As possibilidades são infinitas. A porta fecha.
Naquela tarde de sol de um Domingo, que não seria como outro qualquer, tudo poderia acontecer.
Tinha jogo de futebol. Talvez fosse a final do campeonato. Não importava . O campeão já estava definido, seria impossível para o adversário reverter a vantagem. Passava também algum filme já reprisado por uma centena de milhares de vezes. Certamente, um programa horroroso dominical estava no ar. A rádio tocava algum top 10. Nada disso é diferente de algum outro domingo de sol.
Uns lavam o carrão. Outros dormem no sofazão com a barriga de fora, depois do almoço familiar, e roncam. Teve lazanha. Alguns, mais jovem, dançam o pagode no churrasco entre amigos. No clube, as meninas de pele dourada tomam sol à beira da piscina, causando frisson, e desfilando maravilhosos pares de bundas. Uns foram a missa pela manhã, outros irão à tarde.
Alguns mais pacatos lêem seu livro, deitado na rede, sentindo a brisa fresca na sacada. Uns só escutam os pássaros e contemplam a natureza. E outros esperam o tempo passar, já com o sentimento que o Domingo vai acabar, que o Fantástico já vai começar e a rotina da Segunda-Feira vai começar logo pela manhã.
E tudo isso seria verdade, se o medo de arriscar não fosse colocado de lado. De deixar o cotidiano meticulosamente desenhado para ser repetido, repetido, repetido, repetido, repetido, e quebrar os códigos osmoticamente empregnados. Seria um Domingo qualquer.
Mas então a porta fechou-se e tudo mudou.
Não existia mais dia. Não era mais final de semana. Era apenas, lá dentro.
Os corpos, dois, movem-se como um. Sincronia. Sintonia. Acrobacia. Beijos, abraços, suor. O gosto gostoso. Conversas infinitas. As horas, já não se contam mais, não há sentido nisso. Perde-se as horas. A cabeça sobre o peito. O coração pulsa acelerado em estado de repouso. O tremor do corpo. A pele macia e perfume de mulher. O sorriso marroto. A gargalhada escrachada. O êxtase em suas mil formas. Sede que quero mais. Boca seca do grito e o beijo molhado.
A porta fechou e então todas as possibilidades infinitas se abriram. Não era um Domingo qualquer.
Basta arriscar.
Música: Human - The killers
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 17 May 2009
Aqui a música desse artigo
2 comments:
Me identifiquei super. Pena serem poucos os que realmente têm coragem de arriscar, né?
Beijoca
Adorei este texto ele me fez lembrar coisas que poderia ter mudado e talvez não estaria passando o que eu estou passado, se não fosse o medo de tentar... Parabéns anjo muito bom, muito bom mesmo adoreiiii
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