestes, como anjos, arcanjos, santos, orixás, duses, baguás e seres místicos. Nós estamos muitos felizes com a reeleição do Lula. Teremos muito trabalho pela frente, aliás, já estamos fazendo horas extras já há algum tempo. E talvez precisemos ampliar o nosso quadro, especialmente no Brasil. Veja você, que com a reeleição, haverá o aumento das vendas de velas, de todos os tipos. Haverá também o aumento das vendas de farinha de trigo, farinha de mandioca, farinha de milho, milho, fubá e galinha, das pretas e brancas. Até alguns enlatados com milho, ervilha e feijão sofrerão aumentos na produção, já que em alguns lugares remotos do país, só enlatados chegam. Aumentará a produção de pinga e charuto. Venda de flores. E com isso, toda a cadeia produtiva também crescerá. Haverá o incremento nos setores de embalagens e transporte. Sem contar com o crescimento surpreendente nos setores de ceras para velas e em granjas. Os 5% de crescimento proposto por Lula será batido no primeiro semestre.
- Nossa, seo Gabriel, não entendi!
- Ai meu filho... Te explico! Não importa mais qual é a sua religião ou fé. Para você especialmente, nem se é ateu. Tanto faz se é católico-romano, xintoísta, espírita, candomblé (branco ou preto), vodu haitiano... Tanto faz, fazemos parte do mesmo sindicato. É que com a reeleição do Lula, só resta agora, rezar. E muito!
E cai o sinal do telefone!

[música do texto: How to save a life – The Fray -2005 ]
[vídeo: trailer: filme: Bellini e o Demônio, um filme de Marcelo Galvão]

Por Fernando Katayama New York, NY, 8 nov. 06

Friday, November 03, 2006

Deixa o Homem Trabalhar

Não adianta mais. Nem choro, nem vela. Acabou!
Lula levou com uma marca considerável. 58 milhões. Não é pouco não! Bateu o Alckmin. Foi goleada histórica, mas sem gol de placa. Já dizem por ai, que Lula não é reeleito, é repetente. Não atingiu a média no último mandato e vai ter que fazer de novo... Já entrou querendo descansar: “deixa o homem descansar”, disse na sua primeira fala. Talvez, cansado de nada fazer.
Para mim foi uma boa. O governo Lula foi uma ótima fonte de inspiração para meus textos, se Lula perdesse, correria o risco de perdê-la também. Agora estou tranqüilo, tenho mais 4 anos.
Essa eleição mostrou que o povo brasileiro não liga muito para corrupção. Deve ser porque esta atolado até o pescoço, que não nota a diferença, não vê ou simplesmente, aceita. Indecorosamente, 60% dos eleitores não ligam para isso. Escândalos e mais escândalos, mas tudo bem, isso não é problema.
Desde que o PT assumiu, em 2003, começaram as ações determinadas pela estratégia petista, que foram determinantes para a eleição deste ano. O apelo Fome Zero, que não foi nem citado nessa campanha, era o início das ações. Fico com uma dúvida: o Brasil não passa mais fome? O Fome Zero acabou com essa cólera ou o Brasil nunca teve tanta fome assim?
De qualquer modo, o Fome Zero marcaria o assistencialismo. A melhor estratégia para arrebanhar votantes. Bolsas e mais bolsas, bolsas-miséria. Desta maneira, ao longo do tempo, o PT na figura do Lula, iria dominar as classes baixas, numerosos e miseráveis. Como em todo o governo, corrompendo.
A estratégia funcionou mesmo sofrendo perdas terríveis como Dirceu.
Agora Lula disse que vai trabalhar para os pobres. Isso é lógico: deixa o pobre, pobre, para vencer em 2010 de novo! Usaria a mesma estratégia, mas com diferentes ações.
Esta com o discurso dúbio, porque sabe que se o país não crescer de forma acentuada nos próximos dois anos, vão pedir a cabeça dele. Alguns já pedem. Disse que vai fazer um crescimento de 5%, espero que consiga, mas é quase um sonho, uma vez que é o dobro da média que vem crescendo. Em business, isso é muito.
A dualidade é que só se pode crescer se “a elite” tiver como investir, se não, não há como. Podre não tem nada, não tem como investir. Não tem como investir, não tem como crescer.
Lula surrou a tal “elite” e enalteceu os “pobres”. Velho discurso da pobreza, como se pobreza fosse bom. Agora, tem que manter também o discurso desenvolvimentista para sustentar os 5%. Vai dar curto-circuito.
É preciso fazer o país crescer. Aumentar os investimentos nas indústrias, nas pesquisas, na educação. Reduzir as taxas de juros. Botar o dinheiro na rua. Limpar o terreno. Adotar um norte, focar e seguir. Exatamente como fizeram para essa eleição. Mostraram que sabem fazer, quando querem. Basta querer. E isso não é novidade alguma.
Lula tem que parar com esse discurso contra a “elite”, não vai à lugar algum. O Brasil não tem uma guerra ainda, entre pobres e ricos. Poderá ter, mas não tem ainda. Tem que tomar políticas de desenvolvimento, e rápido. Se o rico ficar mais rico, mas o pobre menos pobre, tudo bem. O que acontece é que do jeito que esta o rico fica mais rico e o pobre mais pobre. E o discurso ainti-riqueza é um erro. Todo mundo quer trabalhar, quer melhorar de vida. Para isso é preciso trabalho, que é material em falta no Brasil.
Já que não há o que fazer, espero que Lula tome medidas decentes, assim o povo para de gritar: “deixa o homem trabalhar!”. Porque no Brasil somos obrigados a não trabalhar, mesmo querendo e muito.

[música do texto: Construção – Chico Buarque]
[deixa o homem descansar e deixa o homem trabalhar – foram as frases de Lula logo que venceu a eleição]
Por Fernando Katayama New York, NY 3 nov. 06

Sunday, October 29, 2006

O Papa é Pop

Enquanto escrevo aqui, o segundo turno das eleições para presidente no Brasil começou. Lula x Alckmin. Lula quer se reeleger para continuar fazer o que vem fazendo: merda. Alckmin quer a cadeira no Planalto, para provar que político é como bandeirinha de jogo de futebol, pode até acertar, mas sempre será o filho da puta responsável pela desgraça de um dos times. Portanto, independentemente de quem ganhe, vai ter sempre um xingando a mãe. Parece que o Lula vai levar... Alckmin não perde a esperança. Eleição, como já disse, é uma caixinha de surpresa, fica então o povo decidir, e a “voz do povo é a voz de Deus”, plagiando o Pelé.
Então, só Deus sabe o que preparou para o final do dia!
E falando em Deus...
A Igreja Católica finalmente cedeu ao capitalismo de uma forma explícita. Explícita porque ficou na cara, não que a Igreja já não fosse capitalista, é, e faz tempo.
Sempre com a hipocrisia da mendicância, de que a riqueza é um pecado, que bom mesmo é ser pobre. Com suas posições retrógradas, como quanto ao uso da camisinha, as pesquisas da células-tronco, e até com a Madonna, por exemplo. Sem contar com os anos de atraso da humanidade, na Idade média, onde só os clérigos tinham acesso a livros e mandavam queimar quem era contra suas posições tanto sagradas como políticos-econômicas. Guerras santas.
É a Igreja Católica, sempre foi capitalista, antes mesmo de Marx e o Capital. Terras, expansões, colônias, coroas, ouro e poder. Tudo que a Igreja quer e tem. Mas sempre pregando a pobreza e o pecado.
Começou a perder terreno para os 100% Jesus, xintoístas, muçulmanos e evangélicos principalmente. Criticaram pesadamente e insistentemente quando, Edir Macedo fez os Evangélicos serem a maldita praga. Edir Macedo mostrou ao Brasil que a religião e a fé são produtos e serviços de alto retorno e lucratividade. Produtos como pedacinhos do céu e o serviço de transporte até o céu. Hoje, a Igreja de Edir é a maior multinacional brasileira. Edir e sua legião de pastores expuseram a sociedade, o que era óbvio ululante, mas é mais fácil colocar embaixo do tapete.
Não faltaram críticas porque existe a indução ao dízimo. A doação de qualquer quantia, nem que for o seu salário todo. Mas ele não inventou isso não, só usou um apelo diferente. Os católicos fazem também a indução, só que dão outro enfoque. Não vendem o pedacinho do céu, mas pedem para o teto da igreja ou outra coisa qualquer. Lógico, sempre para tirar a culpa da sociedade sobre a miséria instaurada e a dor do pecado. Simples assim: ajudo, contribuindo com o teto da capela, garanto com uma boa ação, meu pedacinho do céu. Edir Macedo enxugou a cadeia e tirou o intermediário. Capitalismo puro.
Mas agora parece que mudou.
Surgiu o padre Marcelo, que é um misto de Edir Macedo com João Paulo II. Fabricado pela tv, Padre Marcelo mostrou que a Igreja tem fins lucrativos. Fez CD, inventou o Bate-coxa-santo, fala manso com cara de mortão e sempre com o sorriso bobo na cara. Saiu até em Caras fazendo casamento de celebridades. A MontBlanc, também faz anúncio em Caras, e tem retorno alto com isso. Padre Marcelo também.
Tanto que para a missa de finados, será cobrado só R$ 2.00, e você recebe ainda, melhor estilo 1406, alguns shows de música, além da benção divina, tudo para o povão. Disseram que era para controlar o número de pessoas, mas se fosse isso mesmo, distribuiriam nas paróquias uma quantidade limitada de ingressos logicamente de graça. Então porque cobrar dois contos por isso?
Porque gerará uma receita de 800 mil reais ou mais, porque se espera que nessa celebração, irão 400 mil pessoas.
Dá para arrumar muito teto de capela. Tudo beneficente.
O Papa anunciou que irá ao Brasil em 2007. Quanto custará para vê-lo, se para ver o padreco custa dois? Para ver “O Papa” deverá ser mais caro, pensando hierarquicamente.
É, o Papa é pop e o pop não poupa ninguém.

