Sunday, October 29, 2006
O Papa é Pop
Então, só Deus sabe o que preparou para o final do dia!
E falando em Deus...
A Igreja Católica finalmente cedeu ao capitalismo de uma forma explícita. Explícita porque ficou na cara, não que a Igreja já não fosse capitalista, é, e faz tempo.
Sempre com a hipocrisia da mendicância, de que a riqueza é um pecado, que bom mesmo é ser pobre. Com suas posições retrógradas, como quanto ao uso da camisinha, as pesquisas da células-tronco, e até com a Madonna, por exemplo. Sem contar com os anos de atraso da humanidade, na Idade média, onde só os clérigos tinham acesso a livros e mandavam queimar quem era contra suas posições tanto sagradas como políticos-econômicas. Guerras santas.
É a Igreja Católica, sempre foi capitalista, antes mesmo de Marx e o Capital. Terras, expansões, colônias, coroas, ouro e poder. Tudo que a Igreja quer e tem. Mas sempre pregando a pobreza e o pecado.
Começou a perder terreno para os 100% Jesus, xintoístas, muçulmanos e evangélicos principalmente. Criticaram pesadamente e insistentemente quando, Edir Macedo fez os Evangélicos serem a maldita praga. Edir Macedo mostrou ao Brasil que a religião e a fé são produtos e serviços de alto retorno e lucratividade. Produtos como pedacinhos do céu e o serviço de transporte até o céu. Hoje, a Igreja de Edir é a maior multinacional brasileira. Edir e sua legião de pastores expuseram a sociedade, o que era óbvio ululante, mas é mais fácil colocar embaixo do tapete.
Não faltaram críticas porque existe a indução ao dízimo. A doação de qualquer quantia, nem que for o seu salário todo. Mas ele não inventou isso não, só usou um apelo diferente. Os católicos fazem também a indução, só que dão outro enfoque. Não vendem o pedacinho do céu, mas pedem para o teto da igreja ou outra coisa qualquer. Lógico, sempre para tirar a culpa da sociedade sobre a miséria instaurada e a dor do pecado. Simples assim: ajudo, contribuindo com o teto da capela, garanto com uma boa ação, meu pedacinho do céu. Edir Macedo enxugou a cadeia e tirou o intermediário. Capitalismo puro.
Mas agora parece que mudou.
Surgiu o padre Marcelo, que é um misto de Edir Macedo com João Paulo II. Fabricado pela tv, Padre Marcelo mostrou que a Igreja tem fins lucrativos. Fez CD, inventou o Bate-coxa-santo, fala manso com cara de mortão e sempre com o sorriso bobo na cara. Saiu até em Caras fazendo casamento de celebridades. A MontBlanc, também faz anúncio em Caras, e tem retorno alto com isso. Padre Marcelo também.
Tanto que para a missa de finados, será cobrado só R$ 2.00, e você recebe ainda, melhor estilo 1406, alguns shows de música, além da benção divina, tudo para o povão. Disseram que era para controlar o número de pessoas, mas se fosse isso mesmo, distribuiriam nas paróquias uma quantidade limitada de ingressos logicamente de graça. Então porque cobrar dois contos por isso?
Porque gerará uma receita de 800 mil reais ou mais, porque se espera que nessa celebração, irão 400 mil pessoas.
Dá para arrumar muito teto de capela. Tudo beneficente.
O Papa anunciou que irá ao Brasil em 2007. Quanto custará para vê-lo, se para ver o padreco custa dois? Para ver “O Papa” deverá ser mais caro, pensando hierarquicamente.
É, o Papa é pop e o pop não poupa ninguém.
[música do texto: O Papa é pop – Engenheiros do Hawaii – O Papa é pop - 1990]
Por Fernando Katayama New York, NY, 29 oct. 2006
Tuesday, October 24, 2006
Zero Igual a Zero
Sérgio era assim. Certo dia resolveu fazer uma equação matemática gigantesca que provava que zero era igual a zero, uma tolice.
