Tuesday, July 04, 2006

Brasil Contra Brasil

Na sexta-feira passada escrevi sobre o craque francês Henry. Disse que Henry estava certo em seu comentário sobre o analfabetismo brasileiro. Mal sabia eu, que o francês mataria o jogo em uma só bola. Quem mandou no jogo foi o Spok, imediato do capitão Kirk. Zenedine Zidane, foi o nome do jogo. Com a inteligência Vulcânica, em um toque, fez o Brasil desmontar *1. Magro, correu o campo todo e deu o passe, em uma cobrança de falta. Zidane havia declarado que essa seria sua última Copa. O craque correu com se o jogo contra o Brasil fosse seu último. Não foi.
O Brasil, no entanto, jogava o futebol que vinha apresentando até àquela hora. Depois do gol piorou. O selecionado canarinho voltou pro ovo, amarelado *2, diante do galo azul francês. O time já jogará sem a mínima vontade nos outros jogos, e não foi diferente nesse. Esse selecionado foi um time apático. Cheios de si, estrelismos, achavam que eram imbatíveis e que resolveriam qualquer jogo quando bem entendessem. Muita estrela em um céu que só cabe 11.
Obviamente que o treinador Pé-de-uva, tem sua parcela de culpa. Mexidas erradas, insistência em manter o Fofão, e tudo mais, não tiram do Parreira a culpa. É do gerente a tarefa de motivar a peãozada.
Agora vão aparecer explicações das mais estapafúrdias para justificar. Vão meter a boca no Roberto Carlos, que na verdade não jogou nada na Copa toda e não marcou Henry. Vão dizer que o Parreira é burro e outros blá blá blás. De nada adianta.
Quando escrevi que o Brasil tava mal, recebi criticas dizendo que eu não sabia nada de futebol. E eu não sei mesmo, mas não é preciso saber muito de nada, para ver que alguma coisa não esta boa.
Seria muita ingenuidade minha não pensar que tem gente que ganha muito com tudo isso. Nos bastidores rolam cifrões. Mas não farei aqui, teorias conspiratórias.
Mas no fundo eu gostei da derrota. Já escrevi aqui mesmo, que a conquista do campeonato não seria bom para o país. Com as eleições se aproximando, a vitória traria ao povo uma sensação de ser vitorioso, conquistador, forte, rico. A Nação toda se espelharia nos vitoriosos milionários jogadores. O falso sentimento de vitória.
E governo se parece com time, pesado, gastador, cheio de pré-conceitos “imexivéis”, por mais idiota que seja. Sempre tem alguém ganhando milhões com isso. O técnico não é planta é peixe, mas não faz as mexidas certas e fica sempre com a mesma cara de merda. Como a Seleção o Governo vive rodeado de mordomias, tem um monte de riquezas e é considerado pelo mundo todo como um grande potencial, mas na hora “h”, perde o jogo. Assim como a Seleção finge que joga o governo finge que governa.
Contudo dá para aprender com a derrota. A melhor de todas é: não tem jogo ganho, muito menos fácil. Aprendemos que se não corrermos atrás, jogarmos como todo jogo fosse o último, fazer as mudanças necessárias, por mais difícil que seja não dá para ganhar jogo nenhum.


[música do texto: Violão Vadio – Yamandu Costa play Baden Powell]

[*1 – Spok tem além da inteligência extraterreste, tem a habilidade de fazer desmaiar so com um toque
*2 – amarelar é um termo da gíria brasileira, acovardar-se]

Por Fernando Katayama New York, NY, 4 jul. 06

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