Parece que o mundo todo resolveu exercer o direito democrático ao voto. Começou com a corrida à Casa Branca. A disputa entre os Democratas Obama e Clinton. Tudo preto e branco. Um verdadeiro show, para ver, quem é que iria finalmente ao páreo. Deu Obana, yes we can! Agora o preto-elite irá concorrer com o dinossauro branco.
O cavernoso McCain, talvez nascido do mesmo embrião, sendo assim, gêmeo do macaco branco Bush, esta nessa ai, para manter as coisas como estão ou talvez piorá-las. Quer uma ou mais guerrinhas, para poder dar a desforra, aos vermelhos viets, que o prenderam durante a investida cretina no chuvoso sudoeste asiático, em meados de ‘70. Vai manter a guerrinha no oriente-médio, controlando o preço do óleo. Já pediu para o tão maluco quanto, Putin, cutucar as republiquetas do subúrbio russo, para garantir, ao menos uma faisquinha, com meio pé na Europa.
O mesmo acontece no Canadá. Começaram as campanhas para Primeiro Ministro, súdito da rainha Elizabete II. Aqui, como sempre, as coisas são menos intensas do que lá dos primos do sul. Os debates e provocações, acusações na tv e chacotas são comum em qualquer campanha política. Aqui não seria diferente. O atual Chanceler, Harper, usa a investida no Afeganistão para abocanhar alguns votos, uma vez que a população desaprova o uso de sangue canadense para a construção do país do ópio. Harper que não é bobo, promete tirar as tropas a partir de 2011. O que ele não conta, é que tudo depende de que vencer na terra de tio Sam. Aparentemente, Harper deve torcer para Obama, mas parece mesmo gostar da gang do Bush.
Uma coisa que aqui é diferente do Brasil, é que só vota cidadão. É, é preciso ser cidadão para votar e se quiser. Para canadenses, exercer o direito de voto é uma coisa muito importante. Mas nem todos querem ou se preocupam com isso.
Foi então que eu me lembrei que estão por vir eleições no Brasil também. O mundo resolveu votar. Começou o programa eleitoral gratuito (e obrigatório) nos meios de comunicação. O festival de aberrações e falta de seriedade da sociedade. O reflexo da sociedade brasileira e o despreparo democrático. Vereadores com idéias tão estapafúrdias quanto seus nomes de legenda. Prefeitos sem o mínimo preparo. A propaganda na tv parece um álbum de figurinhas das de filmes de ficção científica trash B. Só falta colocar uma lona e comprar a pipoca para chamar de circo. Se bem que, se colocar uma luz vermelha, vira puteiro.
O Brasil parece estar a deus-dará. Vale tudo para entrar no sistema do governo. Talvez a melhor maneira de levantar uma grana, ser conhecido e não fazer nada. É um problema tão crítico que não se sabe bem, onde começa, muito menos se tem fim. Do vereador banguela ao engomadinho-playboy, o importante é pisar lá.
Talvez o grande problema é a obrigatoriedade do voto. Na democracia-obrigatória nacional. Voto obrigatório. Propaganda obrigatória. Direito obrigatório. Já falei muito disso aqui.
Eleição no Brasil é como Copa do Mundo, uma vez de tempos em tempo, com festas e bandeiras na ruas, e ninguém se lembra mais da escalação do time campeão, mas também não estamos nem aí, em 4 anos tem outra. É a lambança nacional que reflete o contexto de desordem que vive o país. Veja o Rio e a guerra civil entre traficantes, policiais (bons e ruins) e a população (adicta ou não). Isso sem contar nos currais de que não se tem notícia.
Eu estou em minha cruzada Quixotesca, lutando contra o cata-vento da democracia-obrigatória. Espero que um dia, a maturidade democrática mude os viés da política nacional. Provavelmente, não estarei aqui para ver. Como sou contra a obrigação de exercer meu direito, não voto. Justifico.
Música: 300 Picaretas - Paralamas do Sucesso
Por Fernando Flitz Katayama, Toronto, On Canada 10 September 2008