Wednesday, June 29, 2011

Filme Novo

É faz tempo que não apareço por aqui. Coisas da vida! Foi numa dessas coisas das vida, fazer a limpeza no HD, que encontrei em minha videoteca virtual, alguns filmes. Uns nem muito bons, outros excelentes. Filmes que marcam geração ou que foram marco de época. Tenho filme de ’40, ’50, ’60, providos de toda parte do mundo. Tem filme Europeu, como Fahrenheit 415, 1966, de François Truffout. O outro Fahrenheit, desta vez o filme-documentário do canadense Micheal Moore, Fahrenheit 9/11, 2004. Quem sabe ver Sete Samurais, 1954 ou Ran, 1985 de Akira Kurosawa. Tem também aquele filme sueco, A garota da tatuagem de dragão, 2009 de Niels Arden Oplev. Tem o Central do Brasil, 1998 do Walter Salles. E por ai vai, com mais uma porção de filmes. Lógico que tem aqueles filmes que a gente vê só por ver, como aqueles em que o mocinho nunca morre, salva a mocinha e o vilão, bem, o vilão nunca vamos saber se morreu ou não. Mas se morreu, re-nasce de forma espetacular na seqüência que tá por vir.
Na minha videoteca tem também 5 filmes nacionais que me chamam a atenção. Do começo da década de ’80, final da ditadura, tá lá Pixote, a lei do mais fraco, (1982). Hector Babenco fez um filmaço. Cheio de palavrões, colocados da maneira mais chula possível e calças boca-de-sino. O elenco, estelar. Marília Pêra, Jardel Filho, Tony Tornado e muitos outros, e o personagem central, Fernando Ramos da Silva, e nada poderia ser mais nacional do que “da Silva”, da Fórmula 1, da Presidência ou da favela mais próxima a você. Hector Babenco foi um dos primeiros diretores a usar os moleques da favela, para interpretar os moleques da favela. Fernando Ramos, foi um pioneiro no assunto. Pixote mostra a dura realidade de um moleque de rua.
O mesmo fez Fernando Meirelles em Cidade de Deus (2002) exatamente vinte anos depois. Usou os moleques da favela para interpretar os moleques da favela. Cidade de Deus é um marco no cinema nacional. Veio na onda do Novo Cinema Brasileiro, e não confundam com o a turma do Cinema Novo. Trouxe a linguagem publicitária e a tecnologia para fazer um excelente filme, que mostra a dura realidade das favelas nacionais. Ganhou o mundo e projetou o cinema nacional no exterior.
Na cola dele, em 2002, José Padilha, usa a linha de documentário, e mostra o por de trás de uma das mais absurdas e estapafúrdias ações da polícia carioca e da vida passada de Sandro do Nascimento - irônico nome. Nessa película, vamos ver a vida do moleque de rua, que cresce, vira marginal e morre alucinado, sufocado pela polícia.
Pouco tempo depois, em 2007, Padilha solta o Tropa de Elite. Agora ele mostra o ohdoborogodoh da Polícia Militar carioca. Conta a estória do Capitão Nascimento, Roberto não Sandro. Tropa de Elite é violento, cru, duro. Cheio de contradições e de alfinetadas para todos os lados. Coloca em xeque a polícia que é corrupta e maldosa. Deixa o herói em uma sinuca de bico e mostra que o único papel bem definido da sociedade é a do bandido. Porque bandido é bandido, e pronto.
Em 2010, Zé Padilha lança o Tropa 2. A continuação um tanto diferente. O capitão agora é coronel. Nesse episódio, a ação não é tão pronunciada, e a bandidagem só aumenta. Antes era o capitão, agora quem esta na sinuca de bico é a sociedade. Bandido tá no morro, nas urnas e nas viaturas. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
As luzes acenderam, os filmes acabaram e algumas pipocas estão no chão da sala, você me pergunta: e ai?! - com aquela famosa cara de “ué”.
Ai, é que durante esses 30 anos, do Pixote (que nunca viu outros filmes, já que morreu assassinado aos 19, em 1987) ao coronel Nascimento, nada mudou a não ser a tecnologia, a linguagem e as bilheteiras dos filmes. A figura da violência e corrupção nacional continua a mesma.
Pixote continua a ser um filme contemporâneo com seus 30 anos de idade.

Música: Polícia - Titãs 1986
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 29 de Junho 2011
Aqui a música desse artigo

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