Sunday, December 25, 2005

Pré-visões

Esta aberta a temporada! Durante os próximos quinze ou vinte dias vamos ficar ouvindo as balelas visionárias que tentam nos empurrar.

Inúmeros visionários vão definir o futuro. Búzios, tarôs, cartas, mão, energias cósmicas. Todos os artifícios para a dedução mágica!

O Pai Oxalá, Urubu-do-Bico-Curvo, grande mentor do Terreiro Olho, vestido todo de branco, parecido com baiana da lavagem do Bonfim, já que as baianas, que não são as de lá, usam roupas tão curtinhas que não tapam nem a mais singela celulite, diz: “Um grande homem irá morrer nesse ano. Um homem importante. Não posso precisar a data, mas será entre março e novembro, no máximo em outubro”.

Em um lugar não muito distante, Mãe Jurupoca, com o seu característico olhar torto, joga os búzios, com cara de espanto: “É... as coisas não parecem melhorar ainda... haverá muito briga em uma casa grande aqui no Brasil... alguns grandes se esfacelarão, enquanto outros, aguardam a carniça”.

Em uma tenda, cartas de tarô. Uma senhora gorda, de vestido vermelho, puxa as cartas. De cara, olha atravessado. “hummm, moeda quebrada... é... não haverá muito dinheiro no bolso...”
E por ai vai... Até o nosso presidente já fez as sua previsão, prevendo o cenário político do ano que vem. E o Palocci também fez a dele [preferia ele sem falar nada, mas não se conteve], disse que iremos crescer 5%. Mas ele já falou isso outro dia... Uma hora a de acertar.
Eu farei aqui então as minhas:

A economia, vai ficar nessa merda. Não vai pra frente. Via ficar esperando as eleições. As briguinhas partidárias, vaidosismos, jogo de influências, manterão tudo na mesma.

O Brasil continuará acéfalo. Sem governo. Sem políticas de crescimento. Sem estratégias definidas. Sem norte algum. Esperará o ano começar, em março, depois do carnaval. Enquanto isso, nada acontece. E quando acontecer, terá acabado o ano mais uma vez.

Passarão as eleições e serão idênticas as outras. Uma merda de um lado e outra merda do outro. Somando as duas, nesse caso, 1+1= talvez dê 1! De semelhança entre as duas: falar e nos tratar como merda.

Bem, também terá uma novela na TV, onde terá pelo menos um casamento, um assassinato, um atropelamento, um casal polêmico e logicamente, o vilão vai se fuder!

E o ano terminará com a musiquinha hit da Globo: “hoje a festa é nossa, hoje a festa é tua, e de quem quiser, quem vier...” Mas não nos deixam entrar e não dividem o bolo.

E isso tudo, a gente já viu!

Por Fernando Katayama 25 dec. 05

Tuesday, December 20, 2005

Jingle Bells

Lá vem vindo. Roupas vermelhas. Cintas pretas. Botas pretas. Gorros. Alguns adereços brancos. Invariavelmente a barba, mesmo que postiça. É um exército vermelho visto de longe. Uma legião vermelha. Vem em fúria e o barulho é ensurdecedor. Chega a dar medo. Marchando vão dominando a cidade e impondo a vida.

Não querem saber. Será assim e pronto. Impositivo. Verdadeira tirania. Invadem todos os cantos da cidade, até os mais sombrios. Entram nas nossas casas sem permissão. Fazem o que querem. Dizem que é para o bem, e praticam então, a lobotomia. Pratica muito usual nesse tipo de sistema.

Não pensem vocês que eu estou falando de um exército vermelho comunista ou algum tipo de guerrilha separatista. Não! De modo algum.

To falando mesmo do exército de papais Noel que invadem a nossa vida todo maldito ano. Na rua, no out-door, no rádio, na Tv, porra... Em todo lugar! Todos vestindo a mais chula das roupinhas de papai Noel, escorrendo suor da cabeça, com aquele gorrinho. Nada mais oportuno do que ficar de gorro no verão!

Somos bombardeados pela indústria do consumo. Celulares e eletrônicos estão no topo da lista de desejos. Todo mundo quer comprar, comprar e comprar. Querem mais ainda, ganhar, ganhar e ganhar.

Todos têm a obrigação e, até em alguns casos, tem que dar o tal presentinho de Natal, para não ser mal educado. Uma verdadeira Ditadura. Quem não ganha se sente desprezado, desamado, desvalorizado. Quem não dá se sente culpado, sem amor, egoísta. Não tem jeito. Compre uma qualquer coisa e pronto, ta resolvido.

