Sunday, April 23, 2006

The Weather Man

Chove, faz frio. Noutro dia, sol e calor. Às vezes, indica tempestade. Tempo encoberto. Pressão alta, pressão baixa, provocando instabilidade passageira.
É parece o homem do tempo, e esse filme eu vi outro dia: “The Weather Man”, com Nicholas Cage e Michael Caine.
Comprei meio sem pretensão, no pay-per-view. E só apertar alguns botõezinhos e pronto, o filme aparece na tevê. Tava lá no Menu. Nicholas Cage... Michael Caine... É parecia ter bons ingredientes. Não sabia do que se tratava.
O filme sobre o cara da previsão do tempo. Filho de um famoso escritor. Menos prezado por todos. Alvo de agressões na rua. Dono de um sorriso chato. O “homem do tempo”. Odiado. Perdido. Enfadado.
Mas o que tem esse filme para eu comentá-lo aqui? Nada de mais. Simplesmente gostei.
Gostei da evidente simbologia com o arco e a flecha. A flecha, o arco e o alvo. Aprendizado. Concentração. Objetivo.
Mas o que mais me chamou a atenção foi sobre o respeito que temos que ter, antes de tudo, com nós mesmos. Sim, antes de brigarmos com o mundo pedindo respeito pelos mais “fracos”, devemos brigar pelo nosso próprio respeito, e então, passarmos a sermos respeitados, se não for e se for, passar a ser mais respeitado.
Outra coisa importante é a busca pelo seu lugar. Todos nós pertencemos há algum lugar, resta-nos encontrar. Devemos procurar por ele.
Enfrentar as incertezas e abandonar algumas verdades que nos mesmos criamos, achando que é assim que é para ser. Aceitar o que se é e encontrar o lugar para isso.
Como Michael Caine diss, “às vezes é preciso escrever besteira, para a vida, tornar-se mais interessante e descompromissada”.

[música do texto: Bonita, Morelenbaun e Ryugi Sakamoto - Casa]
[“The Waether Man”, 2005, Gore Verbinski, EUA]
Por Fernando Katayama, 23 april 2006, New York, NY

Thursday, April 13, 2006

Enquanto isso, o Brasil vai pro espaço

Acabou a aventura espacial do Capitão Marcos “Kirk” Pontes. Lá de cima fez experimentos com feijões. Viu a Terra azul. Sorriu.
É um grande passo para a aviação nacional e para o Programa Espacial Brasileiro. Coisa de suma importância. Foram gastos na jornada, dez milhões de dólares. Mísera quantia para os bolsos brasileiros.
Enquanto o astronauta brazuca, tinha seus dias de Apollo 11, falando em russo, sem tecla SAP, o Brasil, continuou no seu curso. Não mudou a rota, não saiu da trajetória e continuou na mesma atmosfera.
Todos nós sabíamos que os únicos discos voadores que veríamos, seriam das pizzas das CPIs. Todo aquele show, Bob Jeff, dando aula de retórica em cadeia nacional; motorista, que se fingia de morto, mas escutava tudo e resolveu abrir o bico; Zé Dirceu, saindo; Agora vem essa do caseiro com conta aberta e o Palocci [como eu já tinha dito, ver artigo “Boi de Piranha], jogado as piranhas, para não queimar o filme [?]. De nada adiantou.
O Brasil continuou sua trajetória. Diferente do capitão Kirk, em Jornada nas Estrelas, o celebre seriado, imortalizado pelo Spok e suas orelhas pontudas e inteligência Vulcânica, o Brasil vai indo para um lugar já muito conhecido.
Lula com suas orelhas pontudas, e não é de inteligência, governa o país como um marciano, lunático, sei lá, porque parece não ver as realidades nacionais. Preocupa-se com a reeleição e só.
Investiu dez milhões de dólares no projeto espacial, enquanto aqui, tudo esta indo pro espaço. Falta educação, respeito, berço. Sobra marginalidade, desemprego, falta de oportunidade. E dez milhões foram pro espaço.
Não sou contra pesquisa. Muito pelo contrário, apoio. Mas o governo tem que ver as prioridades nacionais e atacá-las com severidade, afinal, não temos dinheiro saindo pelo ladrão da caixa d’água, temos dinheiro saindo pelo ladrão da máquina política brasileira.
Li dizer outro dia, em uma revista de porte nacional, que o Brasil esta querendo entrar na Era dos Submarinos Nucleares, para defender nosso país de futuras improváveis invasões.
Para mim, na verdade, esta mesmo é se preparando para onde está indo: para o brejo.