[música do texto: O Papa é pop – Engenheiros do Hawaii – O Papa é pop - 1990]

Por Fernando Katayama New York, NY, 29 oct. 2006

Tuesday, October 24, 2006

Zero Igual a Zero

Lembrei outro dia de um carinha lá dos tempos de colégio. O Sérgio. Sujeito esquisito, mas muito mais esquisito ainda quando se esta no colégio e todos são moleques descobrindo o mundo. Sérgio era um sujeito desengonçado, do tipo “nerd” abobalhado. Daqueles que ficava por último para ser escolhido para jogar bola e quando jogava, a bola sempre batia na cara e quebrava os óculos. Tinha um andar estranho. Enquanto os garotos já faziam a barba, ele mantinha o bigodinho virgem. Estranho, era do tipo que queria ser intelectual ou gênio, não sei. Talvez nenhum dos dois, e precisava mesmo era sobressair de alguma forma, afinal, as garotinhas de peitinhos e bundinhas precisam olhar para alguma coisa. Não estava todo errado em procurar o diferencial, mas para mim, naquela época, parecia exagerado.
Sérgio era assim. Certo dia resolveu fazer uma equação matemática gigantesca que provava que zero era igual a zero, uma tolice.
Domingo, o país terá mais uma eleição para marcar a nova república. Essa eleição marcará o Brasil não pela disputa dos candidatos, não pelos debates fervorosos, pela disputa saudável ou muito menos pela democracia. Esta marcada pela ignorância, pela imbecilidade, pelo apelo ao menos, pelo governo psicopata do Lula, pela roubalheira, pela sem-vergonhice lubrificada nas entranhas do Palácio do Planalto.
Lula com todo o seu populismo barato de porta de igreja, distribuindo migalhas aos pobres esta muito próximo ao seu segundo mandato. Para ele, será uma vitória sem precedentes, para nós, a assinatura da ignorância coletiva. Mas será pior que isso.
E não importa aqui quem seja o adversário. Pode ser Alckmin, pode ser eu, pode ser você. Não importa.
O que é importante nessa eleição é o recado que a sociedade passa, e pelas pesquisas, se confirmará no Domingo.
Se a vitória do Lula for confirmada, o Brasil assinará como réu confesso, que ser bandido é uma boa.
Mas para piorar mesmo, é a chancela da sociedade ao discurso hipócrita do Lula.
Lula vencerá com o discurso apelativo “aos pobres”, “aos sem educação” [“minha mãe nasceu analfabeta” – e ele burro!], aos bolsas-misérias e toda essa ladainha. A sociedade estará credibilizando o continuísmo da miséria, da pobreza, do analfabetismo.
Se os “pobres e analfabetos” colocaram e vão colocar mais uma vez Lula no Planalto, porque fazer o esforço para mudar o estado desses se é mais fácil e mais popular aumentá-los? Afinal pobreza é fonte de renda e de votos e um excelente apelo.
Lula levou vinte anos para fazer a equação gigantesca e quatro para provar que zero é igual a zero, e nada mudará.

[música do texto: Roda Viva – remix, Fernanda Porto e Chico Buarque]
Por Fernando Katayama New York, NY, oct 24 06

Tuesday, October 17, 2006

1992 – O Ano Ainda não Acabou

Tivemos uma festa para comemorar os dez anos de formados da turma RA 92. Foi em setembro e eu não pude ir. Recebi as fotos, reconheci rostos e outros nem idéia de quem são os donos. Notei a diferença entra as festas daquele tempo e a de hoje. Tinha muito mais latinhas de Guaraná que de cerveja.
Bateu o saudosismo. Comecei a lembrar daquele tempo. Bom tempo de faculdade. Tempo de festas loucas, churrascos de meio de tarde e encontros em botecos. Tempo também da ingenuidade, dos sonhos, da vontade de revolucionar o mundo.
Era 92 e era tudo novo naqueles prédios velhos da Escola. Para nós, “bixos” muita ansiedade e expectativas, daquilo deveria ser a realização do sonho do vestibular. Tínhamos estudado muito para passar na maldita prova seletiva. Além disso, a entrada na faculdade marcaria para sempre a mudança entre os meninos do Colégio e os homens da Faculdade. A fina linha entre uma coisa e outra.
Em 92, não tínhamos mais um inimigo em comum como nas histórias que ouvíamos de 60 e 70. Não tínhamos mais que lutar contra o regime. Qual era a divisão entre o bem e o mal, então?
Nós ainda sentíamos os resquícios da Ditadura que tomara o país por longos 20 e tantos anos, sentíamos também o pesado período da hiperinflação. Mas mesmo assim não tínhamos nada para ir contra, com a bandeira em punho, marchar para à luta.
Nada disso. Nós estudantes da Puccamp, classe média, para não dizer, alta, havíamos estudado a vida toda em escolas particulares e feito cursinho para a faculdade. Tínhamos uma vida relativamente tranqüila.
Era um tempo sem grandes ídolos. Sem grandes referências. E havia uma mescla total não só de estereótipos, mas de sonhos e convicções. Alguns ainda viviam no passado e eu os apelidei de neohipies, porque ainda pensavam estar no clipe de Woodstock. Outros eram totalmente alienados com o mundo ao redor. Alguns outros, simplesmente eram conformados. Mas não a turma de ’92, essa queria mudança.
Como não tínhamos mais um inimigo clássico, lutávamos para que nosso mundo fosse melhor. Queríamos que as aulas começassem no horário e acabassem na hora prevista. Queríamos melhores mesas para estudar. E acreditem, queríamos computadores!
Nossas idéias de vanguarda eram sempre arrebatadas por discursos desanimadores dos nossos veteranos. Não importava, continuamos a buscar o que queríamos.
O Centro Acadêmico em 92 estava fechado. Ninguém queria o queria mais. Em 93, quando um grupo resolveu tomá-lo e reabri-lo, fumavam “o fininho” e falavam de festas. Ou então, atacavam o reitor, contra o único inimigo que existia, a mensalidade da faculdade. Com o discurso retrógrado, pregando o comunismo marxista que anos antes acabara de cair com a Perestroika.
Eu era contra isso e achava a maior babaquice. Sempre fui careta e nunca fumei, nem do fraco nem do forte, e o meu posicionamento político-econômico já estava mais para liberal que comunista. Lembro de um dia que fomos tirados da aula, para discutirmos em assembléia, a mensalidade, o grande vilão. O Centro Acadêmico estava cheio, quando o presidente começou o discurso. “A mensalidade já é cara, e o aumento este mês foi abusivo, vamos fazer uma greve”, e acabou! Não durou cinco minutos. Pensei: “ótimo vamos voltar pra aula!”. E o presidente: “agora vamos falar de coisa legal, vamos falar de festa!”. Fiquei puto e gritei: “porra, você me tira da aula que custa uma fortuna, para falar de festa? Faz isso no intervalo!” – a partir desse dia, fui odiado! Passei a ser o cara que não era a favor da Causa, da universidade para todos e de graça, o babaca que vai contra a massa, contra a manipulação.
Teve a fez que resolveram fechar a rodovia próxima a faculdade... Eu já odiado pensei: “que merda! O que é que o cara lá na rodovia tem com os nossos problemas”, já era odiado suficientemente, resolvi ir embora e não abrir a boca. Era a ditadura estudantil, querendo se impor pela força e pelo não discurso, e pensavam estar fazendo “tudo para todos”, com uma superdemocracia, e hoje criticam Bush. Como disse no início, era tempo de muita ingenuidade.
Mas nós, a turma de 92, melhoramos o nosso mundo. Hoje, as aulas têm hora para começar e acabar. E acreditem, eles têm computadores.
Hoje tudo mudou. Não temos mais a ingenuidade, envelhecemos. Lutamos cada um por si, em busca da própria felicidade. Cada um cuida do próprio rabo, e de vez em quando, nos reunimos para contar e relembrar os casos do passado.
E talvez essa seja a melhor maneira de contribuir com o Mundo todo, fazendo o nosso mundo, melhor. Assim como fazíamos em 92.