Bom mesmo é o comercial da Vivo, que escracha: “Ganhou um peso de papel...” e se fudeu mesmo! Vai lá na “oportunidade única do ano” de reunir a família, e ganha uma meia! Puta cara de bunda!

Tudo besteira. Todo resultado da indústria. Todo mundo diz isso, não é novidade. Todo mundo fala: “ah... não tem mais sentido o Natal... tudo coisa da indústria...”, mas esse ai, já comprou a lembrancinha. “Fica chato não dar nada, né?!”... e por ai vai. Podem até pensar que eu quero presentes, que sou um revoltado com o mundo, que sou ateu, que mesmo com o meu discurso, eu ganho meus presentes e dou, podem pensar o caralho à quatro.

Pois, enganam-se. Não ganho e não dou. Aos 10 anos, disse ao meu pai que não queria nada no tal Natal e não me venha com Ovos de Páscoa. Desde então não ganho mais nada no Natal ou chocolate na Páscoa.

Disse isso ao meu pai, porque nunca me fez sentido isso ai. Acho totalmente sem graça e sem propósito.

Hoje, para piorar, somos abordados a toda hora pela “exploração da miséria Natalina”. Todo mundo quer fazer caridade. Nossa... Tudo bonzinho no mundo. Deve ser pela extrema unção. Assim, todo mundo se sente menos pesado pela sua dor do mundo, se perdoa e pronto, só tem que esperar mais um ano.

Reportagem na Tv, mostrou os “sem nada”, ficarem 5 horas em pé, com o sol a pino, para ganhar sua boneca de plástico - “ah, mas pelo menos, em um dia do ano, ele fica feliz!”. Os outros 364 passa fome, falta de amor, e fica cheio de vontade de ter. Vive no eterno vazio e cheio de desejos.

Dizer que isso é para a felicidade do outro é pura hipocrisia. Fazem essa “caridade” para aliviar a própria alma da culpa, e só. Porque se quisessem mesmo melhorar o outro, começariam olhando para si próprio, depois para a sua família, depois para as pessoas ao seu redor, depois para os colegas de trabalho e assim vai. Fariam todos os dias, a caridade, e vejam, caridade não é ficar levando brinquedo e saco de feijão, é muito mais que isso. Seriam educados. Tratariam todos com a mesma igualdade. O ano todo.

Ser bonzinho uma vez só no ano, me habilita de não fazer mais nada e continuar sendo bonzinho. Balela.

A Globo com aquela musiqueta de final de ano... Glória Maria, a preta que nunca envelhece, entra no Fantástico - O show a vida- mas só passa tragédia, diz “e o espírito natalino toma conta de tudo...”. E aparece um caminhão lotado de tralhas, e um monte de gente no desespero de pegar qualquer coisa, mesmo sem saber o que é, tanta a necessidade de afeto. Ou então mostra aquela reportagem da empregada que não tem muito que comer, mora em um barraco, tem doze filhos, dos quais um é bebe de colo, e o mais velho morreu assassinado em briga do tráfico, marido desempregado e alcoólatra, e mas sai por ai, dando presentes a desconhecidos. Oh, bacana!

O sentido do Natal é outro, mas esse se foi com o tempo. Fico pensando aqui como os não-católicos-cristão, ficam se sentindo. São obrigados a aceitar de cabeça baixa, afinal não tem muito que fazer. Seria quase uma heresia fazer alguma coisa diferente.

Natal representa, para o mundo cristão, o nascimento de Cristo. Nascimento, bom frisar. Deveria ser para coisas novas. Para nascer coisas novas. Assim como o Ano Novo. Ano Novo e Natal deveriam ser comemorados no mesmo dia. Além de um feriado a menos, teria mais sentido.

E entra ano, sai ano, sempre a mesma coisa...

Talvez por isso a choradeira no Natal, pela culpa. E no Ano Novo, todo mundo se veste de branco, para entrar limpo, como se preto fosse sujo. Calcinha de cor fúsia, para trazer sei lá o que; Cidra Cereser, afinal tem que ter “champange”; uns pulam ondinhas, outros sei lá o que; todos se abraçam e gritam “bom ano novo”... E ai choram na esperança de que o ano novo seja realmente novo .

Mas sabem que nada vai mudar.
... Porque não querem.

[tô de saco cheio, mas não sou papai Noel. Quer começar a mudar. Comece a fazer coisas diferentes, pensar diferente, agir diferente.

“se nada mudar em 10 anos, alguma coisa ta errada” - Dalai Lama”]

Por Fernando Katayama 20 dec. 05

Saturday, December 17, 2005

Onanismo Presidencial

Estava lá na TV mais uma vez o senhor Luis Inácio. Suando, com sua jaqueta bege de brasão da República. Talvez ele se sinta mais poderoso ou queira transmitir força. Nessa semana, almoçou com militares, no final disse que se segurou para não passar a limpo algumas histórias do passado. Bobagem.

