Wednesday, February 15, 2006

Bolsas das Putas

É noite. Com na pouca luz do poste, encosta um carro. Nem luxuoso, nem velhaco. Com sua saia minúscula, curva-se na janela, insinuando-se ao motorista. Sente-se única, a melhor, a mais linda, a mais sexy. Mal vestida com sua micro-saia, seios a mostra, é um filé na noite. Pouco importa se chove, se faz calor ou frio. Lá esta ela com a sua surrada roupinha. Suja da rua, dos dias sem banho, negocia. Entra no carro. Volta em alguns minutos. Cinqüentão, programa completo e vintinho só boquete. Pelo tempo que demorou, não da para saber qual foi. Com a boca suja e corpo melado, volta para sua esquina à espera de mais um. Rotina de uma puta no baixo meretrício. Gira bolsa, gira.

E é assim que o governo trata nosso surrado povo. Como putas sem saída, em desespero. Paga R$ 63.00 pelo programa. Usa do desespero. O Brasil não é um carrão, mas também não é uma velharia cubana. Vivemos nas sombras do desenvolvimento e passamos muito tempo sem banho.

O governo Lula, emplacou na eleição passada com o discurso voltado pelo social e pelo Fome-Zero. Vai usá-lo de novo.

O atual governo continuou com projetos do FHC, cheio de bolsas. Unificou umas para centralizar as ações. Criou-se o bolas-daquilo, bolsa-fulano, bolsa-da-blosa, isso para a porção miserável e para a não miserável, já eram malas ou cuecas, com recheios bem diferentes.

O governo gastou uma cifra exorbitante que gira em torno de 5 bilhões de reais, distribuído para os miseráveis desse país. Coisa que vai de 15 a 95, mas na média, 63 reais. Um boquete.

É o tipo de ação ineficiente e ineficaz. Não resolve nada. Não ajuda. Só gasta. Sai pelos fundos do Cofre da Nação e talvez justifique em desvios de verbas. Certamente não resolve nada. Não adianta usar tapa sexo no carnaval, dá para ver tudo. A perversão é explícita.

Logicamente o governo não esta nem ai para isso. O apelo esta feito e é isso que interessa. Não é à toa que Lula, pelas últimas pesquisas, esta liderando entre as classes D e E, já corrompidas pela miséria.

Enquanto não tivermos políticas para desenvolver o país, sem paternalismos duvidosos, sem políticos que lutam para seus próprios benefícios e a Nação não tomar consciência que é preciso gerar riqueza e distribuí-la, continuaremos rodando a bolsa nas esquinas da vida.

Por Fernando Katayama 15 fev. 06

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