[música do texto: Beatriz – Ana Carolina e Seo Jorge, para relembrar os dias de barzinhos e MPB]
[RA 92, é o número inicial de nossas matrículas, essa turma formou-se em 96, e alguns em 97, 98, 99...]
Por Fernando Katayama New York, NY, 17 out. 06

Sunday, October 01, 2006

Salagada Sacanagem

Madrugada. Chove. Esta frio, muito frio, perto dos 9 graus centígrados. Escrevo do Canadá. Montreal. Estou sozinho, em uma máquina velha no albergue que estou hospedado.
No Brasil é dia de eleição. Lula tem vantagem considerável sobre o segundo candidato, Alckmin. Mas eleição é como futebol, “caixinha de surpresas”. Estou farto de falar de política. Escrevo, escrevo e não varia o tom. Mas mudou a música.
“Dia de sol, festa de luz e um barquinho a deslizar no macio azul do mar…” – João Gilberto, o pai da bossa-nova. Na intimidade do seu apartamento, em encotros noturnos, João e seu violão, inventaram a bossa-nova. Ingenuidade da juventude não muito transviada dos anos 50. Quando é que, João, em seu apê, Rio zona sul, iria imaginar que o “barquinho” deslizando no mar, pudesse ter uma conotação fálica?
Nunca! Ele jamais imaginou isso. É mas passaram-se quase 50 anos e o mundo mudou.
Não poderia eu, deixar de escrever sobre o fenônemo da internet e o poderoso YouTube. Essas duas armas, mais perigosas que bomba atômica, aniquiladoras como vírus mutante do HIV que prolifera-se e multiplica-se com velocidade espantosa. Esse fenómeno aniquilou por completo a gostosa da Daniela Cicarelli. Até agora, pelas fofocas no ar, ela já perdeu dois contratos publicitários. Grandes marcas não querem associar-se à ela.
Todos vocês já sabem do que é que eu estou falando: do filme que um certo bisbilhoteiro fez dela, transando na praia com o atual. Para piorar a situação, ela vai à festa promovida pelo canal de tv à cabo, vestida de “pata” [a fêmea do pato]. Clara alusão a “galinha”.
Talvez agora vocês vejam “O barquinho”, entrando e saindo e deslizando, no macio azul do mar. Esse fenômeno, fez com que a mídia, explorasse a situação chamando psicanalistas e “Freuds” de plantão para analisar o comportamento do casal em uma sacanagezinha à beira mar. Pataquada. O ocorrido é que ela “esqueceu” por algum tempo que tem uma personalidade pública e uma pulbica. Só isso. Se fosse ela, uma qualquer, teria dado uma bem gostosa na praia e ninguém iria ficar sabendo.
Sem essas diversas análises do comportamento humano-animal, que gira gira e não sai do lugar.
Quem nunca fez uma sacanagenzinha em algum lugar inusitado? Quem não fez, perdeu!
Quem não tem uma fantasia por fazer? As minhas não restam muitas. E tenho algumas histórias hilárias para contar...
Deixo claro aqui, que não estou defendendo a Daniela e o Casanova. Não vou muito com a cara dela, apesar de ser uma puta mulher gostosa. Tudo em cima. Bundinha, peitinho, e é tão gostosa que sobra: tem seis dedos no pé. Deu pro Ronaldo, quando ele ainda era Fenomêno. Casou em Chantilly. Festão. Não durou nada o casamento entre Reebok e Nike. Azedou o Chantilly. Ronaldo virou uma bola. E ela saiu como a intresseira. Casamentozinho mais feio. Enfim, ela acabou sendo pega dando uma na praia.
Imagino Ronaldo, agora com um puta ciúme. As cenas do vídeo são ridículas, nada de explícito, parece mais os filminhos eróticos dos anos 70 e a pornochanchada.
Lógico que esse bafafa todo só se deu porque a sociedade é massacrante e hipócrita e porque ela é gostosa.
Os machistas dizem que ela é mesmo uma vagabunda, sem vergonha. Uma puta, no pior sentido da palavra. É a pura inveja do Casanova. No fundo queriam mesmos é estar na pele do sujeito e comer a Daniela Cicarelli em cadeia mundial. Afinal, comer uma gostosa e não contar para os amigos é o mesmo que não comer.
Já as feministas, dizem que é uma falta de respeito com a mulher. Rebaixando-a a um pedaço de carne, salgada no mar. Na verdade, querem dizer: “filha da puta essa ai, gostosa desse jeito, fez isso só para se mostrar! Ah...! Se eu fosse ela teria extrapolado”. Ficam com o recalque.
Todos ficam nessa. Criticam. Não aprovam. Fazem o show.
Mas a verdade é que nós adoramos mesmo, é o gostinho apimentado do Pecado.

[sem música: impossibilitado por motivos técnicos. Mas certamente seria “o barquinho”de João Gilberto]

Por Fernando Katayama, Montreal, Canadá, 1º de Outubro de 2006

Friday, September 22, 2006

Deus, o Diabo e a Besta

Um pensa que é Deus, mas alguns o chamam de Diabo. Outro pensa também que é Deus, e esta fazendo o que o Diabo gosta. E tem um que certamente é uma Besta. No Paraíso, todos ficam ouvindo e vendo o pandemônio que estão fazendo. Cheio de maças e cobras, o Paraíso fica à mercê das vontades estúpidas de alguns poucos.
O presidente democrata-ditador Venezuelano durante uma assembléia da ONU, chamou o presidente americano de Diabo. Diabo é como o mundo radical islâmico da Al-Qaeda e seus seguidores referem-se ao presidente americano. Eu o chamo de Idiota. Evidente que Chavez, não foi ingênuo, foi provocativo. Foi de maneira grotesca, muito corajoso de fazer essa apologia em solo americano. Chavez, provoca os Estados Unidos, sabe que tem petróleo suficiente para negociar. Em seu regime totalitário, disfarçado de democracia esquerdista, Chavez pensa que é Deus, e coloca a América-Latina em um inferno.
Bush, o presidente americano, um idiota que pensa que é Deus. Acha que pode tudo. Adota políticas erradas para resolver problemas políticos, como a invasão do Iraque, justificada pelas “armas de destruição em massa”, comprovado, meses depois, que foi um equívoco gigantesco. Agora, perde a credibilidade mundial, ao acusar o Irã de enriquecimento de urânio para fins bélicos. Pensa que é Deus, age como o Diabo e coloca o mundo no Inferno.
No Brasil, Lula senta a bunda tranquilamente na cadeira do Planalto, seguro que já esta reeleito. Tenta, como todo time favorito, evitar o “favoritismo”. Lula acha que Deus é brasileiro, e que em um momento milagroso, vai vir salvar a Nação da podridão que esta atolada ate o pescoço. É uma Besta. Escândalos e mais escândalos. Corrupção e mais corrupção. Inércia. São as marcas do governo Lulista. O PT dissolveu-se na fossa do Planalto e na incrível habilidade de Lula em desintegrar seus homens fortes, como Zé, Genoino e Palocci. Afirmou há pouco que “põe a mão no fogo por Mercadante”, sobre mais um escândalo de seu governo. Como o Diabo, vai cozinhar é o Mercadante no caldeirão. Se precisar, abaterá. Há alguns dias, disse que “era perigoso lidar com bandidos”, não sei se falava de si, dos seus ou dos outros. Talvez de todos juntos.
[música do texto: sem música]
Por Fernando Katayama, de New York, NY, 22 set. 06

Thursday, September 07, 2006

5 Anos Depois

Há cinco anos as Torres Gêmeas foram atacadas. Todos viram e virão novamente os aviões colidindo contra os dois edifícios. Desabaram. Chocou o mundo e esclareceu a nova geopolítica mundial. Na Era Moderna essa foi a segunda vez que os Estados Unidos foram atacados em seu território, a primeira foi Pearl Harbor, deu no que deu! E mais uma vez provou o tamanho da inteligência maquiavélica humana, apesar de que Maquiavel não tem nada com isso, só criticou a hipocrisia de sua época, e perguntou “se os fins justificam os meios”.
Apesar do tempo passado, o sentimento em Nova York ainda esta entalado. Em recente pesquisa do The New York Times *1, mostrou que 60% dos nova-iorquinos não querem trabalhar em altas torres porque têm medo. Talvez um pouco demais, mas é verdade. Também uma grande parcela acredita que o governo poderia ter feito mais antes dos ataques. O mundo inteiro ainda questiona se o governo sabia ou não. Para nós brasileiro, o governo saber ou não, é uma questão não muito relevante, pelo que mostra as pesquisas eleitorais desse ano, mas isso é outro assunto.
Contudo a paranóia esta estabelecida aqui. Aeroportos, prédios públicos, sem se falar de prédios do governo, todos estão lotados de cães-farejadores, NYDP, NYFD, FBI, DEA, USMC, HLS, CIA ou outra sigla quaisquer, para mostrar segurança ao povo. Acho que vai chegar o dia de termos que viajar de avião pelados ou só de cueca!
Pra mim é claro que isso é fruto da política bi polarizada do pós-guerra. Bush e sua total demência, colhe hoje o que foi plantado no auge da guerra fria. Osama bin Laden, Kadaffi, Aiatolá Khomeine, Hezzbolah, Al-Qeda foram sementinhas plantadas naquele momento. A Rússia, Ex-União Soviética, também tem seu dedinho por ai.
Hoje, saiu mais uma ordem do comando terrorista, dizendo para matar pelo menos um americano nos próximos quinze dias. A imbecilidade mais uma vez toma conta. As mentes doentes dos comandos misturam seus anseios políticos-economicos-religiosos e ameaçam pessoas as quais não tem domínio algum sobre a política tomada pelos seus governantes. Contudo, o povo islâmico seguidor da Al-Qeda ou outro grupo extremista, segue a risca, o comando estúpido. Realmente dá medo. Como saber quem é americano ou não? Só pela cara? Ou antes de matar vão pedir o passaporte?
É a total insanidade em busca do domínio sei lá de que, desperdiçando a maior riqueza, a vida.
Enquanto isso, o débil presidente americano, jura de pé junto que não tira suas tropas do Iraque, enquanto a “democracia” não estiver estabelecida e já prepara para entrar no Irã, justificando o enriquecimento de urânio para fins bélicos. Bush quer impor a democracia americana através do regime militar.
Depois de tudo isso, Maquiavel continua extremamente contemporâneo: Os fins justificam os meios?

