
Outro dia li uma nota, em um desses portais web sobre um conjunto de Rap. Não sou nem um pouco familiarizado com esse tipo de música, ou há quem diga, movimento. Conheço alguns que daqui, e muito, muito pouco daqueles do Brasil. Resolvi então, escutar algumas coisas.
O que ouvi, foram histórias do povo favelado, miserável, bandidos, cheiradores de pó, do preto desdentado, gírias e mais gírias, enfim histórias do submundo suburbano. Tudo com o ritmo tum-tá, do Rap e um português mal falado.
Reclamam do que querem e não têm. A cada verso, o ódio impregnado. Ódio que talvez, seja legitimo mas soa muitas vezes como gratuito. Se contradizem ao pedirem paz e justiça, palavras vãs nesse mundo, e cantando a glória de tombar um “gambé”. Reconhecem o poder do traficante, mas cantam os benefícios da maconha e que pouco ligam para serem fora da lei, mas querem justiça. E assim, faixa após faixa, vão se repetindo. Tudo com o tum-tá.
Dizem que cantam a sociedade marginalizada pela própria sociedade.
Brasil de valores inversos, é difícil saber o que é o que por lá. Político que rouba, esculacha e sai de cara limpa. Polícia corrupta. Traficante que mantêm o centro comunitário. O gueto, são os condomínios verticais ou horizontais. O garoto com escola, intelecto, família estruturada e alguma oportunidade é uma exceção.
E nesse Brasil tomado pela inversão, quem é o marginal?
Notas: gambé é como são conhecidos os PM’s na periferia. Tombar um gambé é matar um policial.
Música: Capítulo 4 Versículo 3 - Raciaonais MC’s
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 26 Setembro 2007