Domingo, o país terá mais uma eleição para marcar a nova república. Essa eleição marcará o Brasil não pela disputa dos candidatos, não pelos debates fervorosos, pela disputa saudável ou muito menos pela democracia. Esta marcada pela ignorância, pela imbecilidade, pelo apelo ao menos, pelo governo psicopata do Lula, pela roubalheira, pela sem-vergonhice lubrificada nas entranhas do Palácio do Planalto.
Lula com todo o seu populismo barato de porta de igreja, distribuindo migalhas aos pobres esta muito próximo ao seu segundo mandato. Para ele, será uma vitória sem precedentes, para nós, a assinatura da ignorância coletiva. Mas será pior que isso.
E não importa aqui quem seja o adversário. Pode ser Alckmin, pode ser eu, pode ser você. Não importa.
O que é importante nessa eleição é o recado que a sociedade passa, e pelas pesquisas, se confirmará no Domingo.
Se a vitória do Lula for confirmada, o Brasil assinará como réu confesso, que ser bandido é uma boa.
Mas para piorar mesmo, é a chancela da sociedade ao discurso hipócrita do Lula.
Lula vencerá com o discurso apelativo “aos pobres”, “aos sem educação” [“minha mãe nasceu analfabeta” – e ele burro!], aos bolsas-misérias e toda essa ladainha. A sociedade estará credibilizando o continuísmo da miséria, da pobreza, do analfabetismo.
Se os “pobres e analfabetos” colocaram e vão colocar mais uma vez Lula no Planalto, porque fazer o esforço para mudar o estado desses se é mais fácil e mais popular aumentá-los? Afinal pobreza é fonte de renda e de votos e um excelente apelo.
Lula levou vinte anos para fazer a equação gigantesca e quatro para provar que zero é igual a zero, e nada mudará.
[música do texto: Roda Viva – remix, Fernanda Porto e Chico Buarque]
Por Fernando Katayama New York, NY, oct 24 06
Tuesday, October 17, 2006
1992 – O Ano Ainda não Acabou
Tivemos uma festa para comemorar os dez anos de formados da turma RA 92. Foi em setembro e eu não pude ir. Recebi as fotos, reconheci rostos e outros nem idéia de quem são os donos. Notei a diferença entra as festas daquele tempo e a de hoje. Tinha muito mais latinhas de Guaraná que de cerveja.
Bateu o saudosismo. Comecei a lembrar daquele tempo. Bom tempo de faculdade. Tempo de festas loucas, churrascos de meio de tarde e encontros em botecos. Tempo também da ingenuidade, dos sonhos, da vontade de revolucionar o mundo.
Era 92 e era tudo novo naqueles prédios velhos da Escola. Para nós, “bixos” muita ansiedade e expectativas, daquilo deveria ser a realização do sonho do vestibular. Tínhamos estudado muito para passar na maldita prova seletiva. Além disso, a entrada na faculdade marcaria para sempre a mudança entre os meninos do Colégio e os homens da Faculdade. A fina linha entre uma coisa e outra.
Em 92, não tínhamos mais um inimigo em comum como nas histórias que ouvíamos de 60 e 70. Não tínhamos mais que lutar contra o regime. Qual era a divisão entre o bem e o mal, então?
Nós ainda sentíamos os resquícios da Ditadura que tomara o país por longos 20 e tantos anos, sentíamos também o pesado período da hiperinflação. Mas mesmo assim não tínhamos nada para ir contra, com a bandeira em punho, marchar para à luta.
Nada disso. Nós estudantes da Puccamp, classe média, para não dizer, alta, havíamos estudado a vida toda em escolas particulares e feito cursinho para a faculdade. Tínhamos uma vida relativamente tranqüila.
