Friday, September 30, 2005

Falta aquilo que sobra

Como sempre faço leio os jornais pela manhã. Hoje não seria diferente. Logo na primeira página, havia uma pequena chamada, uma foto, pequena de uma biblioteca em São Paulo, toda pichada. Logo à baixo a legenda dizia, que faltavam funcionários e os poucos que tinham vaziam um revezamento para mantê-la funcionando.


Olhei aquilo e pensei: “como pode?”.


Não pensem vocês que eu me indaguei sobre a pichação, lógico que atos de vandalismo eu reprovo, mas não foi sobre isso. O que eu indago é: como que no Brasil, pode faltar mão de obra?


O Brasil vive com altas taxas de desemprego. É difícil conseguir um emprego. Não estou nem falando de trabalho. Trabalho e emprego são coisas diferentes, mas não vou entrar no mérito aqui. Como que em um país que tem uma taxa de desemprego altíssima, faltam funcionários?


Se qualquer um de nós quiser fazer a experiência, coloque no jornal, um anúncio qualquer: “Preciso de...”, a fila será enorme. Não é por acaso que existem inúmeras empresas de emprego e as mais moderiinhas chamam-se de Consultorias de RH. Outro dia estive em uma dessas ai, entrava tanta gente que parecia até um ventilador humano. Algumas distribuem senha.


Com esse cenário tenebroso, como que faltam pessoas para o trabalho? Certeza, que estão pensando que o que falta é mão de obra qualificada. Primeiro me pergunto o que é ser qualificado e segundo, como que se explica que tem engenheiro na fila do concurso? Falta qualificação ou oportunidade?


Você pode dizer também, que porque nesse caso, a biblioteca é pública, então precisa de um concurso. E então reforça minha idéia que esse tal concurso público é um grande erro.


Em minhas pesquisas, verifiquei como é que são feitos os processos para a contratação de pessoas para os cargos do governo, em diversos países desenvolvidos, como EUA e Canadá. E acreditem, não tem concurso. Existem sim, algumas provas e testes, e as análises são muito mais profundas. Porque o que querem saber é se o candidato tem o perfil para determinada função, se pode crescer, se tem vontade e vocação e não se é bom de prova, como acontece aqui.


Por isso o Brasil tem essa grande corrupção, falta de estrutura, falta de vontade. O sujeito não esta lá porque acredita, esta lá, porque é uma boa e tem muitas regalias. Vejam só: para ser da polícia, tem que ser bom de prova. Para ser juiz também. Para ser escrivão, tem que ser bom de prova. Para ser professor? Bom de prova.


Aprende a fazer prova que você esta dentro. Mas como fica o trabalho da função?


Como sabemos: Um lixo.


Mas tem outro agravante para o grande desemprego no Brasil. A lei trabalhista. Protege tanto que acaba por criar muitos problemas. Hoje não é possível contratar uma pessoa por hora para que trabalhe, por exemplo, todo dia durante 4 horas. A justiça entende que ela trabalha o mês todo durante oito horas. Certamente ela, vai “entrar na justiça”, para reclamar “dos seus direitos”. E você vai ter que pagar.


Imaginem vocês, um estabelecimento qualquer, contrata hoje, duas pessoas. Uma trabalha oito horas, e a outra também. Não tem tempo de ir a escola, afinal tem que trabalhar. E custam os olhos da cara. Não só do salário, mas tem imposto, comida, transporte e tudo mais... E ainda vai te aporrinhar para você mandar embora, assim ela recebe um dinheiro. Se não você já sabe...


Mas se pudéssemos contratar por hora, sem tanta burocracia, ao invés de contratar duas, contrataria quatro em turnos de quarto horas. Dobrou! Mais dinheiro circulando, menos desempregados.


Mas isso é pura utopia hoje no Brasil. A promiscuidade do sistema não quer saber. Os próprios empregados não querem saber disso, acreditam que iriam perder os direitos. Empresas querem cada vez mais contratar menos, e de preferência como autônomo, para se ver livre, de impostos e futuros aborrecimentos com a justiça cega e promiscua brasileira. Os concursados não querem que mude a estabilidade que têm logicamente.


Parece-me, é que tem muita gente que não quer que mude nada. Tanto do lado do governo e dos empregados. Penso que os empresários gostariam que mudasse alguma coisa.


Enquanto isso, o desemprego aumenta e suas conseqüências também.