[música do texto: Stomach Worm – Stereolab – Peng!]
[*1 – The New York Times, dia 7 set 06]
Por Fernando Katayama New York, NY, 7 set 2006

Thursday, August 17, 2006

Deu no New York Times

Estava aqui no meu computador, lendo artigos de jornais. Li da derrota São-paulina na Libertadores da América. Deu Internacional de Porto Alegre. O colorado do Sul, bateu o São Paulo, com um empate, 2 x 2. Pelo que li, foi um jogão. De futebol ainda, noticia não muito nova, mas li só hoje, pela indicação de um amigo. Saiu no Jornal da Tarde, 14/08, e o Juca Kifouri publicou no Blog dele. Novidade? Nenhuma. Fala sobre o Ronaldo “Bola”, que fumava e tomava litros de refrigerante, comentava das conquistas fora de campo e dos milhões que tem no banco, tudo isso lógico na concentração da Seleção. Li também sobre a política brasileira. Sobre a guerra no Iraque, Israel e Palestinos. Passei pelo PCC e pela Policia Federal. Nada de excepcional ou motivador para um novo artigo político ou que o valha. Já estava indo escrever sobre as agonias adolescentes, como me sugeriu um amigo, lógico, adolescente.
Mas por volta da 1 da manhã, chegou um e-mail para mim. Uma amiga minha, a Sol, estava me enviando um texto que havia recebido.
Logo pelo assunto do e-mail, estranhei. Mas como vinha dela, resolvi checar, já que meu antivírus não deu nenhum sinal de scripts maliciosos.
“Acho que você vai gostar”, escreveu para mim. E seguia o e-mail anterior, que ela havia recebido e o texto anexado:
“Crônica publicada no New York Times em 17/07/2006...
Olha que maravilha...
Como nossa política é vista no exterior...
Obrigado”
E continuava com o nome da pessoa que repassou para o irmão dela, que por fim repassou a ela. Ou foi mais ou menos assim...
Não sei. Mas já deu para pegar a essência da coisa.
Não devemos mesmo acreditar nas coisas da internet.
Imaginem vocês, o título do texto era: “Marcola e Lula no telefone”. Soou-me algo parecido com o que tinha escrito. Ingênuo, pensei: “acho que os pensamentos humanos são comuns, e se repetem por ai”.
Pura ingenuidade.
Comecei a ler... E, porra, o texto é meu. O texto publicado no meu blog, dia 17/7. New York Times my ass!
Arnaldo Jabor já havia escrito sobre textos que não são dele, que são colocados como se fossem. A Internet replica com muita facilidade. Control C, control V.
Fico muito contente que meus artigos, meus textos, minhas idéias estão rodando por ai. Eu já esperava por isso, um dia, receber um texto meu mesmo, com algum comentário, mas nunca imaginei que me colocassem no New York Times.

[música do texto: W/Brasil, Chama o Síndico – Jorge Ben Jor – 1992 ]
[Se for repassar, coloca meu nome nos créditos! AGRADEÇO!]
Por Fernando Katayama, New York, NY, 17 ago. 06

Wednesday, July 26, 2006

Nenhum é Melhor que Um

Lá no Oriente Médio, explodem bombas. Umas perto, outras longe. Faz tempo que estão em guerra. Talvez, desde os primórdios, misturando a cultura expansionista, que vocês se lembram com a história da Invasão Moura, as Cruzadas e o Império Turco Otomano, com política e religião. É um barril de pólvora, com pavio de político-religioso. Impossível separar a política da religião. É uma guerra declarada com motivações obscuras como toda e qualquer guerra. Isso é lá. Talvez, nos afete cá.
Aqui, saiu no New York Times, que o governo americano esta já de olho no governo chavista. O petróleo venezuelano é importante para o mercado americano e Chávez, amigo de Lula, compadre de Morales, já ameaçou cortar o suprimento, caso os EUA, pressionem para sua queda. Já disse aqui que Chavez esta querendo montar o próprio barril de pólvora. Isso é lá. Talvez, nos afete cá.
E no Brasil outra guerra acontece. É o vale tudo das eleições que se aproximam. Li agora mesmo que Lula, esta com chances de vitória no primeiro turno, com 44% das intenções de voto. Seguido por Alcknim, e depois pela Senhora Bombinha do Agreste.
A Senadora do PSOL, Heloisa “Bombinha” Helena, é a égua-alazão, que corre por fora. Mas veio se preparando para isso, desde que foi expulsa do Partido Barbabo. Não é a toa que está em toda CPI, usando as câmeras para promover suas idéias. De fiel amiga, para principal inimigo. Heloisa representa a classe dos esquerdas-descontentes com a esquerda-situação. O Lula e o PT são o “efeito Orloff”*1 da Senadora Bombinha e do PSOL. Lula e o PT foram tudo aquilo que Heloisa e PSOL estão sendo hoje. O apelo moralizador, da honestidade, da luta dos que vieram de baixo, do sertão, da pobreza. Alto vínculo popular. Luta por ideais. Soa-me muito parecido com os tempos de Lula-lá*2.
Alckmin é o opositor mais forte de Lula. Ex-governador de São Paulo. Cara de meio-morto. Careca, médico, culto. Meio sem sal. A onda de ataques terroristas colocou-o em situação delicada. Parece ter perdido o controle do Estado. Esta levando uma surra do Barbudinho.
E o Barbudinho, está levando essa, assim como FHC levou em 98. As proporções eram praticamente as mesmas. Lula esta em posição confortável segundo as pesquisas mais recentes, mas lógico tem que se cuidar.
Mas o que me preocupa mesmo é se ele vencer. Será a assinatura da sociedade, para as barbáries que aconteceram em seu governo. Mensalinho, Mensalão, Sanguessugas, Zé Dirceu e seu plano maquiavélico, PT só como argumento. Impunidade. Maracutaia. Tudo isso passará a prevalecer mais ainda, na sociedade brasileira já estraçalhada e corrompida.
Contudo, uma pergunta fica no ar: Se não for um desses três, quem será, se todos parecem ser essencialmente todos iguais?


[música do texto: Polícia – Titãs – Cabeça Dinossauro – 1986]
[Vídeo: Melo Do Pocoto ]

[*1 – Orloff é uma vodka, que tinha um comercial que dizia: “eu sou você amanhã", criou o efeito Orloff.
*2 – LuLa-lá foi durante as campanhas de 90, 94, 98, slogan do Lula]