Era um tempo sem grandes ídolos. Sem grandes referências. E havia uma mescla total não só de estereótipos, mas de sonhos e convicções. Alguns ainda viviam no passado e eu os apelidei de neohipies, porque ainda pensavam estar no clipe de Woodstock. Outros eram totalmente alienados com o mundo ao redor. Alguns outros, simplesmente eram conformados. Mas não a turma de ’92, essa queria mudança.
Como não tínhamos mais um inimigo clássico, lutávamos para que nosso mundo fosse melhor. Queríamos que as aulas começassem no horário e acabassem na hora prevista. Queríamos melhores mesas para estudar. E acreditem, queríamos computadores!
Nossas idéias de vanguarda eram sempre arrebatadas por discursos desanimadores dos nossos veteranos. Não importava, continuamos a buscar o que queríamos.
O Centro Acadêmico em 92 estava fechado. Ninguém queria o queria mais. Em 93, quando um grupo resolveu tomá-lo e reabri-lo, fumavam “o fininho” e falavam de festas. Ou então, atacavam o reitor, contra o único inimigo que existia, a mensalidade da faculdade. Com o discurso retrógrado, pregando o comunismo marxista que anos antes acabara de cair com a Perestroika.
Eu era contra isso e achava a maior babaquice. Sempre fui careta e nunca fumei, nem do fraco nem do forte, e o meu posicionamento político-econômico já estava mais para liberal que comunista. Lembro de um dia que fomos tirados da aula, para discutirmos em assembléia, a mensalidade, o grande vilão. O Centro Acadêmico estava cheio, quando o presidente começou o discurso. “A mensalidade já é cara, e o aumento este mês foi abusivo, vamos fazer uma greve”, e acabou! Não durou cinco minutos. Pensei: “ótimo vamos voltar pra aula!”. E o presidente: “agora vamos falar de coisa legal, vamos falar de festa!”. Fiquei puto e gritei: “porra, você me tira da aula que custa uma fortuna, para falar de festa? Faz isso no intervalo!” – a partir desse dia, fui odiado! Passei a ser o cara que não era a favor da Causa, da universidade para todos e de graça, o babaca que vai contra a massa, contra a manipulação.
Teve a fez que resolveram fechar a rodovia próxima a faculdade... Eu já odiado pensei: “que merda! O que é que o cara lá na rodovia tem com os nossos problemas”, já era odiado suficientemente, resolvi ir embora e não abrir a boca. Era a ditadura estudantil, querendo se impor pela força e pelo não discurso, e pensavam estar fazendo “tudo para todos”, com uma superdemocracia, e hoje criticam Bush. Como disse no início, era tempo de muita ingenuidade.
Mas nós, a turma de 92, melhoramos o nosso mundo. Hoje, as aulas têm hora para começar e acabar. E acreditem, eles têm computadores.
Hoje tudo mudou. Não temos mais a ingenuidade, envelhecemos. Lutamos cada um por si, em busca da própria felicidade. Cada um cuida do próprio rabo, e de vez em quando, nos reunimos para contar e relembrar os casos do passado.
E talvez essa seja a melhor maneira de contribuir com o Mundo todo, fazendo o nosso mundo, melhor. Assim como fazíamos em 92.
[música do texto: Beatriz – Ana Carolina e Seo Jorge, para relembrar os dias de barzinhos e MPB]
[RA 92, é o número inicial de nossas matrículas, essa turma formou-se em 96, e alguns em 97, 98, 99...]
Por Fernando Katayama New York, NY, 17 out. 06
Sunday, October 01, 2006
Salagada Sacanagem
No Brasil é dia de eleição. Lula tem vantagem considerável sobre o segundo candidato, Alckmin. Mas eleição é como futebol, “caixinha de surpresas”. Estou farto de falar de política. Escrevo, escrevo e não varia o tom. Mas mudou a música.
