Tuesday, October 20, 2009

Do Rio, Rio ou Choro

A festa tava boa. Todo mundo pulando pelas areias de Copacabana, fazendo o maior auê! O mundo todo estava contente imaginando a gandaia que vai ser! Aquele mundarel de gente, em meio de bundas, mulheres gostosonas e biquíninhozinhos cavadíssimos. Os greengos aqui, já pensando se levam a família ou se vão com a turma do poker de quarta a noite, a opção dois parece ser mais convidativa.
O Governo estava todo pomposo, de peito inflado pela conquista. Lula e os luletes se gambando. O governador tendo orgasmos múltiplos. A oposição com uma pontinha de inveja e um misto de alegria. O pessoal engravatados do bussiness, já pensando em novas estratégias de marketing pare ver se dá para levar mais ouro. Era a festa da conquista da Copa-2014 e da Olimpíadas-2016! De dedinhos para cima, seguindo a marchinha, o Brasil ingênuo sambava a triunfal e histórica dobradinha.
Enquanto tudo é festa nas areias de Copa, no morro, a parcela marginal já age. Eles já começaram a disputa para aumentar suas redes de abastecimento e distribuição. Eles querem ouro, do branco e não aceitam segundo lugar. Para isso disputam à tiro de canhão, bazuca, morteiro, ponto-qualquer-número-maior-que-20 (calibre de metralhadora), arremesso de corpo e a mais nova modalidade, tiro no passarinho (e adeus helicopterozinho). Aliás, o moleque de derrubou o Águia, tá vivendo os dias de glórias do 100m rasos do Bolt. E não estavam nem ai pra festinha que vinha ocorrendo e acabaram com a farra em um simples final de semana. Mudaram radicalmente as notícias dos jornais que falavam antes sobre samba, suor e mulatas, para tiroteio, morte e medo.
Talvez agora, o Brasil acorde e descubra que vive em guerra. Morre mais gente ai, que no Afeganistão. As cenas na tevê, se não tivessem legenda, pesaria que alguma coisa estaria acontecendo no Iraque e não no Rio. Isso mostra o total despreparo da força policial nacional, de baixíssimos soldos, baixíssima escolaridade e baixíssimo preparo com alto grau de corrupção. Com a nossa velha e ressente história, falar de colocar o Exército ou a Guarda Nacional nas ruas é quase uma afrontamento a democracia. E a solução existe? Ou o governo vai fazer como fez com o PCC anos atrás e meter um acordão e vai tocando como dá. Até o dia que não der mais, e parece que esta ficando perto esse dia.
A situação dramática e caótica que se encontra o Rio, é só um exemplo do problema. Todo mundo sabe que o problema não é só no Rio, mas é crônico no país todo. O país é tomado pela bandidagem. Não tem como escapar. Se correr, cai no colarinho branco, políticos, conchavos. Se ficar o Comando Vermelho, Amigos dos Amigos, PCC ou um vagabundo qualquer te pega.
É Ney, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.


Música: Lucky; Jason Mraz, We Sing We Dance We Steal Things, 2008

Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 20th October 2009
Aqui a música desse artigo

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Friday, October 02, 2009

Salto com Vara

Chove um garoa fina, que me faz lembrar de São Paulo. Faz frio. Se fosse inverno já estaria nevando, mas não é. É outono, a 10 graus. Estou esperando o inverno chegar, e tá com cara que vai ser frio pra burro. Tomo meu café e leio as notícias via internet. Ouço músicas e vejo tevê. Devo ser hiperativo.
Nesse dia preguiçoso, afinal garoa e frio, nada melhor que ficar em casa, sem fazer absolutamente nada, talvez embrulhado no edredom ou sentado na poltrona de moleton, e certamente tomando meu cafezinho, li essa notícia que eu, particularmente não me lembrava! Moro fora e a mídia aqui tá dando bola para outras coisas. Eu aqui vendo a chuva cair, enquanto no Brasil parece ser Final de Copa do Mundo. As areias de Copacabana estão tomadas por pessoas, logicamente vestidas de verde e amarelo. Apreensivas, como se a bola estivesse na marca do penalti. Lembrando-me nesse instante 82, Zico e Rossi!
Dessa vez, deu Brasil. Abatendo Chicago com tiro de fuzil. Tokyo por ippon, e Madrid, bem, Madrid tomou um pouco à mais antes da ciesta, e dormiu. Brasil levou a Olimpíada 2016. Talvez um dos grandes feitos do Governo Lula, uma vez que, isso é politicagem pura. Após 120 anos, já tava na hora de colocar a Olimpíada em um país da América do Sul. E ali, não tem outro, se não Brasil.
Essa é uma grande oportunidade para o Brasil sair do atoleiro. E parece que dessa vez, vai! Primeiro temos a Copa, em 2014, depois, os Jogos. É uma imensa injeção de dinheiro. E de oportunidades. É a hora de olharmos para o futuro, desenhar o projeto para onde queremos ir. Para os governantes alinhem nosso país em direção à prosperidade. A oportunidade é única. Tem que ser o tiro certeiro. O golpe perfeito. A corrida sem erros.
Para isso precisamos de uma equipe de ponta, com vontade de vencer. O sucesso dos jogos não é só durante o mês que ele acontece, onde terá muito samba, suor e cerveja. É depois e antes. Antes para fazer acontecer, e depois para colher os frutos.
É preciso vontade política de mudança. Mas não só dos políticos, mas da população toda. É a hora de virar a mesa. Partir para o contra-ataque e vencer a partida! E isso que me preocupa. A falta de vontade com o coletivo. Talvez nossa herança extrativista continue empreguinada nos nossos DNA’s. Como nossos patricios em 1500, já tem gente pensando onde é que ele vai conseguir a boca-livre, o contrato milionário, e encher o cú de dinheiro. O PT tá inchado de glória, vendo mais uma forte plataforma. E lógico que no morro os traficantes estão tão ou mais felizes que os políticos, afinal, vejo daqui, os cifrões nos olhos deles. O Governo vai ter que acertar contratos com esses caras para que a coisa aconteça. E essa é uma realidade que terá que mudar para dizermos que somos campeões.

Música: This Fine Social Scene - Zero 7, feat. Sia
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 2nd October 2009
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