Por Fernando Katayama, New York, NY July 26 06

Monday, July 17, 2006

Marcola e Lula no Telefone

O telejornal noticia a semana de guerra. Começam com notícias não tão frescas vindas do Iraque e do Afeganistão. Umas bombas lá outras cá. Nada de novo. Começa a falar do tal Hezbollah, da pequena guerra particular de Israel contra palestinos e os loucos do Hezbollah. Ninguém entende direito porque é que esse povo vive se matando. São bombas para um lado, corpos para outro. E assim vai o oriente médio, matando uns aos outros, não importa como. Pode ser bombardeiro, metralhadora, tanque, homens-bomba. Tanto faz, desde que, mate.
Coisa que parecia ser estúpida para um brasileiro.
Homem-bomba? Metralhadora? Matar? O quê?
Brasileiro é samba, cerveja, mulher pelada, e até antes da Copa, futebol. Alguma coisa mudou.
Toca o telefone.
- Bom dia! Palácio do Planalto, Shirley falando.
[A breve história de Shirley: Shirley sempre esteve com o Presidente, antes até, dos tempos do Sindicato, dizem uns, que até mesmo quando ele tinha dez dedos. Sempre fez o trabalho de secretariado, inclusive na formação do Partido, quando achava o Zé, um gato. É apadrinhada do Presidente, mas nos bastidores, dizem as fofocas, que foram caso quando estagiava no sindicato, pré-partido, mas a D. Maria, a galega, abafou, afinal ela não é Hiraly Clinton e o Presidente não fuma charuto cubano, bebe 51, porque para pegar a Shirley, só bêbado. Shirley como quase todos do PT, doa, 70% do seu salário declarado para o partido, mas fica com 100% do salário do caixa dois e de alguns outros fundos não declarados. Agora atende os telefonemas para o Homem.]
Uma voz grossa e rouca responde: “Deixa de onda mulher, quero falar com o Presidente!”
- Quem é você para falar assim com a secretária direta do presidente?
- Larga de ser besta, e passa o Homem.
Suspiro. – Qual o seu nome? Tem hora marcada?
- Porra! Sou o Marcola, e não tenho porra nenhuma de hora marcada!
Silêncio. Entra o som de O Guarani.
Muda a cena: Shirley entra na sala do Presidente, bufando.
- Lula...
- Já não ti disssse para não me interromper quando vejo tv?!
- Mas um tal de Marcola, um sujeito sem classe alguma, insiste em falar com você, e eu não tenho a menor idéia de quem seja esse fulaninho!
O Presidente engole seco, com um sinal com a cabeça e diz que atende.
O Guarani é interrompido.
- Alô, senhor...
- Porra... Já não era sem tempo, não agüentava mais ouvir essa musiquinha... Porra! Melhora essa merda ai e coloca um MC ou Racionais! - Que foi mulher? Falou com o Homem?
O telefone muda o tom...
- Alô! É o Presssidente Lula.
- E aí seo Presidente... Beleza maluco?! Aqui é o cumpadi Marcola. Tá gostando do salceiro que armamo em Sampa!?
- Marcola... Não era pra tanto!
- Oh, daqui do xilindró, comando bem pra caralho a zona toda. Tamo fritando os poliça, botando o terror nesse povo bunda mole. E quer saber mais, tamo estourando de vendê pó!
- Mas Marcola...
- Viu só, malandragem, aprendemos com os caras das Farcs, com os Bin Laden, com os caras do Hezbollah... É Presidente, aqui é tudo das Nações Unidas! [gargalhadas] Chaves é o nosso companheiro! Ele e aquele índio boliviano... Já que vamô tá mandando em tudo!
- Mas Marcola...
- E os poliça, presidente!? Heim? A gente manda mesmo! Falei, num falei? Da última vez, vieram com aquela conversinha de “dar um tempo”... Ah... Até parece coisa se casalzinho fresco... Vai ser corno lá na casa do caralho, dar um tempo... Tá louco né?!
- Mas Marcola, a sociedade tá pressionando...
- Ah! Cê ainda não viu nada... Tô já conversando com os caras do Rio. Tamo para armar uma... O MST já tá com a gente.
- Mas Marcola não foi bem isso que... [interrompido]
- Mas nada seo Presidente! Já temo uma porção de deputados com a gente também. Tamo para receber uma nova carga de AK-47 e tem até uns misseiszinhos...
- Marcola, a pressão já é para colocar o Exército na rua...
- Ahhhh cala boca! Cê acha que esse seu exercitozinho vale alguma coisa? Mora tudo nas favela, e as favela é nossa! Noís tem homem-bomba a dá com pau. Temo armamento pesado. Mas muito mais que isso, temos é grana! E o governo [gargalhadas], depois que você pilhou, tá quebrado! Sem arma, sem gente que preste...
- Não foi bem assim não... O FHC também pilhou, o Maluf, o Médici...
- [morrendo de rir] Além do mais, os artista da Globo é tudo freguês nosso. Viu o Fernando Vannucci na internet*1? Tava bêbado nada, tava é chapado com coisa nossa!
- Mas Marcola, não foi bem isso [interrompido de novo]
- Porra heim Presidente... Trabalho bom o nosso. Tocando o terror no Estado mais importante do Brasil... Show, heim? Você vai ver a hora que começarmos a soltar os foguetinhos. Os caipiras de São Paulo, vão pensar que é festa junina atrasada ou que o Corintia ganhou algum jogo. E na verdade vai ser noís, mando foguetinho para detonar tudo!! O povo de tão ignorante, vai pensar que tem churrasquinho grego de grátis na Praça da Sé, tanto vai ser o cheiro de churrasco de gente pairando no ar! Vamo é tocar o terror!
- Nossa Marcola...
- E enquanto isso, você ganha pontos nas paradas... Porra!! Não é o nosso acordo!? Eu boto o terror e você vence as eleições!
- Era né Marcola! Mas acho que o poder tá subindo na sua cabeça e você tá querendo coisa demais, já ta querendo roubar a cena...
- Ah! Cala boca Nove-dedo! Cê tá por fora! Quer saber? Você que se foda! Vou eu lançar a minha campanha oficialmente para Presidente. Não vou ficar como você, naquele lenga-lenga de viado. Já sou bandido e todo mundo sabe! Não fico com onda e nhê-nhê-nhê! Mando matar e pronto. Não sou como você que fica cozinhando até que o cara morra sufocado. Você fez isso com o Zé, com o Palocci...
- O quê? [indignado]
- É isso mesmo! Cozinhou os caras... E eu já decidi, vou me lançar! Já tem até campanha voluntária rolando na Internet. “Marcola para presidente”. Eu fiz a polícia trabalhar, os crimes caíram... O povo vai votar em mim! Bandido por bandido, eu faço o meu trabalho muito melhor que você! Você que se dane!
E bate o telefone na cara do Lula.

[música do texto: Brasil – Cazuza – Ideologia - 1988]
[*1 Para ver Fernando Vannucci doidão:
http://www.youtube.com/watch?v=TfTvOGmu__4&mode=related&search= ]
Por Fernando Katayama NY, NY 17 Jul 06

Tuesday, July 04, 2006

Brasil Contra Brasil

Na sexta-feira passada escrevi sobre o craque francês Henry. Disse que Henry estava certo em seu comentário sobre o analfabetismo brasileiro. Mal sabia eu, que o francês mataria o jogo em uma só bola. Quem mandou no jogo foi o Spok, imediato do capitão Kirk. Zenedine Zidane, foi o nome do jogo. Com a inteligência Vulcânica, em um toque, fez o Brasil desmontar *1. Magro, correu o campo todo e deu o passe, em uma cobrança de falta. Zidane havia declarado que essa seria sua última Copa. O craque correu com se o jogo contra o Brasil fosse seu último. Não foi.
O Brasil, no entanto, jogava o futebol que vinha apresentando até àquela hora. Depois do gol piorou. O selecionado canarinho voltou pro ovo, amarelado *2, diante do galo azul francês. O time já jogará sem a mínima vontade nos outros jogos, e não foi diferente nesse. Esse selecionado foi um time apático. Cheios de si, estrelismos, achavam que eram imbatíveis e que resolveriam qualquer jogo quando bem entendessem. Muita estrela em um céu que só cabe 11.
Obviamente que o treinador Pé-de-uva, tem sua parcela de culpa. Mexidas erradas, insistência em manter o Fofão, e tudo mais, não tiram do Parreira a culpa. É do gerente a tarefa de motivar a peãozada.
Agora vão aparecer explicações das mais estapafúrdias para justificar. Vão meter a boca no Roberto Carlos, que na verdade não jogou nada na Copa toda e não marcou Henry. Vão dizer que o Parreira é burro e outros blá blá blás. De nada adianta.
Quando escrevi que o Brasil tava mal, recebi criticas dizendo que eu não sabia nada de futebol. E eu não sei mesmo, mas não é preciso saber muito de nada, para ver que alguma coisa não esta boa.
Seria muita ingenuidade minha não pensar que tem gente que ganha muito com tudo isso. Nos bastidores rolam cifrões. Mas não farei aqui, teorias conspiratórias.
Mas no fundo eu gostei da derrota. Já escrevi aqui mesmo, que a conquista do campeonato não seria bom para o país. Com as eleições se aproximando, a vitória traria ao povo uma sensação de ser vitorioso, conquistador, forte, rico. A Nação toda se espelharia nos vitoriosos milionários jogadores. O falso sentimento de vitória.
E governo se parece com time, pesado, gastador, cheio de pré-conceitos “imexivéis”, por mais idiota que seja. Sempre tem alguém ganhando milhões com isso. O técnico não é planta é peixe, mas não faz as mexidas certas e fica sempre com a mesma cara de merda. Como a Seleção o Governo vive rodeado de mordomias, tem um monte de riquezas e é considerado pelo mundo todo como um grande potencial, mas na hora “h”, perde o jogo. Assim como a Seleção finge que joga o governo finge que governa.
Contudo dá para aprender com a derrota. A melhor de todas é: não tem jogo ganho, muito menos fácil. Aprendemos que se não corrermos atrás, jogarmos como todo jogo fosse o último, fazer as mudanças necessárias, por mais difícil que seja não dá para ganhar jogo nenhum.


