Monday, April 30, 2007

A Média Inexistente

Nunca fui lá muito bom com números. Matemática era um encalço nos tempos de colégio. Essa tal de matemática sempre me deu dor de cabeça. E piorava a cada dia. Fazia minha vida no colégio um inferno. Mesmo que em algumas vezes, eu tenha tido criativas soluções para aquelas equações estrambólicas. Logaritmos, números primos, terceiro grau, frações e inteiros. Sinceramente, não faziam muito sentido. As duras penas aprendi.
Apesar de detestar essa tal de matemática, aprendi e tem sido útil. Como já disse anteriormente, muitas vezes para mim, dois mais dois não são quarto mas dá um bom sessenta e nove. Na matemática aprendi sobre a média. Ponderada. Absoluta. A média. A média soma-se tudo e divide por dois, tem a média absoluta. Ou soma-se tudo e divide-se pelo número de itens, tem a média ponderada. Foi nesse tempo de colégio que eu aprendi também o que era a classe média, nas aulas de geografia. Era o que ficava entre a Classe A e a Classe C. E engraçado, não tinha nada da matemática que eu estava aprendendo.
Mas venho dizendo, faz um tempo já, que a classe média do Brasil esta sumindo, e um estudo da Unicamp prova o que estou falando, mas quero saber quais os parâmetros para a criação desse tal índice, sendo que eu não concordo. O Brasil é um país de duas classes apenas. Os ricos e os podres. Você esta em uma dessas duas, mas podre você não é. Certamente sua resposta a minha afirmação será me dizer: eu não sou rico.
É ai que começam as classificações para os sub-tipos de classificação econômica. AA+, AA, AA-, A+, A, A-, BB+, BB, BB-, B+,... C, C-, CC-, D-, DD-..., e note, à partir da C não tem sinal de +. Começa C e decresce. Mas isso tudo é balela. Podemos ter A, B e C, e só. As derivações são conseqüência do fracionamento do mercado, criado pelos gurus do marketing, para poder trabalhar melhor o comportamento do consumidor. E todo mundo engoliu. Mas o que vemos na realidade não é assim. É A, B e C.
“A” são os ricos, todos os ricos, “C” são os podres, todos os podres. E “B” seria a soma de A e C dividido por dois. Mas não é bem assim que acontece. B não é a media ponderada ou absoluta entre a riqueza e a pobreza.
Acontece que a chamada classe média sumiu! Simplesmente não existe mais. Se você paga escola para filhos, ou estudou em escolas particulares, vai ao shopping fazer compras, vai ao cinema, churrasco com amigos, um jantarzinho a luz de velas com a patroa, viagem à praia nos feriados e talvez para fora do país, você é rico. Se não, é podre. Mas você me diz que é classe média pelo seu faturamento mensal, mas no final do mês, acaba no zero ou devendo. Você não é classe média, é pobre, mas pensa que é classe média, afinal quer viver como rico, mas paga as contas como pobre. E lógico, tem os muito mais pobres que ricos.
O resultado disso é a tensão social que vive o Brasil. O atrito gerado pelo BMW que passa na porta da favela ou do morro, que os miseráveis assistem aos desfiles de luxo da Zona Sul. A malandragem que desfila pelos Jardins, em suas motocas envenenadas, em busca de uma vítima em traje de gala. O proveito da bandidagem no desespero paterno diante de seus 5 filhos e da esperteza juvenil. O terror tocado pelos grupos criminosos, recheados de seres desprovidos de perspectiva. Do carro blindado no semáforo assistindo ao show de malabares, das ramelentas pulgas das sociedade marginal ou ver da janela do seu luxuoso apartamento, o maravilhoso-miserável cômodo 3x3, para cinco, feito de placas, madeira e um pedaço do outdoor estampado a cara do último deputado da cidade.
A tensão social ainda consegue ser sustentada pela sociedade como um todo, podres e ricos, mas a guerra não declarada já é oficial. E a solução dessa equação crônica, parece não existir. Mas a solução é simples: vontade política, não só dos péssimos governantes e políticos, mas de toda sociedade, na qual eu e você estamos inclusos.