Por Fernando Katayama 30 set. 05

Thursday, September 22, 2005

Brasil é estranho

Estou contente com os comentários que tenho tido pelos textos que escrevo. Gostaria que houvesse mais. Sempre é bom receber criticas, opiniões, idéias e novos pontos de vista. Agradeço ao meu amigo Tutu, que me enviou um comentário do meu último texto. Agradeço a minha nova amiga Júlia. A Dani, que lá de longe lê meus textos e me envia comentários. Até ao frangote do Gus, que não quer saber se eu tomo café ou não, mas gosta do que escrevo. Enfim, agradeço à todos.

É importante poder agradecer. Ser livre para poder dizer, que meu sucesso é impulsionado por essas atitudes. Sucesso, esclareço, é me satisfazer e compartilhar as minhas idéias com meus leitores.

Mas enfim, voltamos ao Brasil. País estranho o nosso. Explico.

Cheio de maravilhas naturais. Montanhas, matas, mar, rio... As mulheres mais lindas do mundo. As melhores bundas do planeta. Um cardápio repleto de guloseimas deliciosas, e para todos os gostos. Não tem tufão nem terremoto.

Mas o Brasil é estranho.

Aqui, como disse meu professor do colégio Ruy Campos, “é o país onde a banana nanica é a maior. É o país onde, houve tempo, que a arroba do boi gordo era mais barata que a do boi magro”. Era Sarney, 1985, e inflação galopante.

Hoje, tanta CPI e bandidagem que quase não da mais para acompanhar sem fazer um organograma. E ainda assim é complicado.

Todo mundo mente. Mentira hoje é verdade, e como disse Hitler, “a melhor mentira é a maior, assim acaba virando verdade”, ou então, “a verdade é uma mentira bem contata”, não sei quem falou.

Já não sei. Já não sei o que é que vai ser.

O PT mentiu para todos que acreditavam nele. O Lula mentiu, para ele mesmo pensando que estava preparado para administrar o país, mas quem fazia isso era o Zé Dirceu, que por sua vez, mentiu pro Lula, dizendo que era seu amigo. E na tevê, todo dia tem um que mente. E não acontece nada. E mamãe que me dizia que mentir é feio.

Como dizia, o Brasil é estranho.

Hoje mesmo, fecharam algumas casas noturnas em São Paulo. Casa Noturna para Cacete. Literalmente. Na verdade são casas de encontros, para ser polido. Lá garotas, jovens, gostosas, potrancas, mignon, louras de verdade, de mentira, mulatas, ruivas, morenas, com cada bunda, que benzadeus! [pausa... suspiro...] Bem, foram fechadas hoje, porque a uma semana do GP Brasil, fizeram propaganda, insinuando o que chamam de “turismo sexual”.

Mas como disse, o Brasil é um país estranho.

Lá em Brasília, não tinha GP. Não teve propaganda no out-door. Mas as garotas de peitão, bunda gostosa e pele macia prestavam serviços para deputados, senadores e sei lá mais quem. Todas parecem que eram da Jeane. A cefetina que já cogitou, se candidatar na próxima eleição. Acho até bom, assim meu filho ou meu neto vão poder chamar o filho dela que vai ser, certamente político, de “aquele filho da puta”, e com toda razão.

Mas como disse, o Brasil é um país estranho.

O Congresso não foi fechado. Os deputados e senadores e sei lá mais quem, não sofreram nenhuma punição, talvez uma chamada na chincha da Dona Maria, mesmo incentivando a “política sexual”. Continua tudo funcionando. No país da bunda, os caras lá, passam a mão na bunda das gostosas e nos aqui, ficamos com cara de bunda.

E ainda fazemos graça.

Mas como disse o Tutu no seu comentário: ”... grupo de rock é o exemplo de que tudo na vida pode mudar, pode até demorar, mas não podemos desistir...”

Por Fernando Katayama 22 set. 05

Tuesday, September 20, 2005

Polícia para quem precisa de Polícia

Dizem que ela existe para ajudar.

Dizem que ela existe para proteger.

Eu sei que ela pode te parar.

Eu sei que ela pode te prender.

Polícia para que precisa.

Polícia para quem precisa de polícia.

Acordei com essa música dos Titãs na cabeça.

É do tempo em que eram uma banda de rock’n’roll. Faziam sonzeira. Rockão. O melhor do rock brazuca. Nada de baladinhas melosas. Som pesado e letra escrota! “Polícia” é uma faixa do Cabeça Dinossauro. LP clássico e muito diferente dos Cd’s de hoje. Talvez, hoje, os Titãs tenham se rendido ao terrorismo da indústria fonográfica, talvez, tenham se cansado de ser punk ou simplesmente pensaram que já era hora de ganhar algum e mudaram o som que faziam. Saiu Arnaldo, morreu o Fromer, saiu o Nando... Os Titãs mudaram.