[música do texto: Violão Vadio – Yamandu Costa play Baden Powell]

[*1 – Spok tem além da inteligência extraterreste, tem a habilidade de fazer desmaiar so com um toque
*2 – amarelar é um termo da gíria brasileira, acovardar-se]

Por Fernando Katayama New York, NY, 4 jul. 06

Friday, June 30, 2006

O Craque Francês Henry

Enquanto escrevo esse texto, jogam Itália e Ucrânia. Pouco antes jogaram Argentina e Alemanha, e vimos os argentinos chorarem em campo, com a derrota nos pênaltis para a o goleiro Lehmann. O goleirão pegou dois pênaltis, e despachou para casa os Los Hermanos.
Nós estamos aguardando o jogo do Brasil e França. Lógico que a imprensa especula a revanche da final de ’98. Sensacionalismo e bafafá fazem parte do show biz. Deverá ser um jogo difícil, já que o Brasil é um time sem a mínima vontade de jogar e a França ta mal das pernas. Espero que não seja afinal, gosto de um futebol bem jogado, mas acho que vai ser duro de ver.
O Selecionado vem demonstrando, com os seus quatro jogos, que estamos cansados de jogar bola. Não tem vontade. Contra Gana, faltou vontade. O time marcou um e se deu por satisfeito, fez mais dois, mas foi porque Gana não foi um time forte. Talvez os milhares de dólares já ganhos tirem o apetite de gol, porque não tem mais lucro nenhum. Queria um futebol mais alegre do Brasil.
Contra a França vamos ver. Deve ser um jogo burocrático. Contra a mesmice, a imprensa notificou anteontem uma entrevista do ídolo francês Henry. Henry disse que o Brasil tem muitos craques e qualidade futebolística excepcional porque o povo é analfabeto. Certamente o foco da notícia não era nem um pouco social, e sim, provocação. Henry esta certo.
O futebol é a esperança do podre. O Brasil é um país analfabeto, sem escola, sem educação. Como disse Henry, brasileiro já nasce com a bola no pé.
No final do ano, quando começam os vestibulares para as universidades, ninguém fala das inúmeras peneiras que acontecem nos clubes pelo Brasil a fora. Ninguém faz a proporção.
Medicina na USP ou na Unicamp. Publicidade. Direito. São os cursos com as proporções mais altas de candidato/vaga. E para chegar ai, para disputar as vagas, são necessários no mínimo 11 anos de estudo. E que seja em escola boa e um bom cursinho. Mas isso é para uma pequena parcela da população. Geralmente são estudantes de escolas particulares, já que as escolas estatais não têm como preparar ninguém, mas lógico existem as exceções, puramente esforços individuais.
E as peneiras? Qual é a relação candidato/vaga? A realidade é dura, mas a proporção é alta. Deslumbrados com a vida nababesca dos poucos craques, que realmente conseguem fazer milhões, pais miseráveis incentivam os filhos a irem jogar bola ao ir a escola. Levam desde pequenos os garotos às peneiras dos times. Vêem-se garotos de 5, 6 anos já em testes.
O problema não é fazer craques desde pequenos, porque craques se lapidam desde pequenos. O problema é que querer ser craque não é uma opção. É a falta dela.
Henry esta certo.

[música do texto: It’s About Time – James Cullum –Twentysomething - 2004]
[Henry é atacante no selecionado francês/2006. Peneira é o nome que se da para o vestibular da bola]

Por Fernando Katayama New York, NY, June 30 2006

Wednesday, June 14, 2006

Olha o Passo do Elefantinho

Tem uma multidão festiva. Uns pintados. Outros de camisa. Outros sem. Com peruca ou carecas. Cara pintada ou cara torcida. Ta todo mundo la.
Uma porção de camisa amarela. Outra porção de camisa “bandeira de chegada da fórmula 1”.
Unhas são comidas nos quatro cantos do planeta. Uns no estádio. Outros pela tv e alguns, é alguns, ainda pelo radio.
Nem começou o jogo ainda. Já tem nego com dor de barriga e nervoso. Tem uma galera já fazendo churrasco, em plena terça-feira e é meio do dia. Dia de jogo é feriado.
É impossível não falar de futebol, mesmo estando longe da febre amarela e verde que toma o país. Aqui, em New York, vejo o jogo pela tv. Nada de Rede Globo, vejo por uma rede mexicana. Aqui, nem todo mundo sabe o que é futebol, alguns confundem com o jogo deles, o futebol jogado com as mãos, e vai lá saber por que é que é Foot, mas os que sabem, ahhh sabem de Ronaldinho e Brraazill. Depois do jogo, alguns gritavam em minha direção, ou melhor, a cor amarela e verde, “Go Brazilll!!!”, sem ter a mínima idéia do sufoco que foi o primeiro jogo da Copa.
Todas as explicações são cabíveis e até entendemos, mas não nos conformamos. Como espectadores, ou melhor, como torcedores, queríamos mesmo é o show. Show de bola do Ronaldinho e sua trupe. Queríamos não só o Drible-Elástico, mas o placar também elástico.
Vimos mesmo é a Croácia bem armada, segura de si e muitas vezes, mais perigosa que o Brasil.
A vitória suada com o golaço do moleque Kaka foi o que restou de espetacular no jogo, que em suma, foi nada de mais. Alguns vão dizer que Ronaldinho não jogou bem, ele tava muito marcado.
Mas o time, como um time, parecia meio nas nuvens. Roberto Carlos, com toda sua experiência, quase entregou o ouro, em uma cagada de elefente.
Mas o pior de tudo foi o elefante amarelo plantado em campo. Ronaldo pensa que o nome joga. Que nome ganha jogo. Precisa tomar um tapa na careca, e ouvir o Pânico gritar “pedala gorducho!”. Morto desde a hora que entrou em campo, fez de tudo para sumir. E sumiu. Enquanto o time todo suava, ele tava sequinho. Não fez nada, ou melhor, fez, atrapalhou.
A entrada do Moleque Travesso, Robinho, mudou a característica do jogo. Deu velocidade ao paquiderme selecionado brazuca, deu mais movimentação, o que faltou para o Escrete Canarinho vencer a bem armada Croácia, que até o gol tava vencendo de zero a zero, afinal empate era vitória.
O Brasil já pagou caro na França porque Ronaldo “tinha que jogar a final”, mesmo que com as calças borradas. Na mesma copa, Romário foi cortado, ainda no Brasil, por não estar em condições físicas.
Ronaldo, gordo, mole, lento, pesado, com duas Brastemps 550l nas costas, não pode continuar no time, não tem condições físicas e já alega “febre”. Deve ser de medo.
Mesmo que a FBF mande, Ricardo Teixeira mande, Galvão Bueno mande, ate mesmo que a Nike mande, Ronaldo tem que ficar de fora. Antes que nos mandem de volta para casa mais cedo.

[música do texto: É uma Partida de Futebol – Skank – Samba Pacone 1996]
[primeiro jogo do Brasil na Copa/2006: Brasil 01 X 00 Croacia]
Por Fernando Katayama New York, NY June 13 2006

Sunday, June 04, 2006

A Taça Do Mundo É Nossa

Estamos a uma semana do início da Copa do Mundo, e dizem que a Taça do Mundo é nossa, afinal com brasileiro não há quem possa, já cantava o sambinha de outras Eras. Eras de craques como Belline, Garrincha, Pelé. Hoje é Ronaldinho, sem dúvida alguma um craque moleque.
Mas sou obrigado a usar o mais velho jargão do futebol e dizer: “futebol é uma caixinha de surpresa”. Lembro bem da Copa de 82, nossa vibrava em casa a cada gol. Aquele espetacular de Éder, que Falcão somente abriu as pernas e a bola passou e ele chutou de fora da área. Não me lembro contra quem, mas foi um golaço. Mas o melhor time da Copa perdeu contra a Itália. No Jornal Nacional, Fernando Vanucci, chorava ao dar a noticia. Lembro também de 86, quando o meu glorioso Guarani, hoje na Segundona devido sua péssima administração, perdeu para o São Paulo com o gol miraculoso de Careca, já na prorrogação. O Bugrão, era disparado o melhor time, tinha mais pontos, jamais seria alcançado pelos outros, mas perdeu a final.
É futebol é uma caixinha de surpresa. Não basta fazer o que o “professor mandou”, “treinar duro, durante a semana, corrigindo os erros do jogo anterior”, para “trazer uma alegria para esse povo tão sofrido”. Tem mais coisa que isso.
Em uma semana, haverá mais bandeiras nacionais nas ruas que em qualquer outra situação. De quatro em quarto anos, o brasileiro fica patriótico. Pinta a cara, o corpo, se veste, usa a bandeira com as cores verde e amarelo. Dura exatamente 4 semanas.
Para Lula, vai ser muito mais importante se o Brasil ganhar do que o héxacampeonato. Sim para ele é muito mais do que para nós amantes da bola.
Para ele é a chance de reforçar a vantagem sobre os outros. Se o Escrete Canarinho vencer a Copa, obviamente Lula convidará o selecionado para ir ao Planalto. Condecorá-lo com medalha, fotos e poses. Não foi diferente com nenhum outro presidente e outras Copas.
O uso da imagem vencedora da Seleção a poucos meses das Eleições é uma peça fundamental para a campanha de marketing.
A vibração positiva e a euforia do campeonato vencido encobrirão as mazelas do povo, e ainda bem, que um jogo de futebol faz isso, até faz machões palmeirenses e corinthianos se beijarem com a vitória.
Mas também as manchetes dos jornais enfocarão o futebol e não a podridão que corre solta. Esquecerão do Mensalão, do Mensalinho, da Dança da Gordinha, da lavagem de dinheiro, do envio de dólares, do PCC...
A partir dessa semana, de sexta-feira, o Brasil ficará em suspensão. Dia de jogo é feriado com churrasco, cerveja e pagode.
De qualquer forma, como qualquer outro que gosta de futebol bem jogado e alegre, eu grito da arquibancada: “VAI RONALDINHO, VAI, FAZ O QUE PROFESSOR FALOU E TRAZ UMA ALEGRIA PARA ESSE POVO TÃO SOFRIDO!”
[música do texto: É Uma Partida de Futebol – Skank – O Samba Paconé, 1996]
[A Copa do Mundo de 2006 será na Alemanha. Começa no dia 9 de Junho, uma sexta. O Brasil é cotado como time imbatível, com a chave da primeira fase moleza.]
Por Fernando Katayama, New York, NY 4 June 2006