Música: Rio 40 Graus - Fernanda Abreu & Chico Science
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 30 April 2007

Sunday, April 22, 2007

Brasília e o Fiat 147

Tem uma fotografia lá na casa de minha mãe, guardada no álbum, a mais de sete chaves. Pouquíssimas pessoas já viram essa pequena foto. Foto do tempo da máquina fotográfica manual e processo químico de revelação. É lá dos anos 70. A foto é de um formato não muito usual nos tempos de hoje, como 13X15 cm. Coisas de setenta. É uma foto minha. Sou eu lá no pequeno pedaço de papel, colorido por reações químicas. Sorrindo, com meu cabelão ondulado, e acreditem eu usava cabelo comprido e era ondulado, estava eu lá dirigindo a Brasília Amarela de minha mãe. Na verdade eu estava mesmo é brincado de dirigir, tinha, se muito, uns 3 anos de idade. Mas também tenho outras lembranças dos carros de minha infância. Um deles, foi um Fiat 147, vermelho, que meu pai comprou e até hoje eu não sei o porquê. Esse carro foi responsável por engolir meu carrinho de ferro. Nunca mais revi o carrinho. Foi com esse carro, que não passava dos 80km/h, o que para a época era bem razoável, minha mãe e meu pai, inventaram de ir ao interior de Minas, Furnas. Com o espírito aventureiro fomos nós para lá. Levou um tempo mas chegamos, e melhor voltamos.
Meu pai resolveu vender depois dessa viagem. E hoje em dia nem a Brasília e nem o 147 são fabricados.
Brasília, foi o nome dado ao carro, para celebrar Brasília. A Capital do país no meio do nada. Brasília faz hoje 47 anos. Não se sei para orgulho ou desespero. A cidade construída com os projetos de Oscar e Lúcio. Encheu o sertão de Candangos e Porcos. Os Candangos povoam as cidades satélites e os Porcos deveriam ficar mais por lá, mas só vão as terças, quartas e quintas, até o meio-dia.
O que deveria ser o um exemplo para o país e para o mundo, de que devemos arriscar, enfrentar as dificuldades e construir algo bom, esta mais para um exemplo à não ser seguido. Brasília, talvez nunca tenha tido a vocação de motivar pessoas a fazer algo construtivo. Talvez, seja mesmo a filha de proveta de JK, cercada de conchavos e troca mesquinhas, encalacrada em seu DNA. Talvez seja o marco de concreto da corrupção secular brasileira.
Agora com o governo Lula, a máquina parece ser mais corrupta. Talvez seja mesmo. Mas não elimina a podridão desde os tempos da terraplanagem, quando lá nem existia. Lula só piorou. Em seu sonho da conquista do Planalto e a tomada do Brasil, ele só não contava com o seu egocentrismo, mas talvez já imaginava nos benéficos próprios.
Brasília era para ser a cabeça no coração do Brasil. Era para ter o respaldo de estar centrado, no meio do Planalto Central. Geograficamente equidistante. Longe dos grandes centros e longe das pressões sociais. Livre para poder governar em favor da sociedade. O centro político no centro do Brasil. É nobre o propósito.
Mas política se faz com políticos. E os políticos brasileiros não governam para o Brasil. Fazem em prol de alguns grupos seletos. E são eles que dirigem Brasília.
E eles pilotam Brasília com a mesma seriedade e precisão quando eu dirigia brincando a Brasília de minha mãe parada na rua. E conduzem o Brasil a velocidade máxima de crescimento, como o espetacular Fiat 147 vermelho de papai. Mas eles ainda têm uma grande diferença com os dois carros: eles não foram descontinuados da linha de produção e substituídos por modelos melhores.

