Wednesday, March 08, 2006

Crash

Foi uma surpresa ou nem tanto. Todos esperavam que o filme tailandês de cowboy gay ganhasse mais estatuetinhas. Não foi bem isso que ocorreu. Hollywood esse ano, dizem os críticos, foi mais humano. Abordou temas voltados às necessidades humanas, as carências, aos temas da sociedade contemporânea, aos medos. Eu não sei dizer, não vi todos. Pouco importa também. Nem vi o porre da tal cerimônia.

Dessa vez, não teve mega-blockbuster. Spielberg, mais uma vez gastou o tempo falando de judeus. Acho que deveria voltar a falar de E.T. King Kong, o macacão milionário, e deixe claro, sem racismo*1, estou falando do gorila, não arrebatou muito. Foi “Crash – No limite”, de Paul Haggis, levou o título de melhor filme.

É um filme no mínimo incômodo. Edição e trilha sonora boa. Personagens fortes, mas o que é o melhor é o argumento.

Ao falar das mazelas da sociedade, seja ela em L.A. ou em S.P., é preciso ter um argumento no mínimo bom. Atacar o cotidiano não é das coisas mais simples.

Como mostrar para a sociedade a sua própria frieza? A indiferença entre morte e vida?

Negros, chineses, nativos, cada um por si. Violência dominante. Dinheiro e sensação de superioridade até que a arma mostra a fragilidade da grana. A raiva por raiva. Sonho por sonho. E maioria excluída.

Talvez por isso o titulo do filme – Crash. Não mostra segredos. Não faz suspense. É duro e transparente. Deixa os acidentes da vida entrelaçar as coincidências vitais.

Como romper isso tudo? A reconstrução através da total destruição? A ruptura com os padrões estabelecidos?

Até quando?

Crash: To break violently or noisily; smash.

[*1 Nessa semana um jogador de futebol, aqui no Brasil, foi acusado de racismo por xingar de “macaco” um colega de profissão]


Por Fernando Katayama 08 mar. 06

1 comment:

Anonymous said...

Fala Paxá,

Na minha opinião Crash foi o melhor filme que ví em 2005!

Ta todo mundo cada vez mais distante um do outro, cada vez se comunicando menos, cada vez se estranhando mais: cada vez mais com medo um do outro.

É preciso um "crash" para a gente poder se enxergar de novo e perceber o quanto temos em comum.

abraço,

-- yuri