Thursday, May 25, 2006

Pintura Feia

New York – Acompanho tudo de longe pela Internet. Leio alguns jornais eletrônicos e outras vezes em algum outro meio. Não só as manchetes me preocupam, mas as pequenas notas de roda pé.
Enquanto o país é tomado pelos bandidos e pior de todos os gêneros, o Brasil fica a deriva. O Brasil vive ainda o ar de Beirute, mas nunca deixou de estar em uma guerra civil não declarada. E que digam isso os moradores do Rio, onde o Cristo Redentor esta de braços para cima para mostrar que esta desarmando, ou é uma blitz da polícia, mas ele não tem certeza, que são realmente policiais. De qualquer forma, assiste a tudo com colete à prova de balas.
Mas o grande caos mesmo são os parlamentares, o judiciário que causam o mal maior. Políticos que se vendem e políticos que compram em um mercado negro de milhões de dólares. E o Judiciário é uma maquina velha e emperrada.
Lula, notícia fresca, cresceu nas pesquisas eleitorais, e não sei se sinto medo ou total descrença no povo. Como pode ele ter aprovação popular com toda essa lambança que esta acontecendo?
Mas isso tudo ai esta nas manchetes dos jornais.
Mas será que alguém leu que o Masp teve a luz cortada por falta de pagamento? Que a Eletropaulo quer obras como garantia? O museu que fica na em uma das mais belas obras arquitetônicas de São Paulo começa a agonizar.
Vão começar agora a jogatina de responsabilidades do governo municipal para o estadual e do estadual para o federal, que logicamente cairá sobre a sociedade. E de certo ponto de vista, é verdade. A responsabilidade é da sociedade, de não cuidar do seu patrimônio intelectual e cultural e pior ainda de ter votado e colocado onde estão os governos que a acusa de negligência.
Cultura e educação são muito importantes para começar a mudar o cenário do Cristo. Mas o governo federal prefere gastar 5 bilhões em bolsa-assistência do que pagar a conta o museu.
Mas enquanto tudo isso acontece, o Brasil todo esta mesmo preocupado é com a escalação do Escrete Canarinho. E que venha a Copa, pelo menos alivia a dor do moribundo.


[música do texto: Peng! 33 – Stereolab – Peng! 33 ]

Por Fernando Katayama New York, NY, 25 May 06

Thursday, May 18, 2006

Show da Malandragem

Meu vizinho peida alto. Parece um tiro de metralhadora ou uma granada de mão explodindo. Em dois minutos os bombeiros já chegaram e junto com eles, uma frota de carros da polícia, inclusive uma “task force” da SWAT. Os caras aqui são neuróticos e estão paranóicos com essas coisas de ataques terroristas que qualquer peido é bomba. Mas é evidente que os organismos públicos funcionam, afinal o caminhão dos bombeiros chegou em dois minutos.
Não sei quanto tempo leva no Brasil. Nunca tive um vizinho que peidasse tão alto. Contudo eu sei que tem uma organização que funciona muito bem.
É o PCC.
Os ataques que o PCC executou em São Paulo durante essa última semana, mostrou a organização, já não mais na fase embrionária, mas em estágio avançado. Ataques terroristas simultâneos, primeiramente as forças de segurança e depois aos transportes e por fim, a sociedade civil.
O PCC mostrou-se forte. Uma facção com interesses ilícitos, que hoje, mostrou poder controlar o país. Os ataques só deram um tempo, porque o governo fez um acordo. É um grupo terrorista como ETA, IRA ou Al Quaeda, a grande diferença é que seus líderes estão presos. Irônico. Na prisão estão protegidos de serem mortos por adversários do crime. E nós pagamos a conta.
Porém, os ataques surgiram de forma aparentemente inusitada, sem motivo algum. Imaginemos que sim, foi assim. Então mostrou o governo, tanto estadual como federal, totalmente despreparado, sem o Serviço de Inteligência que funcione, sem polícia que funcione. Mostrou que os bandidos são muito mais eficientes e organizados que a máquina estatal.
Outra coisa que é evidente é o poder da mídia em disseminar a paranóia e aumentar o caos. Lógico que o poder da mídia mal feita previamente calculado pelo cérebro malandro.
Contudo não deixo de pensar que nada disso foi assim, ao acaso. Bandido não gosta muito de alvoroço, porque prejudica os negócios. Bandido não gosta de polícia no pé. Prejudica os negócios. Bandido gosta da sombra e da escuridão, nada de holofotes e exposição. Prejudica os negócios. Porque então cargas d’água fizeram esses ataques?
Pra mim, tem jogada política. As eleições se aproximam e com o medo da população, o tal clichê de campanha “mais segurança”, torna-se mais poderoso agora. Quem mostrar que controla a violência urbana, terá mais pontos. Na última eleição, a população engoliu o grande engodo do Fome Zero, e agora cospe no prato que comeu, e ainda passa fome.
Por um outro lado, volto a repetir, porque já disse em um texto antigo, que país com o caos instaurado é prato feito para golpe militar. [ver Homens-folha, 16 de maio de 2006]
Agora vai começar a ladainha de “mais segurança para a população” e blá, blá, blá. Vesgos, não conseguem ver direito sem óculos. É preciso colocar óculos na sociedade, para parar de exigir “mais segurança” e começar a exigir mais educação, mais seriedade e menos corrupção. Corrupção não só do governo, mas das pequeninas corrupções que acontecem no dia-a-dia de cada um.
Se não, não sobra muito o quê fazer. Para aqueles que acreditam que rezem, e rezem mais ainda para não acabar a vida ouvindo Ezekiel 25.17.


[música do texto: 01 - Pumpkin and Honey Bunny, Misirlou – Dick Tale e His Del-Tones; 02 - Ezekiel 25.17 – Samuel L. Jackson / Pulp Fiction, 1994]

[PCC – Primeiro Comando da Capital, facção Criminosa, executou ataques terroristas no Estado de São Paulo durante a semana de 7 a 17 maio de 2006, e que ate agora, resultou em mais de 100 mortes, entre policiais, criminosos e civis]

[Ezequiel 25.17, é um trecho do filme de Quintin Tarantino, Pulp Fiction, 1994, que Vincet Veja (John Travolta) e seu comparsa Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) matam outro criminoso, mas antes disso, Jules recita Ezequiel 25.17]

Por Fernando Katayama, New York, NY, May 18 2006

Tuesday, May 09, 2006

Manha de Garoto

Índia - Ghandi fez greve de fone, lutou contra a colônia britânica. Fez um legado. Hoje é um mártir.
Tibet - Dalai Lama passa dias sem comer para purificar o espírito.
Brasil – Faz jogada publicitária. Já tinha feito antes ao se juntar com a Igreja Universal. Fez Nepotismo e colocou até a mulher no seu lugar.
Garotinho faz birra. Não quer passar a limpo as acusações a ele feita, no devido lugar, na Justiça. Por pior que seja, ela ainda existe no Brasil.
Não, ele que chamar a atenção da mídia em uma jogada para a campanha eleitoral que pretende fazer. Faz greve de fome. Uma idiotice.
Talvez queira se fazer de coitado. Talvez, queria mesmo é emagrecer e viu uma grande oportunidade de aparecer.
Enquanto o Brasil passa por uma crise nunca vista antes, fica fazendo manha e bico, gritando “eu também quero” e “ele tem, mas eu não tenho, eu quero!”. Coisa de criança.
Quer mesmo é entrar para a Máfia do Planalto, mamar nas tetas do povo e viver a boa vida de fazer nada e ganhar muito, dizendo que esta fazendo política.
Imagine só o Garotinho presidente e fazendo greve de fome para resolver uma questão política, coisa mais ridícula.
Enquanto o Governo e o PT se sujam mais ainda tentando se limpar da merda que fizeram e Garotinho faz birra digna de um garotinho mimado, os brasileiros assistem a tudo isso, boquiabertos sem saber muito bem o que fazer, mais uma vez. Uns dizem para resolver nas urnas, só se for queimando-as.
Pior, de tão mal conduzido, o Brasil esta ficando na mão de paises vizinhos como a Bolívia e o índio louco Evo Morales, mesmo com as grandes reversas naturais que temos.
E para ajudar a greve de fome do Garotinho, ainda pode faltar gás.

[música do texto: Old Devil Moon, Jamie Cullun – Twentysomething, 2004]

Por Fernando Katayama New York, NY, 09 may 2006

Tuesday, May 02, 2006

Corteo

Andavam todos cabisbaixos. Em fila dupla, um atrás do outro. Passos curtos marcados pelo som surdo do tambor. Alias o único som que se podia ouvir. A cada toque, um passo. Lentos caminhavam.

Parecia sombrio.

