Tuesday, February 21, 2006

Carnaval, um porre

Acabou! Acabou a fervura para ver o Rollings Stones. Acabou a fila para ver U2. Mas não acabou a euforia. Ainda resta o Carnaval. Carnaval uma das festas mais tradicionais do país. Coisa de louco.

Eu nunca gostei. Acho que sou chato. Existe e não há o que fazer.

Me resta:

Agüentar a Globeleza pulando na tv com as tetas de fora, sacudindo para um lado e para outro, como se fosse a coisa mais linda do mundo.

Agüentar o batuque infernal de quem não sabe tocar. E ainda o cara dizer: “olha a paradinha”. Sem contar o samba-enredo, e o grande puxador Jamelão.

Agüentar a molecada dizendo que “é bom para pegar mulher”, afinal o cara é um incompetente e só pega mulher uma vez no ano, no Carnaval. No resto do ano, cinco resolvem por um.

Agüentar alemão vermelho na praia, falando “zamba”, “carnival”, “molër pilada” e “caipiriina”.

Agüentar que todo mundo é de todo mundo e ninguém é de ninguém e é hora de tirar o atraso.

Agüentar os locos de pó, lança e lo-lo. Hoje de êxtase e doce. Bêbado vomitando no pé e para piorar, mulher bêbada, que fala cuspindo com os peitos esfregando na nossa cara, com cara de quem quer dar, mas é só tipo e fedendo bebida de segunda. Se homem bêbado é uma merda, mulher bêbada é merda potencializada.

Agüentar todo mundo dizendo: “vamos pulá, alegria, é Carnaval”, te obrigando a pular como idiota, fingir felicidade e dizer que comeu todas, afinal é Carnaval. E na verdade, você estava afim mesmo de ouvir música clássica e ler um livro.

Isso sem contar que as mulheres reclamam que são tratadas como um “léio*” de carne, mas no carnaval, não passam de um belo par de tetas e bundas.

E se quiser fugir para a praia, melhor ficar em casa.

Uns dizem que vale o feriado, mas cacete, então para que a putaria toda?

E se é pela putaria, bebedeira e pegação, qual é a diferença do final de semana passado?

[* leio: pedaço / O Brasil só funciona depois do carnaval]
[ você esta ouvindo a música "Gortoz A Ran, J'attends", sobre um novo mundo:
"...Will come back the blue wind To breathe my wounded heart

I will be pulled away by its blow Far away by its stream to another land

I will be pulled away by its breath Far away by its stream, wherever it wants

Wherever it wants, far away from this world Between the sea and the stars" ]

Por Fernando Katayama 22 fev. 06

Wednesday, February 15, 2006

Bolsas das Putas

É noite. Com na pouca luz do poste, encosta um carro. Nem luxuoso, nem velhaco. Com sua saia minúscula, curva-se na janela, insinuando-se ao motorista. Sente-se única, a melhor, a mais linda, a mais sexy. Mal vestida com sua micro-saia, seios a mostra, é um filé na noite. Pouco importa se chove, se faz calor ou frio. Lá esta ela com a sua surrada roupinha. Suja da rua, dos dias sem banho, negocia. Entra no carro. Volta em alguns minutos. Cinqüentão, programa completo e vintinho só boquete. Pelo tempo que demorou, não da para saber qual foi. Com a boca suja e corpo melado, volta para sua esquina à espera de mais um. Rotina de uma puta no baixo meretrício. Gira bolsa, gira.

E é assim que o governo trata nosso surrado povo. Como putas sem saída, em desespero. Paga R$ 63.00 pelo programa. Usa do desespero. O Brasil não é um carrão, mas também não é uma velharia cubana. Vivemos nas sombras do desenvolvimento e passamos muito tempo sem banho.

O governo Lula, emplacou na eleição passada com o discurso voltado pelo social e pelo Fome-Zero. Vai usá-lo de novo.

O atual governo continuou com projetos do FHC, cheio de bolsas. Unificou umas para centralizar as ações. Criou-se o bolas-daquilo, bolsa-fulano, bolsa-da-blosa, isso para a porção miserável e para a não miserável, já eram malas ou cuecas, com recheios bem diferentes.

O governo gastou uma cifra exorbitante que gira em torno de 5 bilhões de reais, distribuído para os miseráveis desse país. Coisa que vai de 15 a 95, mas na média, 63 reais. Um boquete.

