É verão, calor úmido dessa cidade gelada no inverno. O sol brilha e as saias e micro-saias estão por aí, soltas pelo ar. A brisa bate refrescante e faz todas as saiotinhas ficarem esvoaçantes no ar. Algumas garotinhas mais saidinhas, sem calcinha, e marmanjos de barba, de olho nelas. Enfim é verão, e em uma dessas tardes resolvi fazer uma sessão pipoca. Há tempos não me dava o prazer de sentar no telão.
Fui ver um filme-documentário. Estava em cartaz no prédio to TIFF. Predião novo, com conceitos arquiteturais bacanas. Predião com cara de intelectual de direita, se é que isso existe. Mas nota-se que teve pensamento nele, que destoa da grande maioria dos edifícios dessa cidade meio sem cara, que é Toronto. Toronto rica por sua característica multicultural, mas com uma arquitetura podre. Dá pra contar nos dedos as obras arquitetônicas, e sobra dedo, se sua mão, não for uma mão-lulesca. Mas o prédio do TIFF é bacana. Foi construído para abrigar o Festival Internacional de Cinema de Toronto, em inglês, TIFF. Complexo com restaurantes, lounge e claro sala de cinemas e pop corns! Tem lógico a lojinha para comprar bugigangas e posters.
Comprei minha pipoca e lá fui eu, assistir o tal documentário. E quando a gente vai ver documentário, é bom ir sem nenhuma expectativa. Tá, a gente sempre espera que seja bom, mas a gente nunca sabe. Tem que assistir para saber.
O documentário do alemão Gereon Wetzel, vai mostar o restaurante El Bulli (El Bulli - Cooking in progress, Alemanha, 2011). El Bulli é um restaurante espanhol, perto de Barcelona. Faz uma comida Avant-garde, sob o comando do Chef Ferran Adria. Uma comida esquisitona, diferente e exótica. Fecha por seis meses para pesquisa do próximo menu.
O documentário mostra o processo criativo do genial chef e seus cozinheiros. Mostra a página em branco e primeiros croquis. O esboço. O teste. A falha. O redesenho. Mostra a obra de arte por atrás de cada prato. A concepção, o partido. A arte criativa em busca do novo. A escolha de enfrentar um novo desafio. Como em arte não importa muito se gosta ou não, “importa entender” - disse Ferran ao seu exército de funcionários.
Impossível não conectar a culinária à arquitetura, que nesse documentário, deixa evidente, a essência da criação. É possível entender todas as fases do processo criativo até o produto final, e seja ele qual for, um prédio, um objeto ou um prato novo.
Bom apetite.
Notas: Foto: Pastel, feito por mim, para matar a saudade da Terrinha. Um de muzzarela, tomate e oregano, o outro de maça com canela.
Música: Comida - Titãs
Música: Comida - Titãs
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 19 Aug 2011
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