Até que ponto devemos contratar pessoas sem experiência?
Quando é que é saudável proporcionar a indisposição entre as partes?
Será que as empresas estão prontas a entender os hereges?
São as perguntas que faço.
Acredito que hoje vivemos um grande dilema: precisamos de idéias novas, novos formatos e mudanças continuas porém, as empresas ainda pensam de forma arcaica e obsoleta, lenta como paquidermes se movendo na lama.
Como justificar que precisamos de uma cabeça “virgem”? Como convencer que é um investimento à longo prazo e que dará certo, se a única certeza é a própria incerteza? Como conseguir fazer isso em uma empresa enxuta e pequena sem recursos suficientes para poder errar? Ou será que isso vale somente para as gigantes que possuem verbas para isso?
Se as empresas hoje pensam como pensavam e as pessoas ainda estão voltadas para o resultado certo, sem saber que risco devemos tomar e se valerá a pena no futuro e ainda assim querem sempre uma novidade é uma grande contradição. Vamos pegar um exemplo que não é de uma empresa grande ou reconhecida, é minha mesmo. Vivo hoje um grande dilema: mudança de área de atuação. Como sabemos sou arquiteto por formação, coisa que conheço bem e executo-a com grande chance de acerto, contudo insatisfeito, estou mudando de área e para isso deveria seguir o caminho certo e garantido que todo estudante passa, mesmo não tempo uma formação tradicional de negócio? Ou será que apostar em um modo novo sem seguir os protocolos é uma solução a ser testada? E se falhar?
Agora estamos falando de indisposição... deixar o outro inquieto e inconfortável, e o grande problema é saber onde parar! Concordo que trazer a discussão, argumentação, críticas para o trabalho tem seus benefícios claros, pois esse exercício proporciona um ambiente favorável a inventos e idéias, a mudanças e descobertas, mas o ponto é: como educar as pessoas ao debate? Ou será “embate”? Muitas empresas ainda vivem o estilo “faça o que eu digo pra fazer”, rígidas não permitem diferentes pensamentos e assim novas idéias. Como modificar isso?
Coisa que leva a outra como conviver com hereges? Muito bem colocado por Gary Hamel, em Liderando a Revolução, onde ele diz: “quer revolução, inovação? Contrate um herege!”, lógico só pessoas desprovidas de pré-conceitos e providas, talvez, de insatisfação e inquietude podem querer mudar o sistema existente.
Mas não é tão fácil! As empresas hoje querem pessoas que se encaixem perfeitamente nos espaços , como aquele joguinho para nenês onde você tem estrela, circulo e quadrado e tem que encaixar as peças nele. As empresas funcionam assim, querem suas peças estrelas, quadrados e círculos, nas estão preparadas para hereges e não os querem. Não podemos esquecer que as empresas são feitas de gente, e que gente tem ciúmes, medo e pavor, quem é muito diferente bota medo. Quem ameaça o superior, com idéias ou atitudes, da pavor. E quem tem idéias novas e válidas, da ciúme.
Como modificar o velho e alcançar o novo?
Por Fernando Katayama 03/05/2002
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