Mas a música que era sucesso nos anos 80, parece estar cada vez mais viva. Mais contemporânea. Lembro de ter ido à um show deles, lotado e todo mundo cantando o refrão “Policia”, com as mãos para o alto, juntas como se tivessem sido algemadas.

Policia para quem precisa de policia.

Quem é que precisa de policia? Essa pergunta, dá até medo.

Nós brasileiros não sabemos se podemos ou não chamar a policia. Estamos já acostumados com a bandidagem e não sabemos mais quem é quem.

A própria policia já não sabe se corre atrás de malaco do morro ou do malaco fardado. Já tivemos a “banda podre”, como são conhecidos, a parte das corporações que são bandidos de farda.

Tive esperança com a prisão do Maluf. Até elogiei a Policia Federal, que para mim, era a mais correta. Mas depois dos últimos acontecimentos, foi tudo pro esgoto.

Aqui em Campinas, uma das cidades mais violentas do país, uma certa vez, sumiu alguns quilos de cocaína da delegacia. Não sei bem o que aconteceu com os responsáveis da droga, só sei que sumiu!

E ontem, sumiu da delegacia da Policia federal, o equivalente à R$2 milhões, em dólares e euros. Mas uma tantada de Coca, não a cola, mas a ína. Então também não é de se estranhar que, outro dia mesmo, algumas armas entregues a PF também apareceram nas mãos de bandidos do morro. Muito menos do Brasil ser a rota dos passaportes falsos, já que o esquema envolvia quase 60 pessoas da Policia Federal.

Policia para quem precisa de policia.

Fazem-me ver que a corrupção e desonestidade assolam cada vez mais nosso país. Já não fazemos mais a distinção entre bandidos e mocinhos. Tememos todos. De lavador de vidro de carro no semáforo, políticos e policiais.

Enquanto escrevo aqui, certamente tem algum político articulando uma manobra para beneficio próprio. O Presidente que o diga, reafirmando apadrinhamento do Presidente “insustentável e totalmente despreparado” da Câmera. Dos presidentes de Partidos e ate mesmo o Presidente da República, essa besta que esta lá, que afirmou que PT “tinha mais a obrigação” de pagar as contas dele, para viagens particulares, usando o fundo partidário. Esqueceu-se que esse dinheiro não é dele e nem do partido. É nosso, e eu não quero pagar nada para ninguém ir se divertir com as Filhas da Jeane.

Certamente, alguns outros policiais estão tramando mais um golpe. E os bandidos do morro, usando de toda a logística que possuem, executam mais um roubo, assalto, importação de mercadorias contrabandeadas ou coisa que o valha.

Policia para quem precisa de policia.

Pergunto se ser desonesto, ser malandro, ser corruptor ou ser corrompido é genoma ou meio.

Mas certamente, policia para quem precisa de policia.

Por Fernando Katayama 20 Setembro 2005

Sunday, September 11, 2005

Latrina, o tornado brasileiro

Surpreendente a ação do Judiciário e da Policia Federal de ontem à noite.


Acho que ninguém esperava assim como eu, todos ficaram boquiabertos. Ver o Paulo Maluf e seu filho indo para o xilindró foi uma cena bizarra e um tanto estranha. O senhor “Roubo, mas Faço” finalmente tomou um pé d’ouvido! Acho que nem ele esperava isso!


Nós brasileiros já estamos tão acostumados a vermos crimes do colarinho branco e impunidade em todos os níveis, que só o fato o Maluf ser indiciado já era um bom sinal! Mas ele ir preso, confesso, foi espetacular!


Não sei se ele vai ficar preso, mas isso é outra questão. Desde que eu sou criança ouço que o Maluf, rouba, mas faz! E isso já foi até slogan de campanha. Espantava-me ninguém ter ainda tomado a devida providência!


Parece que a atual crise do governo, com todas as maracutaias aparecendo, com a sujeirada vindo à tona está surtindo efeito positivo para o país. Essa é minha esperança e meu voto de confiança.


Temo, logicamente que não dê em nada. Já, assim como você, estou acostumado a ver o festival acontecer. É como em inauguração de bar novo, onde tem o maior morundum, ba-fá-fá, flashes, gente pra todo lado querendo aparecer e em uma, no máximo, duas semanas todo mundo esquece. Quer ver só:


Alguém se lembra do Manoel Moreira? Cadê ele? Aquele outro que era o Zangado sortudo dos Sete Anões? Nem eu mesmo me lembro o nome, mas li outro dia que morreu! E do Lalau? Juiz marginal! Tá na mansãozinha dele com pena de reclusão domiciliar, brincadeira!


