Como sempre faço leio os jornais pela manhã. Hoje não seria diferente. Logo na primeira página, havia uma pequena chamada, uma foto, pequena de uma biblioteca em São Paulo, toda pichada. Logo à baixo a legenda dizia, que faltavam funcionários e os poucos que tinham vaziam um revezamento para mantê-la funcionando.
Olhei aquilo e pensei: “como pode?”.
Não pensem vocês que eu me indaguei sobre a pichação, lógico que atos de vandalismo eu reprovo, mas não foi sobre isso. O que eu indago é: como que no Brasil, pode faltar mão de obra?
O Brasil vive com altas taxas de desemprego. É difícil conseguir um emprego. Não estou nem falando de trabalho. Trabalho e emprego são coisas diferentes, mas não vou entrar no mérito aqui. Como que em um país que tem uma taxa de desemprego altíssima, faltam funcionários?
Se qualquer um de nós quiser fazer a experiência, coloque no jornal, um anúncio qualquer: “Preciso de...”, a fila será enorme. Não é por acaso que existem inúmeras empresas de emprego e as mais moderiinhas chamam-se de Consultorias de RH. Outro dia estive em uma dessas ai, entrava tanta gente que parecia até um ventilador humano. Algumas distribuem senha.
Com esse cenário tenebroso, como que faltam pessoas para o trabalho? Certeza, que estão pensando que o que falta é mão de obra qualificada. Primeiro me pergunto o que é ser qualificado e segundo, como que se explica que tem engenheiro na fila do concurso? Falta qualificação ou oportunidade?
Você pode dizer também, que porque nesse caso, a biblioteca é pública, então precisa de um concurso. E então reforça minha idéia que esse tal concurso público é um grande erro.
Em minhas pesquisas, verifiquei como é que são feitos os processos para a contratação de pessoas para os cargos do governo, em diversos países desenvolvidos, como EUA e Canadá. E acreditem, não tem concurso. Existem sim, algumas provas e testes, e as análises são muito mais profundas. Porque o que querem saber é se o candidato tem o perfil para determinada função, se pode crescer, se tem vontade e vocação e não se é bom de prova, como acontece aqui.
Por isso o Brasil tem essa grande corrupção, falta de estrutura, falta de vontade. O sujeito não esta lá porque acredita, esta lá, porque é uma boa e tem muitas regalias. Vejam só: para ser da polícia, tem que ser bom de prova. Para ser juiz também. Para ser escrivão, tem que ser bom de prova. Para ser professor? Bom de prova.
Aprende a fazer prova que você esta dentro. Mas como fica o trabalho da função?
Como sabemos: Um lixo.
Mas tem outro agravante para o grande desemprego no Brasil. A lei trabalhista. Protege tanto que acaba por criar muitos problemas. Hoje não é possível contratar uma pessoa por hora para que trabalhe, por exemplo, todo dia durante 4 horas. A justiça entende que ela trabalha o mês todo durante oito horas. Certamente ela, vai “entrar na justiça”, para reclamar “dos seus direitos”. E você vai ter que pagar.
Imaginem vocês, um estabelecimento qualquer, contrata hoje, duas pessoas. Uma trabalha oito horas, e a outra também. Não tem tempo de ir a escola, afinal tem que trabalhar. E custam os olhos da cara. Não só do salário, mas tem imposto, comida, transporte e tudo mais... E ainda vai te aporrinhar para você mandar embora, assim ela recebe um dinheiro. Se não você já sabe...
Mas se pudéssemos contratar por hora, sem tanta burocracia, ao invés de contratar duas, contrataria quatro em turnos de quarto horas. Dobrou! Mais dinheiro circulando, menos desempregados.
Mas isso é pura utopia hoje no Brasil. A promiscuidade do sistema não quer saber. Os próprios empregados não querem saber disso, acreditam que iriam perder os direitos. Empresas querem cada vez mais contratar menos, e de preferência como autônomo, para se ver livre, de impostos e futuros aborrecimentos com a justiça cega e promiscua brasileira. Os concursados não querem que mude a estabilidade que têm logicamente.
Parece-me, é que tem muita gente que não quer que mude nada. Tanto do lado do governo e dos empregados. Penso que os empresários gostariam que mudasse alguma coisa.
Enquanto isso, o desemprego aumenta e suas conseqüências também.
Por Fernando Katayama 30 set. 05