[música do texto: Plut Plat Zum – Raul Seixas]
[Nota: leia também “Onanismo Presidencial”, neste blog]
Por Fernando Katayama 10 apr. 06

Sunday, April 09, 2006

Resposta a Sebastião Maria

Não sou de direita, não sou de esquerda, talvez Centro. Não sei.
Minha posição política independe de que lado é, quero a política nos modos dos Fóruns Gregos, democracia, como o próprio povo diz, para o povo. Mas essa meu posicionamento político não me impede de fazer uma leitura do mundo, mesmo sem ter lido, a Blíblia toda, todas as obras de Marx, de Lênin. Não li também a bibliografia de Clinton, Mussolini ou do FHC.
Uso do meu senso, do mundo que vivo, dos outros mundos que conheci.
Vejo na política brasileira um retrato fiel de um povo despreparado. Acéfalo. Muitas vezes mal intencionado. Os políticos que ai estão, e fazem a política que fazem é um reflexo do nosso povo. Povo sem educação, tanto a formal como a do berço, povo sem poder de crítica, sem formação. Um povo em desespero para ter um rumo. A ganância da camada política, e tanto faz a bandeira que empunha, aumenta a miséria do nosso país.
Assim, quando você se refere, a que lado político estou isso pouco importa uma vez que, a Esquerda quando vira Situação, já não é mais de esquerda, pois passa a pertencer à camada dominante e burguesa, como você pode notar no Governo Lula, e esse até brigou com a “ala radical”, por fazer o que ele tanto atacará no passado.
Minha crítica é exatamente sobre o “operário que virou presidente”. Não tenho nada contra, se esse tivesse feito um bom governo. Acho que a possibilidade de poder mudar de “status social” é uma grande coisa, e todos almejamos por isso.
Mas não tenho dó, não vejo com olhos paternalistas. Discordo com o posicionamento o qual o Lula conduziu o país, talvez, melhor dizendo, a falta de posicionamento.
A exaltação ao “menos”. “Eu sou analfabeto”, “eu não tive escola”, “eu não tive dinheiro”, e “agora cheguei a Presidência”. Simplesmente não concordo, a ode à ignorância, à pobreza, ao apelo a dó. Lula, continua dizendo que o país precisa de ajuda dos “ricos” para sair de onde está. Discordo mais uma vez. Temos que usar os nossos próprios recursos, ao invés de esperar sempre a ajuda dos outros. O assistencialismo que o Lula prega nos coloca sempre na posição de coitadinhos. Talvez mais um reflexo do povo.
E como você mesmo disse, “...como se um presidente operário, sem dedo, preparado no decorrer da vida, pela inteligência do PC, não soubesse de nada, e você o Sabidão...”, e essa é exatamente minha crítica, como um Presidente não sabe nada? Você disse que ele sabe, eu também acho que sabe. Em um país sério, ele já não teria mais a mínima governabilidade.
E se eu sou o Sabidão, agradeço o elogio.

[música do texto: Essa tal de Tequila – $enhor $ucesso - Velhas Virgens]

[resposta a meu tio Sebastião Maria, que deixou um comentário ao texto: “Engolir não é nada, ruim é na hora de sair” 06.04.06.]

Por Fernando Katayama, de New York, NY, 07 April 06

Thursday, April 06, 2006

Engolir não é nada, ruim é na hora de sair

O nojo esta instaurado no país. Imagens da gorda-porca dançando no plenário comemorando a não cassação do seu colega. Pulava de alegria, com a cara lavada, sem a cor rubra do partido, que a colocou lá. Vibração de final de Copa do Mundo. No mesmo lugar, mas em outro dia acontecia de novo a mesma cena grotesca, só mudará os personagens.

Dá nojo só de pensar nisso, ver é escatológico.

Depois do ato, a imprensa registra e cai em cima, então tentam justificativas vans. Isso ou aquilo. Tanto faz.

Sim, tanto faz. Tanto faz porque a vibração desses indivíduos é um pedacinho do lixo todo. Talvez o pedaço mais alegre, talvez o mais cômico, mas com toda certeza, lixo igual.

Faz-me pensar é o porquê que temos tantos corruptos e curruptados. Hoje li, que a OAB, agora as vésperas de eleição, quer o impeachment do Presidente Lula. Acho que a OAB, a sociedade, a imprensa, os intelectuais, eu, você, todos nós tardáramos. Agora é melhor esperar a eleição. Tirar o Presidente agora é arriscar o pouco que o país tem em credibilidade e força internacional de um país acéfalo.

Iniciar o movimento de impeachment é uma manobra política de alto risco. A oposição deve temer a re-eleição do Lula. Coisa bem provável.

Lula talvez tenha tido o sonho de sonhador, de mudar o país em um piscar de olhos. Desnumbrou-se com o Palácio do Planalto, como criança com brinquedo novo. Perdeu o controle e deixou o país a mercê de mercenários.

Agora somos obrigados a engolir, essas imagens grotescas, tal como da gorda-porca. Engolir o pouco poder das CPI’s, que pouco fizeram, e o que fizeram tem pouco efeito. Engolir os poucos cassados e pior ainda, engolir os mensalões, mensalinhos, e mais que isso, os acordões dentro da Câmera. Ouvir que o Maluf vai se candidatara novamente. Que o Garotinho é um homem forte para ser Presidente. E talvez tenhamos que engolir o Lula novamente.
Quero ver é na hora de sair.

[música do texto: Saia de Mim – Titãs – Tudo ao Mesmo Tempo Agora]
Por Fernando Katayama, New York, NY – 06 April 2006
Desculpas aos meus leiores, mas impossibilitado de postar novos textos por motivo de viagem, volto agora a escrever semanalmente.