Monday, July 07, 2014

Lições da Copa

A Taça do Mundo é nossa, com Brasileiro não há quem possa, cantávamos a marchinha em 1958, celebrando a conquista do nosso primeiro campeonato. Época de ouro do futebol nacional, o escrete canarinho era formado por nomes que fariam a história do futebol mundial, até então, desconhecidos, e não custavam milhões. Eram apenas um bando de jogadores que sabiam mesmo é trabalhar com a gorduchinha.. O selecionado tinha a pressão de 50, ano que o Brasil, em casa, perdeu a final para o Uruguay. O evento certamente não era nada parecido com o que temos hoje. A festa não era tão grandiosa e nem atraia milhões de espectadores. Não havia televisão. Hoje jogamos pelo sexto campeonato, os jogadores já são celebridades e valem milhões, com todos os jogos transmitidos ao vivo, por tv, cabo ou internet. E nosso selecionado tem grandes chances de repetir 58 e o fantasma 50 ainda ronda o Maracanã, mesmo que reformado. 

Ser o país anfitrião da  Copa, sem dúvida alguma rendeu ao Brasil algumas lições, assim eu espero. 

O Brasil aprendeu que ser patriota, e cantar o hino nacional, até arrepiar todos os pêlos do corpo, em alto e bom som, é uma coisa fantástica. Aprendeu que patriotismo não é coisa de Norte Americano republicano, e que sim, isso trás mais sentido de Nação. 60 mil vozes em um único coro, "pátria amada, Brasil”, tem um poder gigantesco e veste a décima segunda camisa amarela. 
Aprendeu também que tem a capacidade de fazer coisas certas, e que somos competentes, mesmo aos trancos e barrancos. Como bom aluno, sabe agora que tem muito chão pela frente até a graduação. Ainda estamos no primário. Aprendeu que é preciso mostrar para o mundo que, o Brasil, é mais que samba, mulher pelada, bunda, cerveja, carnaval e putaria. 

Abriu o olho para ver que nem tudo que reluz é ouro, e que os novos estádios não são pérolas e rubis. Aprendizado parece ter doído ao ver as cifras gigantescas da conta, que geraram protestos e mais protestos, colocando o Brasil na mídia internacional, pelas desigualdades sociais e não pelo seu futebol. O Brasil aprendeu também que os protestos estão atrasados e deveriam ter sido feitos muito antes da escolha do Brasil como sede. Talvez há 12 anos atrás, ou até mesmo, antes disso. Os protestos dos R$0.20 ou do “não se faz Copa com hospitais” ou até o apocalíptico “não vai ter Copa” mostrou para o mundo todo e especialmente para o próprio Brasil que é preciso tomar as rédeas e honrar a bandeira e fazer o que nela já esta dito: ordem e progresso. É preciso andar pra frente.

E foi com esses protestos que o Brasil aprendeu o significado da palavra hipocrisia. Bastou o juiz apitar o começo do jogo, que todo mundo que gritava não vai ter Copa, virou a casaca e começou a torcer pela Seleção. Foi aí que aprendeu que é preciso ter palavra.

Mas o que eu espero mesmo que o Brasil tenha aprendido é a lição Japonesa: é preciso a limpar a própria sujeira.

Notas* : O Brasil jogas as semi-finais amanhã contra a Alemanha. 
Música: A taça do mundo é nossa
Por Fernando Katayama, Toronto, On Canada 7 July 2014


Aqui a música desse artigo


Tuesday, April 22, 2014

E agora?

Hoje recebi da Dona Maria Lúcia, minha comadre, que é mãe da minha outra comadre Mariana, que por sua vez, é casada com meu compadre Carlos, uma provocaçãozinha Facebookiana. Sabendo ela, das minhas inquietações políticas, Dona Maria Lúcia, manda um tag em uma imagem. E pergunta, é agora?
Deu coceira, e não resisti à resposta.

A imagem diz: “Recapitulando | Votar em branco Votar nulo Anular voto Não votar | Significa votar no PT”

E eu não resisti e tive que dar meu pitaco:

Sou obrigado a discordar.
Significa que o eleitor não esta convencido de que existe nenhum candidato à altura.
Indo um pouco mais além, a obrigatoriedade do voto, é no mínimo, uma estranha obrigação, em uma Democracia. Exercer o direito, não pode ser uma obrigação, porque ai, sendo redundante, passa a ser obrigação, e não direito. Ser obrigado a exercer meu direito não me parece correto.
Infelizmente o povo brasileiro é alienado de sua democracia, não entende que, para haver mudança política, tem de haver a mudança na forma da escolha democrática.
Não existe escapatória para a politica nacional, se o sistema continua o mesmo. Pode ser o PT, o PSDB ou o PQP... é tudo farinha do mesmo saco. Política no Brasil é feita por amadores. Por aproveitadores. Por incompetentes administrativos.
Corruptos, cafajestes e oportunistas, com todo direito de ser, afinal, colocados lá, de forma legítima, até certo ponto. Fala ai o Tiririca, que era mais uma piada e hoje é deputado, e consagrou a piada com a lágrima de tristeza.
Nosso povo ignorante, que em época de eleição parece torcer para escola de samba ou em final de Copa do Mundo, escolhe seus pares, para gerenciar a nação.
Faça o voto ser voluntário. Que os políticos tenham que ser escolados. Mudará não só a qualidade do cidadão que vai sentar na cadeira, mas o comprometimento com o cidadão que o colocou lá.
Agora ir votar porque você é contra aquele ou a este sujeito, não é uma razoável decisão. Não esta convicto que seu voto é o certo, porque o fará? Para votar no "menos pior"? Para ser contra um, é a favor de um outro, que você também é contra?
Acredito que é preciso tomar decisões com sabedoria e convicção que está realmente fazendo o certo, mesmo que, depois prove-se errado. Mas no momento, naquele momento, foi sua convicção mais acertada. E por isso você pode e terá que responder a sua responsabilidade.
E isso é para a vida toda. Isso chama caráter. E é o que falta a nação brasileira.

Eu continuo com a minha cruzada contra o cata-vento, e insisto: Não vote.


Toronto, 22 April 2014