Estamos a uma semana do início da Copa do Mundo, e dizem que a Taça do Mundo é nossa, afinal com brasileiro não há quem possa, já cantava o sambinha de outras Eras. Eras de craques como Belline, Garrincha, Pelé. Hoje é Ronaldinho, sem dúvida alguma um craque moleque.
Mas sou obrigado a usar o mais velho jargão do futebol e dizer: “futebol é uma caixinha de surpresa”. Lembro bem da Copa de 82, nossa vibrava em casa a cada gol. Aquele espetacular de Éder, que Falcão somente abriu as pernas e a bola passou e ele chutou de fora da área. Não me lembro contra quem, mas foi um golaço. Mas o melhor time da Copa perdeu contra a Itália. No Jornal Nacional, Fernando Vanucci, chorava ao dar a noticia. Lembro também de 86, quando o meu glorioso Guarani, hoje na Segundona devido sua péssima administração, perdeu para o São Paulo com o gol miraculoso de Careca, já na prorrogação. O Bugrão, era disparado o melhor time, tinha mais pontos, jamais seria alcançado pelos outros, mas perdeu a final.
É futebol é uma caixinha de surpresa. Não basta fazer o que o “professor mandou”, “treinar duro, durante a semana, corrigindo os erros do jogo anterior”, para “trazer uma alegria para esse povo tão sofrido”. Tem mais coisa que isso.
Em uma semana, haverá mais bandeiras nacionais nas ruas que em qualquer outra situação. De quatro em quarto anos, o brasileiro fica patriótico. Pinta a cara, o corpo, se veste, usa a bandeira com as cores verde e amarelo. Dura exatamente 4 semanas.
Para Lula, vai ser muito mais importante se o Brasil ganhar do que o héxacampeonato. Sim para ele é muito mais do que para nós amantes da bola.
Para ele é a chance de reforçar a vantagem sobre os outros. Se o Escrete Canarinho vencer a Copa, obviamente Lula convidará o selecionado para ir ao Planalto. Condecorá-lo com medalha, fotos e poses. Não foi diferente com nenhum outro presidente e outras Copas.
O uso da imagem vencedora da Seleção a poucos meses das Eleições é uma peça fundamental para a campanha de marketing.
A vibração positiva e a euforia do campeonato vencido encobrirão as mazelas do povo, e ainda bem, que um jogo de futebol faz isso, até faz machões palmeirenses e corinthianos se beijarem com a vitória.
Mas também as manchetes dos jornais enfocarão o futebol e não a podridão que corre solta. Esquecerão do Mensalão, do Mensalinho, da Dança da Gordinha, da lavagem de dinheiro, do envio de dólares, do PCC...
A partir dessa semana, de sexta-feira, o Brasil ficará em suspensão. Dia de jogo é feriado com churrasco, cerveja e pagode.
De qualquer forma, como qualquer outro que gosta de futebol bem jogado e alegre, eu grito da arquibancada: “VAI RONALDINHO, VAI, FAZ O QUE PROFESSOR FALOU E TRAZ UMA ALEGRIA PARA ESSE POVO TÃO SOFRIDO!”
[música do texto: É Uma Partida de Futebol – Skank – O Samba Paconé, 1996]
[A Copa do Mundo de 2006 será na Alemanha. Começa no dia 9 de Junho, uma sexta. O Brasil é cotado como time imbatível, com a chave da primeira fase moleza.]
Por Fernando Katayama, New York, NY 4 June 2006
Mas sou obrigado a usar o mais velho jargão do futebol e dizer: “futebol é uma caixinha de surpresa”. Lembro bem da Copa de 82, nossa vibrava em casa a cada gol. Aquele espetacular de Éder, que Falcão somente abriu as pernas e a bola passou e ele chutou de fora da área. Não me lembro contra quem, mas foi um golaço. Mas o melhor time da Copa perdeu contra a Itália. No Jornal Nacional, Fernando Vanucci, chorava ao dar a noticia. Lembro também de 86, quando o meu glorioso Guarani, hoje na Segundona devido sua péssima administração, perdeu para o São Paulo com o gol miraculoso de Careca, já na prorrogação. O Bugrão, era disparado o melhor time, tinha mais pontos, jamais seria alcançado pelos outros, mas perdeu a final.
É futebol é uma caixinha de surpresa. Não basta fazer o que o “professor mandou”, “treinar duro, durante a semana, corrigindo os erros do jogo anterior”, para “trazer uma alegria para esse povo tão sofrido”. Tem mais coisa que isso.
Em uma semana, haverá mais bandeiras nacionais nas ruas que em qualquer outra situação. De quatro em quarto anos, o brasileiro fica patriótico. Pinta a cara, o corpo, se veste, usa a bandeira com as cores verde e amarelo. Dura exatamente 4 semanas.
Para Lula, vai ser muito mais importante se o Brasil ganhar do que o héxacampeonato. Sim para ele é muito mais do que para nós amantes da bola.
Para ele é a chance de reforçar a vantagem sobre os outros. Se o Escrete Canarinho vencer a Copa, obviamente Lula convidará o selecionado para ir ao Planalto. Condecorá-lo com medalha, fotos e poses. Não foi diferente com nenhum outro presidente e outras Copas.
O uso da imagem vencedora da Seleção a poucos meses das Eleições é uma peça fundamental para a campanha de marketing.
A vibração positiva e a euforia do campeonato vencido encobrirão as mazelas do povo, e ainda bem, que um jogo de futebol faz isso, até faz machões palmeirenses e corinthianos se beijarem com a vitória.
Mas também as manchetes dos jornais enfocarão o futebol e não a podridão que corre solta. Esquecerão do Mensalão, do Mensalinho, da Dança da Gordinha, da lavagem de dinheiro, do envio de dólares, do PCC...
A partir dessa semana, de sexta-feira, o Brasil ficará em suspensão. Dia de jogo é feriado com churrasco, cerveja e pagode.
De qualquer forma, como qualquer outro que gosta de futebol bem jogado e alegre, eu grito da arquibancada: “VAI RONALDINHO, VAI, FAZ O QUE PROFESSOR FALOU E TRAZ UMA ALEGRIA PARA ESSE POVO TÃO SOFRIDO!”
[música do texto: É Uma Partida de Futebol – Skank – O Samba Paconé, 1996]
[A Copa do Mundo de 2006 será na Alemanha. Começa no dia 9 de Junho, uma sexta. O Brasil é cotado como time imbatível, com a chave da primeira fase moleza.]
Por Fernando Katayama, New York, NY 4 June 2006
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