Impressionante o que aconteceu em Recife que nessa semana, foi o centro de acontecimentos bizarros da política nacional. Não é de se estranhar que coisas bizarras aconteçam aqui, afinal é Brasil, mas tem cada coisa estúpida!

Lá em Recife, Hugo Chávez, presidente maluco cara-achatada venezuelano, tão anti-americano quanto Osama Bin Laden e talvez tão louco quanto, recebeu lá, a Medalha de Cidadão Honorário da Cidade do Recife, em cerimônia pomposa. Coisa mais estranha.

O que é que esse cara fez por nós ou por Recife? Porque dar esse presente a esse maluco? No mínimo uma estupidez.

Mas lá não aconteceu só isso. Lula fez mais um dos seus discursos, recheado de hipocrisia, silogismos, redundâncias e cretinices. Em tom disfarçado disse: “se eu decidir disputar a eleição, é para ser presidente de novo!”, entre outras baboseiras e seu discursinho eleitoreiro.

Lula tem que parar de ser hipócrita. Para com essa masturbação de reeleição. Ele fica nessa sessão masturbatória, sem assumir suas vontades ou ações. Fez isso o governo todo, ficou lá se masturbando e não botou para foder, o que todo mundo esperava. Tanto os que votaram nele quanto os da Oposição. Não, ele comprou um monte de dvd pornô pirateado no camelô, e foi por quarto escuro. E acabou ai.

Lula inventou o onanismo presidencial. Ou seja, falou um monte, disse que era “o homem, macho” que mandaria “tudo para dentro”, mas só ficou na mão!

Durante todo o seu governo foi moleque e não assumiu como homem suas responsabilidades de sair com a República. Como um adolescente que paquera, paquera e paquera, quando consegue a moça, não sabe o que faz e não assume o que faz. Foi traído e virou corno. Não assumiu nada. E agora não assume que quer a reeleição.

O que dá tesão no Lula, não é a presidência, mas é a disputa, é a eleição. E só. Esse é o onanismo presidencial de Lula.

Por Fernando Katayama 12 dec. 05

Thursday, December 15, 2005

Marshall Brazuca

Hong Kong – Lá na terra dos chineses, que detestam serem chamados de chineses, porque eles são de Hong Kong, e se orgulham de ter o passaporte inglês, apesar de não falar porra nenhuma de Inglês! Mas foi lá na terra dos tigres asiáticos, que aconteceu mais uma dessas conferências dos paises podres. Nós estávamos lá obviamente.


Nosso representante, Celso Amorim, ministro das relações exteriores, que assim como Lula, acha que inglês não é essencial aos diplomatas brasileiros, talvez para poder usar da mais nova prática nacional, o “nãoseisismo”, com maior liberdade. Assim dá para justificar que eles não sabem, não porque não viram ou que não estavam lá, mas porque não entendiam nada! Acho até que não entendem mesmo.


Mas como de costume, fomos nós à frente do mundo falar. Besteira obviamente. Celso Amorim, empunhando a sua surrada e ultrapassada bandeira bolchevique, tenta a todo custo, fazer o levante dos pobres contra os ricos. Uma imbecilidade.


Ele e Lula ficam brigando com americanos e europeus pelos subsídios que dão aos seus produtores agrícolas. Eu pergunto o que é que nós temos com isso!? Lógico que vocês pensarão, “ô seu burro, é porque se não os nossos produtos perdem competitividade”. Eu concordo que é a tal competitividade, mas eu não sou burro.


Mesmo assim, discordo desse argumento. Olhe só.


O Brasil tem que crescer por suas próprias pernas. Tem que parar com essas coisas paternalistas e visão de que somos os coitadinhos do mundo. Quanta besteira. Pára de ficar olhando a bunda dos outros! Ver se colocam ou não barreiras comerciais. Tem que lutar pelo seu espaço e não ficar implorando a Comunidade Européia e muito menos aos americanos. Temos que crescer com as nossas pernas, volto a repetir.


Primeiro que se você acha que os países ricos têm que nos ajudar, você é automaticamente à favor da ocupação americana no Iraque. Porque? Oras, a justificativa, nem sempre verdadeira, não é: “garantir ao povo iraquiano a democracia”. Então significa que os iraquianos precisam de ajuda externa para conseguir isso. Portanto, se você acha que os países ricos tem que nos ajudar, posso seguir o mesmo raciocínio lógico e linear. Não me fale que é diferente. Não é.