“Dia de sol, festa de luz e um barquinho a deslizar no macio azul do mar…” – João Gilberto, o pai da bossa-nova. Na intimidade do seu apartamento, em encotros noturnos, João e seu violão, inventaram a bossa-nova. Ingenuidade da juventude não muito transviada dos anos 50. Quando é que, João, em seu apê, Rio zona sul, iria imaginar que o “barquinho” deslizando no mar, pudesse ter uma conotação fálica?
Nunca! Ele jamais imaginou isso. É mas passaram-se quase 50 anos e o mundo mudou.
Não poderia eu, deixar de escrever sobre o fenônemo da internet e o poderoso YouTube. Essas duas armas, mais perigosas que bomba atômica, aniquiladoras como vírus mutante do HIV que prolifera-se e multiplica-se com velocidade espantosa. Esse fenómeno aniquilou por completo a gostosa da Daniela Cicarelli. Até agora, pelas fofocas no ar, ela já perdeu dois contratos publicitários. Grandes marcas não querem associar-se à ela.
Todos vocês já sabem do que é que eu estou falando: do filme que um certo bisbilhoteiro fez dela, transando na praia com o atual. Para piorar a situação, ela vai à festa promovida pelo canal de tv à cabo, vestida de “pata” [a fêmea do pato]. Clara alusão a “galinha”.
Talvez agora vocês vejam “O barquinho”, entrando e saindo e deslizando, no macio azul do mar. Esse fenômeno, fez com que a mídia, explorasse a situação chamando psicanalistas e “Freuds” de plantão para analisar o comportamento do casal em uma sacanagezinha à beira mar. Pataquada. O ocorrido é que ela “esqueceu” por algum tempo que tem uma personalidade pública e uma pulbica. Só isso. Se fosse ela, uma qualquer, teria dado uma bem gostosa na praia e ninguém iria ficar sabendo.
Sem essas diversas análises do comportamento humano-animal, que gira gira e não sai do lugar.
Quem nunca fez uma sacanagenzinha em algum lugar inusitado? Quem não fez, perdeu!
Quem não tem uma fantasia por fazer? As minhas não restam muitas. E tenho algumas histórias hilárias para contar...
Deixo claro aqui, que não estou defendendo a Daniela e o Casanova. Não vou muito com a cara dela, apesar de ser uma puta mulher gostosa. Tudo em cima. Bundinha, peitinho, e é tão gostosa que sobra: tem seis dedos no pé. Deu pro Ronaldo, quando ele ainda era Fenomêno. Casou em Chantilly. Festão. Não durou nada o casamento entre Reebok e Nike. Azedou o Chantilly. Ronaldo virou uma bola. E ela saiu como a intresseira. Casamentozinho mais feio. Enfim, ela acabou sendo pega dando uma na praia.
Imagino Ronaldo, agora com um puta ciúme. As cenas do vídeo são ridículas, nada de explícito, parece mais os filminhos eróticos dos anos 70 e a pornochanchada.
Lógico que esse bafafa todo só se deu porque a sociedade é massacrante e hipócrita e porque ela é gostosa.
Os machistas dizem que ela é mesmo uma vagabunda, sem vergonha. Uma puta, no pior sentido da palavra. É a pura inveja do Casanova. No fundo queriam mesmos é estar na pele do sujeito e comer a Daniela Cicarelli em cadeia mundial. Afinal, comer uma gostosa e não contar para os amigos é o mesmo que não comer.
Já as feministas, dizem que é uma falta de respeito com a mulher. Rebaixando-a a um pedaço de carne, salgada no mar. Na verdade, querem dizer: “filha da puta essa ai, gostosa desse jeito, fez isso só para se mostrar! Ah...! Se eu fosse ela teria extrapolado”. Ficam com o recalque.
Todos ficam nessa. Criticam. Não aprovam. Fazem o show.
Mas a verdade é que nós adoramos mesmo, é o gostinho apimentado do Pecado.
[sem música: impossibilitado por motivos técnicos. Mas certamente seria “o barquinho”de João Gilberto]
Por Fernando Katayama, Montreal, Canadá, 1º de Outubro de 2006