Por isso e outras, temo que essa crise não dê em nada. Porém a prisão, mesmo que temporária do Maluf, me deu esperança!


Essa nossa luta vai demorar mais que a II Grande Guerra, vai fazer mais mortos que no Vietnan. É tão estapafúrdia quando a Guerra Fria. Lutamos contra o inimigo invisível e disfarçado de cidadão.


Talvez esse nosso tornado, tenha trazido à tona, a lama histórica do nosso país. Assim como o Katrina, que encheu de lama as cidades norte-americanas e mostrou, aos próprios americanos, algumas podridões que estavam embaixo do tapete, o nosso, o Latrina, trouxe à Nação brasileira, a desilusão com a esquerda, encheu de água fétida os olhos de corruptos, mostrou que o sistema político nacional é incompetente e encheu de lama o Congresso. Resta agora acreditar na força dos garis, e começar fazer a limpeza.


Mesmo assim ainda temo. Afinal como no slogan do Lulinha paz e amor: “eu sou brasileiro e não desisto nunca!”.


Só que vale tanto pra mim como para o Maluf e seus pares.


Por Fernando Katayama 11 set. 05

Thursday, September 08, 2005

Independência ou Morte

Hoje acordei com a maior dúvida do que eu escreveria.

Coloquei para mim mesmo, o desafio de escrever pelo menos uma vez por semana. Mas está difícil escolher o tema.

É quase impossível não falar da atual crise do governo, já que esta, afeta quase todo o resto. Pensei em escrever sobre os problemas ambientais e não consegui fugir da política. Pensei nos americanos que estão lá, passando o maior perrenge. Ai, lembrei do povo lá da África, que passam o perrenge também e já faz tempo! Não me esqueci do nosso povo aqui...

Pensei em deixar tudo isso de lado e escrever sobre alguma coisa introspectiva, como sentimento e amor, faz tempo que não escrevo sobre isso, mas não tive o impulso necessário.

E como hoje, é dia oito de setembro, um dia depois do dia da Independência, não consegui fugir e estou de volta, à política!

Os jornais nem deram muita atenção a essa data. Talvez porque já tenha perdido o sentido. Porque talvez, nós não nos sentimos livres. Porque talvez, a Independência tenha sido somente pró-forme. Deram mais atenção aos jogos do campeonato de futebol ou as fofocas dos bastidores do que ao fato em si. Nem os desfiles, que são marcos desta data, tiveram cobertura.

A atual descrença e crise brasileira tomaram conta do pedaço. E foi isso que me chamou a atenção para perguntar-lhes, qual a nossa Independência?

Nós, desde os tempos da Colônia somos massacrados pela corrupção, apadrinhamento, troca de favores. Mentiras. Falcatruas.

Somos um povo dependente teste tipo de prática. Gerson, volto à citar, fumou cigarro, para levar vantagem em tudo. As Capitanias Hereditárias, eram para amigos do Rei ou para quem fosse mais interessante. Não se esqueçam das histórias do “santo do pau-oco”. Carioca é o malandro. Política do “café com leite”. Levar vantagem em tudo. Parece que somos dependentes disso.

Não sei se é DNA, porque falar DNA hoje, não é cadeia de aminoácido, é agência de publicidade e não dá cadeia! Mas enfim, não sei se isso já esta inserido no código genético ou é um tipo de vírus ou bactéria infectante para a qual não há cura.

Por isso não é de se estranhar tudo isso que passamos hoje. Começou com os Correios, passou por Agências de Publicidade, por Mesadas, não as dos adolescentes, e imaginem que já esta agora, no Restaurante. Quero ver a hora que chegar na fossa. Vai voar merda para todo lado.

O pior de tudo, é que o país já esta acostumado, e quando coisas que não são normais acabam virando corriqueiras, ai o buraco é muito, mais muito mais embaixo. Está cheirando que essa podridão toda, não vai dar em nada.

Então, nos estamos tão dependentes deste tipo de política, conchavos, artimanhas que eu me pergunto, Independência ou Morte?

Talvez, tivesse sido melhor que o dia fosse, Primeiro de Abril. Assim, seria mentira e ninguém iria acreditar mesmo.

Por Fernando Katayama 8 Set 2005