E tem outra coisa: rico não ajuda, se não, não seria rico. Rico quando doa, troca por alguma coisa, você é que não sabe pelo o que é.


O que o Lula fala, sobre os subsídios, é a maior balela. Fodam-se os subsídios deles, parem de olhar para a bunda americana, e olhem para a nossa! Já falei um montão de vezes sobre o nosso superávit, sobre as commodities, PIB e as exportações. Não vou repetir.
Acredito que o Brasil não precise exportar os produtos agrícolas “in natura”. O Brasil precisa é distribuir melhor as riquezas, e garanto que, exportando soja do Sul e laranja de Araraquara é que não vai ser.


O Lulinha vê isso e fica eufórico, toma um golinho e diz: “não fssalei galega*, tá entrando dinheiro! Pega o Dvssd do Zezé e do Lussciano e vssamosss ver no nossssso dvssd chssinês, para comemorar a balanssça possitiva!”


É a balança pode ser positiva, mas a renda fica concentrada. O Brasil precisa agregar valor aos seus produtos. Precisa gerar emprego. E assim, a distribuição de renda começa.
Sem essa de brigar por subsídios dos produtos agrícolas, temos que é desenvolver políticas que incentivem a produção. Faça a ALCA! Façam o plano Marshall Tupiniquim.


Traga a Tropicana Juice para produzir aqui seus suquinhos, exportaremos suco em caixinha. Traga a Italiana Illy, que compra o nosso café a 0.50 centavos a saca, manufatura lá, exporta de volta e nós pagamos 25 reais o quilo. Exportaremos café Illy. Diga aos Cromos Alemães, que venham. Compre o nosso couro e façam aqui o sapato de 400 dólares. Exportaremos sapatos e não couro. Sadia, exporta o frango em caixinha “todo sabor”. Alô Tetra-pak, faça mais embalagens para nós, vamos envasar tudo aqui. Podemos trazer as indústrias de tecnologia, afinal já estão aqui.


Veja o impacto em toda a cadeia produtiva. Vendo mais à produzo mais à compro mais à desenvolvo mais à pago mais à vendo mais, e isso serve para toda a cadeia, afinal é uma cadeia.
Não me venha com essa de que as multinacionais vão alugar o Brasil e usar da sua mão de obra barata. Nós temos mesmo a mão de obra barata, e precisamos empregar mais, então qual é o problema? Os maiores empregadores são multinacionais. Aliás alguns gurus profetizam que em um futuro próximo, só haverá grandes multinacionais. As multinacionais logicamente lucrarão, mas parte ficará aqui, através dos impostos e mais importante, através dos empregados.


E você pode me perguntar: e os médios e pequenos?


Esses ficarão felizes da vida, porque o mercado interno poderá absorver os produtos deles, além de poder produzir para os grandes.


Um outro me pergunta: mas a tecnologia e o know-how não serão nossas!


Não, não serão mesmo! Mas hoje nos temos tecnologias que são só nossas? Sem condição de poder investir em pesquisa e desenvolvimento, o Brasil esta em um dos últimos países no ranking de patentes. É melhor ser japonês e chinês em uma hora dessa, e aprender a copiar. A China, esta passando o Brasil, e de longa vantagem.


Disseram-me que esse meu raciocínio era simplista. Não ele não é simplista, é simples! Aí, me disseram: “mas não é fácil de fazer, temos os políticos...”. Por isso “nóis” é Barrichello! E eles “é” Alemão.


*Galega é como o nosso presidente se referiu a sua esposa em um pronunciamento

Por Fernando Katayama 15 dez. 05

Sunday, December 11, 2005

350

Em meu último texto o campeonato não havia acabado. Agora já sabemos que o “corintia” foi campeão. Sabemos quem caiu e quem não caiu. Sabemos também que o Dirceu caiu, mas a novela não acabou.

Parece coisa de mundo-árabe mas não é. Ônibus é incendiado e pessoas morrem. Um ataque terrorista. No contra ataque, matam quem ateou fogo. Justiça-Bandida. Choca o país. Choca o país? Choca nada! Nem Zé, nem Mané, nem Pelé. Nada mais choca. Só a galinha e de sítio.

Temas horripilantes não chocam mais. O cotidiano perverso já nos dominou e convenceu-nos da banalidade. Seja da vida miserável de uns quanto a “belíssima” vida milionárias de outros. Nos convenceu do tráfico, da sonegação e do estupro. Já nos convenceu do mundo cão.