De repente uma luz brilhante apareceu. Intensa de doer os olhos, focava em um sujeito nem alto nem magro, ligeiramente acima do peso, barrigudo. Vestido cartola e um fraque vermelho. Começou a falar alto, “Senhoras e senhores...”.

E em um estalo, músicos começaram a tocar. A fila se desfez.

Era uma alegria geral tomando conta de todos por lá. Balões coloridos voavam. Dançavam todos. Alegres faziam palhaçadas. Água em um, balde de confete em outro.

A pequena mulher voava amarrada em gigantes balões. Via tudo por cima. O gigante homem brincava com um tão pequeno que cabia em uma garrafa.

Meninas-anjo voavam de um braço a outro em homens-trapezistas.

Malabaristas impressionavam com a habilidade no manuseio dos seus malabaris. A mulher-aranha agarrada na corda bamba, delicadamente despejava purpurina nos que estavam embaixo dela. Piruetas mortais faziam alguns amarados em pedaços de sedas.

Mais uma vez, aparece o homem de fraque vermelho. Assustado pergunta “não deveria ser um cortejo?”.

Alegres, todos respondem em coro: “sim! Mas esse é o palhaço”, e continuam a festa.

Quando eu morrer, se for para morrer, quero morrer como o palhaço. Dando risada da vida e com muita festa.

[música do texto: Alegría, Cirque du Soleil]
[Corteo é o nome do espetáculo apresentado pelo Cirque du Soleil em 2006]
Por Fernando Katayama, New York, NY, 3 May 2006

Sunday, April 23, 2006

The Weather Man

Chove, faz frio. Noutro dia, sol e calor. Às vezes, indica tempestade. Tempo encoberto. Pressão alta, pressão baixa, provocando instabilidade passageira.
É parece o homem do tempo, e esse filme eu vi outro dia: “The Weather Man”, com Nicholas Cage e Michael Caine.
Comprei meio sem pretensão, no pay-per-view. E só apertar alguns botõezinhos e pronto, o filme aparece na tevê. Tava lá no Menu. Nicholas Cage... Michael Caine... É parecia ter bons ingredientes. Não sabia do que se tratava.
O filme sobre o cara da previsão do tempo. Filho de um famoso escritor. Menos prezado por todos. Alvo de agressões na rua. Dono de um sorriso chato. O “homem do tempo”. Odiado. Perdido. Enfadado.
Mas o que tem esse filme para eu comentá-lo aqui? Nada de mais. Simplesmente gostei.
Gostei da evidente simbologia com o arco e a flecha. A flecha, o arco e o alvo. Aprendizado. Concentração. Objetivo.
Mas o que mais me chamou a atenção foi sobre o respeito que temos que ter, antes de tudo, com nós mesmos. Sim, antes de brigarmos com o mundo pedindo respeito pelos mais “fracos”, devemos brigar pelo nosso próprio respeito, e então, passarmos a sermos respeitados, se não for e se for, passar a ser mais respeitado.
Outra coisa importante é a busca pelo seu lugar. Todos nós pertencemos há algum lugar, resta-nos encontrar. Devemos procurar por ele.
Enfrentar as incertezas e abandonar algumas verdades que nos mesmos criamos, achando que é assim que é para ser. Aceitar o que se é e encontrar o lugar para isso.
Como Michael Caine diss, “às vezes é preciso escrever besteira, para a vida, tornar-se mais interessante e descompromissada”.

[música do texto: Bonita, Morelenbaun e Ryugi Sakamoto - Casa]
[“The Waether Man”, 2005, Gore Verbinski, EUA]
Por Fernando Katayama, 23 april 2006, New York, NY

Thursday, April 13, 2006

Enquanto isso, o Brasil vai pro espaço

Acabou a aventura espacial do Capitão Marcos “Kirk” Pontes. Lá de cima fez experimentos com feijões. Viu a Terra azul. Sorriu.
É um grande passo para a aviação nacional e para o Programa Espacial Brasileiro. Coisa de suma importância. Foram gastos na jornada, dez milhões de dólares. Mísera quantia para os bolsos brasileiros.
Enquanto o astronauta brazuca, tinha seus dias de Apollo 11, falando em russo, sem tecla SAP, o Brasil, continuou no seu curso. Não mudou a rota, não saiu da trajetória e continuou na mesma atmosfera.
Todos nós sabíamos que os únicos discos voadores que veríamos, seriam das pizzas das CPIs. Todo aquele show, Bob Jeff, dando aula de retórica em cadeia nacional; motorista, que se fingia de morto, mas escutava tudo e resolveu abrir o bico; Zé Dirceu, saindo; Agora vem essa do caseiro com conta aberta e o Palocci [como eu já tinha dito, ver artigo “Boi de Piranha], jogado as piranhas, para não queimar o filme [?]. De nada adiantou.
O Brasil continuou sua trajetória. Diferente do capitão Kirk, em Jornada nas Estrelas, o celebre seriado, imortalizado pelo Spok e suas orelhas pontudas e inteligência Vulcânica, o Brasil vai indo para um lugar já muito conhecido.
Lula com suas orelhas pontudas, e não é de inteligência, governa o país como um marciano, lunático, sei lá, porque parece não ver as realidades nacionais. Preocupa-se com a reeleição e só.
Investiu dez milhões de dólares no projeto espacial, enquanto aqui, tudo esta indo pro espaço. Falta educação, respeito, berço. Sobra marginalidade, desemprego, falta de oportunidade. E dez milhões foram pro espaço.
Não sou contra pesquisa. Muito pelo contrário, apoio. Mas o governo tem que ver as prioridades nacionais e atacá-las com severidade, afinal, não temos dinheiro saindo pelo ladrão da caixa d’água, temos dinheiro saindo pelo ladrão da máquina política brasileira.
Li dizer outro dia, em uma revista de porte nacional, que o Brasil esta querendo entrar na Era dos Submarinos Nucleares, para defender nosso país de futuras improváveis invasões.
Para mim, na verdade, esta mesmo é se preparando para onde está indo: para o brejo.

[música do texto: Plut Plat Zum – Raul Seixas]
[Nota: leia também “Onanismo Presidencial”, neste blog]
Por Fernando Katayama 10 apr. 06

Sunday, April 09, 2006

Resposta a Sebastião Maria

Não sou de direita, não sou de esquerda, talvez Centro. Não sei.
Minha posição política independe de que lado é, quero a política nos modos dos Fóruns Gregos, democracia, como o próprio povo diz, para o povo. Mas essa meu posicionamento político não me impede de fazer uma leitura do mundo, mesmo sem ter lido, a Blíblia toda, todas as obras de Marx, de Lênin. Não li também a bibliografia de Clinton, Mussolini ou do FHC.
Uso do meu senso, do mundo que vivo, dos outros mundos que conheci.
Vejo na política brasileira um retrato fiel de um povo despreparado. Acéfalo. Muitas vezes mal intencionado. Os políticos que ai estão, e fazem a política que fazem é um reflexo do nosso povo. Povo sem educação, tanto a formal como a do berço, povo sem poder de crítica, sem formação. Um povo em desespero para ter um rumo. A ganância da camada política, e tanto faz a bandeira que empunha, aumenta a miséria do nosso país.
Assim, quando você se refere, a que lado político estou isso pouco importa uma vez que, a Esquerda quando vira Situação, já não é mais de esquerda, pois passa a pertencer à camada dominante e burguesa, como você pode notar no Governo Lula, e esse até brigou com a “ala radical”, por fazer o que ele tanto atacará no passado.
Minha crítica é exatamente sobre o “operário que virou presidente”. Não tenho nada contra, se esse tivesse feito um bom governo. Acho que a possibilidade de poder mudar de “status social” é uma grande coisa, e todos almejamos por isso.
Mas não tenho dó, não vejo com olhos paternalistas. Discordo com o posicionamento o qual o Lula conduziu o país, talvez, melhor dizendo, a falta de posicionamento.
A exaltação ao “menos”. “Eu sou analfabeto”, “eu não tive escola”, “eu não tive dinheiro”, e “agora cheguei a Presidência”. Simplesmente não concordo, a ode à ignorância, à pobreza, ao apelo a dó. Lula, continua dizendo que o país precisa de ajuda dos “ricos” para sair de onde está. Discordo mais uma vez. Temos que usar os nossos próprios recursos, ao invés de esperar sempre a ajuda dos outros. O assistencialismo que o Lula prega nos coloca sempre na posição de coitadinhos. Talvez mais um reflexo do povo.
E como você mesmo disse, “...como se um presidente operário, sem dedo, preparado no decorrer da vida, pela inteligência do PC, não soubesse de nada, e você o Sabidão...”, e essa é exatamente minha crítica, como um Presidente não sabe nada? Você disse que ele sabe, eu também acho que sabe. Em um país sério, ele já não teria mais a mínima governabilidade.
E se eu sou o Sabidão, agradeço o elogio.

[música do texto: Essa tal de Tequila – $enhor $ucesso - Velhas Virgens]

[resposta a meu tio Sebastião Maria, que deixou um comentário ao texto: “Engolir não é nada, ruim é na hora de sair” 06.04.06.]

Por Fernando Katayama, de New York, NY, 07 April 06