Música: Pelados em Santos - Mamonas Assassinas - Mamonas Assassinas - 1995
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada April 22 2007

Friday, April 06, 2007

O Rabino, a Gravata e o Nó Cego

Neva. É primavera. Dizem que é normal. Para mim parece anormal, sendo que é primavera. Deveriam ser flores e não flocos. Mas é primavera e as flores logo virão. Tudo ficará verde e florido, chegará o calor e tudo parecerá normal.
Anormal mesmo é o que eu ando vendo nos jornais brasileiros. Abismado com as coisas da América do Sul e com as direções que o governo Luluista vem tomando.
Começou com o parimento de ministérios, para agradar os gregos, os troianos, os astecas, os maias, o PCC, o PMDB, PSD, PFL... Dando mais que puta desesperada, Lula gerou mais e mais ministérios, aumentando o já altíssimo custo da máquina estatal enferrujada. Ai, veio o Bush. Lula nada conseguiu do macaco gago. Depois Lula foi. Achou bacana andar no carrinho de golf e nada conseguiu do macaco gago, que ludibriou o inocente Presidente brazuca.
Pior não foi isso. Lendo notícias, vi que o Planalto esta andando em cascas de ovos para ir discutir com Chavéz sobre os bio-combustíveis. Lógico que isso é pressão gringa, que já sabe que esse recurso negro, já tem os dias contatos.
Chavéz, verborragico, falou pelos cotovelos sobre a fome e os problemas do uso de cana para fazer combustíveis. Segue a filosofia de Castro, como a cartilha da galinha Corococó lá do jardim da infância. O anti-americanismo chaveztiano soa-me idiota em um mundo globalizado. E Lula não sabe se cai para o lado do Chavéz, a quem se refere como aliado ou se cai fora e dá loco o lombo para os Greengos. Chavéz justifica que trará fome ao mundo o programa de uso de combustíveis alternativos, uma vez que as áreas destinadas ao plantio serão tomadas pelo feroz capitalismo.
Lógico que Chavéz não esta olhando para a fome do mundo, porque o problema da fome não é terra, nem recurso, é político. Chavéz como todo bom ditador, assim como Fidel, olha para o próprio umbigo. Esta puxando sardinha pra o seu lado. Venezuela é um grande produtor de petróleo e uma fonte alternativa, minaria não só a sua economia mas o grande poder de barganha com os americanos.
É claro que um programa de incentivo ao plantio da cana-de-açúcar tem que ser muito bem feito com regras e restrições, principalmente em um país-lambança como o Brasil, enraizado no extrativismo colonial. O capitalismo desvairado poderá levar a monocultura aos extremos dela.
Lula parece um nó cego. Vai defender o pró-álcool e nada desatará. Deve ser porque assim dará pra fazer mais cachaça. Vai dizer que colocará mais homens no campo e que gerará mais empregos. Pode ser verdade, contudo um campo maquinado e bem equipado é mais produtivo que com um bando de bóias-frias, e como bom capitalista, prefiro máquinas produtivas à um bando de bóias-frias.
É preciso ter mais cuidado ainda, o falarmos da distribuição da renda, através de mais homens trabalhando no campo. Com o plantio da cana, o risco dos Barões voltarem a cena e grande, e a renda ficaria mais concentrada, uma vez que é preciso terra. Muita terra. Lembre-se que: a tal reforma agrária já faz 20 anos e até agora mesmo velha, ela nem sabe engatinhar. Para piorar, nasceram serem malignos como o Maluco do MST com idéias pra lá de perigosas a humanidade.
Seria melhor o Brasil investir em pesquisas e desenvolver novos recursos. Aliás falta ao Brasil posicionamento estratégico. Como quando perguntamos a um garoto o que ele quer ser quando crescer, e ele diz: bombeiro. Se perguntar ao Brasil, ele, com 500 anos ainda não sabe a resposta. Enfim, Lula e Chavéz são dois nós cegos.
Pior ainda é a crise dos aeroportos, controladores de vôos, porque até para sair do país a coisa ficou difícil. Lula, na maciota, anuncia o fim da crise sem ter uma solução. Só no Brasil para alguém anunciar o fim de uma crise, sem ter uma solução. E como sempre, ele brinca que governa.
Mas o melhor exemplo mesmo é o Rabino Surtado. Já o achava louco e hipócrita, com aquele sotaque arrastado e idéias de devaneios. Mas o surto de luxo do Rabino, o ladrão de gravatas Louis Vuitton e Armani comprovou tudo.
No Brasil roubar é legal. O rabino só se desculpou e nem se quer pagou fiança.
E de fato, o Brasil enlouquece qualquer um.


Música: 1.100.00 - Ana Carolina - Dois Quartos - 2006
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada April 5 2007