Antes assustados, víamos os telejornais com cenas muçulmanas-xiitas, explodindo ao vivo, carros-bombas e queimando retratos do macaco branco-disléxico-norte-americano envolto a sua bandeira. Achávamos dois loucos. Um de turbante e outro de gravata vermelha. Que loucos! Agora nos perguntamos, quem são os loucos. Loucos devem ser os sãos.

Depois do Ônibus 174, segue a continuação do filme, Ônibus 350. Será que conseguiríamos contar a história da raiz dessa barbárie? Talvez precisássemos fazer em série de tão longa.

O Ônibus 350, é o retrato do Rio. Rio que já foi capa de revista. Rio que já foi das mais belas bundas dos cartões postais do mundo. Rio que serviu de inspiração ao Mestre Jobim. Agora o Rio é a amostra visceral do cotidiano brasileiro.

Políticos que discutem coisas de muito valor, como se o cartão postal pode ou não ter bunda! A polícia mata mais que bandido e ninguém sabe onde começa um e acaba o outro. Lá não é possível separar a favela da cidade. Ou será que a cidade é a favela? Cristo esta de braços abertos achando que esta sendo assaltado.

Ônibus 350 mostrou que nos vivemos o estado do terror. Nosso terrorismo aqui é dos mais diversificados meios e tipos. Temos terroristas no Planalto Central até o Palácio do Catete. Usam todos paletós e gravatas, e se tratam por “ilustríssimo. Temos terroristas de fardas. Temos terroristas sem fardas mas com sirene em carro civil. Temos terroristas de chinelo de dedo e bermudão, que se tratam por: “fala ae, Mano!”. E temos o terrorismo branco. Terrorismo branco é como arma branca, não faz barulho, não dá para ver direito, não sabemos quem são os terroristas e nem se a uma célula formada. Mas há. Chamo de terrorismo empregatício. Ser refém do seu emprego, porque sabe que não pode sair dele, por mais mal que te faça. É constante a ameaça.

350, mostrou que a lei, dos fora-da-lei, é lei.

Por Fernando Katayama 11 dez. 05

Sunday, December 04, 2005

Futebol e Tevez

Apita o Juiz. É o final do campeonato. A massa corintiana pula enlouquecia na arquibancada. O preto e branco. Pretos e brancos, machões ou não, se abraçam, se beijam, choram com a conquista desse título.

Pouco importa. Esse Campeonato Brasileiro estará manchado para sempre pela corrupção dentro e fora de campo. Certamente espelha a real situação calamitosa que se encontra o Brasil. O futebol a paixão nacional, movimenta milhões de dólares em transações internacionais, exportando nosso melhor produto bruto, homens. Como todo entretenimento, há sempre quem lucra muito.

Contudo, esse Campeonato estará marcado para sempre. Em um ano onde a crise política arrasou o governo e pior que isso, traiu milhões de pessoas, enganados pelas promessas históricas do PT.

A indústria da corrupção tomou tal corpo que envolveu até toda a alta cúpula do governo. Isso, já estamos cansados de ver. O que marcou mesmo o futebol foi a corrupção que toma o país de cabo a rabo. Estamos envolvidos de tal forma, onde emanharado corruptivo nos embola e não sabemos como sair disso. E o futebol, não poderia ficar de fora.

Com o caso de compra e venda de resultados mostrou que nada esta imune. A paixão nacional fora estuprada por trás. E com ela, milhões de pessoas amantes da arte da bola. Na verdade só trouxe à tona, a sujeira que já corria solta.

Diante de tudo isso, vejo um argentino, que veio jogar aqui. E veja vocês, o maior seleiro exportador de jogadores craques, onde, só neste ano, sete dos dez melhores do mundo, segundo a Fifa, são daqui, importou do nosso maior rival, um craque.

Cabelo esquisito, boca mole, cicatriz, dente feio e fala enrolada. O que mais me chamou a atenção nesse cara ai, não foi o futebol mordedor, característico, a habilidade com a bola ou os gols que vez. Não, não foi isso não.

Tevez nos mostrou que podemos e devemos falar aquilo que acreditamos. Talvez por ser estrangeiro, talvez por ganhar milhões, não sei. Mas também não me importo com isso. Mostrou isso dizendo ao Lula, que fique no seu lugar. Que não venha bajular agora que o time esta no topo, porque quando chegou, Lula o menosprezou. Disse também que ele faz o que quer, e dirigente não apita. Importa a mensagem enviada.

Acredito que esse tipo de conduta, talvez áspera em demasia, seja o que falta ao Brasil. Dizer a verdade, não abaixar a cabeça por intimidação e fazer-se respeitar.

[enquanto escrevo, o campeonato ainda não acabou, faltam ainda 45 min.]

Por Fernando Katayama 4 dez. 05