Monday, December 04, 2006

Cariocas e Paulistas

Estava ouvindo músicas por aqui. Ouvia músicas brasileiras como MPB, Rock Nacional e Bossa Nova. Reparei nos inúmeros tributos às mulheres. Não poderia deixar de ser diferente, já que com tantas curvas e nuances é sempre uma boa fonte de inspiração. São as “mulheres de Atenas” em seu “vestidinho preto imperceptível”, sendo a “coisa mais linda, cheia de graça que eu já vi passar”... Chico, Skank e Tom. Poderia citar muito mais, como Maria Rita, diz que “meu peito não é de silicone”. Ou Rita Lee, cantando a verdade, afinal, “mulher é um bicho esquisito”. Sempre teve e sempre terá uma canção para alguma mulher. Luizas, Lygias, Marianas, Carolinas, Marinas, Anas, Vanessas, Lucianas, Paulas, Marias... Estarão sempre no top ten da Billboard. E nós homens, sempre ficaremos na condição de coadjuvantes, subalternos, segundo escalão e submissos às donas do mundo.
Não adianta gritar e dizer que não é, porque é! É assim desde antes dos tempos bíblicos, quando os homens já faziam guerra por Helena. Cleópatra e seu domínio da África Branca. Sansão e Dalila. Até nos tempos bíblicos os homens sempre estiveram aquém das mulheres, tanto que, Jesus nasceu da Virgem Maria, e tirou por completo a função masculina do mundo. Não adianta negar, somos submissos as vontades femininas. A última palavra sempre é nossa: “sim, senhora”!
Como dizia, notei um número grande de músicas dedicadas às mulheres, mas uma grande porcentagem delas dedicadas à mulher carioca. Fiquei pensando no por que.
Um dos motivos mais óbvios é que no Rio, onde há praia, o corpo esta sempre em evidência. A praia, o lugar mais democrático do mundo e mais cruel também, não perdoa nada. Esta lá tudo à mostra.
Mas a mulher carioca, que encheu já a boca e os olhos de nossos poetas esta lá na praia com os seus biquininhos, tampando quase nada, e deixando que nossa imaginação as desnude por completo. Aqueles poucos centímetros quadrados de pano, escondem o suficiente para aguçar a imaginação de qualquer celibatário.
A carioca é diurna, acorda vai correr no Calçadão à beira da praia. Cuida do corpo, que será exposto logo mais, ou à tarde, pegando onda ou batendo um fut-volei nas areias finas exibindo as pernas torneadas. Domingo de sol, na Barraca do Pepê, é o paraíso das bundas douradas. Todas ali, lado a lado, metros e metros tomados, por maravilhosas bundas arrebitadas, douradas com marquinhas de sol e a sedosa penugem que as cobrem. À céu aberto para apreciação de todos. Carioca já nasce com a bunda dura.
Mulher carioca é inspiração para o poeta, não só pelos corpos maravilhosos e criadores dos maiores pecados, muitas vezes, somente imaginários e resolvidos solitariamente, mas também pela incrível simpatia e divertimento. Um copo de chopp ou uma água de coco à beira mar, é o suficiente para um excelente começo.
Mulheres de corpos esculturais dourados do sol, praia, mar, paisagem do entardecer... Todos os ingredientes para aguçar a imaginação. Mas...
Mas e as paulistas?
As paulistas têm outro charme. Acordam e vão trabalhar. Vestem seus taiers ou suas saias. Cabelos sedosos. Perfumes. Óculos como acessório. Mulheres paulistas são mais noturnas. Escondem os segredos do corpo. Não tem o corpo dourado de sol, usam fator 50 fps no mínimo, para não estragar a pele.
Usam suas roupas sensuais que cobrem tudo, escondem tudo, mostram quase nada, mas já é o suficiente. Despertam a imaginação através da camisa de cetim branca, com os três primeiros botões desabotoados e sutien meia taça, insinuando o seio. De salto alto, ressaltam as panturrilhas e enaltecem as curvas glúteas. Isso, só de dia. Já a noite...
A noite se transformam em semi-deusas. Lindas, bem vestidas e perfumadas, desfilam como éguas de raça puro sangue. Cabelo sedoso é a verdadeira crina. Suas roupas fazem com que dispamo-las com os olhos, imaginando o que não é mais novidade. Causam congestionamentos quilométricos, todos querem ao menos, ver.
E isso tudo comprava que nos homens vivemos sempre olhando para as mulheres e que viemos ao mundo como meros servidores.
Se me perguntarem qual é que eu prefiro, terei que responder que prefiro as mulheres de Florianópolis, porque no verão são cariocas e no inverno são paulistas.

[música do texto: Ela é Carioca – Quarteto Jobim-Morelenbaum - 2000]
Por Fernando Katayama New York, NY, 03 Dec 06

1 comment:

Anonymous said...

Bom dia professor, há quanto tempo? Tenho lido com entusiasmo suas crônicas, sempre muito inteligentes e bem colocadas. Espero continuar as recebendo. Ainda tenho muito a agradecer por suas preciosas aulas e orientação para o TCC.

Um grande abraço e muito sucesso do ex-aluno

Maurício Franco
IPEP 2004 - Campinas