É o tipo de ação ineficiente e ineficaz. Não resolve nada. Não ajuda. Só gasta. Sai pelos fundos do Cofre da Nação e talvez justifique em desvios de verbas. Certamente não resolve nada. Não adianta usar tapa sexo no carnaval, dá para ver tudo. A perversão é explícita.

Logicamente o governo não esta nem ai para isso. O apelo esta feito e é isso que interessa. Não é à toa que Lula, pelas últimas pesquisas, esta liderando entre as classes D e E, já corrompidas pela miséria.

Enquanto não tivermos políticas para desenvolver o país, sem paternalismos duvidosos, sem políticos que lutam para seus próprios benefícios e a Nação não tomar consciência que é preciso gerar riqueza e distribuí-la, continuaremos rodando a bolsa nas esquinas da vida.

Por Fernando Katayama 15 fev. 06

Sunday, February 05, 2006

Boi de Piranha

Passei alguns dias afastado da minha máquina. Em uma dessas chuvas de verão, dessas que cai água e tudo mais que se possa imaginar, deu um certo probleminha aqui e perdi, o que os “micreiros*” chamam de “executáveis”. Uma queda repentina de energia, deve ter sido um galho ou um poste que veio ao chão levando também a minha energia, provocou essa perda. Lamentavelmente ou talvez por sorte, fiquei seu meu computador, assim não pude escrever por esses dias. Se eu pensar bem foi ótimo, esqueci por um momento das coisas do Brasil. Agora, por conta própria, já consertei e cá estou eu de novo.


Como não poderia deixar de ser volto ao cenário político. Nesse tempo todo que fiquei fora, e nem foi tanto assim, uns 15 dias, notei que um certo nome vem aparecendo muito nas capas dos principais jornais e noticiários do país. O não menos língua-plesa, Palocci, ou Palófi, como queiram. Intrigou-me.


Porque o único homem que saiu dessa crise-pizza [porque é grande, meia show-pizza, meia séria-mascarada. E já tem pizzaiolo ai, inventando o pizza-terço. Cena: domingo à noite, o cidadão e sua família, na tradicional pizza dominical [e pode ser delivery]; “oh me vê ai uma grande, terço show, terço mascarada e terço eleitoral”], esta aparecendo tanto?


O sr. Palófi, parecia ser “o cara”. Honesto. Cara de mortão. Ar de seriedade. Fala pouco. Só ele saiu de santo. Tentaram até atacá-lo, em vão.


A pergunta me persegue: “porque é que agora o cara tá na evidência?”; “Porque o Lula que chegou a Presidência sem um dedo e durante a crise sacrificou até seu braço direito, e provavelmente, o cérebro, estaria agora sacrificando mais um membro seu?”


Deve ter pensado “antes ele do que eu!”.


Ah! Mais isso é um pensamento muito simples para uma cabeça caipira-analfabeta como a do Lula. Tem coisa ai por trás.


Palófi, esta sendo sondado para ser, conforme for o andar da carruagem, o novo PTeleitoral. Falam isso, falam aquilo. E ele lá, negando. Se perguntarem se ele é filho da mãe dele mesmo, é capaz até de negar. O mesmo acontece com o Lula.


Para mim é uma ação de ataque do Lula. Lula que anda visitando os cafundós já em sua “adormecida campanha branda” e aprendeu certas coisas com os pantaneiros do Mato Grosso. Aprendeu o “Boi de Piranha”.


Vejam só. Enquanto os tucanos se pavoneiam e se despelam. Serra tenta ser o “correto” e o Alckimim tenta encarnar o JK. E o Lula que chega ao final do seu mandato, sem dedo, sem braço, sem cabeça, com escoriações, assiste tudo de longe, mas de binóculos e sem fazer muitos movimentos.


Enquanto isso, ele arremessa o Palófi para as piranhas, assim como os pantaneiros, que para atravessar um rio abarrotado de piranhas, sangram um boi, para passar com a manada. No final, os dois tucanos depenados vão ver o Lula atravessar o rio as custas do Palocci.


[micreiro é um tipo de ser pseudo-humano-chip que surgiu em meados dos anos 80, no inicio da era da informática, e se estabeleceram como uma tribo. São todos aqueles que de certe forma “conversam” com suas máquinas. Falam de bites, bytes, mega e gigabytes com tamanha trivialidade]

Por Fernando Katayama 5 fev. 06