Wednesday, July 30, 2008

Rá tá tá

Luzes piscam alucinadamente. Explosões. Barulho. Cheiro de borracha queimada dos pneus ralados no chão. Tiros. Sirenes. E heróis que nunca morrem. Em suas motocas maravilhosas ou colocando o boné pra trás, resolvem crimes insolúveis e prendem os mais diversos tipos de mau caráter.
Talvez um Magnum* resolva tudo. Ou o intrépido herói salva a mocinha, sempre linda, das mãos inescrupulosas do gordo e suado com charuto na boca. Tudo com a trilha sonora empolgante. O sonho de ser herói é um barato curtido na sala escura do cinema, e acaba quando a luz acende.
Não são balas de festim. A mocinha não é linda. A motoca é surrada e o boné é velho e suado. A viatura não tem pneu. Não existe o Magnum. E o bandido?
No Brasil sem dono, ninguém sabe mais quem é quem. Dos criminosos milionários, que reclamam de serem algemados aos pés-de-chinelo, muito loucos de crack. Do juiz ao bandido de farda. Corruptores e “corruptados”. É o bang-bang à italiana.
É momento crítico onde a população parece confiar mais no bandido. As suas funções são claras: matar, roubar e infringir a lei. Os chefões do tráfico ainda ajudam a sua comunidade, desde que siga a lei-fora-da-lei, ou morre. Já a polícia, ninguém sabe ao certo o quem é o que.
O total despreparo do soldado. O baixo soldo. A falta de amparo das instituições corrobora com o quadro digno de um filme de Zé do Caixão.
A discussão sobre a segurança pública é inevitável. Morrem como se estivéssemos em Guerra, talvez no Iraque ou Afeganistão. Mas não é, é Rio e São Paulo. Pode ser pior: lá no Oriente Médio pode ser mais seguro e eles estão em Guerra.
Todos nós queremos poder ir ao caixa eletrônico, parar no semáforo vermelho e ter a vida tranqüila, sem se preocupar muito se vai voltar vivo pra casa.
Precisamos da polícia mais equipada e preparada, não há dúvidas. Precisamos pagar mais a ela também. E não podemos esquecer que o órgão é feito de homens. Matéria essencial.
Não há preparo do ser humano. Não só da polícia, mas do todo. Precisamos mesmo é melhorar o ser humano nacional. Educar. Dar a base do berço. Aí quem sabe, um dia, polícia passara a ser polícia e bandidos serão exceções, e eu poderei ir ao cinema de madrugada, ver meus heróis preferidos, e melhor, voltar pra casa, para contar a história pela manhã.

Notas: Magnum é o revolver do Dirty Harry, imortal personagem vingador de Clint Eastwood.

Música: SWAT - trilha sonora

Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada D30 July 2008

Wednesday, July 09, 2008

Taliban, pero no mucho

Alguma coisa deve acontecer entre os paralelos 0 e 35. Pode ser o calor que cozinha o cérebro de alguns. Às vezes é em clima árido, desértico. Outras vezes em clima tropical amazônico, que de tão úmido parece ser uma sauna. Em um nunca chove e quando chove o povo não sabe se diz Aleluia ou se chora, uma vez que é torrencial e alaga tudo. No outro chove todo dia e às vezes, o dia todo, todo dia. O povo já acostumou andar molhado.
O clima amazônico é realmente diferente do clima do deserto. Mas parece que as diferenças acabam ai. Parece que nessa faixa, compreendia pouco acima e pouco abaixo do equador, a pressão dos ventos, marés, sol é maior. Deve gerar o comportamento semelhante.
Na floresta amazônica, terroristas da milícia armada colombiana, as Farc. No deserto afegão, os terroristas extremistas talibans. Um diz que luta pela igualdade e dignidade do povo. Outro por Alá e o mundo islâmico. Não medem esforços para que seus objetivos sejam atingidos. Em nome da Causa, o meio justifica o fim. A estratégia é esmagar o que for obstáculo. Seqüestram, matam, atacam, e que morra quem se meter no meio ou que estiver no meio, por acaso, se assim for o caso.
Na luta contra terror, Bush, o macaco branco americano, começou a Guerra infindável no oriente médio. Ele queria mesmo é o petróleo. Agora lutam lá, sem saber porquê. O mesmo acontece no Afeganistão, que entrincheirados nas Colinas, o talibans planejam a sua conquista do Mundo. Me pergunto se Bush, vai mandar os Marines para a Colombia. Já que terrorista é terrorista e as Farc são farinha do mesmo saco dos talibans. Diferem é que a farinha das Farc é de cocaína e do Taliban é de ópio. Mas se igualam por serem motivados pela lógica mercadológica do tráfico de drogas e pelos lucros assombrosos desse mercado.
Enquanto o mundo assiste as atrocidades da Guerra, a morte de soldados em luta contra o cata-vento, a fuga espetacular do cativeiro, a explosão na embaixada, atentados contra a existência da vida, como em um filme de Hollywood, os terroristas talibenhos e das Farc vão conquistando o mundo, usando da estratégia mais sorrateira possível, desviando o olhar para a pirotecnia bélica enquanto dominam o mundo pelas narinas – dos outros.
Música: Je t’amie a la haine - Soprano
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 9 July 2008